26 abril, 2010

A prostituição dos media e o futebol

Qualquer dia não se admirem se ouvirem falar mal de mim. É uma questão de tempo, e  de visibilidade. Se começar a incomodar demais esses tipos que por aí andam fazendo-se passar por jornalistas, podem estar certos de uma coisa: vai sobrar para mim[também para eles, podem crer...]. 

Salvando e respeitando raríssimas excepções, o nível do jornalismo em Portugal anda pelas ruas da amargura.  Por vezes, custa-me ser tão implacável para com uma actividade profissional  de que gosto e que é da maior importância para os cidadãos. Sem o trabalho dos jornalistas teríamos mais dificuldades em saber o que se passa no Mundo. Não me esqueço, especialmente, daqueles que para nos manterem ao corrente das situações se arriscam a trabalhar em pleno teatro de guerras com risco da própria vida. Só que, nenhuma virtude, por mais nobre que ela seja, justifica o crime. Nem no jornalismo, nem em coisa nenhuma da vida. E há jornalistas cujo comportamento ultrapassa o dos malfeitores.

Já falei vezes sem conta sobre o défice democrático do jornalismo nacional, e vou continuar a falar. A prova dos nove do que afirmo já os leitores detectaram. É isso mesmo, acabei de escrever "jornalismo nacional", e vocês sabem que o erro está no "nacional". Em Portugal, não há jornalismo nacional, há jornalismo local. Aonde? Onde haveria de ser: em  Lisboa, pois claro! E como Lisboa "é" o centro do Mundo, o que é local passa a ser nacional. É a filosofia do tal efeito difusor, atrás do qual nos tentam convencer que o que é bom para Lisboa é óptimo para o país...

Se não houvesse défice democrático na informação seria impensável assistirmos, com revolta incontida, aos sucessivos atentados à ética deontológica jornalística praticada pelos próprios jornalistas, como efectivamente assistimos. E é assim em todas as estações, nas públicas, pagas por todos nós, e nas privadas [abençoado liberalismo!]. Nos jornais e nas rádios, passa-se o mesmo. Todos rezam a mesma missa, só variam as vozes e as caras. Todos fazem batota! Todos! Em nome do grande capital - que se instalou com armas e bagagens em Lisboa - a Banca, em tempo de Liberdade, voltou as costas ao Porto. Salazar foi mais "generoso", em tempos de Ditadura, imaginem só! Dá para aceitar uma aberração destas?

Os nossos adversários clubísticos, jamais serão capazes de reconhecer esses factos. Tudo o que possamos dizer, não conta, é defeito. Por isso, jamais podemos esperar seriedade daquelas bandas, que se incomodem com o facto de o FCPorto se ter sagrado Campeão Nacional de Hóquei em Patins pela 9ª vez consecutiva e não ter merecido de toda a comunicação social o destaque merecido. As televisões, já sabemos, quando é o FCPorto que domina uma certa modalidade, deixam de se interessar por ela e praticamente não a promovem nem divulgam.  Raramente transmitem  os jogos, ou se transmitem, remetem-nos estrategicamente para horários e canais secundários de modo a que ninguém os veja. Já com o futsal, passa-se exactamente o contrário. Uma modalidade sem o historial e a tradição do Hóquei em Patins, passa a ser importante apenas porque o campeão é o clube dos regimes, e então, aí já toda a gente vê e toda a gente fica a saber, até no Burkina Faso, que o Benfica foi Campeão [sem o FCPorto, que como se sabe ainda não tem esta modalidade]. 

É assim, usando e abusando de processos publicitários impúdicos que a comunicação social vai construindo os seus ídolos  tentando destruir os ídolos de outros. Eles sabem [e nós também], que se ao longo dos últimos 20/30 anos tivessem prestado a atenção devida ao FCPorto, às tantas, aquele número risível dos 6 milhões de adeptos seria uma séria imagem de marca, sim, mas do FCPorto! Conhecedores da força promocional das televisões, os seus acólitos fazem o trabalho sujo, inventam apitos, produzem filmes, forjam imagens comprometedoras para os adversários, agridem impunemente, ateam fogos, aliciam autoridades judiciais, viciam  dados, minam a "justiça desportiva", colocam nos organismos federativos gente de confiança, e no fim, fazem a festa...Sem sombra nem pecado. Virgens!

O que atrás está escrito, não é novidade para todos os portistas. Até as crianças  o percebem. Como o filho de um amigo meu de 8 anos, que ao ver a expulsão do Falcão se virou  quase a chorar revoltado para o pai: tu  viste pai? O Falcão foi carregado em falta por dois jogadores do Setúbal e ele é que foi expulso? Viste? Sabiamente, o pai da criança ordenou-lhe para desligar a televisão, porque de facto, agora tudo está a ser ultrapassado em matéria de desonestidade.

Apesar dos factos, tudo irá continuar assim, como está. As autoridades competentes não têm quem lhes faça chegar com o merecido cuidado , a descrição correcta destas ocorrências, isto, admitindo que elas próprias não disponham de tempo para observar directamente o fenómeno. Mas, palpita-me que, caso no próximo fim de semana as coisas descambem para o torto, para a violência, não faltarão voluntários mediáticos para apontar, sem reservas, o dedo aos culpados: Pinto da Costa, os adeptos e, esse grande embaraço chamado Futebol Clube do Porto.

Individualmente, pouco posso fazer, mas enquanto dispuser deste espaço em Liberdade, tudo farei para denunciar estes abusos e envergonhar esta classe de jornalistas. Uma prostituta merece mais respeito.
   

8 comentários:

  1. Caro Rui!

    Excelente, como aliás é timbre do amigo!

    Mas não nos iludamos, porque tudo vai continuar a ser assim, até que...!

    Eles são escolhidos a dedo para denegrir o clube que melhor tem representado o país, nos últimos vinte anos! É só repararem nos ditos jornalistas que abundam aqui na cidade e fazem nos jornais e tvs a apologia de um clube batoteiro que ganhou, qualquer coisa, este ano, mas que domina, alinhado com o governo centralista, toda esta cambada da comunicação social!

    Não podemos deixar cair o que resta do povo desta cidade e desta região, que como sabemos, durante muitos anos deu de comer aos centralistas e que agora nos cospem em cima!

    Sejamos nós próprios, os mesmos de sempre, carregados de liberdade, de coragem, de independência e mostremos a toda a corja que alinha pela mediocridade que ainda estamos vivos e levaremos, dentro em breve, o nome desta Cidade do Porto e desta Região Norte para o lugar que ela merece, que sempre mereceu!

    Preparemo-nos para tudo o que fôr necessário para atingir este desiderato!

    As forças vivas da Cidade e da Região que nos ajude a saír deste cerco com a idiossincracia que nos caracteriza!

    Um abraço

    Renato Oliveira

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  2. Por causa disso, não compro jornais.Nem desportivos, nem dos outros. Nem um cêntimo...
    E com pena, mas é assim.
    Hoje, o centralismo cerca tudo e aniquila a liberdade de expressão. Mas pior, carregado de, no nosso caso, nortenhos vendidos, que são os mais fundamentalistas e sonham com um lugar ao sol na ressuscitada capital do império.

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  3. Grande post e meu caro Rui, eu também nunca me calarei e se me calarem, arranjarei maneira de me fazer ouvir...

    Um abraço

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  4. O jornalismo e a política (salvo excepções) estão infestadas de gente reles. É preciso reciclar muita gente a bem da saúde publíca.
    Este tipo de jornalismo só acontece
    em países como o nosso: que é centralista. Há muita gente que vai
    para a capital do Império, e rápidamente se esquecem das suas origens; e outros até teem vergonha de dizer de onde são.

    O PORTOÉ GRANDE VIVA O PORTO.
    Mas cuidado para muita gentinha!...

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  5. Amigo Rui.

    Tem sempre,
    mas sempre o apoio aqui do portodocrime.

    Abraço

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  6. valham os bloggers como tu para mostrar as injustiças a que estamos sujeitos. e se começarem a falar mal de ti...é bom sinal!!!

    Jorge
    Porta19

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  7. A batalha dos media é a mais difícil de vencer em função da enorme desproporcionalidade dos meios de que dispõe o nosso adversário.Inflacionar até à náusea tudo o que ao clube da D. Vitória interessa enaltecer e abafar ou minimizar o que pode manchar o prestígio da sua nobre linhagem de fidalgo arruinado.
    Sendo o Futebol Clube do Porto o clube português que mais vitórias e prestígio alcançou no estrangeiro nos últimos trinta anos, crescendo na fama e admiradores mais do que qualquer outro, o clube do regime diminui, estando esta evidência a passar ao lado da imprensa indígena que a ela nunca se refere.
    A propósito, atentem no seguinte episódio por mim vivido recentemente em França, no decorrer de uma festa onde participavam convidados portugueses, franceses e um italiano. Inevitavelmente, o tema futebol teria de vir à baila e foi então que alguém inquiriu o italiano:-Então, qual é o teu clube, como italiano? Oh! Inter, Mourinho (tinha chegado recentemente ao clube), grande técnico!, disse com entusiasmo. -E, em Portugal, conheces alguma equipa, perguntou outro? -Sim, sim, Porto, grande "esquadra". "Bono", muito "bono".
    No círculo de presentes, dois adeptos de D. Vitória, irritados com a sinceridade do italiano, fazendo o característico movimento de dedos a significar comportamento fraudulento, diziam:
    -Não, não, Benfica! Benfica é o maior.Eusébio!, na tentativa de sufragar a afronta. O italiano, revelando alguma surpresa pela reacção que não compreendida, balbuciou, hesitante:
    -Ben...Ben...fica? Eu...eu...?. Não, não sei, não conheço.
    Sendo assim, nunca daremos uma batalha por perdida.

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  8. Tem toda a razão. Sinceramente, ando com vontade de perguntar aos directores das Escolas de Jornalismo que espécie de noções de honestidade elas inculcam nos seus alunos!

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Abrimos portas à frontalidade, mas restringimos sem demagogia, o insulto e a provocação. Democraticamente...