04 dezembro, 2010
03 dezembro, 2010
Rogério Gomes, um jornalista que faz a diferença
Quem me lê com regularidade sabe muito bem que não tenho dos jornalistas a melhor das opiniões. Não são todos iguais - dir-me-ão os mais susceptíveis -, e eu contraponho: sim, sim, são quase todos, mas desgraçadamente mais os todos, do que os quase... Nada me move contra a profissão em si, que é nobre e fantástica se desempenhada com respeito pela verdade e pelos cidadãos, que são a fonte do seu sustento. O que me impressiona pela negativa nas pessoas em geral e nos jornalistas em particular, é o oportunismo e a cobardia.
Felizmente, não é esse o caso de Rogério Gomes, director interino do semanário Grande Porto. Venho acompanhando o seu trabalho desde o jornal O Jogo, passando pelo Comércio do Porto e agora com mais regularidade no Grande Porto, e reconheço-lhe uma grande coerência assim como uma incansável combatividade na defesa do Porto e do Norte, não vacilando nem se inibindo perante os lobbys ou os corporativismos da classe.
Citarei apenas alguns trechos do sua crónica editorial de hoje para perceberem porque penso assim. Diz o seguinte:
"No início desta semana, o presidente da CCDR-N, Carlos Lage, promoveu uma reunião de reflexão sobre a Regionalização entre os mais altos quadros da instituição e responsáveis editoriais de jornais com sede ou delegações no Porto. Compareceram directores ou representantes dos órgãos de comunicação Grande Porto, Jornal "i", JN, Público, Lusa, DN e ainda alguns jornalistas a título pessoal.
Nenhum dos presentes se pronunciou contra a reforma e todos os presentes estiveram de acordo sobre a sua necessidade e urgência, em especial para que a Região Norte possa cumprir o seu potencial no contributo para o desenvolvimento do País. Também todos apontaram alguns obstáculos à sua concretização nesta legislatura, desde a crise até à má vontade que os directórios partidários mostram para com a Regionalização, especialmente fora das campanhas eleitorais. A CCDR-N---------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------tarefa.
Na sequência do encontro, a questão que se põe é a seguinte: tendo estado presentes os responsáveis editoriais dos jornais mais influentes da Região e tendo todos eles manifestado a sua "militância" regionalista, porque é que isto não se reproduz nas páginas dos órgãos que dirigem?
Rogério Gomes prossegue depois referindo casos concretos como o do Porto de Leixões/Rui Moreira, a Regionalização na Grécia sem referendo, e interroga-se por que é que de todos os media só a Lusa lhes deu relevo. E concluiu desta maneira:
"Uma vez mais o silêncio imperou em toda a Comunicação Social portuguesa. Percebe-se que os anti-regionalistas escondam o facto. Mas é muito estranho que os seus adeptos, os que por exemplo na reunião com a CCDR-N se declararam seus defensores, o permitam e não levantem o exemplo como bandeira."
"Uma vez mais o silêncio imperou em toda a Comunicação Social portuguesa. Percebe-se que os anti-regionalistas escondam o facto. Mas é muito estranho que os seus adeptos, os que por exemplo na reunião com a CCDR-N se declararam seus defensores, o permitam e não levantem o exemplo como bandeira."
Por incrível que pareça, é a primeira vez que vejo um jornalista a colocar o dedo na ferida, sem receio de ferir susceptibilidades corporativistas e de sofrer retaliações. Só por isso, dou-lhe nota 20 e sugiro aos leitores do Renovar o Porto que lhe remetam um e-mail para rogerio.gomes@grandeportoonline.com com um abraço de solidariedade.
Por fim, darei a minha resposta às dúvidas de Rogério Gomes que só pode ser esta:
medo do patrão, egocentrismo e muita hipocrisia.
02 dezembro, 2010
Ah! Ver o Porto…
Ah! Ver o Porto…Ver o Porto é – sempre ou quase – reencontrar imagens de certa forma de cidade escondida, que conservamos dentro de nós. Imagens densas, impenetráveis como neblinas envolvendo as manhãs.
Imagens de crepúsculos nos outonos tingindo o casario, telhados, clarabóias, águas-furtadas, torres, lanternins e chaminés de S. Nicolau, Vitória e Miragaia. Tingindo-os e misturando a suavidade de cores indefinidas, de cores esbatidas sugerindo atmosferas que as palavras não conseguem (ou não podem) descrever: púrpuras e cobaltos desmaiados ou brevemente laranjas. Violetas-cinza penetrados por claridades que produzem brilhos leves nas vidraças das janelas. Imagens de entardeceres vistos da Ponte, do Jardim do Morro, da Serra do Pilar, pontilhados de luzes, milhares de luzes reflectidas nas águas do rio.
Ah! Ver o Porto…Ver o Porto é – sempre ou quase – um ajuste de contas. É um acertar das nossas percepções com as imagens de certa forma de perenidade que guardamos num recanto da memória (ou talvez da fantasia), dentro de nós. Imagens das escuridões eivadas de sobressaltos e inquietudes (ou solidões) quando anoitece. Quando anoitece e aumenta aquela impressão subjectiva – será do granito e das morrinhas ou é apenas sentimento? – da cidade sombria e húmida, da cidade agreste e desabrida. Imagens de tonalidades frias dos invernos do noroeste, mesclados de azul esbranquiçado e verde, em transparências, em velaturas de suaves e quase imperceptíveis gradações.
Imagens concretas. Imagens afirmativas dos lugares onde a História assentou raízes. Nas marcas dos tempos, nas evocações das crónicas e lendas retidas no imaginário persistente nos habitantes. Imagens de ruas e travessas, escadas e recantos, vielas, becos e esquinas com referências, com espírito e razão sedimentados nos séculos.
Dantes, os rabelos vinham, às centenas, rio abaixo, até à Ribeira, carregando sangue do comércio que fez prosperar a cidade. E agora? Agora estão ali, feitos silhuetas melancólicas e nostálgicas, pousando num rio agredido de que restam, apenas, a poesia e as recordações. Recordações da azáfama dos vapores e batelões, barcaças e caícos. Nostalgias de um rio de que restam, apenas, névoas e gaivotas. E restam, no Cais de Vila Nova, barcos sobreviventes dos tempos da epopeia de descer o rio, reconstruídos com os últimos saberes que persistem nos mestres dos estaleiros de Rei Ramiro.
Ah! Ver o Porto…Ver o Porto é permanecer fiel a um certo, subtil e indizível sentimento de viver, de pertencer a um território com caracter e tradição.
Ah! Ver o Porto…Ver o Porto é guardar imagens da luz e da atmosfera que, em algumas horas e em certos dias, envolve, define ou atenua os contornos do burgo: morros e torres, maciços verdes e muralhas, pontes e palácios, margens e cais.
Ah! Ver o Porto, eis o desafio para olhar e reter os encantos e magias que sobrevivem na cidade inesquecível que aí está, à espera da nossa descoberta, da nossa nostalgia e da nossa paixão. Porque, afinal – confirmando Saint-Exupéry ao escrever que o essencial é invisível para os olhos -, ninguém, acho eu, pode ver (e entender) o Porto senão com o coração.
Hélder Pacheco
***********************************************************************
Nota de RoP:
Ah! Um Homem do Porto... Ah! Onde estarão os outros?
Banqueiros ao Poder, já!
É "indispensável" liberalizar despedimento individual, diz Ulrich
Mas por que raio temos de gramar a opinião de personalidades que pouco ou nada [antes pelo contrário]contribuem para o bem estar do país? Será possível que alguém, com os miolos no sítio, espere dos banqueiros novas e sensatas soluções para mudar o rumo às coisas? Estes gajos [é mesmo assim que devem de ser tratados], só sabem falar em despedir e reduzir salários. Deve ser mesmo aquilo que mais gostam de dizer.
Que coerência e sintonia é que estas declarações - vindas da boca de quem ganha ordenados pornográficos e que contrariam absolutamente a teoria dos méritos -, têm com a tão propalada criação de postos de trabalho?
Que coerência e sintonia é que estas declarações - vindas da boca de quem ganha ordenados pornográficos e que contrariam absolutamente a teoria dos méritos -, têm com a tão propalada criação de postos de trabalho?
Culpados, são aqueles que lhes estendem o microfone e nos impingem os seus pareceres como se prestassem para alguma coisa.
01 dezembro, 2010
Estabilidade e crescimento?
A seguir à palavra "crise", do que mais se ouve falar e mais se lê, é dos PEC. São vários, já vão no terceiro e ainda não vão ficar por aqui. Usa-se tanto o acrónimo PEC, que a tendência é esquecer o seu significado. PEC é, toda a gente sabe, Programa de Estabilidade e Crescimento. Estabilidade? Crescimento? Desde quando é que as medidas do PEC 3 vão originar crescimento económico? Crescimento de desemprego, de instabilidade social (ao invés de ESTABILIDADE) , dos problemas diários dos portugueses, isso sim.
Trata-se de mais mentiras do actual governo, de mais uma tentativa de mascarar a gravidade da nossa situação. Em vez de honesta e corajosamente falar verdade e explicar aos portugueses o que nos espera nos anos mais próximos, atiram-nos poeira para os olhos e querem-nos fazer crer que "no pasa nada".
Muitos portugueses já estão conscientes da situação e consequentemente preocupados com o futuro. Os outros, os que se deixam embalar pelas cantigas das cigarras, irão ter um doloroso acordar.
Trata-se de mais mentiras do actual governo, de mais uma tentativa de mascarar a gravidade da nossa situação. Em vez de honesta e corajosamente falar verdade e explicar aos portugueses o que nos espera nos anos mais próximos, atiram-nos poeira para os olhos e querem-nos fazer crer que "no pasa nada".
Muitos portugueses já estão conscientes da situação e consequentemente preocupados com o futuro. Os outros, os que se deixam embalar pelas cantigas das cigarras, irão ter um doloroso acordar.
Sobre o MPM
Caros Tiago Azevedo Fernandes e Augusto Küttner de Magalhães
Muito se agradece a análise e os comentários que já fizeram ao Projecto de Linhas Programáticas (LP) do MPN (versão completa aqui), bem como as considerações pessoais de confiança e apoio, que retribuo. A título pessoal, quero dizer-vos que sempre me envolvi em questões do domínio político, mas que só agora abracei uma organização partidária, porque me cansei de ser ingénuo e bom rapaz perante autênticos atentados à democracia e ao interesse público a que venho assistindo, com o silêncio e a conivência de todos os actuais partidos. Cheguei a fazer debates em que notei perfeitamente o mal-estar em que todos os partidos se posicionam quando cidadãos (SCUT’s, aeroporto Francisco Sá Carneiro, Bairro do Aleixo, Linha do Tua, Fridão-Tâmega, TNSJ, Porto de Leixões) aparecem a defender interesses que não se enquadram nos “timings” da vida profissional e partidária. Em todo o espectro, da esquerda à direita, com curiosas variações, para mim inimagináveis se não as tivesse vivido. Ninguém passa cheques em branco a governações de 4 ou 5 anos, tudo validando, para se chegar ao cúmulo de alguém decretar “Interesse Nacional” para interromper PDM’s que possam colocar em causa a submersão da Linha do Tua ou o risco de inundar Amarante. Rui Moreira vem recentemente estranhar tanto silêncio das forças vivas do Norte quanto à questão da integração do Porto de Leixões numa holding nacional.
Só pelos Movimentos dos Cidadãos pouco se alcançará, porque são sempre vistos como oposições simpáticas e facilmente populares, como a ministra Canavilho ainda ontem veio afirmar. Há falta de democracia no dia-a-dia das relações dos políticos com os cidadãos. Por isso entendi que se lhes deveria fazer frente exactamente no seu mesmo campo, o partidário. Algo a que também me vou habituando, é que só se critica quem faz ou propõe, o que nunca me desanimará, e muito menos à generalidade do MPN. Também entendo que não há ninguém que seja dono de causas ou de ideais, porque são precisamente estas quintinhas em que muitas pessoas do Norte gostam de ir vivendo que não tem permitido a verdadeira afirmação de uma revolta cada vez mais necessária. É evidente que não estou a pensar nos dois, mas em outros que foram escrevendo nos seus blogues sem nada sugerir ou concretamente apontar.Se quiserem mesmo saber, as dúvidas são muitas, nem sempre concordo com o MPN propõe, mas um Partido à minha imagem era capaz de nem sequer um voto ter, se nesse dia estivesse zangado comigo mesmo.
Agora mais focalizado nas respostas a questões colocadas:
•a) Este projecto agora colocado à discussão pública é o resultado de 4 meses de discussão interna, e pretende ser o pontapé de saída para chegarmos a um documento melhor e mais completo até à realização do Congresso do Partido do Norte. Para esse feito colocamos o documento à discussão pública, o que a nosso ver só pode ser profícuo partindo de uma base, correndo assim alguns riscos, mas por outro lado podendo vir a colher importantes contributos no decurso deste processo;
•b) As LP pretendem acima de tudo realçar alguns dos temas que mais preocupam o MPN, como são a despesa pública, a regionalização politica-administrativa, o desenvolvimento económico e o desemprego, a universalidade e qualidade no ensino e na saúde, a gestão de infraestruturas estratégicas como o Aeroporto, Portos, Caminho de Ferro, Barragens e a mobilização das instituições da Região nos destinos do Norte e do país;
•c) As medidas e propostas que avançamos não são nem revolucionárias nem conformistas, mas pretendem mostrar que é possível sair do marasmo em que nos encontramos há demasiado tempo, através da reforma e reorganização do Estado e da criação de novos instrumentos, com um Banco e Fundos Regionais.
•d) No caso concreto dos Pólos de Inovação Regional, percebendo e até concordando pessoalmente com o que está subjacente às objecções do TAF, a nossa proposta vai de encontro às orientações da U.E. e ao pensamento de várias pessoas sobre a ineficácia dos actuais sistemas de apoio e inovação empresarial. Pretende-se aproveitar ao máximo em cada sub-região as potencialidades das suas escolas superiores e colocá-las ao lado das associações empresarias e das associações de municípios, e por outro lado passar a gestão de grande parte dos fundos disponíveis para uma escala mais próxima das empresas. A fusão do IAPMEI, AICEP, UMIC, COMPETE e Agência de Inovação diminuirá a burocracia e a despesa gerada nestes organismos, possibilitando assim estabelecer Pólos de Inovação Regionais distribuídos por todo o Norte e focados nas capacidades concretas, quer a nível da indústria, quer na agricultura, turismo, pescas, etc.
•e) O nosso pensamento é que as empresas do Norte, em especial aquelas mais expostas à concorrência global e as mais pequenas, precisam de apoios financeiros e nível dos processos de produção, pesquisa e desenvolvimento, inovação de produto, marketing internacional, etc. e que é dever do Estado encontrar as melhores forma de ajudar essas empresas, que são a fonte de emprego na região.
Obrigado pela vossa colaboração.
Um abraço
José Ferraz Alves
[Fonte: A Baixa do Porto]
De volta ao palco mítico
F. C. Porto Campeões europeus de 1987 viajam com o actual plantel azul e branco para Viena
O F. C. Porto de 2010 e o de 1987 juntam-se hoje na viagem para Viena, a cidade a que nenhum dragão fica indiferente, por ter sido o palco da histórica final da Taça dos Campeões ganha ao Bayern de Munique. Hulk, Falcao, Madjer e Juary voam juntos...
O avião que, hoje de manhã, transporta a equipa portista para a capital austríaca leva também os heróis do dia 27 de Maio de 1987. Há 23 anos, o F. C. Porto ganhou em Viena a final da Taça dos Campeões Europeus e o clube decidiu juntar os jogadores de então com os que, amanhã, defrontarão o Rapid, em partida da quinta jornada do Grupo L da Liga Europa. Os dragões já estão apurados para a fase seguinte da competição, pelo que a ocasião para a confraternização não podia ser mais propícia.
Sinal de vitalidade
"Geralmente, os clubes não fazem isto, mas o F. C. Porto faz... É um sinal de que o clube está vivo e de que se lembra das pessoas. Penso que se trata de uma homenagem a uma equipa que protagonizou um episódio marcante, que o F. C. Porto não quer esquecer", afirmou ontem, ao JN, Artur Jorge, o treinador campeão europeu de 87, que também fará a emocionante viagem no tempo: "Se não tivéssemos uma equipa boa, não teríamos ganho aquela final. De então para cá, o clube foi crescendo, mas continua com a mesma vontade de vencer e de conquistar coisas importantes. Tendo em vista o que se tem passado na presente época, estou convencido de que o F. C. Porto, com os bons jogadores que possui, pode voltar a chegar longe na Europa".
Com excepção dos que vivem fora de Portugal, os jogadores que derrotaram o Bayern (Mlynarczik, João Pinto, Inácio, Eduardo Luís, Celso, Quim, André, Sousa, Jaime Magalhães, Futre, Madjer, Frasco e Juary), para além de Fernando Gomes e de Lima Pereira, que não puderam jogar a final devido a lesão, juntar-se-ão no Estádio do Dragão, rumo ao aeroporto Sá Carneiro, de onde a comitiva azul e branca parte para a Áustria, num voo com início marcado para as 9.45 horas.
Em Viena, está prevista uma visita ao Estádio do Prater, que agora se chama Ernst Happel, onde a equipa treinada por André Villas-Boas fará o habitual treino de adaptação ao relvado, às 18 horas, e depois um jantar de gala com os dirigentes portistas.
[Fonte: JN]
Inquéritos mortos, inquéritos ressuscitados. Até quando?
Novo inquérito a Camarate pode unir Portas e Passos [notícia JN]
Será que nem a crise, e as desgraças governativas semeadas durante tantos anos chegam para nos poupar dos caprichos destes políticos inválidos? Depois de gastos rios de dinheiro, de tantos inquéritos, fechados e posteriormente reabertos, sempre com os mesmos desfechos inconclusivos, é este o momento adequado para reabrir outra vez o caso? Ou, estarei mal informado e as custas deste processo vão ser pagas pelos mentores da iniciativa?
Uma sugestão: por que é que Freitas do Amaral não aproveita o resultado das vendas do seu novo livro para ajudar a pagar o inquérito? Não é hora de austeridade?
30 novembro, 2010
A hipocrisia dos falsos líderes
Sem querer entrar pela exposição da minha privacidade, que é coisa que só a mim respeita e a poucos interessa, a noite passada acordei prematuramente. Quando isto acontece, ligo o pequeno aparelho de tv que tenho no quarto - indevidamente, eu sei... - para me ajudar a reencontrar com o sono. Comigo, este expediente às vezes resulta. Nem é necessária uma escolha selectiva da programação, a própria luz e o som [baixo] do aparelho costumam ser suficientes para voltar a adormecer, mas se tiver a sorte de passar uma comédia ou qualquer coisa de humor, então, ainda resulta melhor.
Acontece, que os nossos operadores de televisão, tanto públicos como privados, por razões que a razão não alcança, devem ter chegado à conclusão unânime que o melhor que podem oferecer aos espectadores noctívagos ou com insónias, são filmes pesados e adrenalínicos, ou então debates em doses industriais. Faz-me espécie esta consonância comercial dado que parece contrariar todas as teorias que as operadoras privadas de início nos andaram a vender quando queriam entrar no mercado, segundo as quais, a concorrência iria estimular e enriquecer a variedade dos programas. Pois foi isso que ontem não aconteceu. Era só barulho, gente a debitar saberes duvidosos de canal para canal, prós e contras enfadonhos, dias seguintes venenosos, enfim, uma porcaria! Não tive outro remédio senão desligar o aparelho que nunca como naquele momento se parecera tanto com uma "poubelle".
Como reza o ditado, não há mal que não traga uma vantagem, e foi esse o caso: há gente demais a falar na televisão, e resultados a menos. Não que já não tivesse chegado a essa conclusão, mas serviu para reforçá-la. Gente teoricamente importante, fala, repete-se, e a vida dos cidadãos continua no seu inalterável marasmo. Para quê, então, pagar a tanta gente que nada tem de concreto a oferecer ao público? E agora, numa época em que nos impingem enfadonhos sermões sobre austeridade? É claro que se alguém sugerir o encaminhamento desses desperdícios pecuniários das Tv's para os pobres e desempregados, arrisca-se a ser imediatamente selado com o estigma de populista, mas essa treta também já não convence ninguém, apenas identifica o egoísmo e a profunda hipocrisia dos autores.
Hipocrisia, falta de vergonha, de racionalidade, está na moda. É tendo cada vez mais presente esta moda que sou empurrado a valorizar o carácter individual ou colectivo em desfavor das ideologias. Nas televisões vemos todos os dias cada vez mais ideólogos. Todos têm mil e uma soluções na manga, mas o problema principal continua lá, mudo, imperturbável, inexistente: o carácter, mais o respeito por si próprio e pelos outros.
É desta escumalha social, destes VIP's da trampa, que o país se vai intoxicando. Se alguém me convencer, sem ofender os meus neurónios, que um tipo como Miguel Júdice que escreve um livro a culpabilizar, com ou sem razão, Cavaco Silva de ter atrofiado a iniciativa privada e que ao mesmo tempo apoia a sua recandidatura à Presidência da República, é pessoa para merecer respeito, e não é um "perfeito" exemplar dos hipócritas da moda, dou-lhe os meus antecipados cumprimentos, mas aviso-o já, que não será tarefa fácil...
Como não será tarefa fácil convencer-me que José Eduardo Bettencourt, o Presidente do Sporting, é uma pessoa boa da cabeça, quando vende um jogador por alto preço e logo a seguir lhe chama maçã podre. Ainda que mal pergunte: se fossem levadas à letra estas declarações, não haveria motivo para o comprador[o FCPorto], se assim o entendesse, devolver à procedência o "produto" da venda alegando fraude negocial e pedir uma indemnização?
E que dizer do senhor Freitas do Amaral, que se lembrou agora de desenterrar o mito da morte de Sá Carneiro pedindo pela enésima vez a reabertura do inquérito, só porque quer vender mais uns exemplares do livrinho que acabou de escrever? Isto é de gente credível? Cá está mais um ex-ministro, meus senhores! Basta acenar-lhes com um punhado de notas e temo-los a saltar por cima de tudo, pisando, caluniando [como o seu ilustre filho Domingos fez ao Porto, comparando a nossa cidade a Palermo] para engrossarem a carteira. É a única coisa que sabem fazer, embora, reconheça-se, com uma despudorada falta de seriedade!
Definitivamente,este país está louco, e loucos estão, seus fracos líderes!
Ps-Esqueci-me de juntar à tribo da Hipocrisia, o nortenho Belmiro de Azevedo, que ainda há pouco tempo chamou com todas a letras, ditador a Cavaco e agora apoia a sua recandidatura à PR. Chama-se a isto estratégia circunstancial...
Ah, não interpretem estas referências a Cavaco como uma defesa ao personagem. Também ele devia ter juízinho e deixar-se ficar lá por Lisboa. Só vem ao Porto porque sabe que aqui tem garantido o apoio dos lambe-botas do costume, apesar de não morrer de amores pela nossa gente.
Ps-Esqueci-me de juntar à tribo da Hipocrisia, o nortenho Belmiro de Azevedo, que ainda há pouco tempo chamou com todas a letras, ditador a Cavaco e agora apoia a sua recandidatura à PR. Chama-se a isto estratégia circunstancial...
Ah, não interpretem estas referências a Cavaco como uma defesa ao personagem. Também ele devia ter juízinho e deixar-se ficar lá por Lisboa. Só vem ao Porto porque sabe que aqui tem garantido o apoio dos lambe-botas do costume, apesar de não morrer de amores pela nossa gente.
Subscrever:
Mensagens (Atom)