António J. Seguro |
Façamos de conta que, tanto o PS, como o PSD e o CDS, são partidos políticos com um currículo de boas práticas governativas, e que os portugueses, de modo geral, por alguma vez, tiveram uma efectiva estabilidade, um elevado nível de vida. Façamos de conta que se tratou tudo de gente honesta, que não tivemos escândalos como os BPN's, os BCP's, as Modernas, as Faces Ocultas, as Operações Furacões, os Duartes Limas, os Loureiros, os Relvas e respectivos amigos, etc. e tal. Façamos de conta que, depois de votarmos nos partidos e nas pessoas que nos deviam representar democraticamente, depois de lhes darmos carta branca para tomar decisões, viemos a descobrir pelas suas bocas, que afinal a culpa da crise também era nossa, e que tínhamos as mesmas responsabilidades que eles, sem contudo termos as mesmas mordomias...
Se proponho este faz de conta, é só para tentar atenuar a revolta que paira dentro de nós, com a actual situação de extrema decadência a que os ditos partidos conduziram o país, num generoso esforço de boa vontade de tentarmos abrir uma janela de tolerância à "inevitabilidade" de não termos outras alternativas de governo que não as do costume [PS/PSD/CDS]. Enfim, façamos de conta que não podemos deixar de votar. O que é que exigiríamos em troca? Nada? Estaremos nós dispostos a votar à toa, depois de tanta sacanagem?
Já dei aqui o exemplo dos bancos, lembrando que não fiam o crédito, nem nos ajudam pela cor linda dos nossos olhos, ou pela solidez da nossa honorabilidade. Querem garantias, não é verdade? Sem elas, os bancos não dão crédito a ninguém. Pois foi inspirado nesta realidade comezinha, que me perguntei por que é que os eleitores não podem usar normas semelhantes aos bancos e exigem aos partidos garantias consistentes para votar. Já sei, que isto não é muito simpático para os políticos, e muito menos confortável, mas pelo menos talvez tivesse o dom de os afastar da política se viessem com a ligeireza e a irresponsabilidade daqueles que os antecederam. Sim, porque, pessoalmente, ninguém ainda conseguiu dissuadir-me de que a actividade política não é a mais irresponsável de todas as actividades...
E sabem porque penso assim? É que, quando olho para António José Seguro e o oiço falar, não consigo deixar de pensar em mais do mesmo, ou seja: na irresponsabilidade. Se Sócrates e Passos, sendo diferentes, foram iguais na incompetência, que garantia temos nós que Seguro não o seja? Votar às cegas? Não, caro leitor. Com o devido respeito, vote você. Se quiser que Portugal continue ligado ao fado, que é como quem diz: um país desgraçado.