'Pólo Norte', é o nome do novo programa/debate transmitido pelo Porto Canal, às sextas-feiras à noite. Se bem entendi, além do moderador, o jornalista do JN, David Pontes, participam, regularmente, o jornalista do 'Público', Manuel Carvalho, um convidado, e mais outro indivíduo do qual me escapa o nome. Ontem, o convidado era Rui Moreira, e os temas abordados foram o porto de Leixões, o Aeroporto Sá Carneiro e, como não podia deixar de ser a SRU Porto Vivo, da qual, o actual Presidente é o próprio Rui Moreira.
Já se sabia pela imprensa que Rui Moreira ameaçou bater com a porta, pelas sempre-eternas indefinições sobre quem tutela o quê, e cujas consequências redundam sempre no bloqueio dos trabalhos de reabilitação, rebentando com a paciência dos mais optimistas. Suponho ter sido esse o caso de Rui Moreira. A Câmara do Porto garante que as verbas que lhe competem estão disponíveis [é a accionista da SRU com 40%], mas o INH-Instituto Nacional da Habitação que detém 60% do capital, parece não querer "chegar-se à frente" com os valores respeitantes a despesas correntes. O INH, fez aquilo que é tradicional em Portugal fazer, isto é, não assumiu a responsabilidade, e empurrou o assunto, ora para a tutela do Ministério das Finanças, ora para a do Ministério do Ambiente e Pescas e Administração do Território [mas, que confusão!].
Tamanhas fantochadas são já uma rotina na política portuguesa, e nenhum partido se pode dar ao "luxo" de reclamar inocência. Sucede, que estas guerrinhas, já por si reveladoras da mediocridade dos nossos políticos, trazem consigo uma cereja amarga, que é a indiferença, diria mesmo, a provocação com que os decisores centralistas tratam o Norte, deixando-o a falar sozinho, que é, no fim de contas, como estranhamente, parece gostar de estar.
Ora, de todo o debate a que ontem assisti, ficou-me a sensação de que, apesar disso, apesar destas constantes afrontas, alguns dos comentadores, denunciaram receios completamente contraditórios e em contra-ciclo com o que tinham acabado de debater. Se bem percebi nas entrelinhas, pareceram-me sugerir um certo "travão" à dinâmica regionalista, tanto do próprio Porto Canal, como do semanário Grande Porto, sem contudo o explicitarem e fundamentarem as razões para tais receios.
Ora, de todo o debate a que ontem assisti, ficou-me a sensação de que, apesar disso, apesar destas constantes afrontas, alguns dos comentadores, denunciaram receios completamente contraditórios e em contra-ciclo com o que tinham acabado de debater. Se bem percebi nas entrelinhas, pareceram-me sugerir um certo "travão" à dinâmica regionalista, tanto do próprio Porto Canal, como do semanário Grande Porto, sem contudo o explicitarem e fundamentarem as razões para tais receios.
Desde o 25 de Abril que nunca assistimos a tanta displicência por parte dos governos em relação ao resto do país, como nos últimos 10/15 anos. Puxando a bobine da história mais atrás, podemos hoje afirmar com toda a segurança, que nem mesmo a lei da rolha do Estado Novo levou tão longe a indiferença por aquilo a que hoje chamam província. Até estes termos [província], são hoje mais depreciativos do que antigamente. A sobranceria da capital em relação ao resto do território é, sem sombra de dúvida agora muito mais intensa. Então, o que é que temem estas pessoas, para recear que o Norte assuma de forma desinibida, quiça até agressiva, a regionalização? Se depois de tantos anos, de sucessivos governos sem darem sinais de querer abdicar do centralismo, como é possível haver um só nortenho a acreditar que alguma vez faremos cumprir a Constituição no que toca à Regionalização pela via diplomática do queixume? Será que ainda não perceberam que no Terreiro do Paço nem sequer nos querem ouvir? Ou terão uma estratégia secreta que não queiram partilhar connôsco?
Já tivemos muitas decepções com gente da política que prometeu muito e fez muito pouco, para não dizer que não fez nada. Vimos e ouvimos, atónitos, regionalistas "convictos" a tornarem-se, irresponsável, mas serenamente, em centralistas empedernidos mal pousaram o traseiro no governo. Que outros tristes cenários precisamos ainda de contemplar?
Continuo sem compreender medos tão risíveis. Ficamos com a ideia de prevalecer nos nortenhos uma visão redutora, afunilada e estupidamente conservadora, dos processos requeridos para a mudança. Cheira-me, que por este andar o Porto Canal se acabe por devorar a si próprio. Aquilo a que temos assistido em termos de debate político, tem-me desiludido. Alguns dos protagonistas que por lá começam a colaborar parecem mais apostados em alterar a promissora dinâmica regionalista para uma linha editorial indulgente [tipo JN], recheada dos teóricos do costume. Tudo leva a crer que o Norte e os seus dramas, são um assunto para resolver longe do conforto dos lares e da segurança dos jobs...
O umbigo de certos nortenhos, parece ser a fronteira a partir da qual a Regionalização não pode avançar. Só assim se explica tanto medo em levar a Regionalização até ao fim. Contra tudo, e contra todos... Como fazia o Pinto da Costa dos bons velhos tempos, que tantas e tantas alegrias deu aos portistas de todo o Mundo.
O umbigo de certos nortenhos, parece ser a fronteira a partir da qual a Regionalização não pode avançar. Só assim se explica tanto medo em levar a Regionalização até ao fim. Contra tudo, e contra todos... Como fazia o Pinto da Costa dos bons velhos tempos, que tantas e tantas alegrias deu aos portistas de todo o Mundo.