Qualquer nortenho atento e de espírito independente, terá percebido que a massa crítica de Lisboa é tudo menos isenta. Tem uma visão redutora do país, e vive completamente despreocupada com as aparências, porque não precisa, não dá oportunidade ao contraditório, e está sempre a jogar em casa [como se diz na gíria do futebol], mesmo quando está fora de casa...
Fazendo uma breve sondagem pelos quatro canais sediados em Lisboa [RTP, 1 e 2, SIC, TVI e sucedâneos], encontramos uma série de programas de futebol [onde se discute mais de arbitragens e menos de futebol], com comentadores dos 3 clubes ditos mais representativos do país, votando quase ao anonimato todos os outros, o que revela de per si uma baixa noção de democracia das respectivas directorias. Mesmo assim, desses 3 clubes, um há que convive em clara desvantagem com os demais, que é o FCPorto, porque tem de combater com armas desiguais contra quatro opositores, e não apenas dois, como ingenuamente se faz crer: os dois adversários tradicionais [Benfica e Sporting], o pivôt, e finalmente a produção. Nestas circunstâncias, que são recorrentes e de longa data, o FCPorto só pode contar com a capacidade de argumentação dos seus comentadores, e da sua combatividade, porque o resto, é tudo oposição, e da pesada...
Os dois clubes de Lisboa uniram-se na conspiração "Apito Dourado", e unem-se sempre que não conseguem dar luta no campo de jogo, ao FCPorto. Paralelamente, o trabalho dos "moderadores" é tudo menos imparcial, dele se destacando um manifesto sadismo em associar as victórias do FCPorto a erros de arbitragens, mesmo que - como vem acontecendo com assinalável frequência - o número de grandes penalidades não marcadas a favor do FCPorto justifique certificado de garantia. Por último, os outros opositores, são as régies das estações de tvs, os homens das câmaras, que tratam de encobrir, ou mesmo privar, a boa visibilidade dos lances que possam dar razão ao FCPorto. Tudo isto é feito, nas barbas dos comentadores portistas que, com receio de serem dispensados, caso levantem demasiados "obstáculos", acabam por ser demasiado condescendentes com as trampolinices dos anfitriões.
Por outro lado, o Porto Canal, até para debater futebol, optou por uma política respeitável de comentadores demasiado soft, mas sem retorno prático, dada a genética incapacidade dos nossos adversários em conviver com os bons hábitos e a seriedade. Tarde ou cedo, o FCPorto irá compreender que para lutar contra esta gente vai ser preciso usar as mesmas armas, isto é, fingir que é democrático e escolher minuciosamente os alvos que quer atingir. A RTP, chama repetidamente aos seus estúdios, para debater futebol, gente ligada ao Benfica e ao Sporting, e contudo deixa passar a ideia que está a fazer um trabalho sério, ou se o não consegue, passa mesmo assim a mensagem que verdadeiramente lhe interessa. Nós podíamos fingir que entramos no jogo, e passar a insinuar, como eles insinuam quando eles insinuam, para ver como reagiriam. Talvez uma estratégia dessas pudesse provocar o contraditório e despertar consciências [se as houver]... O Porto Canal, até ver, não está a tirar o melhor partido da televisão na defesa do FCPorto. Eles lá para baixo, branqueiam a arbitrariedade da Comissão de Disciplina da Federação e dos próprios árbitros, que castigam sem pestanejar o FCPorto por dá cá aquela palha, e ignoram graves ilegalidades praticadas pelo treinador do Benfica com um despudor revoltante. O FCPorto cala, e quem cala, consente.
Talvez me esteja a escapar qualquer coisa, mas não me parece que a estratégia do silêncio venha a surtir efeitos vantajosos para o clube. O Benfica faz parte do centralismo, é seu irmão gémeo, e esse continua a não ser combatido com a agressividade que se impõe. Nós, no Porto, e em todo o Norte, não andamos propriamente a ser tratados democraticamente [e com respeito] pelo governo central em termos políticos, e muito menos, com atitudes afectuosas. No futebol passa-se o mesmo, ou pior. Somos discriminados, sem vergonha, nem pudor. Por que teremos nós, então, de continuar a apostar na parcimónia do politicamente correcto, quando estamos é a ser efectivamente agredidos? Que permissividade é esta que só agrava a nossa vida e a do nosso clube? Acho, que o que está faltar ao Norte, é mesmo agressividade.
Infelizmente, a violência raramente cede ao verbo. Tal como o poder, ninguém dele abdica, passiva ou democraticamente.
O vídeo que aqui se pode vizualizar constitui outro traço marcante dos noticiários centralistas. O centralismo é como a água, infiltra-se por todo o lado.
O vídeo que aqui se pode vizualizar constitui outro traço marcante dos noticiários centralistas. O centralismo é como a água, infiltra-se por todo o lado.
Tudo isso é verdade. EScapa à minha compreensão porque é que o FCPorto, tendo agora um canal de TV,não começa a ripostar forte e feio aqueles que nos agridem cada vez mais implacavelmente. Tenho a certeza que grande parte dos adeptos portistas não se revê nesta atitude de passividade.
ResponderEliminarConcordo totalmente com este artigo de Rui Valente.
ResponderEliminarJulgo que talvez por estratégia ainda não se tenha tomado alguma agressividade no P Canal.
Como Pinto da Costa diz.....Largos dias tem cem anos!
Aguardemos
ftavares
Claramente de acordo. O Porto Canal continua politicamente correcto, sem se assumir como um canal gerido pelo F.C.Porto. Se é para ser mais do mesmo, se ninguém tem medo de queimar os dedinhos, então para que serve o Porto Canal? Já disse muitas vezes, mas repito: não queremos um canal à imagem e semelhança da Benfica pimba Tv, com fanfarrões, trauliteiros, broncos e apelos às armas, mas queremos, um canal activo, que analise seriamente os factos e não tenha medo de nada. Não me canso de dizer que neste país, vergonhosamente centralista, o F.C.Porto é um alvo a abater e só deixará de ser, tal como acontecia no passado, se deixar de ganhar. Somos presos por ter cão e por não ter, assim, mal por mal, que digamos o que temos a dizer, sem medo e sem receio.
ResponderEliminarAbraço