20 fevereiro, 2012

Os debates do Porto Canal e da concorrência "convivem" em paz

Qualquer nortenho atento e de espírito independente, terá percebido que a massa crítica de Lisboa é tudo menos isenta. Tem uma visão redutora do país, e vive completamente despreocupada com as aparências, porque não precisa, não dá oportunidade ao contraditório, e está sempre a jogar em casa [como se diz na gíria do futebol], mesmo quando está fora de casa...

Fazendo uma breve sondagem pelos quatro canais sediados em Lisboa [RTP, 1 e 2, SIC, TVI e sucedâneos], encontramos uma série de programas de futebol [onde se discute mais de arbitragens e menos de futebol], com comentadores dos 3 clubes ditos mais representativos do país, votando quase ao anonimato todos os outros, o que revela de per si uma baixa noção de democracia das respectivas directorias. Mesmo assim, desses 3 clubes, um há que convive em clara desvantagem com os demais, que é o FCPorto, porque tem de combater com armas desiguais contra quatro opositores, e não apenas dois, como ingenuamente se faz crer: os dois adversários tradicionais [Benfica e Sporting],  o pivôt, e finalmente a produção. Nestas circunstâncias, que são recorrentes e de longa data, o FCPorto só pode contar com a capacidade de argumentação dos seus comentadores, e da sua combatividade, porque o resto, é tudo oposição, e da pesada... 

Os dois clubes de Lisboa uniram-se na conspiração "Apito Dourado", e unem-se sempre que não conseguem dar luta no campo de jogo, ao FCPorto. Paralelamente, o trabalho dos "moderadores" é tudo menos imparcial, dele se destacando um manifesto sadismo  em associar as victórias do FCPorto a erros de arbitragens, mesmo que - como vem acontecendo com assinalável frequência - o número de grandes penalidades não marcadas a favor do FCPorto justifique certificado de garantia. Por último, os outros opositores, são as régies das estações de tvs, os homens das câmaras, que tratam de encobrir, ou mesmo  privar, a boa visibilidade dos lances que possam dar razão ao FCPorto. Tudo isto é feito, nas barbas dos comentadores portistas que, com receio de serem dispensados, caso levantem demasiados "obstáculos", acabam por ser demasiado condescendentes com as trampolinices dos anfitriões. 

Por outro lado, o Porto Canal, até para debater futebol, optou por uma política respeitável de comentadores demasiado soft, mas sem retorno prático, dada a genética incapacidade dos nossos adversários em conviver com os bons hábitos  e a seriedade. Tarde ou cedo, o FCPorto irá compreender que para lutar contra esta gente vai ser preciso usar as mesmas armas, isto é, fingir que é democrático e escolher minuciosamente os alvos que quer atingir. A RTP, chama repetidamente aos seus estúdios, para debater futebol, gente ligada ao Benfica e ao Sporting, e contudo deixa passar a ideia que está a fazer um trabalho sério, ou se o não consegue, passa mesmo assim a mensagem que verdadeiramente lhe interessa. Nós podíamos fingir que entramos no jogo, e passar a insinuar, como eles insinuam quando eles insinuam, para ver como reagiriam. Talvez uma estratégia dessas pudesse provocar o contraditório e despertar consciências [se as houver]...  O Porto Canal, até ver, não está a tirar  o melhor partido da televisão na defesa do FCPorto. Eles lá para baixo, branqueiam a arbitrariedade da Comissão de Disciplina da Federação e dos próprios árbitros, que castigam sem pestanejar o FCPorto por dá cá aquela palha, e ignoram graves ilegalidades praticadas pelo treinador do Benfica com um despudor revoltante. O FCPorto cala, e quem cala, consente.

Talvez me esteja a escapar qualquer coisa, mas não me parece que a estratégia do silêncio venha a surtir efeitos vantajosos para o clube. O Benfica faz parte do centralismo, é seu irmão gémeo, e esse continua a não ser combatido com a agressividade que se impõe. Nós, no Porto, e em todo o Norte, não andamos propriamente a ser tratados democraticamente [e com respeito] pelo governo central em termos políticos,  e muito menos, com  atitudes afectuosas. No futebol passa-se o mesmo, ou pior. Somos discriminados, sem vergonha, nem pudor. Por que teremos nós, então, de continuar a apostar na parcimónia do politicamente correcto, quando estamos é a ser efectivamente agredidos? Que permissividade é esta que só agrava a nossa vida e a do nosso clube? Acho, que o que está faltar ao Norte, é mesmo agressividade. 

Infelizmente, a violência raramente cede ao verbo. Tal como o poder, ninguém dele abdica, passiva ou democraticamente.

O vídeo que aqui se pode vizualizar constitui outro traço marcante dos noticiários centralistas. O centralismo é como a água, infiltra-se por todo o lado.
          

3 comentários:

  1. Tudo isso é verdade. EScapa à minha compreensão porque é que o FCPorto, tendo agora um canal de TV,não começa a ripostar forte e feio aqueles que nos agridem cada vez mais implacavelmente. Tenho a certeza que grande parte dos adeptos portistas não se revê nesta atitude de passividade.

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  2. Concordo totalmente com este artigo de Rui Valente.
    Julgo que talvez por estratégia ainda não se tenha tomado alguma agressividade no P Canal.
    Como Pinto da Costa diz.....Largos dias tem cem anos!
    Aguardemos
    ftavares

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  3. Claramente de acordo. O Porto Canal continua politicamente correcto, sem se assumir como um canal gerido pelo F.C.Porto. Se é para ser mais do mesmo, se ninguém tem medo de queimar os dedinhos, então para que serve o Porto Canal? Já disse muitas vezes, mas repito: não queremos um canal à imagem e semelhança da Benfica pimba Tv, com fanfarrões, trauliteiros, broncos e apelos às armas, mas queremos, um canal activo, que analise seriamente os factos e não tenha medo de nada. Não me canso de dizer que neste país, vergonhosamente centralista, o F.C.Porto é um alvo a abater e só deixará de ser, tal como acontecia no passado, se deixar de ganhar. Somos presos por ter cão e por não ter, assim, mal por mal, que digamos o que temos a dizer, sem medo e sem receio.

    Abraço

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Abrimos portas à frontalidade, mas restringimos sem demagogia, o insulto e a provocação. Democraticamente...