Arrancou finalmente a nova grelha de programas e informação do Porto Canal, com um novo visual, e aparente vontade, pelo menos da parte do seu director geral, Júlio Magalhães, de futuramente fazer mais, e melhor. De louvar, a estratégia anunciada de fazer da estação nortenha uma televisão de cobertura nacional, sem renunciar aos interesses regionais.
Se bem entendi o discurso, pretende-se estender a voz do Norte, não apenas à região, como ao resto do país, incluindo Lisboa, sem desistir dos temas mais prementes, como a Regionalização e o desenvolvimento local. Esperemos que tais intentos não passem de meras promessas, e que a tendência seja sempre acentuar a índole regional da estação e não o contrário, como aconteceu com experiências anteriores [NTV]. Agora, não há mais espaço para falhanços e desculpas. O Norte tem de se assumir pela diferença e impor-se a nível nacional, sem se deixar cair na ratoeira de práticas neo-centralistas, e transformar o Porto na pérfida Lisboa desta fantástica região. Haverá que intensificar a programação regional, alargando-a ao maior número possível de localidades, das mais importantes, às menos acessíveis, de modo a que as populações sintam que há no país finalmente uma estação de televisão que se interessa por elas.
Os centralistas, ou se quiserem, os inimigos da regionalização, tudo fizeram para a menorizar, procurando incutir no povo uma ideia muito negativa, onde supostamente imperaria o compadrio, a distribuição de tachos, esquecendo eles os grandes escândalos, a corrupção e as discriminações praticadas ao longo de 38 anos de um feroz e impiedoso centralismo. Portanto, é de verdadeiros regionalistas, sobretudo daqueles que sempre se assumiram como tal, e não dos ocasionais [que os há por aí], que o Porto Canal se deve rodear, porque de contrário, todo o projecto correrá sérios riscos de falência. Desconfiar sempre daqueles que andaram a dizer "que eram regionalistas assumidos, mas". A melhor forma de manifestar que se rejeita alguma coisa é acrescentar-lhe um mas, venha ele seguido do gasto "agora não é oportuno", ou "porque hoje está a chover". Para falar mal da Regionalização, ou nem sequer falar, chega Lisboa...
Outra questão a evitar, é o bairrismo exacerbado, a ciumeira que às vezes assola vizinhos. Não cair na patetice de nos deixarmos dividir. No Norte [pelo menos é assim que eu quero pensar], cabem muito bem o Porto, Chaves, Braga, Viana, Guimarães, Bragança, Aveiro e localidades periféricas, sem terem necessariamente de rivalizar para se afirmarem. Pessoalmente, não noto muitas diferenças entre um portuense e um bracarense, de um transmontano e um minhoto, ou até, ouso dizer, de um galego. Temos mais semelhanças e características em comum, do que com um lisboeta, um alentejano, ou algarvio.
Não podemos deixar-nos impressionar com a argumentação maliciosa dos centralistas que tudo farão para explorar contra nós o bairrismo salutar que nos molda o carácter. E não nos incomodarmos pelo facto de o Porto ser a segunda cidade do país, ou Braga e Guimarães, as terceiras. Cada cidade terá mais a ganhar se houver muita união entre todas, depois, dependerá das suas gentes, das suas competências e imaginação, o desenvolvimento económico, cultural e social almejado. O pior que se poderá fazer mesmo, é rivalizar. Aqui, terá de se colocar de parte as rivalidades do futebol. Esse, é outro departamento.
Não podemos deixar-nos impressionar com a argumentação maliciosa dos centralistas que tudo farão para explorar contra nós o bairrismo salutar que nos molda o carácter. E não nos incomodarmos pelo facto de o Porto ser a segunda cidade do país, ou Braga e Guimarães, as terceiras. Cada cidade terá mais a ganhar se houver muita união entre todas, depois, dependerá das suas gentes, das suas competências e imaginação, o desenvolvimento económico, cultural e social almejado. O pior que se poderá fazer mesmo, é rivalizar. Aqui, terá de se colocar de parte as rivalidades do futebol. Esse, é outro departamento.
Para terminar, gostaria que o Porto Canal evitasse o mais possível deixar-se invadir por protagonistas que não vêm acrescentar nada ao Norte, que já conhecemos de fio a pavio, de passarem o tempo a saltitar de um canal para outro em Lisboa, e que nunca quiseram saber do Norte para nada, excepto para o explorar sempre que puderam. Gostaria que o Porto Canal não se esquecesse dos portuenses que dedicaram toda uma vida a propagar a história do Porto, como o Hélder Pacheco, o Germano Silva, e tantos outros. Que os convidassem para participar em programas relacionados com essa temática, que é a que realmente dominam. De fazer o mesmo, com figuras ilustres de outras cidades nortenhas. Se a ideia da direcção do Porto Canal consistir em dar o passo maior do que aperna, ou seja, se a estratégia não passar por assumir o Norte sem complexos, e quiser conquistar o país, pode haver o risco de dispersão e a repetição de cenários antigos que acabaram por remeter o Norte outra vez ao silêncio [não esqueçam nunca o que se passou com a NTV, depois de passar para a RTPN, e aonde hoje foi parar].
Finalmente, sem revanchismos, nem rancores, mas com um apurado sentido de sobrevivência, será recomendável que a Direcção do Porto Canal, agora nas mãos do bom Júlio Magalhães, não caia na tentação de trazer para os seus estúdios figuras mediáticas que ainda há bem pouco tempo tão mal disseram e fizeram ao FCPorto e ao seu Presidente. Roma não paga aos seus traidores. Lembrem-se!
Boa sorte, Porto Canal.