General Ramalho Eanes |
Na minha modesta opinião, ainda está por provar que blindar uma Democracia de mecanismos normativos que protejam a ética e o respeito social, possa afectar a Liberdade.
Não me canso de enfatizar esta convicção, porque acredito genuinamente, que é a ausência dessas condutas ao mais alto nível, bem como a resistência à sua aplicação, que torna débil qualquer Democracia.
Desiluda-se, quem acredita que as normas comportamentais podem pôr em causa a Liberdade. Pelo contrário, em Portugal o futebol é, a par da política, o sector onde é mais evidente a falta de respeito à Liberdade. Se no futebol, amparados por essa ideia errática de comunicar, são permitidos insultos e suspeições de todo o tipo, e na política vemos a troca de gestos obscenos entre colegas de profissão, sem que se faça ouvir a voz soberana de um 1º Ministro, ou de um Presidente da República recomendando contenção, que podemos esperar dos resultados?
Programas tematicamente desportivos, como o Dia Seguinte, e muitos outros do género, que em vez de desporto, fomentam rivalidades odiosas, e se conspira contra rivais, são tudo, menos um exemplo sadio de liberdade. E não são apenas maus exemplos para o desporto, são para toda a sociedade, sobretudo quando alguns dos piores protagonistas são ex-ministros, como Rui Gomes da Silva. Por incrível que pareça, durante todos estes anos, não se ouviu uma reprimenda, ou uma observação pedagógica vinda do seu partido, de nenhum dos seus colegas, ou superiores hierárquicos! Nem uma palavra! Tudo por respeito à liberdade da mixórdia! Não meus amigos, não acredito que um cancro, mereça a rédea-solta só por ser de índole social. Tal como o cancro corporal, deve ser tratado, e em última análise, destruído, porque é maligno e mata.
Desde o 25 de Abril de 1974 até hoje, tivemos protagonistas na vida política para todos os gostos. Dos Presidentes da República que mais respeitei, foi o General Ramalho Eanes, pela sua integridade, pela sua coragem e pelo seu exemplo. No entanto, talvez por ter exercido o cargo entre 1976 e 1986, muito antes da fundação da SIC (em 1992), não teve a mesma responsabilidade soberana pela propagação perversa desses programas, como os que lhe sucederam. Estou convencido que se este tipo de programas que redundaram em processos judiciais tivessem sido emitidos no seu tempo, com a obscenidade de agora, ele teria mandado uns recados a Pinto Balsemão e talvez as coisas nunca tivessem chegado a este ponto.
Recomendar bom senso, não é censura, é pedagogia e não atenta contra a Liberdade. Pelo contrário, torna-a mais sadia e dá músculo à verdadeira Democracia.
PS-A citação da SIC como (mau) exemplo, não lhe é exclusiva, estende-se com igual gravidade a todos os outros canais de televisão, com a agravante especial para a RTP, que pertence ao Estado.
PS-A citação da SIC como (mau) exemplo, não lhe é exclusiva, estende-se com igual gravidade a todos os outros canais de televisão, com a agravante especial para a RTP, que pertence ao Estado.