31 janeiro, 2014

O problema do PortoCanal, será o Porto ?

Porto Canal - Homepage
Espero um dia vir a mudar de opinião se a interrogação em título não chegar a confirmar-se, mas receio que o Porto e o Norte poucas vantagens cheguem a tirar do facto de disporem agora de um canal de televisão. Quando digo vantagens, refiro-me naturalmente para a população, e não somente para ao lado económico e financeiro da empresa, que é também um aspecto importante. 

Apesar de bastante decepcionado com o rumo difuso e algo paradoxal que o Porto Canal parece estar a seguir, não cometerei a injustiça de afirmar que tudo o que até agora foi feito é mau. O que digo e repito, é que sou contra a política do engodo de entreter os espectadores com doses maciças de repetições de programas de entretenimento de gosto duvidoso sem haver o cuidado de os informar. 

Já tive oportunidade de elogiar alguns programas de qualidade, seja no âmbito generalista, seja na área do desporto/clube, embora sem nada de verdadeiramente original, diga-se. Joel Cleto e o seu "Caminhos da História", culturalmente falando, é o meu preferido. Segue-se o painel de debate político "Pólo Norte" e a um nível inferior, mas bem humorado, o "Pena Capital". No que concerne o FCPorto, há coisas interessantes, mas é flagrante a falta de um programa de debate sobre assuntos relacionados com o futebol, entre os quais um que denuncie as intermináveis deturpações e arbitrariedades veículadas pelas 3 estações centralistas e os seus múltiplos canais derivados.

Não me interpretem mal, não quero, nem nada que se pareça, uma réplica do lixo que se faz em Lisboa. Nem por sombras. O que gostaria  mesmo, é que o Porto Canal, realizasse um programa que demonstrasse ao país que o que se faz em Lisboa nessa matéria, é isso mesmo : lixo e fanatismo. Pelos vistos, não é essa a "estratégia" da direcção do Porto Canal, é outra, bem mais soft, que passa por ignorar e permitir a proliferação do veneno difundido pela comunicação social centralista e deixar que ele se instale na opinião pública sem qualquer tipo de desmentido, talvez na vã esperança que o Portugal profundo compreenda o sentido de tamanha permissividade. Pura ilusão. Por mais que a direcção do Canal (e do FCPorto) procure ignorar as ofensivas centralistas, não se livram de deixar no ar - e na cabeça de muita gente - a ideia de que se cala, é porque consente, com a agravante de manter acesa a convicção que o Processo Apito Dourado até valeu a pena e que Pinto da Costa terá sido "mal" absolvido... Infelizmente, os portugueses ainda não atingiram um patamar de maturidade cívica suficientemente evoluído para não se deixarem influenciar pelo mau jornalismo. Se assim não fosse, o nosso país não seria seguramente um dos países mais atrasado da Europa, nem teria desperdiçado o 25 de Abril com governantes sem escrúpulos nem competência.

Mas o paradoxo desta "estratégia" vai mais mais além. A direcção do Porto Canal parece apostada em defender o Norte imitando Cristo, dando a outra face ao estalo depois de andar a ser esbofeteado todos estes anos de centralismo feroz. Persiste em chamar a si, a escancarar as portas, a gente da capital que se fartou de denegrir a imagem do FCPorto, do seu Presidente e da própria cidade (João Malheiro, António Sala, a "feiticeira" Maya, Carlos Barbosa e todo um rol imenso de gente insignificante que o Norte está cansado de conhecer por força da imposição monopolista do centralismo.

Já me perguntei o que terá levado a direcção do Porto Canal a pensar que estas pessoas fazem falta ao Norte, ou o que delas esperará para ajudar os nortenhos a livrarem-se da chaga neocolonialista lisboeta, a sua terra... Pensar que essa gente é alheia ao fenómeno centralista é passar um atestado de imbecilidade aos nortenhos e a si próprios. E não venham com a história estafada do bairrismo, que somos todos portugueses, etc., porque esse é o argumento dos centralistas. É que se nós somos bairristas, os lisboetas são monopolistas, e se nós somos portugueses os lisboetas ignoram-no, pois nunca os vi preocuparem-se com a discriminação que vem sendo feita ao Norte do país (a região mais pobre da Península Ibérica). Aliás, pergunto: que pensará Pinto da Costa sobre este assunto? Será que ele estará a perceber bem o rumo que o canal está a levar? Será que ele vê mesmo o Porto Canal e é cúmplice desta aberrante estratégia? Se vê e  gosta, então já não sei o que pensar e que explicação encontrar para tão estranho fenómeno. A não ser que de repente um forte surto de sado-masoquismo tenha assolado a nossa região, e se calhar até eu fui contaminado, e ainda não dei por isso...

PS-Nem de propósito. No momento em que acabei de publicar este post, soube que, mais uma vez, o Norte foi prejudicado nos fundos do novo Quadro de Apoio, e que Lisboa, a região mais beneficiada do país, vai receber mais dinheiro. É assim. Eles perderam-nos o respeito. Agora, digam que Rui Moreira não tinha razão de desconfiar...  
  

30 janeiro, 2014

E eu, também dou o benefício da dúvida, porque...

...se os partidos políticos não sabem cuidar dos interesses regionais, nem dar apoio aos respectivos candidatos ÀS câmaras*, então que aguentem com os efeitos colaterais,  que desamparem a loja, e deixem trabalhar os outros. não fizeram nada de jeito durante décadas e agora exigem que tudo seja feito em 100 dias. Só MESMO de carreiristas.

* ( QUE O DIGAM ELISA FERREIRA  E GUILHERME  PINTO DO PS, E  LUIS F.MENEZES DO PSD ]


100 DIAS: JORNALISTAS DÃO O BENEFÍCIO DA DÚVIDA AO ‘ESTREANTE’ RUI MOREIRA

Para o director-adjunto da agência Lusa Ricardo Jorge Pinto, num “balanço inicial, Rui Moreira sai muito bem na fotografia”. O independente e ex-presidente da Associação Comercial do Porto beneficiou de “visibilidade mediática fora de fronteiras” e beneficia do facto de o compararem com o seu antecessor.
Daniel Deusdado diz que “Rui Moreira conseguiu uma coisa tremendamente importante: criar uma maioria na Câmara que lhe permita gastar o tempo no que tem de ser feito e não em como conseguir fazer acordos para passar meia dúzia de coisas nas votações”. Mas, na opinião o director-geral e sócio da produtora de conteúdos Farol de Ideias, ainda é cedo para uma avaliação rigorosa.
“Os primeiros 100 dias são um período de instalação, sobretudo para um presidente que nunca desempenhou funções autárquicas e terá de aprender todos os trâmites administrativos que obrigam a uma enorme dilação entre o tempo de querer e o tempo de fazer”, refere Daniel Deusdado. “Talvez ao fim de um ano possa haver já factos mais concretos para avaliar a sua acção em concreto”, sublinha o jornalista.
Ricardo Jorge Pinto é da opinião de que “os primeiros 100 dias dificilmente poderiam desapontar”. Quanto mais não seja porque Rui Moreira, diz o jornalista da Lusa, “teve sempre o cuidado de não colocar muitas expectativas sobre o seu mandato na Câmara do Porto”.
O jornalista acredita que a vitória de Moreira se deveu precisamente “a essa postura e posicionamento político” e diz que o independente conta “com um factor que vem nos livros de estratégia política: o estado de graça do início dos mandatos”.
“Com boas entrevistas em jornais internacionais de referência”, o indepentente Rui Moreira “ajustou-se perfeitamente à imagem de um autarca elucidado, ilustrado e desempoeirado numa cidade que tem beneficiado com as linhas aéreas low cost para ganhar cosmopolitismo”, refere Ricardo Jorge Pinto numa resposta escrita enviada ao P24.
“As suas declarações são precisas, as ideias são claras e o registo é conciso: tudo ingredientes para passar uma boa mensagem”, sublinha o director-adjunto da Lusa.
Quando comparado com Rui Rio “não é difícil [Rui Moreira] sair-se bem”, diz Ricardo Jorge Pinto. “Rui Rio era cinzento, austero, encolhido, tacanho, rígido e ríspido. Rui Moreira chegou à presidência da Câmara do Porto apesar do apoio de Rio. E tem sabido distanciar-se dele, para não se deixa contaminar”.
Daniel Deusdado destaca como ponto positivo “a tentativa de reclamar um papel para o Porto no contexto nacional – à semelhança do que sucede com a Câmara de Lisboa”. “É uma boa estratégia, embora tenha demasiados rivais a Norte, prontos a fragilizá-lo sem que consigam por isso melhores resultados”, comenta o director-geral da Farol de Ideias.
Para Ricardo Jorge Pinto, “Rui Moreira ainda procura o seu estilo”, “algures entre a sua afirmação pessoal e a afirmação da cidade e da região”, mas o autarca “parece perceber que este momento inicial de mandato é a melhor altura para assumir riscos”.
“A forma como tratou as ameaças de esvaziamento da RTP Porto pode não ter sido a mais feliz” e “a maneira como está a insistir na sua preocupação com a distribuição de dinheiros do QREN pode ser arriscada”, mas Rui Moreira faz bem em correr riscos, entende o director-ajdunto da Lusa.
Moreira resiste “à tentação de dizer ‘Já estava assim quando cá cheguei’, como uma criança ao lado de um vaso partido”, saúda Jorge Pinto.
(do jornal Porto24)

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29 janeiro, 2014

É assim que reagem os partidos...

E José Luís Carneiro disse:
“Um assunto tão relevante como é o de trazer para Portugal 22 mil milhões de euros não deve ser objecto deste tipo de tratamento na praça pública. A CCDR-N [Comissão de Coordenação de Desenvolvimento Regional do Norte] e o Conselho Regional são os órgãos onde estes assuntos devem ser tratados”, defendeu o líder da Federação socialista do Porto.
José Luís Carneiro comentava, por comunicado, a tomada de posição feita na terça-feira pela Câmara do Porto sobre candidaturas e prazos a fundos comunitários.

Nota de RoP:
A avaliar pelas reacções dos partidos, quer do PSD/CDS, quer do PS/PCP, Rui Moreira começa a "incomodar", o que pode ser bom sinal... As declarações do Presidente da Distrital do PS Porto, assim como as proferidas por alguns membros da coligação, são tão destituídas de fundamentação que tresandam a uma de duas coisas: dôr de cotovelo, ou medo de perda de protagonismo. Ou, as duas coisas juntas.
Sinceramente, não sei o que se estará a passar dentro da Câmara do Porto, o que sei é que numa altura em que finalmente temos alguém que começa a agitar as "águas" e a bater o pé ao poder central [e com sobejas razões], aqui d'el Rei que não é assim que se faz, que não é na praça pública que se tratam estes assuntos, e blá-blá-blá.  Este é o discurso dos acomodados. Ainda há pouco tempo Emídio Gomes, Presidente da CCDR-Norte, meteu a viola no saco, isto é, calou, não teve qualquer reacção, face à humilhação da não comparência  de membros do Governo numa reunião onde se prendia informá-los sobre os destinos de fundos europeus. Ora, não é de líderes com este perfil que o Norte precisa, por mais competentes que sejam. Estou de acordo com a estratégia de Rui Moreira.  Quem não chora (e com motivos para tal), não mama. De resto, basta olhar para o desprezo como os gajos do Governo tratam o Norte. Aliás, está bem patente no modo como reagiram às palavras de Rui Moreira.

O certo é que até aqui, todos se queixavam de falta de liderança, mas de repente surge Rui Moreira e parece que ninguém a quer. Preferem fazer tudo às escondidas, e nesse aspecto, PSD, CDS e PS estão curiosamente em sintonia...Por que será? Que grandes nortenhos são estes meninos!  Dividir, é com eles. Para reinar, porventura.
Será este o preço a pagar das candidaturas "independentes"? Será possível governar uma Câmara com tanto rato de esgoto? Ainda dizem que não há democracia sem os partidos? Se é para fazerem o que têm feito, se calhar é melhor procurar outras alternativas.
Aguardemos os próximos capítulos, e o que terá a dizer Daniel Bessa da sua auto-demissão.

O escaravelho da crise moral


A crise económica - e, por arrasto, a social - está a remeter uma porção substancial de portugueses para um gueto de pobreza.

Floresce entretanto a crise de valores, e não apenas patente nas patetices do momento - o efeito manada das imbecilidades das praxes e o esmagamento das audiências televisivas pelo maior telelixo alguma vez emitido em Portugal - o "Casa dos segredos, desafio final 2", maná de audiências para a TVI sedimentado na falta de escrúpulos e graças ao mais reles grupo de analfabetos alguma vez junto na pantalha, para gáudio de uma legião de fãs da ordinarice e paizinhos ululantes de orgulho por terem dado à luz descendentes tão mal-educados. Sim, vale a pena assistir a tanta ordinarice por metro quadrado para se ter consciência de como não se deve ser.

Sem reticências: a crise moral está para as relações humanas no país como a doença do escaravelho para as palmeiras: alastra, corrói e tem tudo para matar, pelo menos a esperança de um melhor futuro.
Os comportamentos nas praxes ou no reality show são paradigmáticos de um dia a dia feito, na rua de cada um de nós, de exemplos flagrantes da mais abominável falta de respeito pelo ser humano. São casos comezinhos, sim, mas preocupantes.

Três exemplos vivenciados, todos no âmbito do mercado de trabalho. Todos, curiosamente, na área da restauração, essa mesmo, a da choraminguice pelos efeitos do IVA a 23%.

1. Uma das muitas chafaricas feitas cafés no país. Entrada e saída permanente de esforçados feitos funcionários. Movimento principal à hora do almoço. Cliente assíduo pergunta ao dono do tasco se é eficiente o mais recente jeitoso que tenta equilibrar a bandeja. O homem diz que sim. E quanto ganha? Resposta na ponta da língua, com o ar mais normal do Mundo: tem direito a almoço! (Três dias depois, nem vê-lo. Claro.)

2. Restaurante afamado, construído na base de uma gerência muito relações públicas e funcionários simpáticos - cada vez mais gentis para tentarem receber o ordenado mínimo. Têm vários meses de salários em atraso. Comem e calam. O patrão, esse, feito empreendedor, rodeia-se de amigos, faz festas no espaço, usa os serviçais a seu bel-prazer e estes, num momento de juízo perfeito, acabam por bater com a porta. Cansados. No bolso levam créditos para receber nas calendas gregas. Trocados são por outros condenados ao ciclo vicioso.

3. Dois funcionários e um casal explorador de restaurante especializado num certo prato. Qualidade indiscutível. O cliente degusta os produtos e na hora de pagar a conta assume-se a patroa; à distância e nas costas da dita-cuja, o empregado faz um sinal de longe, adivinhando-se o "não, não, não". Não, o quê? Desfaz--se entre dentes o enigma enquanto a senhora vai fazer o troco das duas notas de 20 euros: "Não deixe ficar gorjeta! Não é para mim. A tipa fica com ela, embora não me pague o ordenado a horas". Está dito. E cumprido.

Aqui chegados, impõe-se aclarar: os casos são da área da restauração, mas podem ser replicados sem dificuldades para outros setores de atividade. Há excelentes empresários de todos os ramos, não se duvide; mas não faltam candidatos a imitadores da exploração ao jeito do Bangladesh.

A crise resulta num esfarelamento sequencial da sociedade, abrindo leque ao debate sobre os efeitos do desemprego e a qualidade dos novos - e poucos - postos de trabalho em criação.
Para onde vamos?

Amanhã, o Governo reúne-se com os parceiros sociais para debater - fórmula eufemística de apresentar decisões tomadas - seis pontos passíveis de elencar razões para o despedimento.

Assim vai o país

Nota de RoP:
Esta crónica saiu ontem. Apesar disso, dada a pertinência do tema (para mim, é pertinente), decidi publicá-lo hoje. Pena é que no grupo a que pertence o JN haja quem se esqueça das páginas com publicidade à prostituição, e das edições do jornal O JOGO consoante a região e a "côr clubista" dos leitores, quando na capital do império nem sequer se preocupam com o assunto. Batem em tudo o que mexe, sobretudo no FCPorto.

É preciso olhar bem para o que nos rodeia antes de escrevermos certas coisas...


28 janeiro, 2014

Não votaria em nenhum


Por mais auto-crítico que seja, não há meio de me convencer que sou um gajo esquisito só porque não quero nenhum destes cavalheiros elevados ao status de Presidente da República. 

Apesar de não ir à bola de Rui Rio nem um bocadinho, e de ainda não estar convencido da solidez da sua integridade, diria que o menos mau destes 4 mosqueteiros, seria ele, mas mesmo assim, não votaria em nenhum. O certo é que Cavaco também não é grande coisa e conseguiu lá chegar... Em Portugal  o grau de exigência é baixo e espelha bem o país que somos.

Haverá porventura alguém com perfil para o cargo, neste momento?

Que sorte a nossa!