Domingos de Andrade |
O PAROLO DO NORTE
A cadeira faz mais vezes o homem do que o homem a cadeira. Mas esta máxima da sociologia do poder aplica-se pouco a Rui Rio. E o problema maior é que, no caso do líder do PSD, nem a cadeira faz o homem, nem o homem a cadeira. Vamos por partes.
O grupo parlamentar foi escolhido a dedo por Pedro Passos Coelho. E eleito em legislativas. Rio não escolheu ninguém e foi escolhido por uns poucos. Mais contra o outro candidato do que a favor dele. Da eutanásia, ao imposto sobre combustíveis, passando pelos professores e acabando em críticas ao Governo, os deputados dizem uma coisa, Rio outra. Para fadar o caminho do PSD numa ideia, numa opinião, numa votação, no sucesso ou insucesso de uma proposta, basta que o líder do PSD se pronuncie, para que os deputados façam o contrário.
Em tudo o mais Rio perde. Quando passa meses para apresentar uma ideia, uma boa ideia, a da natalidade, e a deixa cair porque ela mal resiste às contas. E aos deputados. Quando dedica uma semana aos problemas da Saúde e não sobra ideia nenhuma. Quando, contrariando a sua máxima de ser ele a gerir o tempo, não resiste a comentar a fervura dos dias não comentando e deixando o comentário para os seus deputados que hão de comentar o contrário do que pensa para ele vir comentar que não comenta. Leia devagarinho. Porque é mesmo assim.
Mas Rui Rio, que faz questão de deixar correr que tem equipas multidisciplinares a trabalharem em projetos para o país, que acredita resistir até às eleições escolhendo depois a dedo os seus deputados, mas esquecendo que a oposição dos próprios será mais feroz fora do Parlamento, tem um problema ainda maior. Parágrafo.
É olhado como um parolo do Norte. Mesmo para os parolos do Norte do partido que o derretem na praça pública. E o Norte, para uma parte da política do Sul, é uma terra longe onde chove muito e as florestas ardem. O PSD não vai longe.
DIRETOR-EXECUTIVO
Nota de RoP:
Sim, o PSD não vai longe. Não podia estar mais de acordo. Mas o PS tem a passada cada vez mais curta... Pergunto: para que serve a democracia se não existem as alternativas que precisamos?