22 março, 2019

Optimismo e progresso não é o que se diz, é o que acontece de facto


Sempre duvidei do optimismo crónico patente nos iluminados da arte do saber viver. Mais do que uma característica vaidosa,  é uma moda já antiga, quase sempre acompanhada de complexos de superioridade. No fundo, é uma não moda, que se desvanece no tempo pela pedantice de quem a pratica. Para ser útil e autêntico, o optimismo deve ser moderado pelo realismo, e mesmo assim é frequentemente circunstancial.

O progresso da humanidade é um facto, mas não significa positivismo. Só que essa noção de progresso  é enganadora porque trás consigo retrocessos muitas vezes mais nefastos do que os benefícios conseguidos. Hoje, há meios de comunicação mais rápidos e acessíveis do que os de 50 anos atrás, mas são muito menos fiáveis. As empresas substituíram pessoas por computadores, reduzindo custos e postos de trabalho. Esses custos foram paulatinamente transferidos para os clientes. A transferência dos custos de correio das empresas para os clientes foram evidentes. Se por um lado os clientes recebem agora as facturas com uma antecipação exagerada, através de mensagens, ou e-mails, por outro, vêm acompanhadas de ameaças de multa, se não forem pagas no dia próprio. Se os clientes receberem pela net essas facturas e quiserem reforçar a recepção com mais segurança têm de ter computador, impressora, papel e tinteiros, custos estes antes assumidos pelas empresas. Consequentemente, as empresas acabaram por suprimir postos de trabalho. Um exemplo típico de falso progresso, como se constata.

A relativização do progresso é evidente. No mundo da indústria farmacêutica o retrocesso é talvez mais grave. A saúde é uma área demasiado sensível para permitir-se a riscos. Cada vez são mais numerosos os casos prematuros de lançamento no mercado de drogas medicinais cuja eficácia vem a revelar-se perigosa para a vida humana. A indústria farmacêutica e a própria comunidade médica justificam tais fracassos com argumentações demasiado corporativistas para as respectivas classes. Não é sustentável continuarmos a aceitar determinado tipo de explicações que pouco têm de coerentes e honestas. Não me parece legalmente aceitável levar a sério as recomendações de um prospecto médico, e ao mesmo tempo ouvir da voz dos médicos conselhos para os doentes o ignorarem. Conceder a inevitabilidade das contra-indicações da medicação, passou para um excesso de facilitismo que algumas mortes já têm provocado a muita gente. Provavelmente, casos destes podem estar a acontecer devido à redução temporal dos testes medicamentosos. O entusiasmo, ou a ganância económico-financeira parecem ter-se sobreposto ao rigor de eficiência, e isto é incompreensível tratando-se da vida de pessoas.

E não vale a pena continuarmos a aceitar explicações sofríveis. Sabemos que nada é perfeito, que não há medicamentos assim, nem coisa nenhuma no fundo. A questão é o modo abusivo como estão a ser encaradas estas realidades. Tudo tem de ter doses sensatas. Os excessos, mesmo para as coisas mais agradáveis da vida levam a abusos e os abusos a radicalizações. Foi isso que a classe política fez com a Liberdade e com a Democracia. Mataram-na, e com isso tornaram Portugal num país dividido e insuportável.
   


19 março, 2019

Sara Mota, uma jovem de rara coragem


A juventude é uma bênção de futuro incerto. Como a idade avançada, ser jovem tem as suas vantagens, mas também tem as suas incertezas, que é não poder dar por certa uma vida longa. E se o idoso está mais próximo do fim, teve no entanto uma história de vida longa para recordar, enquanto que a alegria de ser-se jovem é natural, mas é também um caminho incógnito de experiência, e saber. Logo, ninguém é vencedor à chegada, nem ninguém vencido à partida. Podemos dizer, só o empate é garantido.

Talvez isto explique por que é que os jovens não se interessam tanto por causas. Todos nós passamos por essa fase, quase sem pensarmos que, para chegarmos longe na vida, temos primeiro de ter saúde, e depois muita sorte à mistura. A arrogância é um dos seus piores defeitos, assim como os idosos nem sempre têm paciência para os entender. Uma, ou outra, são percursos naturais da existência.

Mas há jovens diferentes do habitual. Há jovens, como é o caso de Sara Mota, uma miúda de 24 anos que me deu o prazer de aqui comentar, demonstrando um interesse muito raro para a sua idade, que é a situação do país. Quantas jovens com a idade da Marta conhecemos a interessar-se por estes problemas?  Regionalização? Centralismo? Quantas e quantos se interessam pela autonomia administrativa da sua região, e quantos sabem que o centralismo já praticamente não existe nos países mais evoluídos da Europa? Quantos estarão dispostos a lutar para que isso aconteça em Portugal?

A Sara é nortenha, nem sequer é portuense. É de Penafiel, e portista, o que revela muito bom gosto. É modesta e determinada. Para quem não leu o seu comentário pode ler aqui  (é o nº.6), e pode confirmar como está preocupada com a sua terra e região para a qual exige outro tipo de autonomia e não o centralismo dos governos dos últimos anos. Pediu-me que a ajudasse a influenciar outros portuenses e portistas (e nortenhos de outros clubes) para de alguma maneira fazermos ouvir a nossa voz agora que estamos num momento pré-eleitoral e que os políticos estão mais "permeáveis".

Eu concordei com a ideia dela, mas fui-a prevenindo que apesar de não faltarem portuenses e portistas aparentemente incomodados com a discriminação do Governo centralista (que agora quer ganhar votos com a xupeta da Regionalização), duvidava que aderissem ao desafio, que consistia em entregar um papel com frases anti-centralistas, e pró-regionalistas à entrada do Estádio do Dragão em dia de jogo. Para mim, foi excelente a ideia. Mas, como posso eu ajudar esta jovem se há tão poucos interessados no tema? 

Vêm aqui alguém aderir à ideia da Marta? Ninguém diz nada. Está tudo caladinho talvez à espera de um D. Sebastião qualquer. Apesar de pouco frequentado, o Renovar o Porto não é propriamente um blogue desconhecido, mas é lido seguramente! Vai fazer 10, ou 11 anos em Maio, creio.

Pode ser que com este post consiga abrir consciências, se é que elas ainda estão vivas e activas. Tive a experiência da Petição, que não foi bem sucedida. Os assinantes (que agradeço) foram pouco mais de mil. Não foi suficiente para poder entregar na Assembleia da República. A cultura política dos portugueses é pobre e quando assim é, não há milagres.
    

17 março, 2019

Hóquei em grande. O FCPorto regressou à liderança.

Adicionar legendaFCPorto 3-Sporting 1

Grande victória do FCPorto sobre o Sporting, o melhor rival deste campeonato, mas mesmo assim, com os tiques fiteiros dos clubes de Lisboa. Têm uma boa equipa, sem dúvida, mas padecem dos mesmos vícios dos vizinhos cartilheiros. Abusam tanto da simulação quando são tocados pelos adversários que perdem credibilidade como atletas. Não foi por acaso que desde que o jogo começou, acumularam rapidamente um número de faltas superiores às do FCPorto (parte delas não existentes). Muito típico por aquelas bandas muito susceptíveis à poluição...

Quanto ao FCPorto, a equipa jogou mais concentrada do que esperava visto não estar na sua melhor forma nos últimos jogos. Um dos jogadores tecnicamente mais evoluídos (Gonçalo Alves), capaz de fazer autêntica magia a marcar golos (quase mesmo atrás das balizas adversárias) não tem andado muito famoso, falhando golos que outrora não perdoava. Mesmo assim, a equipa portou-se ao nível da situação e ganhou com todo o mérito. Admirei particularmente o golo de Reinaldo Garcia, pelo sentido de oportunidade, quando roubou a bola a um jogador do Sporting e o ultrapassou, a poucos minutos do fim, quando este se preparava para marcar o golo do empate (estavam a perder 2-1), marcando ele o golo da victória (o 3-1) na baliza deserta . 

O FCPorto tem um lote de jogadores que em boa forma podem vencer qualquer equipa. O mesmo penso da equipa de andebol que esta tarde vai defrontar outra vez o Sporting que possui a segunda melhor equipa do campeonato a seguir ao FCPorto.


SOBRE o FCPORTO-SPORTING DESTA TARDE


Acabo de desligar o televisor antes mesmo do final da 1a.parte. O jogo começou com algum nervosismo dos jogadores do Porto, com o idolatrado Miguel Martins a optar pelo chip da complicação. Cada remate, cada asneira. É um jogador bipolar, umas vezes, faz coisas fantásticas, outras prejudica a equipa. Prefiro a sobriedade do Rui Silva porque é um jogador mais cerebral. Não me lembro de o ter visto a fazer uma exibição negativa.

Mas, não foi essa a razão da minha decepção enquanto assistia ao jogo. Até porque o Sporting nem sequer estava a jogar grande coisa. Sei que o intervalo estava a aproximar-se com a equipa de Lisboa a vencer por 11-9. Por esta altura já o FCPorto tinha sido admoestado pela arbitragem, que estava a fazer uma exibição tendenciosa até dizer basta. Um nojo, uma discriminação demasiado óbvia para passar despercebida.

Pior do que o trabalho do árbitro foram os comentários do tipo (Manuel Mendes) que acompanhava o locutor Paulo Miguel Castro, que mais parecia um branqueador centralista. Um discurso demasiado conformista com o comportamento do árbitro. Eu acho que os adeptos às vezes parecem não compreender quão estas arbitragens influenciam negativamente os próprios atletas. Trata-se de prejuízos externos ao próprio desporto já que os árbitros em Portugal não têm a mentalidade adequada para o exercício da função, os jogadores sentem isso, e desanimam-se. E também já perceberam (sem o dizerem) que os dirigentes do clube não defendem o clube à altura.

Só faltava mesmo dizer que a culpa era do FCPorto. É assim a SAD do FCPorto é masoquista abre as portas a quem nos bate. Pena é que não lhes batam a eles. Uma  moleza, uma cobardia evidente a imitar (mal) o politicamente correcto dos políticos.  

Com comentadores destes, não precisamos de adversários para nada, eles têm a porta aberta no FCPorto.  

Vou-me deixar de sentimentalismos que só me fazem mal. A vida está para os falsários, e eu não tenho jeito nenhum para estas "modalidades"...

PS-Finalmente fez-se justiça, o FCPorto venceu por 28-23