14 maio, 2020

Do 05 de Outubro de 1910, ao ano 2020

O pensamento e a ciência são republicanos, porque o génio criador vive de liberdade e só a República pode ser verdadeiramente livre [...].

O trabalho e a indústria são republicanos, porque a actividade criadora quer segurança e estabilidade e só a República [...] é estável e segura [...].

A República é, no Estado, liberdade [...]; na indústria, produção; no trabalho, segurança; na nação, força e independência. Para todos, riqueza; para todos, igualdade; para todos, luz."

— Antero de Quental, in República, 11-05-1870

Nota de RoP: 
Antero de Quental, como o melhor intencionado dos idealistas, acreditou demasiado na República talvez pelo abusivo desmazelo do regime monárquico, mas sobretudo pela consequente cedência deste à ditadura. 
Numa primeira fase, as consequências dessas convicções ideológicas foram positivas, porque serviram de dínamo à implantação da República dois anos após o assassinato do Rei D. Carlos e respectiva família.
Mas a história repete-se quando não aprendemos nada com ela. De até então, nunca conseguimos associar à República a democracia, e nem mesmo depois do 25 de Abril e da liberdade que este golpe de Estado nos proporcionou tivemos engenho para refinar o regime. Pelo contrário. Os políticos começaram a facilitar as suas responsabilidades, a perder a noção dos limites próprios a uma democracia, e entraram no modo "posso tudo". Resultado: matou-se mais uma revolução e com ela a credibilidade do povo. Por mais perfeita que seja uma ideologia política  de nada serve se os homens que a defendem se esquecerem do que ela dita. Neste momento as decepções são tão, ou mais gravosas, que as da República do 05 de Outubro de 1910.




11 maio, 2020

O asco dos políticos, é pior que o Covid-19

Augusto Santos Silva
Fixem o perfil de um traidor (entre muitos)


Nunca me habituarei a ver o país onde nasci ser dominado por homens e mulheres completamente desprovidos de dignidade. Jamais! 

Estou certo que no dia em que partir, ficarei com o desgosto de saber com certeza e infalibilidade a podridão moral e intelectual desta gente, infiel  ao compromisso do 25 de Abril, e aos que por ele verdadeiramente lutaram. Tenho-os como cobardes da pior espécie. Desprezo-os infinitamente. 

Jamais me habituarei, e muito menos tolerarei gente desta espécie que, directa, ou indirectamente exercem poder sobre mim e outros portugueses, ainda que nunca lhes tenha dado essa confiança através do voto. Orgulho-me de nunca ter confiado neles, excepto nos primeiros anos de regime que julguei aprender a saber o que é a liberdade numa democracia. 

Como garotos obcecados, e dominados por um clube de futebol, acabaram por perder a noção de responsabilidade, do que é ocupar um cargo de governo de forma idónea. Entusiasmados por um poder ilusoriamente coeso, mas indiscutivelmente leviano, deixaram cair a já muito frágil máscara de maturidade que aparentavam, com declarações tão imbecis, tão cretinas  que nem um adolescente analfabeto de favela ousaria dizer.

Que diabo, quando ouvimos ministros dizer que têm aversão ao azul e branco (o FCPorto), e outras gracinhas do género, o que esperam de quem ama esse clube, e essas cores? Respeito? Consideração? Identificação comum? Não! Talvez, retribuição paralela!

Pela minha parte, devolvo-lhes a cortesia, e só lhes desejo uma coisa: que desapareçam do planeta, e depressa, porque na realidade nenhuma falta fazem ao país.  Que a vida se encarregue de lhes fazer justiça, mas a que merecem, ou seja, um justo e duro castigo, indicado a traidores cobardes. Isso, ou uma gaiola do género 2455, conhecida por Cela da Morte, onde "residiu" Caryl Chessman... 

Curiosamente, esse gangster foi conhecido pelo bandido da Luz Vermelha. Foi condenado à morte por roubar, violar e raptar. 

Pergunto: que castigo estaria reservado a estes políticos de cartilha pelos crimes que cometeram (e cometem) contra o povo, se vivessem nos EUA (apesar de D. Trump) por práticas criminosas "inocentes," como a corrupção, o roubo, a traição e o suborno? Alguns, até crimes de morte já praticaram, e estão em liberdade... Lembram-se de Duarte Lima? Sabem onde ele está? Não é propriamente na cadeia a marinar... Acham que foi feita justiça? E que dizer de Sócrates, só para refrescar a memória? E quantos mais praticaram crimes e nem sequer foram presos? 

Por acaso, será  este o novo núcleo de habilitações académicas e morais para os políticos terem acesso ao poder? Agora,  acredito mesmo que sim.
  

O Costume (Brasão abençoado)



Por falar em comadres, Mário Figueiredo apareceu a escrever uma série de textos no Facebook. Neles, fala da sua presidente da Comissão de Instrução e Inquéritos da Liga e do atual presidente da FPF.
Seria insultar a inteligência do cidadão dizer que o que o ex-presidente da Liga afirma não é discutível, muitíssimo longe disso, particularmente a parte em que desenvolve uma tese sobre Fernando Gomes. O que estranhei foi o silêncio sepulcral em redor do que Mário Figueiredo escreveu. Afinal o homem foi presidente da Liga, não há jornalistas e comentadores desportivos que achem curiosa esta tomada de posição do homem? Imagine-se o que seria se um ex-dirigente desportivo de primeira linha fizesse as considerações que ele fez mas se em vez do Benfica fosse o F. C. Porto a estar em causa.
Porque será que nada disto me espanta?
Pedro Marques Lopes (JN)
Nota de RoP: Nutrindo sincera simpatia por Pedro Marques Lopes, que juntamente com outros colegas de painel do programa o "Eixo do Mal", na SIC NOTÍCIAS julgam "defender" a democracia, neste capítulo tenho uma opinião oposta à dele, e dos seus colegas: a mim, espanta-me que democratas sejam incapazes de se insurgir contra uma democracia que repudia o exercício da lei e da Justiça contra o crime de corrupção, desde que o autor desse crime seja o Benfica! Por que será? É proibido? Ou o medo também passou por ali?... O que não me espanta, isso sim, é  o pavor de enfrentar facínoras com "estatuto". Mas isso não se compreende, porque quanto maior é o estatuto, maior deve ser a punição!