02 janeiro, 2009
FC Porto e loucura pelo futebol colocam Portugal acima das expectativas
Portugal tem o melhor jogador do mundo de 2008 (Cristiano Ronaldo), um dos melhores treinadores (José Mourinho), uma selecção entre as 12 melhores (11.ª no ranking da FIFA e oitava melhor europeia) e, mesmo a nível de clubes, integra a elite europeia. Não só tem dois representantes nos oitavos-de-final da Liga dos Campeões desta época (FC Porto e Sporting), como é o sétimo na lista dos que mais dinheiro arrecadaram na Champions desde 1992/93, como mostram dados revelados ontem pela agência Lusa. Numa prova que já distribuiu mais de cinco mil milhões de euros em prémios desde que foi adoptado o actual formato, Portugal só fica atrás dos cinco grandes (Inglaterra, Itália, Espanha, Alemanha, França) e da Holanda (ver infografia).
02.01.2009, Luís Octávio Costa (in Público)
no terceiro posto
No ano de 2008 a equipa de Jesualdo Ferreira voltou a ser de longe a equipa mais regular da Liga, com 20 vitórias, quatro empates e outras tantas derrotas. O Sporting foi o adversário que mais se aproximou dos "dragões", mas, apesar disso, a equipa orientada por Paulo Bento ficou a 12 pontos de distância, tendo somado 16 vitórias e quatro empates, mas também oito derrotas (mais do que FC Porto e Benfica juntos). Em 28 jogos, a equipa da Luz (dos espanhóis José Antonio Camacho e Quique Flores e também do português Chalana) foi a que menos vezes perdeu - e já não sofre uma derrota para o campeonato há 257 dias, desde o dia 20 de Abril, precisamente frente ao FC Porto -, mas também a que mais empates acumulou (14), muito por culpa de um final de 2007/08 especialmente atribulado.
Por curiosidade, ressalve-se em 2008 a prestação do Vitória de Guimarães, que alcançou um total de 42 pontos (11v-9e-8d), e do Leixões, com uma soma de 35 pontos (9v-8e-11d). Convém não esquecer que a equipa orientada por Manuel Cajuda terminou a última época desportiva em terceiro lugar e que a formação de Matosinhos se despediu de 2008 na terceira posição (e precisamente com os mesmos números que o actual detentor do título, o FC Porto).
Chelsea campeão virtual
Se no campeonato português a realidade ficaria apenas ligeiramente beliscada, a Premier League sofreria alterações radicais se a época tivesse começado em Janeiro de 2008 e terminado em Dezembro, no último "boxing day". No lugar do verdadeiro campeão, o Manchester United, reinaria o Chelsea de José Mourinho/Luiz Felipe Scolari com um incrível total de 86 pontos acumulados em 38 jogos disputados (25 vitórias, 11 empates e apenas duas derrotas).
Mais: em 2008, o Chelsea foi a equipa que mais golos marcou (74) e aquela que menos golos sofreu (20) na Premier League. A dois pontos de distância estaria virtualmente o Liverpool de Rafa Benítez e só depois o United de Alex Ferguson e de Cristiano Ronaldo (com 80 pontos, 72 golos marcados e 21 sofridos). A quarta posição deste ranking seria ocupada pelo Arsenal (com 71 pontos, fruto de 20 vitórias, 11 empates e sete derrotas).
Discursos sem substância
É com estes habituais jogos de pareceres, das setinhas apontadas para cima ou para baixo, que os jornais pautam as performances das elites nacionais, e que o jornalismo sai da rota que devia sempre seguir, que é, fixar-se na essência dos problemas e na objectividade dos assuntos que gosta de empolar.
António Barreto, um dos comentaristas, dá razão a Cavaco Silva para nos dizer que ele está preocupado com a economia e finanças do país, e que, as boas relações entre o Presidente e o Governo, terminaram.
A jornalista Helena Matos, prefere dissertar sobre os acessos de sentido de dever a que Sua Exa. o PR foi abruptamente vulnerável. O verbo dever (como ela realça) foi aquilo que mais a impressionou, deixando no ar a ideia de que nem sempre os altos responsáveis pelo país têm essa postura cívica de rigor, coisa que, para os cidadãos não é nenhuma novidade. Quando um Presidente tem de fazer apelos ao dever, mesmo que seja para puxar as orelhas ao Governo, é mau sinal e significa que o copo da tolerância para a incompetência e o incumprimento do dever "transbordou", o que, não quer dizer que os infractores não continuem a "baldar-se". Foi só uma chamada de atenção conveniente, para marcar pontos, para dar um pouco de expressão ao simbólico estatuto do PR. Nada mais do que isso, em forma de discurso.
Já o historiador Rui Tavares me pareceu o mais pragmático dos três comentadores ao referir que Cavaco Silva foi "vítima" do preconceito de auto contenção que é suposto um PR preservar, acusando-o de ter desperdiçado seis meses com o Estatuto dos Açores e de se ter "distraído" com a crise.
De facto, o país está em crise há muitos anos. Nunca, que me lembre, deixámos de ouvir falar de crises, em Portugal. O que aconteceu realmente, foram pequenos ciclos de abrandamento dominados por muitos outros de intensificação. Só isso. O que acontece apenas, é que a actual crise financeira global não permite mais encobrir a tal ausência de dever a que, subitamente, o senhor PR fez questão de apelar, porque sabe que o balão de descontentamento popular pode rebentar-lhe nas mãos.
Gostaria igualmente de saber, se será preciso acontecer uma explosão de violência no Norte do país, para que Sua Exa. o senhor PR se lembre de argumentar - como o nosso "deslumbrante" Presidente da Câmara - , que está "disponível" para o convencerem de que a Regionalização é urgente e necessária.
Assim, talvez possamos levar a sério a enfatização que Helena Matos fez do discurso de Cavaco e da frequência com que repete o verbo dever...
01 janeiro, 2009
Rio na liderança II
Hoje – estrategicamente no dia de ano novo – o JN brindou-nos com uma entrevista a Elisa Ferreira, a mais que provável candidata pelo PS à edilidade da invicta. O que se lê não me traz grande esperança. Além da costumeira declaração de amor ao Porto – pelo menos maior que o que tem a Bruxelas – pouco se extrai de substantivo. A entrevista fica-se pela crítica àquilo que é mais fácil criticar em Rio: a sua cobardia política em relação ao FC Porto e o disparate Metro na Boavista para pagar a pista das corridas de automóveis. Diz também um conjunto de generalidades que qualquer político bem treinado usualmente diz. Quanto a questões importantíssimas como o Aeroporto ou o caso dos fundos europeus destinados às regiões de convergência desviados pelo governo para Lisboa nem uma palavra. Coisas estrategicamente esquecidas pelos entrevistadores. Enfim, uma entrevista que cheira abundantemente a frete do JN e do seu director.
Elisa Ferreira: Porto é um grande desafio (entrevista ao JN)
Relançar o Porto é a promessa que Elisa Ferreira faz à cidade. Ser presidente da Câmara, garante, seria "a coisa mais importante" da sua vida e deixaria todo o trabalho que está a desenvolver. Se for eleita vereadora, abandonará o Parlamento Europeu? É um caso a pensar, diz a eurodeputada, que faz um apelo à união do PS nas próximas autárquicas.
Vai candidatar-se à Câmara do Porto nas eleições autárquicas?
Ainda não é o momento do anúncio. O trabalho está muitíssimo bem encaminhado, mas falta finalizá-lo. A finalização passa, por exemplo, por uma tomada de decisão e convite formal por parte do Partido Socialista (PS), sobretudo ao nível da Concelhia do Porto. Penso que o fará a curto prazo. Da minha parte, o processo tem vindo a construir-se num sentido positivo, mas não há pressa. O importante é que tudo suceda a seu tempo, amadurecendo naturalmente.
Então, está pronta para esta candidatura, mas o PS ainda não?
Não acho que seja isso. É um processo de convergência que, informalmente, tem gerado muitos aspectos positivos. Falta que a Concelhia conclua o trabalho que tem desenvolvido através da confirmação da decisão de um convite, de acordo com os estatutos.
É um processo do P S que envolverá outros independentes?
Sim. Será uma das componentes importantes do fecho do acordo, caso venha a concretizar-se. Sempre trabalhei politicamente, mas não sou uma política profissional. Sou uma professora universitária e uma cidadã com carreira própria, que sempre teve intervenção cívica e, a partir de certa altura, política. Então, trabalhei sempre com o PS. Entendemo-nos de forma equilibrada e nunca tivemos conflitos. Agora, neste processo, a convergência implica uma solidez de entendimento, mas também uma percepção de que há necessidade de um alargamento para uma candidatura vencedora. Muitos serão militantes, outros não. Uma candidatura, que poderá ser o que a cidade precisa, terá de ser abrangente com um núcleo central socialista, mas que se abra à sociedade civil, quer à Esquerda, quer à Direita. O Porto não se afirma separadamente da Área Metropolitana, do Norte e do país. A candidatura só terá sucesso se conseguir relançar o concelho.
Fez depender a candidatura de uma maior atenção do Governo à região, porque "ser voluntarista não chega". Já teve essa garantia?
Fiz essa proposta e penso que tem condições para ter uma resposta positiva. Isto passa por entendermos que o progresso do Porto é uma peça fundamental do progresso do país. O Norte sempre foi uma zona por excelência que trazia a Portugal uma abertura ao exterior e uma afirmação do país e da sua capacidade produtiva perante o mundo. E o Porto sempre foi a cabeça dessa dinâmica. Isso tem de ser relançado. Mas é preciso que, dos níveis regional e local, saiam propostas adequadas.
O que aconteceu? O poder central foi subjugando a região ou o poder local não se impôs?
Com a globalização, é muito perigoso anular as diferenças dos diversos espaços do país em função de uma leitura artificial. E perdeu-se a noção de que o essencial era relançar o Norte e o Centro como base produtiva de todo o território. Além disso, o Norte perdeu o protagonismo e o discurso claro sobre para onde queria ir.
Falta uma voz comum ao Norte?
Sim, o que não quer dizer que faltem actores. Há muitos protagonistas e instituições robustas. Faz falta uma região. Há muito que defendo a regionalização. E falta, sobretudo, uma rede que ponha todos num discurso de convergência, perceptível a nível central e que não se desagregue em pequenas vaidades ou rivalidades.
Que papel deve ter a Câmara do Porto nessa rede?
Deve ser fundamental. A situação é, hoje, de muita desagregação. Em Lisboa, não se ouve uma voz clara e harmónica da região. Ela tem muito potencial, mas é preciso refazer a rede e a Câmara é o actor que terá de o fazer.
A propósito do ciclo negativo que a região atravessa, disse que "o dinheiro não resolve, mas facilita".
Temos de evitar facilitismos de discutir tudo com dinheiro, porque dinheiro é aquilo que temos tido. É verdade que fizemos obras muito importantes com os fundos e, hoje, temos uma região razoavelmente infra-estruturada. Por vezes, diz-se que faltou dinheiro para a formação das pessoas. Faltou foi organização e vontade. Agora, temos de passar das pedras para as pessoas e fazer com que a nossa mão-de-obra seja, reconhecidamente, a mais competente.
Esta percepção fê-la avançar?
O Porto está muito fechado sobre ele e mantém a discussão em torno de meia dúzia de temas que já se debatiam há oito anos, como o Parque da Cidade, a Baixa, o Bolhão...Há um potencial muito grande que precisa de ser revitalizado. Toda a gente tem de dar o salto, senão corremos o risco da cidade se tornar irrelevante, como já aconteceu com outras.
A governação de Rui Rio afunilou o discurso político no Porto?
Não me interessa discutir as pessoas. Estarão a fazer o melhor que são capazes. Interessa-me saber se é possível fazer completamente diferente. Recuperar as imagens que temos do Porto, enquanto cidade da Liberdade, do trabalho, da competência, da independência. Será que ainda estamos à altura destes pergaminhos?
O Porto já não é só o território do concelho, mas é também Gaia, Matosinhos e Maia, o que significa que os problemas têm de ser resolvidos com os concelhos vizinhos...
É uma evidência. Mas também não podemos resolver os problemas de toda a área envolvente e esquecermo-nos de que há um coração e que o corpo não funciona sem ele estar activo. O Porto é esse coração. Temos uma Área Metropolitana dinâmica, cujo coração está um pouco esmorecido.
Qual será o envolvimento do PS neste projecto de relançar o Porto?
É importante que haja toda a liberdade para o partido discutir e questionar mas, o pacto comigo tem de ser feito de forma confiante e assumida, em torno de um programa claro e convergente.
O facto de ser candidata ao Parlamento Europeu leva os seus opositores a dizerem que procura uma garantia no caso de perder as autárquicas.
Não tenho essa leitura. No PE, desenvolvo um trabalho muito duro e útil para a região e para o país. Faz sentido, para poder protagonizar uma candidatura ao Porto, largar tudo o que tenho estado a fazer, independentemente daquilo que está em curso e mesmo quando tem clara importância para a região e para o país? Se vier para a Câmara, vou deixar o trabalho que estou a desenvolver porque o Porto é, para mim, mais importante.
Deixará o PE em prol da Câmara?
Se os portuenses confirmarem o seu interesse em que eu venha trabalhar pelo Porto, isso será talvez o ponto mais importante da minha vida profissional, apesar de tudo o que já fiz.
O que está a dizer é que, até agora, não teve um cargo tão importante como o de ser presidente da Câmara?
Essa seria a coisa mais importante da minha vida profissional, sem dúvida, por muito estranho que isto pareça aos meus colegas estrangeiros, que dizem "nós começamos por presidente da Câmara para ir para ministro". Seria o desafio mais importante porque é a minha cidade. E não é o ser presidente, é relançar o Porto.
Uma pergunta que vários socialistas e a própria cidade colocam é se abandona o PE se for eleita.
Sim. Claramente.
E se perder, ficando apenas como vereadora, também deixa o PE?
É um assunto que veremos na altura. Oportunamente, veremos as condições exactas de uma eventual candidatura. Mas se viesse a ser eleita presidente, largava absolutamente tudo para estar aqui.
"O pior é perder tempo com questiúnculas"
Como tem encarado a evolução do projecto do Metro do Porto?
O Metro é um projecto que necessita de ser finalizado naquilo que é fundamental neste quadro comunitário. Quanto à mudança da maioria do capital, fico muito limitada em dizer que os municípios devem ser maioritários. Enquanto ministra do Ambiente, exigi ter uma maioria na Águas do Douro e Paiva por uma questão de eficácia. Tudo depende do entendimento entre o Governo e as câmaras. Creio que há esse entendimento e uma vontade política clara da Administração Central em avançar com o projecto.
O metro na Boavista tem gerado muita polémica. Qual é a sua opinião?
O metro tem que coser a cidade e não me parece que o traçado da Boavista seja o ideal. Pelo contrário, penso que toda a avenida está desconexa e é, hoje, uma marca muito negativa destes desentendimentos permanentes. Este assunto não tem sido tratado de uma forma normal, calma e na base de um entendimento. Eu sempre defendi que o metro ali não funcionava. Não era a melhor solução. A mais adequada seria o eléctrico. O traçado de metro necessita de agregar a cidade e servir as zonas mais populosas, como a linha do Campo Alegre.
Mostra-se optimista quanto ao entendimento entre autarcas e Governo à luz do novo modelo de governação. Mas desde então não tem havido convergência...
É preciso que essa convergência exista. Ninguém está de má fé. O pior que pode acontecer é perder tempo com o vaivém de notícias e de questiúnculas numa altura em que é necessário apressar os projectos, candidatá-los e receber dinheiro de Bruxelas o mais rapidamente possível. É de interesse nacional e dos cidadãos que se acertem traçados e se arranque com a expansão. Face ao estado da economia e à necessidade de não desperdiçar fundos estruturais, não deve perder-se tempo precioso a fazer números para os jornais. Isso é o mais importante.
Acha que essa rapidez é exequível com um calendário para a expansão do metro que vai até 2022?
Claro que é exequível. Um calendário de obras estruturais pode ser a médio e longo prazo. O importante é que a dinâmica de criação dos projectos não conduza a uma dilação temporal que ponha em risco os próprios fundos. Vamos discutir os traçados rapidamente. Este tipo de projectos, por depressa que arranquem, demoram sempre tempo. Era fundamental, portanto, lançar, desde já, um conjunto de outras dinâmicas com mais impacto imediato e sem um caderno de encargos tão exigente que obriguem a um calendário tão diferido.
Relação com Governo não é subserviente
Francisco Assis, vereador e eurodeputado, foi criticado, inclusive pela Concelhia do PS, pela sua ausência. Não receia ser acusada do mesmo?
Do mesmo modo que não sou membro do PS, porque nem sempre consigo ajustar o meu pensamento à normal regra partidária, também a forma como penso não é comparável com ninguém. Farei, na altura, a explicitação do meu contrato com o PS. A seguir, proporei um contrato à cidade.
Terá liberdade para escolher a equipa?
É uma das vertentes do tal entendimento global. A minha leitura é a de que terá de haver um voto de confiança na pessoa e encontrar-se um equilíbrio entre o peso político e a importância do partido e a perspectiva de alargamento.
Se não obtiver maioria absoluta, admite fazer uma coligação?
Daqui a algumas semanas, um mês ou dois, obviamente terei de explicitar tudo isto. O que posso dizer é que tem de ser uma candidatura abrangente em torno de um projecto de cidade.
Tem tido conversações com os partidos mais à esquerda do PS?
Não tenho conversado com partidos, mas com muitas pessoas.
Mas tem falado com responsáveis do PCP e do Bloco de Esquerda?
Sim, dou-me bem com eles . O essencial é termos vontades convergentes vindas de todo o espectro paretidário, de pessoas que querem dar algo à cidade e não apropriar-se de um projecto para irem buscar algo, aproveitando-se de pequenos espaços e poderes.
É fundamental o PS não ir dividido nestas eleições, factor apontado como causa para derrotas anteriores?
Isso é absolutamente fundamental. E, por isso, não considero que, eticamente, deva aceitar, como outras pessoas fizeram e várias vezes me foi sugerido, ser candidata independente. Não o quero fazer e não me ficava bem. Agora, a ser candidata, quero sê-lo do fundo da alma. Tem de ser uma candidatura em que se revejam os socialistas. E que eles sintam. Por esse motivo, não tenho feito chantagem ou pressão. O partido tem feito a sua maturação e eu tenho realizado muitos contactos. Tem sido um trabalho muito interessante. No final, quando me fizerem uma proposta, que os termos e a vontade sejam claros. E que seja uma vontade vencedora.
Apesar de já a ter escolhido e de ser consensual, o PS equacionou outros candidatos como Nuno Cardoso...
É evidente que o unanimismo também não é a solução, mas tem de haver uma clara força de vontade por parte do partido. E tenho tido todos os sinais nesse sentido.
Fernando Gomes seria uma boa solução para a Assembleia Municipal?
Sou muito amiga dele e tive muito gosto em ser sua assessora na Câmara. Foi o grande presidente da Câmara do Porto e será sempre uma grande referência. Ainda hoje olhamos para a cidade e vemos as marcas que deixou. Conto com ele e com o seu apoio. Se esse será o lugar mais adequado, é ainda um assunto extemporâneo.
A Distrital do PSD/Porto considera que "é a candidata ideal" para que Rui Rio possa repetir a maioria absoluta. E que é "sucessora" de Fernando Gomes e Nuno Cardoso porque nunca discordou do rumo seguido. Como lhe responde?
De facto, tenho muito orgulho em não me demarcar da política de cidade de Fernando Gomes. Nuno Cardoso teve um período muito curto e difícil.
Também foi convidada para Gaia. O líder da Concelhia defende, agora, que a candidatura seja apresentada em conjunto com a sua, num sinal de aproximação entre os dois municípios, contrário à relação conflituosa entre Rio e Menezes. Concorda?
A única cidade pela qual estaria disponível para equacionar uma candidatura era o Porto. Em segundo lugar, Porto e Gaia têm de ter uma relação muito estreita e completamente cúmplice. O rio tem de ser factor de união e não de separação. Tem de haver capacidade de discutir projectos.
Um dos pecados da governação de Rui Rio é a falta de articulação com Gaia?
Não há articulação suficiente. Devem ter estratégias convergentes. A requalificação ambiental permitiu a Gaia relançar-se muito e é importante que esses benefícios sejam partilhados pelas zonas ribeirinhas dos dois lados.
Em 2009, há três eleições. O facto do PS ser Governo pode afectar positiva ou negativamente a sua candidatura?
Não faço a mínima ideia de como as coisas vão ser lidas pelos cidadãos. Gostava que a necessidade de relançar o Porto e o Norte fosse o nosso objectivo fundamental. E não o queria ver prejudicado por lutas partidárias, rivalidades ou estratégias políticas. O meu desígnio é que o país se relance, que o Norte volte a ter protagonismo e o Porto seja a capital da região. Como as eleições vão jogar aí? Espero que não se prejudiquem mutuamente, porque pode haver convergências, até ao nível das eleições europeias. Poderei não concordar com todas as linhas seguidas por este Governo, mas fez uma mudança muito grande. Mexeu em corporações e em vícios enquistados.
Há um esforço para mostrar que, no essencial, não diverge de José Sócrates?
Tenho tido uma convergência total, em termos de linhas de fundo, com a política nacional. Considero-me livre de discordar e faço-o com a maior das frontalidades, para bem do país e da região. E penso que a nossa relação é muito saudável porque não é de subserviência, é de respeito mútuo e de solidariedade nas questões verdadeiramente importantes.
"Não vejo necessidade de hostilizar o FC Porto"
É reconhecidamente adepta do FC Porto.
Sou sócia...
E é sabido que as relações entre o actual presidente e o clube são desastrosas. O que mudará se for eleita?
Fui seis anos ministra, vivi oito anos em Lisboa e fui deputada no Parlamento nacional, mas nunca precisei de deixar de me afirmar como portuense nem como portista no exercício das minhas funções. Nunca precisei de passar por metamorfoses. E não vejo necessidade de hostilizar uma entidade como o FC Porto, que prestigia o país. Quer se queira quer não, ao nível desportivo é uma imagem de excelência associada à cidade. Assim como é o trabalho feito por Sobrinho Simões, Mário de Sousa e Quintanilha, ao nível da investigação na área da Saúde. Assim como é a Universidade do Porto, a Casa da Música ou a Fundação de Serralves. Acrescentaria, aqui, o Vinho do Porto. Em Bruxelas, foi tema da exposição que fiz, para dar à minha região e cidade o máximo de visibilidade dentro do Parlamento Europeu. São marcas de excelência e têm de ser respeitadas. Quanto ao futebol, se há problemas tratem-se no espaço certo. Se o Boavista estivesse a afirmar-se no espaço europeu, teria o maior gosto em defendê-lo, e o mesmo digo em relação ao Salgueiros. Tudo o que houver de excelência na cidade, vou dependurar em torno de uma imagem da cidade que tem de afirmar-se além-fronteiras.
Projecto do Rivoli traz dinâmica à cidade
É uma opção correcta colocar a reabilitação da Baixa sobretudo nas mãos dos privados?
A iniciativa privada é um factor fundamental para relançar toda a dinâmica, mas a sua acção tem de ser regulada. É preciso haver uma articulação entre Estado e mercado. Neste momento, também não queria discutir o processo de reabilitação. Há sociedades de reabilitação urbana em várias cidades. É um política muitíssimo interessante e julgo que há grandes margens de progresso para um instrumento com imenso potencial, mas que precisa de ser refinado.
A Maioria PSD/PP tem optado pela privatização de equipamentos municipais por considerar que o privado gere melhor. Concorda?
Confrange-me que o poder local dê essa imagem, até porque, na negociação com a Administração Central para a transferência de poderes, é importante que haja uma prova de que existe capacidade de gerir. A gestão pode ser feita internamente, partilhada ou concessionada. Depende do tipo de projectos. No caso do Mercado do Bolhão, faz-me confusão que a imagem seja de uma incapacidade de gerir: ou se transfere para os privados ou para a Administração Central. Isto fragiliza-nos. Não se dá uma imagem de competência. Parece-me complicado não ter um controlo razoável e competente do modo como se gerem de alguns equipamentos importantes para a cidade.
O mesmo sucedeu ao Rivoli...
Neste caso, interessa mais ver as contas, porque o projecto traz dinâmica à cidade. O problema é ele ser o único. Mas há duas questões que é preciso equacionar: quais são as outras componentes da política cultural que deve ser diversificada e ter muitos públicos. E quanto custa, quanto se ganha e quanto se perde? Isso tem que ser clarificado.
O Porto é hoje uma cidade com menos diversidade cultural?
A dimensão cultural do Porto é uma das componentes fundamentais de uma cidade que seja uma metrópole europeia capaz de dar qualidade de vida aos cidadãos. Para mim, a cultura deve ser um fenómeno muito diversificado. É preciso clarificar o que é cultura e o que é entertenimento, o que é comercialmente rentável e aquilo que uma cidade tem de fazer e que toca, não a parte propriamente rentável, mas o questionar das coisas. O que faz com que os cidadãos pensem. E temos a virtude de no Porto ter algo que não acontece em mais nenhuma parte do país: um mecenato absolutamente único e europeu.
Reuniu-se com o bispo do Porto?
Encontrei-me com muita gente da Igreja. Pedi que falassem comigo, as portas abriram-se, tive gestos fantásticos e senti uma força quase insuspeita. Independentemente da questão religiosa, reconheço à Igreja um trabalho cívico espantoso, ao lado de entidades e de gente que se entrega ao trabalho de solidariedade e se afirma por valores, que os partidos não foram capazes de incorporar.
Perfil
Elisa Ferreira foi ministra do Ambiente quatro anos, no tempo de Guterres, com a dura tarefa de impor a co-incineração, e foi ministra do Planeamento, tendo estruturado o terceiro quadro comunitário. O Douro Património Mundial e as aldeias históricas são outras das suas marcas. Além disso, esta professora universitária, doutorada em Economia, foi vice-presidente da Comissão de Coordenação da Região Norte e da bancada do PS.
31 dezembro, 2008
Pequenas causas, grandes efeitos
Uma das imposições referentes à circulação no IP5, e que ainda hoje se mantém no IP4, era a obrigação de circular, de dia, com os faróis acesos na posição de "médios". Também nunca percebi porque motivo uma medida que era suposta incrementar a segurança da circulação, não é estendida à restante rede viária do país. Será que só interessa evitar mortes no IP4 e IP5 pelo seu mediatismo, e se pode continuar a morrer à vontade nas outras estradas? Não sei, são mistérios das sábias cogitações dos políticos que nos governam.
Curiosamente, li hoje numa reputada revista científica francesa, que num estudo efectuado nesse país se concluiu que o facto de circular de dia com os médios acesos, permitiria diminuir as mortes nas estradas de França entre 5 e 8% e os feridos entre 3 e 13%.
Não se entende porque tal medida não é genericamente adoptada, juntando-se todos os países à Escandinávia e à Itália, onde a obrigação já existe ( em França, a partir de meados deste ano, é obrigatória a luz média em todos os veículos de duas rodas. Já é um começo). Sempre estive convencido que um dia a utilidade de tal medida será compreendida e ela acabará por ser regra geral.
Em Portugal, das duas uma: ou a UE a decreta e teremos de a transpor para a legislação nacional, ou então quando toda Europa já estiver convertida, um ministro dará instruções para o assunto ser estudado. Doutas comissões de burocratas serão nomeadas para intermináveis reuniões, sábios pareceres emitidos, juristas serão consultados sobre um presumível desacato à sacrossanta Constituição da República. Responsáveis pela decisão final empurrarão o problema com a barriga, enquanto for possível, decidindo-se por um nim.
Não será fácil, mas acredito que um dia seguiremos a tendência e a medida será contemplada no Código da Estrada.
P.S. - Estão próximas as 12 badaladas. Boas entradas a todos...
30 dezembro, 2008
Feliz Ano-Novo!
- Alemão: Frohes neues Jahrar
- Búlgaro: Честита Нова Година (Chestita Nova Godina)
- Catalão: Bon any nou!!
- Dinamarquês: Godt Nytår
- Espanhol: Feliz Año Nuevo
- Esloveno: Srečno novo leto
- Esperanto: Feliĉigan Novan Jaron
- Francês: Bonne Année
- Hebraico: Shaná Tová
- Inglês: Happy New Ye
- Italiano: Buon Anno - Felice Anno Nuovo
- Japonês: 明けましておめでとうございます (akemashite omedetou gozaimasu)
- Lituano: Laimingų Naujųjų Metų
- Neerlandês: Gelukkig Nieuwjaar
- Polaco: Szczęśliwego nowego roku
- Russo: Счастливого Нового Года {Schastlivovo Novovo Goda}
- Sueco: Gott nytt år
Deambulando pela casa Tait
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Depois das rabanadas, a luta continua!
Como ficou bem exposto na coluna de texto aqui à direita, desde o primeiro dia deste blogue, ele não foi criado para abrir as portas aos nossos inimigos (sim, inimigos). Bem pelo contrário, foi para abri-las aos de cá, aos amordaçados locais, aos que amam e sentem na pele a cidade do Porto e vivem no terreno os seus problemas. Não foi gerado para pulhas, de cá (sim, porque, por aqui também os há) e do exterior, e muito menos para aqueles grandes hipócritas que odeiam o Porto quando ele se agita e revolta, e o "adoram", quando se cala e parece deixar-se domar.
O Renovar o Porto, também não foi concebido para dar aulas de Democracia ao país, porque isso é coisa que o Centralismo melhor que nada, tratou (e trata) de provar que não existe. Por que haveríamos nós, afinal, de nos preocuparmos com o que não existe? O que temos de fazer é exactamente o contrário. Acordar as pessoas que eventualmente ainda não o tenham percebido. A Democracia em Portugal (e não só) é o grande embuste da História recente.
Dá-me alguma vontade de rir que alguns de boa fé, quando se contesta esta realidade, se agarrem à tradicional lengalenga de que a Democracia, é o "menos mau de todos os regimes", porque o "menos mau", ao contrário do que a expressão deixa transparecer, pode não significar sequer razoável, mas em rigor, um regime inacabado. É que a Democracia tem sido abordada como uma referência sagrada, intocável quase, quando devia era continuar a ser construída. E não está. Dorme ou está cansada. É preciso despertá-la.
Não me parece portanto, que quando criticamos o que não existe (a Democracia), se deva argumentar como se estivéssemos a tratar de realidades concretas, porque Democracia é muito mais do que votar e falar livremente. A Democracia objectiva o poder do povo efectivo. Não pode realizar-se em pleno, enquanto os eleitores não dispuserem de mecanismos simples de rejeição dos seus representantes menos dignos, inaptos e oportunistas.
A Democracia é, também, organização, em Liberdade. Não pode estar nas mãos de canalha, nem subjugar-se à escória social e económica que acompanha frequentemente alguns políticos. Essa é uma Democracia doente. Deixá-la como está, é promover o seu contágio às populações. Tem de ser mexida e ordenada. Convencermo-nos que a Democracia é uma espécie de diamante lapidado, é um profundo erro. A Democracia ainda não passa de uma intenção, não pode ser abordada como uma flor de estufa, pela sempre-eterna vulnerabilidade às ditaduras. Só democracias fracas e por construir, como a nossa, são verdadeiramente vulneráveis.
Reparem bem. Não me preocupa nada que me acusem de anti-democrata porque, como já o afirmei, não sei ainda com rigor o que é ser democrata. No entanto, é bom, de vez em quando, deixar fluir o pensamento das correntes contrárias para vermos bem como estruturam as suas ideias em relação aos portuenses e nortenhos. Quando os contrariamos, quando dizemos aquilo que eles não estão habituados a ouvir e a ler,pela quase ausência de contraditório nos meios de comunicação existentes, para além daquelas tretas que já cansámos de ouvir, de que a "culpa é nossa, etc", recorrem invariavelmente ao insulto, à tentativa de amesquinhamento.
Há aqui, de novo, um pirata que insiste em querer convencer-nos que gosta muito do Porto, mas não perde uma oportunidade para se pôr em bicos de pés, como é hábito (como diz o António Alves) dos «lisbonários». É só dar-lhes corda, que os modos ofensivos e pedantes não tardam a chegar à caixa de comentários. Só que, aqui, têm azar... Os insultos e ofensas são devolvidos ao remetente. Engolem-nos, como sapos.
29 dezembro, 2008
JN - o jornal do Porto?
Raramente compro o JN. Hoje comprei. Verifico então que, a propósito do actual surto de gripe, é publicado com grande destaque o horário alargado dos Centros de Saúde a que os doentes podem recorrer, mas ... apenas os Centros de Saúde de Lisboa e arredores! Sem comentários.
Já agora, e a propósito, nunca entendi porque motivo o JN não publica a grelha de programas do Porto Canal, nem sequer no suplemento das sextas feiras onde têm lugar todos os canais, incluindo aqueles que são uma chachada e que ninguém vê. Será que o Porto Canal um dia ofendeu o Sr.Oliveira e agora, como retaliação, é ignorado pelo jornal? Por simples curiosidade gostava de saber o motivo, alguém me poderá esclarecer?
Aos meus colegas bloguistas e a todos os visitantes, desejo um 2009 com tudo de bom . Não percamos a coragem de combater tudo o que em nossa consciência está errado e necessita de ser alterado.
O Bastonário sem medo
Qualquer pessoa minimamente atenta sabe que este Bastonário fala limpo, que é ele, mais do que qualquer outro, antes dele (e provavelmente, depois dele), quem está a descobrir a careca a um sistema de conluíos e de interesses obscuros, até aqui muito cinicamente disfarçados por "homens de lei" que se habituaram a confundir o prestígio com a conquista de fortunas fáceis. Não, não é ele, decerto, o populista. São os seus adversários. Melhor dizendo: os seus inimigos mortais. Cuidado, Marinho!