24 setembro, 2011

Que Porto Canal vamos ter?

 Com Pinto da Costa por perto, talvez não haja razões para alarme, mas confesso que não deixei de ficar preocupado depois de ter lido o título de um artigo do JN [de hoje], que dizia que o "Porto Canal quer chegar a todo o país"... A história recente diz, que quando o Porto, ou o Norte, se preferirem, está em vias de concretizar um projecto de televisão autónomo e a seguir aparece alguém com ideias megalómanas, é sinal que o negócio não vai ter longa vida, ou então, que mais dia menos dia, vai acabar nas mãos de outros protagonistas [proprietários].

Ainda tenho bem fresco na memória, o triste caso da NTV, cujo projecto inicial pretendia ser um canal autónomo de televisão que visava cobrir toda a região Norte, e que depois de muitas vicissitudes e alterações de siglas, terminou abocanhada pela RTP centralista [RTPN de Norte inicialmente, e depois de Notícias]. Por isso, quando ouço alguém dizer do "Porto para o Mundo", dando-se ares de "cosmopolita", já sei que é Lisboa que está à espera da presa...Apesar dos caldos de galinha serem recomendáveis para a saúde e muitas outras coisas, estando o FCPorto no cerne deste negócio com especial enfoque no factor desportivo, e com Pinto da Costa a controlá-lo, é pouco verosímil que o novo projecto do Porto Canal tenha o mesmo destino da defunta NTV. .

O que me preocupa, é que toda a programação extra-desportiva seja uma cópia das cópias que todas as outras televisões fazem umas das outras, isto é, mais do mesmo. Se o caminho for esse, não acredito que o projecto se aguente e que possa viver apenas da componente desportiva. Até aqui, diziam que o Porto Canal estava vocacionado para as regiões, agora o discurso politicamente correcto parece ressurgir, e o tom já é outro. Dizem que: "é  um espaço televisivo da região Porto e Norte para o resto do país" ... É o novo Director de Programas e de Informação, Domingos Andrade, quem avança com este discurso aparentemente muito ambicioso, mas perigoso e evasivo.

Já aqui tive oportunidade de citar vários programas que deviam ser mantidos e outros melhorados, todos eles de âmbito regional, ligados à cultura, à agro-pecuária, à vitivinicultura, à arquitectura, à gastronomia e ao património. Acabar com eles seria um erro grosseiro, na minha opinião de leigo no assunto, porque é notória a simpatia com que os povos do interior acolhem o Porto Canal, e a falta que sentem de uma televisão que finalmente se interessa pelos seus assuntos e problemas. 

Já no que concerne a programação, entrevistas, etc., gostaria muito que, pelo menos numa primeira fase, a direcção do canal desse prioridade absoluta ao povo do Norte, seja ele de que classe social for.

Ricardo Couto, nos últimos tempos tem revelado uma estranha obsessão por entrevistar figuras ligadas ao mundo do teatro e da música, oriundas de Lisboa, coisa que confesso me deixa perplexo. São umas atrás das outras.

Provincianismo, é sobretudo isto: conceder a primazia aos representantes do centralismo, quando a voz do Norte menos se faz ouvir nos media centralistas. Quem depara com uma contradição destas, num canal regional, só pode concluir uma, de duas coisas: ou no Norte não há gente suficientemente interessante para ouvir ou debater, ou o Porto Canal está a passar a mão pelo pêlo aos lisboetas numa atitude de subserviência inqualificável e incompreensível. Há figuras, como o Hélder Pacheco e Germano Silva, Mário Claúdio [por ex.,o recém falecido Júlio Resende nunca lá foi] e tantas outras, de outras terras e cidades nortenhas, que são de uma riqueza extraordinária e que o país só conhece através dos jornais, que deviam ser chamadas a participar.

Políticos deviam ser os últimos da lista de preferências, porque ainda não são credíveis, não gozam de boa reputação e são maçadores. E depois, há ene canais generalistas a dar-lhes mais atenção do que aquela que merecem. Por isso, repetir a dose, se acontecer, será um erro de palmatória!


Quantos tripeiros da estirpe de Hélder Pacheco sobreviverão a esta selva? Quantos?

Ética moderna

Nos tempos do arroz de quinze, o Burgo era habitado sobretudo por uma pequena e média burguesia que lhe imprimia a atmosfera de cidade "grave, ponderada e sensata", conforma a definiu Pierre Léonforté.

Este modo de ser formava-se contra a Situação, desprezando o Terreiro do Paço e desconfiando do que vinha da Capital [diga-se que, comparativamente com a actualidade, o Centralismo Salazarista era amador]. A vida decorria debaixo de princípios assumidos por herança de uma atitude hoje desprezada chamada senso comum.

FÓRMULAS DE OUTROS TEMPOS
As fórmulas de comportamento daí derivadas eram simples:

  1. Ser poupado ["Quem ganha 100 e gasta 90, vive tranquilo. Se gasta 120, dá em droga"] "Gastador e gastadeira" eram desconsiderados.
  2. Pagar o que se deve [as dívidas eram sagradas e caloteiro atributo abaixo de cão].
  3. Cumprir com a palavra dada [meu avô nunca assinou contratos, o aperto de mão selava o compromisso].
  4. Viver a economia do aproveitamento: os fatos mandavam-se virar, colarinhos e punhos das camisas eram substituídos periodicamente e os buracos das meias cosidos por mãos de fada. Havia nas casas um quarto de costura destinado aos consertos [quando apareceram as meias de "de vidro", surgiu a apanhadeira de malhas].
  5. Comida é respeito: a do prato comia-se ao milimetro e as sobras guardavam-se para outra refeição; pão caído no chão apanhava-se e beijava-se.
  6. Pagar a pronto. O que se comprava era a contado, toma lá, dá cá. O primeiro automóvel do meu pai, um Ford Barrigudo, em segunda mão, foi adquirido em sociedade com o senhor Victorino Bernardino Ferreira, gerente do Bazar Central. Embora pudessem ter cada um o seu, preferiram dividir as despesas a meias.
  7. Cumprir com o trabalho. Queria dizer: pontualidade, assiduidade, defesa da empresa, competência, eficácia [fosse guarda-livros, torneiro ou caixeiro, "ser trabalhador" era tão honroso quanto "ser sério"].
  8. Em tal ambiente [agora apelidado de reaccionário e castrador], os vigaristas actuavam em S. Bento aldrabando os incautos, e os carteiristas moviam-se em eléctricos, romarias e futebol segundo códigos de ética profissional.
VALORES SUBVERTIDOS
Este tempo atrasado e repressivo - conforme os padrões do eduquês, do politiquês, do psiquiatrêz e do sociologiquês que nos comandam - em que cresceu a minha geração foi violentamente atingido por uma realidade que subverteu muitos valores de um mundo decente, substituindo-os por gastar, atropelar, consumir até à exaustão, comprar a crédito, comer e beber do melhor, não pagar, dar golpes de milhões em certos bancos e empresas publico-privadas. Desprezar a inocência e a honradez. Trepar a qualquer preço, etc.

Não temos uma geração à rasca. Temos um país que gente rasca degradou até aos limites da sua capacidade de resistência à destruição cívica. Nos tempos de que atrás falei, os donos da loja "Elefante Branco" e dos "Armazéns Nascimento", ante a falência, suicidaram-se por honestidade e vergonha, enquanto muitos devoristas e gastadores que hipotecaram o nosso futuro, em lugar de borrarem a cara e desaparecerem, botam discurso e ainda criticam. É a ética moderna!
[Hélder Pacheco]

Nota de RoP

É impossível, a quem tem idade quanto baste [e memória] não entender o vocabulário  austero de Hélder Pacheco, e ficar-lhe indiferente, independentemente da classe social em que se situa. É preciso lê-lo à luz da sua realidade pessoal. Evidentemente que, o facto de o pai de HP ter comprado a meias um carro com um amigo, não quer dizer que já não houvesse quem comprasse carro individualmente. Assim, como a magnifica história das "meias de vidro" e as apanhadeiras de malhas, não pretende radicalizar a ideia de, ao tempo, não haver mulher sem posses financeiras para comprar meias novas. Importa sim realçar o espírito de sobriedade e contenção [o tal bom senso] que imperava nesses tempos.

Qualquer político, ou figura pública da "ética moderna", devia corar depois de ler este soberbo artigo, mas isso é muito improvável. Para que tal pudesse acontecer, teria de existir uma condição prévia: ter ideia do que é a vergonha! E os políticos não a têm.   

23 setembro, 2011

A nossa mais bela história de desamor


O óóóórgulho do clube do regime. É destes répteis 
que o milhafre de alimenta...
 Bom dia, rapazes!

Não sei se já repararam, mas está um belo dia para ganhar ao Benfica. Ah, não há melhor programa, seja qual for a ocasião. Talvez alguns de vós, os mais novos, não saibam ainda que estão aqui, antes de mais, para ganhar ao Benfica. No vosso autocarro, onde está escrito "O nosso destino é ganhar" nós, adeptos,lemos "O nosso destino é ganhar ao Benfica". E não se trata de ódio, como se pensa, mas do mais pueril e natural desamor. A vivência plena do futebol exige afrontamentos vitais, ou não tratasse cada jogo da resolução de um conflito; e a dualidade FC Porto-Benfica é um património psicossocial sedimentado, que estrutura os nossos afectos. Os dois clubes atraem-se e repelem-se mutuamente, como dois pólos opostos, mas complementares, e essas "imperfeições" fazem deles o par perfeito. O que seria de um sem o outro? E da Superliga? E de nós? Ninguém duvide: o Benfica é a nossa mais bela história de desamor.

Mas voltemos ao jogo, que será também uma boa oportunidade para Vítor Pereira ver o Benfica jogar. Eu, que tenho visto, posso dizer-vos que está forte, como nós gostamos, mas, basicamente, aquela é a mesma malta do ano passado e é impossível que tenham recuperado por inteiro do stress pós-traumático. Para mim, vão resguardar-se e Cardozo será um navegador solitário no mar do ataque; e sabe-se que ele, como li num blogue, rende mais quando o Benfica joga com Duarte Gomes no apoio ao ponta-de-lança, o que não será o caso.

Suponho que também esperam de mim uma receita para ganhar o jogo. Pois bem, basta que sejam jogadores "à Porto", essa raça privilegiada dos que acrescentam às suas qualidades naturais um suplemento de vontade que os torna indomáveis. E lembrem-se: cada um de vós passa a representar milhares e milhares quando vestir a camisola azul e branca. A partir desse momento, não sois apenas vós. Sois nós. E nós, como diz o cântico, "queremos essa vitória".

[Álvaro Magalhães/O Jogo]

O anticristo Barreto e os excedentários da RTP

"Já ninguém atura isto... O país político, a Lisboa com os seus comentadores, os seus fait-divers, a actividade política dessintonizada da actividade económica... Nenhum comentador fala do que se passa no país real..."

Ouve-se isto e muito mais sobre a televisão da conversa mais do que nas notícias e da informação. O anticristo António Barreto fala dos problemas do Douro, de extinção de culturas, de pessoas na miséria, de fenómenos terríveis de abandono das terras e de desertificação de um belo património da Humanidade, contra a corrente da retórica política que aponta para um regresso à lavoura e ao mar... Ah! Ah!

Pensamento esclarecido, fundamentado, profundo e denso não vende audiências, perturba o "establishement", incomoda os políticos e os agarrados-aos-políticos, que estão a ver se podem snifar do novo poder. Ai, ai...

O CHIADO, NÃO SABIAM?!...
Do que começou por ser uma NTV temos uma pomposa, fantástica e estonteante RTPI. Com melhores cenários, mais belos adereços, mais virtualidade, profissionais e convidados vestidos a preceito, um belo espaço para "Ler devagar" mas não pensar depressa, nem muito...

É o fantástico "Grande Jornal" com o Chiado... O Chiado, não sabiam? A zona mais cara do país, onde as rendas ultrapassam os 20 mil euros!... Uf! Onde não falta comércio a abrir as portas, ao contrário do que sucede no Resto do País, que as vai fechando aos clientes e aos credores - e onde as pessoas ficarão tristes e miseráveis como aquelas de que fala o sociólogo António Barreto.

A FAZER PELA VIDINHA EM LISBOA
É o esplendoroso "Grande Jornal" com o debate com a primeira grande entrevista do Primeiro-Ministro [à RTP, claro], Escolhe-se um amplo espaço cultural de Alcântara, convocam-se os mesmos, os do costume, jornalistas-directores de Lisboa, comentadores do regime [do centro-direita e do centro-esquerda], de Lisboa, sindicalistas, autarcas, juízes, ex-polícias da Judiciária, argumentistas, ex-presidentes de empresas públicas, todos com vida em Lisboa, e os novos detentores do poder político, financeiro e económico, igualmente de Lisboa ou a fazer pela vidinha em Lisboa...

Os anticristos de certa estirpe abominam ainda mais a política, porque ali não se regista nenhum pensamento profundo e denso, é apenas superficialidade, não há tempo, ou, melhor, o tempo tem que ser dividido pelos [muitos] presentes [apesar de Octávio Ribeiro se lamentar porque estava à uma hora sem falar...] Cecília Carmo afadiga-se em cumprir um guião, que dá o resultado habitual, cansativo, desesperante: blá, blá, blá, blá,blá...

D.SANCHO I...
É um blá, blá, blá baratinho, umas horas com uma jornalista pivôt-apresentadora-entrevistadora. Para que servem todos aqueles que gostariam de trabalhar fora da redacção no Porto e em Lisboa... Aguardam que os tornem excedentários?

Esta RTP, nomeadamente com a nova RTPI, de informação, não cumpre o serviço público de televisão. António Barreto tem toda a razão. Disse-o no jantar-debate organizado pela Associação Portuguesa para o Desenvolvimento das Comunicações [APDC] realizado em Lisboa. Aí, o anticristo Barreto defendeu que "a RTP tem que apostar no debate, no estudo e na alta cultura em vez de futebol e concursos".

Observo eu - se me permitem: apostar no debate com quem saiba do que fala e tenha tempo para apresentar as suas ideias; ir para o país real à procura de histórias "com gente dentro"; contribuir para a coesão e desenvolvimento do país, contendo a desertificação do interior e contribuindo para um novo repovoamento... D- Sancho I, o segundo rei de Portugal, fez isso. Sabem há que séculos?...

[Alfredo Barbosa/Grande Porto]

Nota de RoP

O Dr. Alfredo Barbosa é a pessoa mais esclarecida e honesta que tenho lido nos últimos anos a escrever sobre comunicação social. Só isso pode explicar a afinidade de ideias que com ele partilho de forma genérica. Só isso explica também o facto de escrever no semanário Grande Porto [que, na minha opinião está a tardar a avançar para Diário...].

Receio bem, é que o grande povo se dê ao cuidado de o ler e de reflectir sobre o que ele escreve e denuncia...

Fraco povo, merece fracos governantes, não é verdade?

22 setembro, 2011

Litografias do saudoso Júlio Resende









Desafiado por convite do Atelier D’Árt E. & S. Desjobert, respondi com uma série de litografias a serem editadas em Paris, uma das quais reservada ao "Lugar do Desenho" que é a nossa Fundação.

[Júlio Resende]

21 setembro, 2011

Uma perda para a cultura portuense



Júlio Resende


Júlio Resende morreu hoje, em Valbom, Gondomar, aos 93 anos, disse à Lusa um amigo do pintor.



http://www.jn.pt/multimedia/video.aspx?content_id=2010752 [ver vídeo]


Sondagem

A experiência diz-me que a sociedade nortenha, apesar da discriminação a que tem sido submetida por contínuos governos, continua a ser incapaz de traduzir o descontentamento que manifesta em blogues ou privadamente, numa verdadeira acção de repúdio público de forma a pôr em respeito os responsáveis por esta insustentável situação.

Uma petição por mim encabeçada, no sentido de testar a vontade dos nossos conterrâneos, visando responsabilizar a RTP por tratamento abusivo e discriminatório para com o Porto e o Norte, que não ultrapassou em 4 mêses, as mil e pouco assinaturas, foi o complemento que faltava para poder concluir que no espírito de muitos portugueses ainda paira o medo de assumir responsabilidades cívicas.

Tudo isto se estranha, uma vez que, apesar de vivermos num regime semi-democrático, onde a Constituição raramente é encarada com o respeito devido, ainda nos resta a liberdade de opinião e associação. Cientes que os agentes políticos do governo e da oposição estão longe de encarar com genuíno sentido de missão as suas tarefas, e que o bota-abaixismo, ainda que justificado, não chega para inverter a situação, os nortenhos deviam canalizar as suas legítimas frustrações para acções algo mais incisivas. Apontar alternativas e sugestões, é uma delas.

A título experimental, coloquei no canto superior direito, logo acima da publicidade, uma sondagem com 4 respostas possíveis para "medir" o que a alma dos nortenhos terá a dizer àcerca da luta que, unidos, todos poderíamos encetar em contraposição com uma comunicação social centralista e muito pouco fiável, claramente mais empenhada em servir-se do público, do que em servir o público.

A resposta é vossa.

20 setembro, 2011

Politicamente incorrecto


Se há assunto em que sou politicamente incorrecto, ele é Alberto João Jardim (AJJ) e o seu desempenho como governante da Madeira. O homem está, nestes dias, debaixo de indignadas e piedosas diatribes que pretendem transformá-lo na encarnação viva do Mal, no inimigo público nº 1, e em consequência a opinião pública, incitada pela Comunicação Social, o mínimo que pede para ele é o destino da Joana d`Arc.

Reconhecendo embora alguns exageros em atitudes de AJJ, e aceitando que o seu sistema de governo é do tipo "ditadura democrática" ( mas aqui no continente como é que funcionam as maiorias absolutas?) a verdade é que gosto dele. E gosto dele por uma razão muito simples. AJJ tem tido ao longo de todos estes anos a coragem de se opor tenazmente ao poder colonizador do centralismo de Lisboa, norteando as suas atitudes por um único objectivo : o superior interesse da Madeira, e na realidade não pode deixar de se reconhecer a enorme transformação que a Região sofreu nestes últimos trinta e tal anos. Ainda mais aprecio a atitude de AJJ na defesa intransigente do seu território, quando em contra-ponto penso na apatia cobarde e interesseira dos representantes nacionais do Norte, e do Porto em particular, que em vez de defenderem o território que representam e de por ele lutarem, se acomodam em servilismo oportunista ao poder central, emquanto vão "mamando" as suas benesses. Estes políticos, pelos vistos, são os bons patriotas. AJJ, esse, é o renegado criminoso que a CS quer levar a julgamento criminal!

Objectarão que AJJ tem explorado o Continente, que gasta sem autorização de Lisboa, que esconde facturas, e mais isto e mais aquilo, e que portanto estamos perante situações ilegais que devem cair sob a alçada da lei. Eu limito-me a recordar que há muitos anos o Tribunal de Contas, os partidos políticos -em especial o PSD - e altas individualidades políticas, incluindo Presidentes da República, têm conhecimento das alegadas irregularidades processuais do governo da Madeira. E então calaram-se porquê? Isto não os faz coniventes? Se acham que AJJ deveria ser julgado, então todos estes figurões deveriam também estar no banco dos réus.

Acresce a tudo isto que os políticos do continente que expressam tão virtuosa indignação em relação aos gastos de AJJ, fizeram exactamente a mesma coisa aqui. É por terem andado a gastar à tripa-forra durante tantos anos, que o país chegou ao ponto a que chegou. Essa gente não tem moralidade nenhuma para criticar. É pura hipocrisia. E se formos para o lado das negociatas escuras e da corrupção que grassa lá por Lisboa, então provavelmente AJJ será um simples amador!

Se esses críticos tivessem vergonha, estavam caladinhos e assobiavam para o lado, que é o que têm feito estes anos todos, em relação à Madeira e sobretudo sobre o que se tem passado na sua própria casa, até lhes ter dado o presente ataque de hipocrisia de boa consciência!

Advogados de Duarte Lima deram outra versão



PSD,  PSD, PSD, !La crème de la crème da política lisbonária!
As versões que Duarte Lima deu à polícia brasileira, com o tempo, multiplicaram-se.

Recorde-se que Rosalina Ribeiro encontrou-se com o advogado pelas 20 horas do dia 7 de Dezembro se 2009, depois de este a ter recolhido à porta de casa. A mulher veio mais tarde a aparecer morta com dois tiros no município de Saquarema, a 90 quilómetros do Rio de Janeiro, tendo-se apurado que o homicídio ocorreu nesse mesmo dia.

Para os investigadores, o possível uso de diferentes aparelhos pelo advogado indicia não só a premeditação do crime, como a necessidade de não deixar rasto. O ex-líder parlamentar do PSD – que sempre omitiu às autoridades a marca do carro que utilizou e a respectiva rent-a-car, dados que os investigadores só descobriram ao fim de um ano – também disse não se recordar em que hotel ficou hospedado em Belo Horizonte, no dia em que chegou ao Brasil.

Logo no início de 2010 e quando era apenas uma testemunha no inquérito, Duarte Lima constituiu como seus advogados no Brasil João Ribeiro Filho e Maria Medeiros. Estes conseguiram que um juiz aceitasse a argumentação de que Lima estava a ser investigado como suspeito – e, assim, lhes facultasse cópias do que até aí fora investigado.

A 15 de Abril, os causídicos apresentaram um documento de dez páginas. Neste, entre outras coisas, tentaram preencher o vazio de telefonemas que se verifica após a ligação que teria sido mantida entre Duarte Lima e Rosalina até ao dia do encontro no Rio de Janeiro: «Ficou estabelecido, que, na hipótese de eventual mudança horária ou local, ou de impossibilidade de um deles comparecer ao encontro, Dona Rosalina ligaria para o hotel Sofitel (no Rio de Janeiro), ou o requerente ligaria para a residência dela».

Esta explanação não convence a brasileira Rosa Espínola, amiga de Rosalina, a quem a portuguesa contara que tinha um encontro com uma pessoa da confiança de Duarte Lima e não com o próprio: «Então ela ia sair de casa à noite, sem saber se já tinha alguém à sua espera à porta de casa? Nem pensar, era muito medrosa! E mesmo que o encontro estivesse marcado para as 20h, com o trânsito que existe no Rio, os atrasos são sempre certos».

No mesmo expediente enviado pelos advogados de Duarte Lima aos investigadores, surgem outras explicações que não batem certo com a análise feita ao tráfego e à localização celular dos referidos números A (cartão português) e B (suíço

[Felícia Cabrita/SOL]

O próximo jogo


Só mesmo os portistas mais atentos, ou pessoas muito íntegras e com invulgar capacidade de observação, saberão dar o devido o valor aos feitos desportivos do FCPorto. Diria mais. Nem muitos portistas têm verdadeira consciência dos obstáculos que o FCPorto ao longo dos últimos 20/30 anos tem sido obrigado a ultrapassar para hoje continuar na vanguarda do futebol nacional. 

Digo isto, porque adivinho para o jogo da próxima 6ª.feira com o Benfica [pelo sim, pelo não,depois de teclar este nome fui desinfectar os dedos], as dificuldades do costume. Não me refiro, claro, àquelas dificuldades naturais de quem sabe que o adversário, seja ele qual for, tudo  fará para complicar a vida ao FCPorto, - como fez,  e bem, o Feirense ainda há poucos dias -, mas sim às artimanhas que vão ser usadas, quer dentro, quer fora do campo, para tornar a nossa victória impossível. 

Apesar de jogar em casa, o FCPorto terá sempre de contar com o facciosismo e a falta de seriedade da comunicação social. Isto só é possível, porque vivemos num país cujo Estado também não é sério. Falar do Estado, sem recordar que ele teve e tem, sempre pessoas a representá-lo é quase como falar do clima que costuma arcar com as responsabilidades pelas asneirolas cometidas pelos homens. Portanto, quando digo que o Estado não é sério, estou a dizer que quem o representa também não o é. Ponto.

O jogo ainda vem longe e, apesar disso, torna-se fácil prever que a qualquer contacto ou simulação de contacto que possa sugerir uma falta, será antecipadamente tida como tal, sempre contra o FCPorto. Mesmo que não haja casos, os media tratarão de os inventar. Para isso, enfatizarão qualquer hipótese de infracção para lhe dar "realismo", e tudo será feito para desvalorizar aquelas que sendo autênticas possam beneficiar o FCPorto. Isto, se o clube do regime não conseguir resolver o desafio a seu favor. As provocações vão ser muitas de forma a criar situações susceptíveis de gerar reacções impetuosas aos jogadores do FCPorto dando assim excelentes pretextos para que os árbitros os penalizem.

O FCPorto tem aguentado estoicamente todas estas arbitrariedades sem grandes queixas, até porque sabe que tudo o que disser em sua defesa, será criteriosamente ignorado ou manipulado pela comunicação social de forma a tornar nulas as suas reclamações. É neste clima, quarto ou quinto mundista, que o FCPorto tem sido obrigado a competir, lutando contra adversários de rosto diferente, conseguindo, com maior ou menor dificuldade, não só sobreviver-lhes como vencê-los.

Mas isto não deverá fazer-nos esquecer o miserável papel do Estado, que se tem demitido das suas funções moderadoras, face a estas e outras aberrações de carácter público e comunicacional, optando sempre por deixar correr. O Estado, quando actua, fá-lo sempre na forma de remendo, nunca na forma de prevenção, como era seu dever. O Estado, e toda essa gentinha, sem classe nem preparação para o representar, assobia, ao bom estilo dos preguiçosos, para o ar...até um dia o desastre acontecer.

É neste quadro de diferente tratamento para cada equipa, que o jogo se vai disputar. O FCPorto será mais uma vez obrigado a duas tarefas. A primeira, superiorizar-se no terreno de jogo ao adversário, e a segunda a todos os outros. Aos árbitros e à comunicação social. Portanto, o FCPorto terá de vencer dois ou três desafios distintos para conquistar apenas 3 pontos!

Façamos votos que o treinador Victor Pereira saiba preparar convenientemente os atletas para essas três batalhas, sendo certo que só uma delas terá de travar com as mesmas armas.

O centralismo, tal como o salazarismo, não é democrático, nem nunca será.  

Links Porto24


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19 setembro, 2011

Um FCPorto sem pressão, nem pontaria

Farto e enojado de aturar estas hordas de políticos vigaristas que dominam o país, e revoltado por não ver um só,  a ser, como se impunha,  exemplarmente condenado pela Justiça, hoje, vou-me concentrar outra vez no futebol.

Em vésperas da recepção ao clube do regime neo-colonialista, o FCPorto tinha ontem um jogo crucial contra o Feirense, em Aveiro, que era imperioso ganhar. Os adeptos esperavam um FCPorto empenhado, disposto, desde o 1º. minuto, a não dar tréguas ao adversário, procurando alcançar o mais cedo possível um resultado que lhe pudesse garantir alguma tranquilidade na preparação do jogo da próxima 6ª feira contra o seu principal adversário. Mas, malogradamente, não foi isso que aconteceu.

Desta vez, pareceu-me que o treinador Victor Pereira improvisou um pouco demais,  parecendo também esquecer-se, da imagem de marca da equipa nos últimos anos, que é a chamada pressão alta. Ontem, o FCPorto pressionante, pura e simplesmente não exisitiu. O que se viu foi um grupo de homens a correr, quase sempre extemporaneamente e sem critério atrás dos adversários, que ainda por cima revelavam um domínio de bola acima da média para um clube recém chegada à Liga principal. Resultado: perda de dois pontos, incluindo a ausência de James Rodriguez, um dos atletas da equipa mais influentes da actualidade.

Sem querer entrar em questões de ordem técnico-táctica, a verdade é que ninguém consegue entender que depois de retirar um ponta de lança [Kléber] não o tenha imediatamente substituído por outro [Walter], que estava disponível no banco e que tanta falta fazia [e fez]. Hoje, Victor Pereira, não foi, decididamente feliz. 

Nada está perdido, o campeonato ainda está a arrancar, mas como diz o ditado, candeia que vai à frente... As candeias porém, agora são duas, o Braga está muito forte, e o clube dos túneis vem ao Dragão na próxima jornada.

Agora, Victor Pereira não pode falhar. Tem de ganhar, para tudo voltar à normalidade portista. O FCPorto, felizmente, não é como o país, nas mãos de oportunistas e incompetentes. Pode escorregar pontualmente, mas saberá sempre levantar-se. E sexta-feira é isso mesmo que vai acontecer.