23 setembro, 2011

O anticristo Barreto e os excedentários da RTP

"Já ninguém atura isto... O país político, a Lisboa com os seus comentadores, os seus fait-divers, a actividade política dessintonizada da actividade económica... Nenhum comentador fala do que se passa no país real..."

Ouve-se isto e muito mais sobre a televisão da conversa mais do que nas notícias e da informação. O anticristo António Barreto fala dos problemas do Douro, de extinção de culturas, de pessoas na miséria, de fenómenos terríveis de abandono das terras e de desertificação de um belo património da Humanidade, contra a corrente da retórica política que aponta para um regresso à lavoura e ao mar... Ah! Ah!

Pensamento esclarecido, fundamentado, profundo e denso não vende audiências, perturba o "establishement", incomoda os políticos e os agarrados-aos-políticos, que estão a ver se podem snifar do novo poder. Ai, ai...

O CHIADO, NÃO SABIAM?!...
Do que começou por ser uma NTV temos uma pomposa, fantástica e estonteante RTPI. Com melhores cenários, mais belos adereços, mais virtualidade, profissionais e convidados vestidos a preceito, um belo espaço para "Ler devagar" mas não pensar depressa, nem muito...

É o fantástico "Grande Jornal" com o Chiado... O Chiado, não sabiam? A zona mais cara do país, onde as rendas ultrapassam os 20 mil euros!... Uf! Onde não falta comércio a abrir as portas, ao contrário do que sucede no Resto do País, que as vai fechando aos clientes e aos credores - e onde as pessoas ficarão tristes e miseráveis como aquelas de que fala o sociólogo António Barreto.

A FAZER PELA VIDINHA EM LISBOA
É o esplendoroso "Grande Jornal" com o debate com a primeira grande entrevista do Primeiro-Ministro [à RTP, claro], Escolhe-se um amplo espaço cultural de Alcântara, convocam-se os mesmos, os do costume, jornalistas-directores de Lisboa, comentadores do regime [do centro-direita e do centro-esquerda], de Lisboa, sindicalistas, autarcas, juízes, ex-polícias da Judiciária, argumentistas, ex-presidentes de empresas públicas, todos com vida em Lisboa, e os novos detentores do poder político, financeiro e económico, igualmente de Lisboa ou a fazer pela vidinha em Lisboa...

Os anticristos de certa estirpe abominam ainda mais a política, porque ali não se regista nenhum pensamento profundo e denso, é apenas superficialidade, não há tempo, ou, melhor, o tempo tem que ser dividido pelos [muitos] presentes [apesar de Octávio Ribeiro se lamentar porque estava à uma hora sem falar...] Cecília Carmo afadiga-se em cumprir um guião, que dá o resultado habitual, cansativo, desesperante: blá, blá, blá, blá,blá...

D.SANCHO I...
É um blá, blá, blá baratinho, umas horas com uma jornalista pivôt-apresentadora-entrevistadora. Para que servem todos aqueles que gostariam de trabalhar fora da redacção no Porto e em Lisboa... Aguardam que os tornem excedentários?

Esta RTP, nomeadamente com a nova RTPI, de informação, não cumpre o serviço público de televisão. António Barreto tem toda a razão. Disse-o no jantar-debate organizado pela Associação Portuguesa para o Desenvolvimento das Comunicações [APDC] realizado em Lisboa. Aí, o anticristo Barreto defendeu que "a RTP tem que apostar no debate, no estudo e na alta cultura em vez de futebol e concursos".

Observo eu - se me permitem: apostar no debate com quem saiba do que fala e tenha tempo para apresentar as suas ideias; ir para o país real à procura de histórias "com gente dentro"; contribuir para a coesão e desenvolvimento do país, contendo a desertificação do interior e contribuindo para um novo repovoamento... D- Sancho I, o segundo rei de Portugal, fez isso. Sabem há que séculos?...

[Alfredo Barbosa/Grande Porto]

Nota de RoP

O Dr. Alfredo Barbosa é a pessoa mais esclarecida e honesta que tenho lido nos últimos anos a escrever sobre comunicação social. Só isso pode explicar a afinidade de ideias que com ele partilho de forma genérica. Só isso explica também o facto de escrever no semanário Grande Porto [que, na minha opinião está a tardar a avançar para Diário...].

Receio bem, é que o grande povo se dê ao cuidado de o ler e de reflectir sobre o que ele escreve e denuncia...

Fraco povo, merece fracos governantes, não é verdade?

1 comentário:

  1. Eles são todos gente boa... com uma corda no pescoço e lançados ao Tejo não se perdia nada.
    Pulhas centralistas que vivem do nosso dinheiro.
    Esta RTPI vai ser mais um tacho para os medíocres jornalistas da capital da gamela.
    É tudo um grande nojo, da maneira como nos faltam ao respeito.

    O PORTO É GRANDE VIVA O PORTO

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