25 maio, 2012
23 maio, 2012
Rui Rio promíscuo
Rui Rio promete arranjar financiamento para demolir o bairro do Aleixo
É impressionante o número de casos fracassados do autarca do Porto em matéria de projectos para a cidade!
Além do Bairro do Aleixo, onde deu provas de não saber precaver-se com as devidas garantias relativamente aos financiadores do fundo imobiliário que, como é agora público, incluía um investidor [Victor Raposo] implicado na burla do BPN, juntamente com o filho de Duarte Lima, Rui Rio acumula um rol de "tiros" fora do alvo como nenhum outro Presidente. Os seus apoiantes [se é que ainda os tem], têm "boas" razões para se sentirem orgulhosos com o homem que escolheram para a edilidade portuense...
Além do Bairro do Aleixo, onde deu provas de não saber precaver-se com as devidas garantias relativamente aos financiadores do fundo imobiliário que, como é agora público, incluía um investidor [Victor Raposo] implicado na burla do BPN, juntamente com o filho de Duarte Lima, Rui Rio acumula um rol de "tiros" fora do alvo como nenhum outro Presidente. Os seus apoiantes [se é que ainda os tem], têm "boas" razões para se sentirem orgulhosos com o homem que escolheram para a edilidade portuense...
O mercado do Bolhão anda há anos sem rei nem roque. Ora tem um projecto, ora deixa de o ter. Está a morrer e pior do que quando Rui Rio chegou à Câmara do Porto. Não ata nem desata. O mercado do Bom Sucesso, idem, idem, aspas, aspas. A Es.col.a da Fontinha, que esteve vários anos a apodrecer e sem qualquer utilidade, foi desocupada e entaipada, depois de um movimento de activistas civis a terem dinamizado com variadas actividades culturais. O pavilhão Rosa Mota, está a degradar-se de dia para dia e de obras, nada! De novos projectos não reza a história triste de Rui Rio. Com ele, só os problemas se amontoam. Rui Rio é muito melhor a destruir que a empreender.
A única coisa em que apostou e, se calhar, esgotou toda a energia, foi em virar as costas ao FCPorto e aos portuenses que se revêem no clube. Como qualquer lambe-botas, fê-lo só para agradar ao centralismo e com isso conquistar um lugar ao sol na política. Até nesse acto miserável, que descaracteriza o que tem de mais nobre o portuense [genuíno], que é o amor ferrenho à sua terra, parece que não lhe vai render grandes juros. Nem Lisboa o quer.
A única coisa em que apostou e, se calhar, esgotou toda a energia, foi em virar as costas ao FCPorto e aos portuenses que se revêem no clube. Como qualquer lambe-botas, fê-lo só para agradar ao centralismo e com isso conquistar um lugar ao sol na política. Até nesse acto miserável, que descaracteriza o que tem de mais nobre o portuense [genuíno], que é o amor ferrenho à sua terra, parece que não lhe vai render grandes juros. Nem Lisboa o quer.
Mas, não ficam por aqui as contradições de Rui Rio. Para quem não apreciava as promiscuidades entre a política e o futebol e fez tanto alarido com o FCPorto e Pinto da Costa, Rui Rio decidiu finalmente abrir as portas da Câmara ao mais recente oportunista do futebol português, o Presidente da Liga Mário Figueiredo, supostamente para tomar conhecimento sobre novos projectos para o organismo... E como bom oportunista que é, Mário Figueiredo não esteve com rodriguinhos na graxa ao autarca declarando que (sic) Rui Rio simboliza a mudança em relação a um determinado rumo, tal como eu na Liga em relação ao passado...
Está provado e comprovado que Rui Rio não percebe nada de parcerias e parceiros. Ontem, com Victor Raposo [amigo do homicida Duarte Lima], hoje com o malabarista da Liga de Futebol Mário Figueiredo. Definitivamente, a honra, e o sentido que dela tem, não ocupam espaço no corpo inútil de Rui Rio.
22 maio, 2012
Náusea
Mentiria se dissesse que nunca me passou pela cabeça pôr um ponto final no Renovar o Porto. Ao longo dos quase cinco anos de existência que já leva [nasceu em Setembro de 2007], procurei não me desviar do espírito e do nome que atribuí a este blog, embora a criação posterior de "As Casas do Porto" lhe tenha retirado algum espaço pela força esmagadora das imagens, esvaziando-o de alguma objectividade para o ocupar com assuntos de carácter regional e nacional.
A indisponibilidade para continuar a alimentar com a regularidade requerida o blogue As Casas do Porto acabou por se repercutir em ambos os blogues, para o melhor e para o pior. Não quero com isto dizer que estou arrependido. Pretendo somente dizer que começo a estar cansado de "pregar no deserto", não porque alguma vez pensasse que podia resolver os problemas da nossa cidade através de um blogue [isso era passar um atestado de ingenuidade e estupidez a mim mesmo], mas porque cheguei à conclusão que em Portugal não basta denunciar, ser frontal e crítico, é também importante ter poder [muito poder] para acabar com o que está mal, não só no Porto, como no resto do país. Os órgãos da Justiça neste simulacro de democracia não funcionam, e estão é super-ocupados a tapar os buracos provocados pelos amigos [Duartes Limas e Dias Loureiros]...
A democracia, ou o embuste em que os políticos e a indiferença do povo a transformaram, permite aos cidadãos inconformados pouco mais que ocasionais deslocações às urnas, apenas para dar emprego a mercenários da política desonestos e incompetentes que, como hoje se comprova, nunca souberam dar conta do recado.
A democracia, ou o embuste em que os políticos e a indiferença do povo a transformaram, permite aos cidadãos inconformados pouco mais que ocasionais deslocações às urnas, apenas para dar emprego a mercenários da política desonestos e incompetentes que, como hoje se comprova, nunca souberam dar conta do recado.
Não me posso culpabilizar por não ter alma de ovelha, por me revoltar com a discriminação, com a manutenção de uma justiça para ricos e outra para pobres, até porque a experiência da vida me diz que a honestidade é mais comum nos mais pobres do que o contrário. À excepção dos poucos que tiveram sorte ao jogo, raros são aqueles que enriqueceram depressa e com a integridade intocável. É-se tanto mais rico quanto mais se consegue roubar. O mais que um homem honesto pode conseguir em Portugal - e mesmo assim nem todos -, é amealhar um modesto pé de meia para a velhice.
Por tudo isto, pelo desprezo profundo que a classe política me infunde já não tenho paciência [nem calma] para assistir a debates, para me submeter a exercícios de hipnose intelectual a pretexto de "esclarecimentos" que não pedi, com gente em que não acredito. Até os telejornais agora me causam indiferença. Não pertenço ao grupo gigantesco de imbecis que ouve e aplaude quem anda a dever muitos anos de prisão à sociedade.
Só receio uma coisa: é que, como está historicamente provado, um dia destes alguém se aproveite do trabalho sujo e fraticida dos falsos democratas [como os que levaram Hitler ao poder] para impor uma nova ditadura em Portugal. Ela já começa a ganhar forma. Basta reparar no frenesim do actual governo [de direita] e a sua sôfrega rapinagem aos direitos e regalias dos cidadãos [mantendo as suas] como se de animais se tratasse, para se ficar esclarecido. Mas não se iludam, que as coisas não se vão ficar por aqui. É dar-lhe "asas" e liberdade, e a direita vai deixar cair totalmente a máscara. É uma questão de tempo. Nada irá melhorar, podem ter a certeza.
Só receio uma coisa: é que, como está historicamente provado, um dia destes alguém se aproveite do trabalho sujo e fraticida dos falsos democratas [como os que levaram Hitler ao poder] para impor uma nova ditadura em Portugal. Ela já começa a ganhar forma. Basta reparar no frenesim do actual governo [de direita] e a sua sôfrega rapinagem aos direitos e regalias dos cidadãos [mantendo as suas] como se de animais se tratasse, para se ficar esclarecido. Mas não se iludam, que as coisas não se vão ficar por aqui. É dar-lhe "asas" e liberdade, e a direita vai deixar cair totalmente a máscara. É uma questão de tempo. Nada irá melhorar, podem ter a certeza.
Mesmo assim, vou tentar resistir à náusea de não poder fazer algo bem mais eficaz do que escrever...
21 maio, 2012
Justiça e Política (1)
Nas últimas décadas assistiu-se à saída dos advogados da primeira linha dos grandes combates sociais e à entrega das lideranças políticas aos economistas e aos homens do dinheiro. Os compromissos irredutíveis que antes se estabeleciam com as pessoas, com os seus direitos fundamentais e com a sua dignidade, cederam o lugar a outro tipo de compromissos mais virados para o dinheiro, para as empresas e para os negócios.
Os pais fundadores do atual regime democrático, ou seja, os líderes dos quatro principais partidos políticos que emergiram com a Revolução do 25 de Abril de 1974, eram homens de formação jurídica, profundamente comprometidos com os problemas sociais, que sabiam, como sabem os advogados, que a primeira exigência do Direito é o respeito absoluto pela pessoa humana.
Hoje, os dirigentes do país só se preocupam com dinheiro, como ganhá-lo e como o multiplicar nem que seja à custa dos mais desumanos sacrifícios impostos às pessoas. Estas não passam de números ou de pontos nos gráficos com que ilustram a sua visão da realidade. E quando há problemas é a realidade que está errada e, por isso, tem de ceder, nem que seja à força, perante a coerência formal das suas teorias.
Hoje, quem não tiver dinheiro não tem direitos. O Estado exige dinheiro - e cada vez mais - aos idosos para terem acesso à Saúde. E se o não tiverem que morram, então, sozinhos e abandonados em suas casas. O Estado exige dinheiro - e cada vez mais - a quem precisa de ir a tribunal para defender os seus direitos e interesses legítimos. Quem o não tiver que faça justiça pelas próprias mãos. O Estado exige dinheiro - e cada vez mais - aos estudantes para poderem estudar. Se o não tiverem, então que abandonem o ensino e vão explorar as excelentes oportunidades que o desemprego lhes oferece ou então que emigrem. São os próprios governantes que dizem aos jovens para procurarem outro país porque em Portugal não têm futuro. Não há melhor forma de ilustrar a forma como os nossos dirigentes encaram as pessoas e o país.
Na Justiça tudo é permitido para fomentar negócios privados. Em vez de dignificar e facilitar o acesso à Justiça pública, à Justiça soberana, o Governo está deliberadamente a dificultá-lo para obrigar os cidadãos e as empresas a recorrerem à Justiça privada, como as arbitragens, na qual alguns membros do Governo têm interesse direto e bem conhecido. É a velha tática de degradar deliberadamente os serviços públicos para obrigar as pessoas a recorrerem aos privados.
Este Governo, que se apresenta como o campeão do liberalismo em matéria económica, atua na Justiça como se o regime fosse uma ditadura querendo controlar (e criminalizar) todos os aspetos, por vezes os mais insignificantes, da vida dos cidadãos. Quer combater a criminalidade como nas épocas mais obscurantistas se perseguiu a bruxaria.
A fúria legisladora do Governo no mundo da Justiça ameaça a própria Justiça. Não há, nunca houve nem haverá Justiça digna desse nome num país onde as leis fundamentais são mudadas com esta vertigem. Será que os membros do Governo não pensam individualmente nas consequências para o país dessa instabilidade legislativa? Será que os deputados da maioria perderam todo o sentido de dignidade da sua função de legisladores e estão ali apenas para aprovar obedientemente todos os disparates legislativos que lhes sejam remetidos pelo Governo? O que se passou com a tentativa de criminalizar o enriquecimento ilícito a reboque de um tabloide de Lisboa, atropelando sem qualquer hesitação alguns dos princípios fundamentais da nossa Constituição, não os fará pensar, por um momento que seja, na dignidade da função de deputados?
Ou será que eles se conformam em estar ao serviço dos delírios legislativos de um Governo que não tem uma visão global e integrada dos problemas da Justiça e apenas está interessado em fazer ajustes de contas com os seus próprios fantasmas e criar condições para que em torno da Justiça floresçam e prosperem o mesmo tipo de negócios privados que outros fizeram florescer e prosperar em torno da Saúde?
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Democracia e delícias do mar
Como o Pedro estava a atulhar o prato com delícias do mar, chamei-lhe a atenção para a existência de pedaços de lagosta no bufete frio do restaurante de rodízio. Achava preferível que ele se banqueteasse com o verdadeiro produto, que nem todos os dias estava ao seu alcance, em vez de se empanturrar com aqueles baratos sticks de contraplacado, aromatizados com extrato de caranguejo e tingidos de vermelho por fora.
Estávamos a jantar no Chimarrão da Expo, antes de assistirmos ao arranque da Up Tour, dos REM, no Pavilhão Atlântico. Como só tinha 11 anos, o meu filho encarou a sugestão como uma ordem, mas depois de provar a lagosta confessou gostar mais das delícias do mar.
Tem a ver com a maneira como o nosso gosto é educado. O meu filho Pedro estava tão habituado ao sucedâneo que estranhou o paladar do produto. Tem também a ver com o facto de, por norma, nós apenas gostarmos do que já gostamos e querermos o que já quisemos.
Eu próprio, viciado em salmão de aviário - que apenas ganhou a sua cor característica graças à ação de um corante -, temo estranhar o sabor se um dia, numa escala em Anchorage, Alaska, ou algures junto à foz de um rio escocês, me aterrar no prato uma posta de salmão selvagem.
Vem esta deriva gastronómica a propósito do sistema político em que vivemos, a que nos habituamos a chamar democracia, apesar de, bem vistas as coisas, ter tanto a ver com a democracia original como as delícias do mar com a lagosta.
Há bem mais tempo do que seria desejável, os dois pilares em que tradicionalmente assentava a democracia - a igualdade dos cidadãos e a soberania do povo - deixaram de ser observados pelos administradores do regime político vigente, de acordo com a opinião dos mais diretamente interessados na matéria: o povo.
Consultada pelo Barómetro da Qualidade da Democracia, uma larga maioria representativa de 59% dos portugueses acusa a Justiça de tratar os cidadãos de maneira diferente, consoante o seu estatuto económico, social e político. Basta recordar o caso Isaltino para ficarmos conversados sobre o princípio da igualdade dos cidadãos.
O mesmo barómetro revela que 78% dos cidadãos acham que os políticos se preocupam apenas com os seus interesses e que as decisões políticas no nosso país favorecem sobretudo os grandes interesses económicos. Ou seja, também estamos conversados sobre o princípio da soberania do povo.
A regeneração do nosso sistema político implica que os governantes encarem o dinheiro público como sagrado e percebam que deve ser o Governo a trabalhar para os cidadãos e não os cidadãos a trabalhar para alimentar o Governo.
A qualificação da nossa democracia exige, ainda, que todos nós tenhamos consciência que o Estado não dá nada, apenas distribui o que recebe de nós, cobrando para si uma gorda comissão que alimenta um anafado aparelho de Estado que não há meio de emagrecer.
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