Seguramente com a melhor das intenções, houve um comentador que escreveu na caixa de comentários do post anterior o seguinte; «continuem a achar que é por esta gente e pelos independentes que passa a mudança e estamos conversados».
Pela minha parte, diria que também eu duvido da possibilidade de alguém se sentir independente depois de ter sido apoiado por um ou mais partidos políticos. Aliás, não existe a independência absoluta. Como tal, duvido igualmente que dentro dos próprios partidos haja essa independência. Cumplicidade e subserviência, sim. E duvido ainda que até os multi-milionários se sintam absolutamente independentes, embora muitos de nós não enjeitássemos estar no seu lugar... Numa sociedade onde, mais que a competência, é o capital que comanda as pessoas, é impossível ser-se independente sem abdicar do próprio direito de viver. Posto isto, e pela experiência que em 40 anos de liberdade política consegui acumular - sem que tal liberdade significasse democracia - estou, apesar de tudo, mais inclinado a acreditar no indivíduo, no seu carácter e nas suas capacidades selectivas, do que nas organizações políticas da actualidade. Está visto, e revisto, que não funcionam em prol da sociedade.
Existem as ideologias políticas, umas melhores que outras, onde os direitos humanos são mais vincados e defendidos, mas o problema delas é sempre o mesmo: o homem e as suas derivações para o caos. Creio mesmo que é isto que acontece com os militantes dos partidos políticos, quando passam do período de afirmação à fase do exercício do poder. Mudam rapidamente e esquecem tudo o que prometeram para convencer quem os elegeu. E como é sempre assim, deixei de contribuir para a manutenção deste status quo, não votando.
Há dias, quando casualmente ouvia um fórum na Antena 1 [por sinal, muito concorrido], não houve ninguém que poupásse críticas acintosas [mas justíssimas], ao actual governo e a anteriores. Toda a gente dizia aquilo que todos sabemos, mas ninguém falou do mais importante, que é a necessidade de começarmos a votar com algumas garantias, uma vez que, como está provado, a palavra dos políticos pouco ou nada vale. Uns, diziam que era preciso gente nova e e novos partidos na política. Outros, apregoavam que Marinho e Pinto é que era, que esse é quem devia governar. Mas, pergunto eu, quem lhes garante que Marinho e Pinto não os atraiçoará, como o fizeram Soares, Barrosos, Constâncios, Cavacos, Sócrates, Coelhos?
Enfim, bem esperei que algum comentador do referido fórum dissesse o óbvio, que acrescentasse aquilo que o regime eleitoral vigente e a própria Constituição ainda não permite, nem se atreve: uma proposta de lei que confira ao voto a credibilidade que a palavra dos políticos não tem...
Por mais absurdo que pareça, a Banca não sendo grande professora para nos explicar como oferecer garantias, é sem dúvida a melhor das mestres para nos ensinar a exigí-las. Pois, a avaliar pelo silêncio, pela incapacidade de exigirmos mais segurança para as eleições, ou apenas para a sugerir, é isso que os cidadãos aparentemente consideram menos relevante... Neste preciso momento dou comigo a imaginar o que os leitores dirão do que acabei de escrever e o que pensarão em surdina das minhas propostas (olha o iluminado, o gajo é maluco)...
Por mais absurdo que pareça, a Banca não sendo grande professora para nos explicar como oferecer garantias, é sem dúvida a melhor das mestres para nos ensinar a exigí-las. Pois, a avaliar pelo silêncio, pela incapacidade de exigirmos mais segurança para as eleições, ou apenas para a sugerir, é isso que os cidadãos aparentemente consideram menos relevante... Neste preciso momento dou comigo a imaginar o que os leitores dirão do que acabei de escrever e o que pensarão em surdina das minhas propostas (olha o iluminado, o gajo é maluco)...
Okey! Vocês não disseram nada, mas admitindo que sim, que o aqui proposto vos parece demagógico e impraticável, que outra forma teremos para regressar às urnas sem nos sentirmos imbecilizados, sem corrermos o risco de confundirmos a urna de voto com uma slot machine? Será pela cara, pela simpatia, pela teatralidade, pelo paleio dos candidatos? Se fôr este o caso, convenhámos que é ingenuidade a mais, já passou mesmo o patamar da burrice. Quarenta anos, meus senhores! Quarenta anos de trafulhices, de oportunismos, de traições, não bastaram para concluirmos que é um erro terrível creditar os políticos sem a mínima abonação?
O maior de todos os demagogos é o político, o político dos novos tempos, talvez de todos. O problema, é que eles não são apenas demagogos...