Há coisas que não têm explicação, mas outras há que se podem e devem explicar, caso contrário corremos o risco de estarmos a ser injustos com os jogadores.
Quando se inventam frases para identificar as particularidades de um clube, como no caso do FCPorto a invenção da célebre máxima "Contra tudo e contra todos", houve razões objectivas para optar por esse nome. Houve, razões e ainda há, como os últimos acontecimentos atestam, de continuarmos a ser prejudicados pelos clubes e o poder de Lisboa. Além destas razões, tínhamos uma condição que não temos agora, que faz toda a diferença, e que tem uma explicação: o FCPorto tinha uma liderança forte, e competente, o que tornava mais fácil lutar contra as arbitrariedades a que estamos "habituados".
Nesse tempo, em que o Presidente era o mesmo de agora, era ele que intervinha para defender o clube, e quem escolhia os jogadores que precisava de contratar. Era essa postura, atenta, próxima e interventiva, que transmitia aos treinadores, e aos planteis, uma garra acrescida que agora não existe. É apenas no treinador e nos adeptos que os jogadores se sentem apoiados, não tanto na figura principal.
Ora, é aqui que quero chegar. Não faltou quem malhasse no plantel no último jogo contra o Moreirense. Até os comentadores do pós match do Porto Canal, normalmente muito compreensivos, algumas vezes com elogios exagerados aos jogadores, foram demasiado causticos com eles, parecendo ignorar as restrições de um plantel que sempre souberam ser curto, e o consequente desgaste que isso comporta. Ninguém ficou mais frustrado que eu nesse jogo, tanto pela exibição como pelo resultado, só que dadas as circunstância, acho que até lutaram muito. Lutaram "contra tudo e contra todos" dentro das suas possibilidades no momento. A gestão do treinador sempre esteve condicionada, não foi naquele jogo.
Sem desprezar o colectivo, o Felipe foi um duplo defesa, ele estava em todo o lado, quis marcar e esforçou-se muito, ao contrário do Brahimi tantas vezes mimado que nem se viu no jogo. O Alexe Telles que não sabe jogar mal, nem é dado a caprichos de vedeta, foi outro mouro de trabalho. O Marega idem. O próprio Soares fez tudo para marcar mas a ansiedade não o deixou. Enfim, todos denunciaram aquilo que já era expectável, a fadiga física, mas sobretudo psicológica! Quem é responsável pelo plantel ser curto? Eles? O treinador? Por favor, cada macaco no seu galho. Se julgam que tenho gosto em criticar Pinto da Costa, julgam mal, porque o que hoje mais gostaria era de continuar a ter motivos para o elogiar, mas não tenho. Isso, lamento, pertence ao passado. Aliás, mais uma vez, decidiu agir tarde na exposição ao Conselho de Arbitragem da FPF, só depois de nos terem negado 15 grandes penalidades! Então, ninguém considera a hipótese de censurar o Presidente só pelo que fez no passado? Então, será o Sr. Pinto da Costa o FCPorto? Para mim, não é. Okey, vale mais tarde que nunca, o plantel foi reforçado, mas e os pontos que se perderam por nos mantermos passivos, quem nos vai devolver? Agora?
É preciso compreender que os jogadores são humanos como nós. Não ficam imunes a injustiças, nem se sentem moralizados sabendo que estão a representar um clube odiado pela capital, cujo poder, apesar de mafioso e prepotente ainda existe, como se constata. E, não o podendo dizer abertamente, sabem que o FCPorto está muito só nesta batalha desigual.