13 dezembro, 2008

Salvem os Ricos

Excelente humor sobre uma das maiores pulhices dos últimos tempos.

Avivar a memória...é preciso

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Duas páginas digitalizadas do 1º. Volume do livro "Ascensão e queda do III Reich", (de William L. Shirer), cuja leitura recomendo a quem não tenha ainda lido, para perceberem como são ténues as fronteiras entre Democracias mal paridas e Ditaduras sanguinárias, como foi a de Adolfo Hitler. Esteve livro devia ser de leitura obrigatória para todos os candidatos a políticos, para terem noção dos perigos a que expõem os povos quando enveredam pelo carreirismo político.

12 dezembro, 2008

Quem não viu, veja. Quem não ouviu, ouça.

Ver aqui. entrevista de Medina Carreira à SIC. Sem papas na língua.

Intervenção do Dr. Rui Moreira no Edifício da Alfândega, a 11 de Dezembro de 2008, a convite da DELOITTE

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"Infelizmente, este orçamento de Estado é o da cigarra, consentido pela inépcia de quem deveria defender alternativas e pela inércia de todos nós, que somos as suas formigas amestradas e diligentes. Enquanto assim for, o Estado escapa à crise, continua a viver confortável e irresponsavelmente, devorando uma parte cada vez maior no que resta no nosso celeiro."

Intervenção do Dr. Rui Moreira no Edifício da Alfândega, a 11 de Dezembro de 2008, a convite da DELOITTE

Johann Strauss Jr. Fledermaus Overture - Carlos Kleiber

Mais «populismo». Pero, por que no te callas, hombre ?

Nova queixa lança suspeitas sobre Dias Loureiro
(Jornal de Negócios)

Maria José Morgado, coordenadora do Departamento de Investigação e Acção Penal de Lisboa, recebeu uma denúncia que envolve Dias Loureiro e que se refere à venda da empresa Plêiade e à compra de acções da Sociedade Lusa de Negócios, através do responsável. A denúncia aponta para que possa ter havido crime de branqueamento de capitais.
A notícia é avançada hoje pelo “Correio da Manhã” que revela que a denúncia diz que com os negócios feitos com José Roquette em Marrocos, Dias Loureiro ganhou 250 milhões de euros. Mas, quando aqueles se zangaram e para “não declarar” os lucros recebidos o património da Plêiade, dado por Roquette a Dias Loureiro, foi integrado na SLN. “Esta transacção valeu-lhe o direito de indicar três administradores da sua confiança para o grupo SLN/BPN”, lê-se ainda no documento, no qual se dá conta de que parte do dinheiro acabou por ser mais tarde transferido para a UBS – União de Bancos Suíços.
O jornal adianta que a denúncia descreve, ainda, com pormenor como funcionava o esquema de branqueamento de dinheiro que normalmente envolvia o BPN e o mesmo banco suíço, com transferências simultâneas para que não fosse encontrado o rasto do dinheiro.
Nota RoP:
A Dra. Maria José Morgado tem aqui uma belíssima oportunidade para mostrar o que vale. Depois do fogo fátuo a que se resumiu a perseguição e o mediatismo com Pinto da Costa, só lhe resta esta oportunidade para limpar a imagem de justiceira. Agora, a parada é mais alta. Vamos lá ver, no que dá.

Pré Visão

Se querem ter uma pré visão do que se passará na Região Norte a breve prazo (qualquer faísca bastará), olhem para a Grécia. Mas o preocupante é que não existirá qualquer partido/organização/movimento genuinamente interessado em defender este povo, e devidamente implantado no terreno, para enquadrar e liderar a revolta.

Links e opiniões «populistas»

Rio não fala de almoço de Manoel Oliveira com autarca de Lisboa


Acho muito bem. O calado, é o melhor. É apenas, mais um pequeno «equívoco», do autarca local...
Diz o comunicado do Município portuense que na presidência de Rui Rio, é costume entregar as chaves da cidade a figuras emblemáticas da mesma, apresentando os casos de Augustina Bessa Luís e de Siza Vieira, pelo reconhecimento (cito) do respectivo prestígio nacional e internacional.
Obviamente, depois disto, vem-nos logo à memória o caso de Pinto da Costa e do Futebol Clube do Porto, que a avaliar pela forma como foram (des)tratados, aquando da chegada do edil à Câmara, dificilmente terão direito a tal reconhecimento, apesar da visibilidade que tem o futebol, e do factual prestígio que goza o clube portuense a nível mundial.
Provavelmente, hoje, a Rui Rio, não faltará vontade (política) para dar a mão à palmatória e homenagear também o clube portuense e seu responsável máximo (porque ele até sabe que a merecem), mas depois da bofetada de luva branca dada por Manoel de Oliveira, agora é que tal gesto de humildade se lhe tornou impossível. Também acho "coerente".


Vamos discutir os deputados

(artigo de opinião de Pedro Ivo Carvalho,JN)

"Os portugueses são particularmente ágeis em ditar sentenças. E então quando na cadeira do réu está a classe política batem a própria sombra* em rapidez".

Peguei nesta frase porque me parece a que melhor retrata o conservadorismo regimental dos jornalistas. Quase sempre, dão uma no cravo e duas na ferradura, e, não sendo propriamente inábeis a manobrar as palavras acabam muitas vezes por deixar um rasto de credibilidade nos artigos que publicam. Foi este o caso, e a interpretação que fiz do que li. Gostei, mas no fim, senti o sabor amargo de alguma incoerência, ou melhor, de algum receio do jornalista de chamar (como diz o povo) "os bois pelo nome", de, eventualmente, ferir a susceptibilidade de quem, lhe garante o emprego.
Enfim, há sempre uma palavrinha algo moralista pelo meio, não vá o povão levar à letra a indignação crescente (e justificada) que sente pelos péssimos exemplos da classe política. Assim, o senhor jornalista vai-nos "recomendando" sensatez, alguma dose de "doçura" crítica, e sugere que não caiamos na tentação de pensar que "as dezenas de deputados que faltaram, há uma semana, à votação de uma proposta do CDS/PP que recomendava a suspensão do processo de avaliação dos professores são retrato fiel e acabado da mole que se senta no hemiciclo. Porque não são". Logo a seguir, contudo, diz que esse fait-divers (palavras de Mário Soares) a que ele chama drama, acontece, por culpa própria da classe política (sic).
Depois, fala das declarações infelizes do deputado Guilherme Silva e das merecidas reacções da opinião pública. Depois ainda, diz-nos que a ética não se impõe, ou se tem, ou não se tem, não vão lá por decreto. Para concluir, mais adiante, questiona para que servem os 230 deputados da AR e quem é que eles representam?
O que é curioso, é que este artigo de um profissional da comunicação social, pouco mais faz do que eu e outros cidadãos fazemos, regularmente, ou seja, questionar quase tudo. Por quê? Porque, de facto, aqui, em Portugal, quase nada funciona bem e nós pouco mais podemos fazer do que observar e praticar o tradicional desenrascanço para resistir à inépcia governativa e sobreviver-lhe.
O problema, é que o articulista questiona muito e reclama pouco. Não consegue ser afirmativo nem solicita reformas efectivas, a começar pela exigência imediata de um maior e mais eficaz controle do eleitorado face ao poder político que o «representa» para assim poder lidar eficientemente, com estes abusos, estas cenas de meninos colegiais a quem o papá, endinheirado, assegura a conclusão do curso académico, mesmo que seja burro e preguiçoso!
Sejamos sérios, e esqueçamos o verniz: têm os nossos governantes revelado competência na gestão do país? Têm-se empenhado na solução concreta dos nossos sempre-eternos problemas, com trabalho e dedicação? É claro, é evidente, salta à vista que não! São ou não uns incompetentes? Em que ficamos? E, será sensato, respeitável, considerar populistas estas afirmações?
Pessoalmente, quero crer que nem todos serão iguais, mas não seria uma louvável atitude de solidariedade e dever cívico, que os políticos responsáveis denunciassem os colegas inúteis que lhes mancham a credibilidade e a reputação? Se eles não o fazem, como pode o eleitorado fazê-lo? Passando séculos a levantar interrogações, escrevendo em jornais e na blogosfera? Por que não se mostram incomodados e inconformados os "bons" elementos dos partidos com os "maus" exemplos dos seus colegas? Não será esta opção de silêncio ou alguma poeira para os olhos do povo com medidas avulsas e inócuas, uma implícita cumplicidade com os prevaricadores?
Sendo "consensual" que os tradicionais partidos de oposição (pequenos partidos) não são "credíveis" pela sua baixa expressão eleitoral, como poderemos nós contornar o problema, sem ser pela força da Lei? E a Lei, para vestir bem o seu fato, tem de cumprir com as consequentes penalizações dos prevaricadores, sejam eles quem forem, porque,os maus exemplos da classe política, dos homens do Poder, são os que mais facilmente são imitados pelo resto dos cidadãos. Não sendo assim, que respeito podem infundir às populações quando do topo do Poder saem exemplos como os que temos observado em anos sucessivos de suposta democracia? Ainda nos pedem discursos contidos? Esta gente a última coisa que merece é respeito.
A Democracia não existe, e andamos todos a assobiar para o ar, convencidos que não percebemos esta realidade sem darmos passos concretos para lhe dar vida e sentido. Isto de termos Liberdade para dizer o que pensamos, não chega, não governa famílias.
Senhores deputados "sérios", por favor, é mais do que tempo de mostrarem serviço, investiguem, apurem de facto responsabilidades e ponham, sem tardança, na rua, os malandros dos deputados que andam a gozar na nossa (e na vossa) cara impunemente. Ou preferem ter "amigos" (leia-se, colegas de partido) deste calibre?
Nesse caso, não se atrevam então a continuar a pronunciar a palavra "populismo", porque, em contra-ponto, a que me ocorre dizer reactivamente é: cadeia! Com V. Exs., lá dentro. O tempo necessário para despoluir a sociedade ingovernável que pariram.
* Por outras palavras: somos como o Lucky Luke. O que esperamos para deitar a mão aos irmãos Dalton do Poder?

11 dezembro, 2008

Resquícios de Outono



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Hoje, dia do 100º.aniversário, Oliveira. Amanhã, estará na (sua) cidade do Porto, em Serralves

José Manuel Ribeiro/Reuters
Jonathan Romney compara Oliveira a Tolstoi: "Mas Tolstoi não é tão divertido"

Críticos internacionais e um realizador português falam daquele que dizem ser um dos maiores cinestas do mundo

11.12.2008 - 09h33 Kathleen Gomes

“Estamos habituados à frase Manoel de Oliveira é um dos maiores cineastas do mundo”, não estamos habituados à frase “Manoel de Oliveira é o maior cineasta do mundo". O autor é francês – se calhar, só a crítica francesa, decisiva no processo de reconhecimento de Oliveira, teria autoridade suficiente para afirmar uma coisa aparentemente tão audaz. E ela não é de agora, quando, apesar de tudo, seria mais fácil proclamá-lo – cem anos são cem anos, a vénia é recomendável. Frédéric Bonnaud, ao telefone a partir de Paris, garante que nem sequer estava a ser irónico quando escreveu isso. “É uma graça, mas é real.

Serge Daney, um grande crítico francês, costumava dizer, quando encontrava Oliveira, “eis o maior cineasta do mundo”, e Oliveira ria-se. A questão é que Daney acreditava mesmo nisso. E eu também.”

Foi o que levou o PÚBLICO a contactar críticos, exegetas e programadores da obra de Oliveira nos Estados Unidos, Espanha, Reino Unido e Portugal: o que é que encontram de particular no cinema do realizador português, o que é que faz dele, senão o maior, um dos maiores cineastas do mundo? É preciso avisar que o Oliveira deles não tem nada a ver com o senso comum – as descrições sobre as quais se metem de acordo são coisas como “ultracontemporâneo”, “lúdico”, “aventureiro” – mas também são espectadores incomuns, isto é, viram (e, nalguns casos, mais do que uma vez) a totalidade, ou quase, dos filmes de Oliveira.“É muito fácil explicar por que é que ele é o maior cineasta do mundo”, diz Bonnaud. “O cinema, mesmo quando é um grande cinema feito pelos maiores cineastas, obedece a um certo número de regras que são intocáveis.

O que é fascinante em Oliveira é que ele não respeita regra nenhuma. É alguém que opera quase como se não tivesse havido cinema antes dele – é preciso inventar ou reinventar tudo. É como um primitivo italiano que tem de inventar a pintura porque ela não existe antes dele ou como Jean Dubuffet ou Picasso, que não se contentam com os códigos da pintura, mas que a querem reinventar o tempo todo.”“Manoel de Oliveira é a mais bela anomalia do mundo”, escreveu Bonnaud em 2000, num texto para um catálogo do Festival de Turim sobre o realizador, e era, evidentemente, um elogio. Aí, o crítico francês demonstra como Oliveira não faz nada como ninguém.

“Não existem cinco cineastas que sejam tão livres assim”, diz Miguel Marías, ex-director da Cinemateca Espanhola, figura tutelar da crítica em Espanha (e irmão do escritor Javier Marías). “A única certeza que se pode ter é que cada filme seu será uma surpresa: nunca é convencional, é sempre atrevido”, escreve, por mail.

Sim, Oliveira faz cem anos, mas para lá de tudo aquilo que é imediatamente impressionante nessa longevidade, o mais admirável é o que fez com ela, o “desprendimento e a liberdade que esse trajecto lhe dá”, como assinala o realizador João Mário Grilo, uma das pessoas que em Portugal mais consistentemente têm escrito sobre a obra dele. “O Oliveira tem essa coisa de não ser um clássico – é um cineasta com cem anos, mas não é um clássico. Está permanentemente a criar um efeito-surpresa, é capaz de fazer um filme mínimo a seguir a um filme máximo. Aliás, costuma fazer isso.”

À frente do cinema actual o leitor já percebeu: Oliveira é um caso à parte no cinema. Mas essa dissidência, fundadora de tantos equívocos e da divisão que existe sobre a sua obra, não é programática (no sentido de deliberada) ou puramente excêntrica, nem existe para contrariar as plateias (como, por vezes, os portugueses parecem pensar do seu cinema). As razões para isso derivam do facto de ter começado a filmar numa altura em que o cinema estava no começo, antes de muitas das inovações que viriam a transformá-lo (isso confere-lhe uma inteireza: “é como no cinema de John Ford, o mais importante são os valores que se desprendem do filme”, assinala Grilo), do seu invulgar percurso (as paragens “forçadas”, durante a ditadura; e o crescente ritmo criativo das últimas duas décadas).João Mário Grilo nota, por exemplo, que um filme como Amor de Perdição (1978), objecto de escândalo à época, surgiu num contexto pós-Revolução, e era radicalmente diferente do cinema militante que estava a ser feito à altura. “De repente, o filme parece totalmente deslocado dessa ‘moda’. Ele apresenta uma certa retoma dos sentimentos num momento em que isso parece totalmente fora da ordem do dia. A grande questão do filme é se se pode amar, ainda, assim – a tal ideia do amor de perdição.

”Jonathan Rosenbaum, decano da crítica americana, diz que Oliveira “está à frente de muito do cinema que é feito hoje”. Grilo, novamente: “É muito mais fácil, daqui por 20 anos, as pessoas enfardarem-se com o Bergman do que com o Oliveira. Bergman é alguém muito mais comprometido com o seu público”, porque os seus filmes, genericamente falando, lidam com “temas existenciais” que correspondem às preocupações da sua geração.“Oliveira nunca está a trabalhar para um público”, distingue Grilo, e esta afirmação não deveria ser objecto de indignação – ninguém se escandaliza que Van Gogh não tenha pintado para um público (o que é inseparável da sua grandeza).

“Uau, de onde vem isto?”O primeiro filme de Oliveira que o britânico Jonathan Romney viu foi Non, ou a Vã Glória de Mandar (1990). “Não sabia como classificá-lo. Não sabia se pretendia ser kitsch, se era satírico, ou até que ponto jogava com as convenções do cinema. Os filmes dele confundem as expectativas.” O artigo que Romney assina na revista Sight & Sound deste mês, a propósito do centenário de Oliveira, é, no fundo, a recensão de um óvni – o texto é pródigo em adjectivos como “estranho”, “escorregadio”, excêntrico”, “obscuro”, “bizarro”.

O cinema de Oliveira, diz Romney ao telefone, “é um género em si mesmo”.Richard Peña, programador do New York Film Festival e um dos grandes divulgadores de Oliveira nos Estados Unidos – foi ele que organizou a primeira retrospectiva americana, “Manoel de Oliveira é a mais bela anomalia do mundo”, escreveu Bonnaud em 2000, no catálogo do Festival de Turim sobre o realizador, e era, evidentemente, um elogio em Chicago, em meados da década de 80 – reconstitui a primeira impressão que os filmes dele lhe causaram. “Apesar de ser um filme europeu, o efeito foi de estranheza. Os filmes estrangeiros em geral são muito diferentes do cinema americano, mas o Oliveira parecia vir de outro lugar e de outro tempo, quase. É como se a história do cinema tivesse tomado outro rumo. Os seus filmes parecem mostrar-nos o que é que o cinema seria se tivesse escolhido a via do teatro em vez da literatura.

”Randal Johnson, professor de Literatura Luso-Brasileira na Universidade da Califórnia (UCLA) e autor do único livro em inglês sobre Oliveira, publicado em 2007, conta: “Nós abrimos uma retrospectiva aqui na universidade com Viagem ao Princípio do Mundo e a reacção das pessoas foi: ‘Uau, de onde é que isto vem?’ Elas saíram dali com vontade de ver mais filmes dele.”Oliveira é um autor praticamente confidencial nos Estados Unidos, Reino Unido e Espanha, um realizador com seguidores nos circuitos cinéfilos e minorias exíguas (Rosenbaum nota a existência de um culto recente de “filmes exigentes” na Internet, nos blogues) – excepto em França, onde, como assinala Bonnaud, o facto de se ter associado a actores conhecidos como Catherine Deneuve, Michel Piccoli ou John Malkovich, lhe permitiu “tocar um público mais amplo”.

Miguel Marías nota que ele é, hoje, um cineasta mais divulgado do que há 20 anos, ou seja, a probabilidade de um crítico espanhol ter contactado com a sua obra é maior, mas isso significa que “juntamente com os cinéfilos e críticos que o admiram, agora há os que viram algum filme e o detestam”. “Oliveira ainda está a ser descoberto”, diz Romney. “E vai continuar a ser descoberto.” Não é só no Reino Unido – em Portugal também. “Não sei com quem compará-lo. No cinema não há ninguém. Na literatura, há o Tolstoi, que também tem uma produção inesgotável. Mas Tolstoi não é tão divertido”, afirma Romney.E não é humor britânico.

*Extraído do jornal Público

o decreto comentado, por ssru


“Porque esperam, meus senhores?” é uma pergunta legítima que fizemos no artigo anterior, mas com dupla intencionalidade, porque perante tanta ferramenta para trabalhar interrogamo-nos porque é que tão pouco fizeram; e por outro lado também sabemos que vos falta o principal, aquilo que falta a (quase) todos: o dinheiro, o capital (com implicações no capital humano)… que tarda a chegar, e cuja ausência ninguém admite ser o grande obstáculo, para não ferir as susceptibilidades de quem tem a obrigação de abrir os cordões à bolsa.
Pois é, no vosso caso, Porto Vivo SRU, estamos a falar do IHRU e da CMP, que como accionistas têm essa obrigação, numa responsabilidade partilhada em 60% e 40%, respectivamente.
Não deixa de ser caricato que a ”jóia da coroa” da política de reabilitação da Baixa da Cidade ande a penar, à espera dos milhões do empréstimo que o IHRU fez ao BEI e da aprovação dos projectos candidatos ao quadro comunitário do QREN. Pois é meus senhores, quanto custa por ano a Porto Vivo e donde vem o dinheiro que a sustenta?

Mas vamos ao decreto. Este tema da Reabilitação Urbana não é seguramente recente nem brotou do nevoeiro com a aparição da Lei 106/2003, de 10 de Dezembro, ou do Decreto-Lei 104/2004, de 7 de Maio.
Se recuarmos cerca de um século, já o ‘Regulamento de Salubridade das Edificações Urbanas’, aprovado pelo Decreto de 14 de Fevereiro de 1903, concedia poderes de fiscalização administrativa das edificações urbanas, às câmaras municipais. O que para a época era extremamente avançado e já demonstrava profundas preocupações.
Quase meio século depois o famoso ‘Regulamento Geral das Edificações Urbanas - RGEU’, Decreto-Lei n.º 38 382, de 7 de Agosto de 1951, previa a possibilidade das câmaras municipais determinarem a execução de obras nos edifícios.
Posteriormente, a Lei n.º 2088, de 3 de Junho de 1957, veio estabelecer os parâmetros legais em que o proprietário (senhorio) podia denunciar o contrato de arrendamento para aumento da capacidade do prédio ou, para uma eventual demolição, por motivos de falta de segurança e degradação.
Recentemente o ‘Regulamento Jurídico da Urbanização e Edificação - RJUE’, Decreto-Lei n.º 555/99, de 16 de Dezembro, inserido na Secção IV (Utilização e Conservação do Edificado) do Capítulo III (Execução e Fiscalização), mesmo na sua última versão, confere às respectivas e competentes câmaras municipais a determinação de obras, vindo a responsabilizar de forma ‘qualificada’ os próprios proprietários.
Com efeito, bem vistas as coisas, o DL 104/2004 vem criar no ordenamento jurídico português um regime jurídico excepcional de reabilitação para as zonas históricas e para as ACRRU’s, “cujas conservação, recuperação e readaptação constituem um verdadeiro imperativo nacional“. Sem dúvida um instrumento em toda a linha inovador.
Num primeiro momento porque responsabiliza - no quadro dos poderes públicos - cada município, pelo respectivo procedimento de reabilitação e, por esse motivo, vem agora conceder aos municípios a possibilidade de constituírem as sociedades de reabilitação urbana.
Contudo, num segundo momento reafirma um eterno princípio de incumbir aos legítimos e legais proprietários (senhorios) o dever de reabilitar os respectivos imóveis. Estes vêem salvaguardados os seus respectivos direitos, como o direito de preferência caso o imóvel possa ser colocado à venda.
Ao mesmo tempo a reabilitação urbana, revela-se um mercado extremamente apetecível para promotores privados dinamizarem a sua actividade, pese embora a escolha do parceiro privado tenha imperiosamente e de forma inevitável que ser feita por concurso público.
Por último, o diploma não se limita a efectuar uma intervenção de cariz urbanístico. É aqui que consideramos ter ido mais longe nos seus propósitos, consciente da necessidade de maior celeridade procedimental. Procedeu a alguns reajustamentos como: procedimentos simplificados, prazos legais mais curtos e o recurso sistemático à figura do deferimento tácito.
Apesar de todas e quaisquer operações de reabilitação a realizar quer em Zonas Históricas quer nas ACRRU’s se revestirem sempre de interesse público urgente, às questões jurídicas devemos juntar outras que devem igualmente suscitar o maior interesse como as questões técnicas e construtivas.
Para além de dinamizar e constituir uma nova aposta no sector da construção, a reabilitação urbana veio criar novas exigências aos arquitectos, engenheiros, empreiteiros e demais profissionais envolvidos no processo e a todos se exige uma maior qualificação profissional.
* Post extraído do Blogue ssru.sociedade secreta de reabilitação urbana

10 dezembro, 2008

O manguito de Manoel de Oliveira

Como portuense, sinto-me orgulhoso de ter Manoel de Oliveira como conterrâneo. Como espectador de cinema, confesso nunca ter visto um filme dele, desencorajado que me sinto por alguns extractos que me pareceram fora daquilo que aprecio no cinema. Defeito meu com certeza. Abro excepções para aquele fabuloso documentário Douro Faina Fluvial, e também para o Aniki-Bobó. Mas não pretendo comentar os méritos de MO como cineasta. Quero é referir a sua incisiva recusa em receber as chaves da cidade que Rui Rio pretendia entregar-lhe, em gesto que reputo de oportunístico folclore político. Gostei especialmente quando MO faz uma distinção entre os portuenses, isto é aqueles que têm raízes biológicas ou afectivas na cidade onde ele nasceu, onde vive e que ama, e de quem aceitaria homenagens, por oposição à "a pessoa que gere a casa dos portuenses" que, presume-se não é portuense, e de quem tem recebido "ofensas e provocações". Em cheio, mestre Oliveira!

Alameda das Antas

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A bandalhice agudiza-se!

Quem, depois do que se passou sexta-feira na Assembleia da República, ainda tiver confiança na qualidade dos políticos portugueses," que o diga já, ou se cale para sempre". Por razões de economia temporal, agradecemos que se identifiquem. É sempre útil sabermos com quem não podemos contar.

Há quem insista na fatalidade da Democracia, na impossibilidade de criar um novo regime, mais fiável e humanizado. Não sou tão céptico. Acredito sim, que haja quem esteja interessado em manter tudo na mesma por simples comodismo ou medo da mudança. Eles lá saberão por quê, o que não podem é pensar que estão a dar um bom contributo para alterar as coisas.
Eu já não sei, que outros "exemplos" teremos de ser obrigados a suportar dos nossos "ilustres" deputados, para que as pessoas recuperem a capacidade de se indignarem. Não faço ideia.


Regimento da Assembleia da República

É o regulamento interno da Assembleia da República, aprovado por resolução, onde estão previstas todas as regras relativas à sua organização, funcionamento e formas de processo para o exercício das competências previstas na Constituição. Compete à Mesa interpretar o regimento e integrar as lacunas.

(Fonte: Wikipédia)


Nota de RP:

Pronto, já sabemos o que é o Regimento da Assembleia da República, que o Regulamento existe. Agora, vamos ao que interessa. Para que serve o Regulamento, se é perfeitamente imprestável, se é mera figura retórica escrita? Para que serve?

09 dezembro, 2008

Miolo do velho casario

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Dragão,património do orgulho tripeiro

Ao contrário da estrutura da (actual) CMP, a organização do Futebol Clube do Porto, não sendo perfeita (e qual é?), funciona bem. Estas duas instituições do burgo, outrora amigas e cumplíces em iniciativas e afectos, estão hoje de costas voltadas, resultado de uma queda paraquedista na cidade do Porto, do actual Presidente da Câmara e da sua política completamente desastrada.
Oito anos decorreram, e, como previa, a cidade nada ganhou com a gestão de Rui Rio. Pelo contrário. O Porto definhou, tornou-se mais triste, sombrio, tímido e pouco ambicioso, à imagem do seu edil.
As excepções, devem-se à iniciativa privada que, apesar das crises (ainda não descobri onde acabou a primeira e todas as que lhe sucederam), lá vai procurando remar contra a maré e mexendo com a cidade. Isto, passa-se também, em termos de reabilitação urbana. Pelo que consegui apurar, através do trabalho efectuado para o blogue As Casas do Porto, onde vou retirando alguns registos de imagem, a SUR continua a "trabalhar" a passo de lesma e só agora, com a aproximação das eleições, é que começa a fazer aquilo que devia ter feito há 8 anos atrás. Mesmo assim, o que conseguimos verdadeiramente descortinar, são os andaimes e os painéis a tapar o casario, e não, gente a trabalhar efectivamente nas obras...

Coincidência, ou não, o facto é que Rui Rio com o seu anti-portismo primário, deu um grande contributo (ou pelo menos, "abriu o caminho") para o arranque da caça às bruxas que foi levada a cabo pelo governo centralista e suas instituições a Pinto da Costa e ao FCPorto. Com a sua atitude (de desprezo e provocação ao clube portuense), Rui Rio transmitiu um recado que Lisboa interpretou como um sinal de ordem para avançar, e foi o que se viu. Suspeições atrás de suspeições sobre o Presidente do Clube, com todos os prejuízos que tal acarretou para a imagem do clube e da própria cidade, quer desportiva, quer financeiramente, para chegarmos à conclusão que a montanha pariu um rato... Rui Rio, pode bem limpar as mãos a esse trapo. Provavelmente, e ao contrário do que imaginou, vai-lhe custar o acesso ao lugar cimeiro (Presidente) do PSD.

Como dizia há dias o amigo Rui Farinas, em conversa pessoal, realmente, os portuenses só podem ser masoquistas se voltarem a reeleger para a Câmara do Porto o actual Presidente. Eu concordei com ele. Mas, pensando melhor, caso tal venha a acontecer, não será também uma consequência perversa da imigração quando uma cidade se abre para o "Mundo"? Exceptuando os lambe-botas do costume, os amiguinhos de conveniência partidária, que vendem a alma (e a cidade) ao diabo só para continuarem ligados ao Poder e ao tradicional tacho, suspeito que o principal eleitorado de Rui Rio seja efectivamente tripeiro.

Talvez seja, sim, um eleitorado "portuense", com pouca tripa, e muita alface.

08 dezembro, 2008

Hipocratocracia, o nosso regime

Por tradição, ou questões genéticas, este país, dá-se muito mal com o rigor e com a integridade. Para nosso desgosto, esse, não é o seu único defeito, nem o pior de todos: acrescenta-lhe sempre um ponto (como quem conta um conto). Só que esse ponto acrescido, está longe de se parecer com a cereja que alguém coloca no bolo para o embelezar; mais se assemelha ao dejecto sobre outro dejecto. Neste país, poucos assumem o que realmente são. Aqui, rouba-se, desvirtua-se, mente-se e no fim, reclama-se tratamento respeitável, quase reverencial.

Sendo assim, de futuro, veremos se consigo adjectivar com rigor algumas expressões que me parecem completamente deslocadas da sua significação original, mais que não seja para não me transformar em mais um contribuinte acéfalo da vigarice institucionalizada.

Alguém disse um dia (não sei quem foi), ser necessário inventar palavras. Eu também acho. Não sei é se terei de pagar direitos de autor pelo "invento" que se segue já que não disponho de dados para tal, mas se assim for, o eventual lesado ou lesada, só tem é que apresentar o respectivo registo da patente...

Decidi portanto, votar num nome mais apropriado à realidade nacional: Hipocratocracia! Ou seja, um regime político governado com base na hipocrisia e nos hipócritas que o sustentam. Alternativamente, também o podíamos designar por Falsocracia, mas este nome já soa a coisa mais populista, mais susceptível...
Com esta "revolução" gramatical, já não temos tantos motivos para nos indignar-mos pelas poucas vergonhas rotineiras de quem devia ser exemplar e não é, nem com o nosso próprio grau de exigência cívica. Vamo-nos assim entretendo, rindo, contando umas anedotas sobre o savoir faire privado dos nossos "mandantes", com a vantagem estratégica de evitarmos úlceras ou doenças cardíacas, libertos da ideia assassina de que, de facto, vivemos numa Democracia.


A Democracia é um mito. Ponto final.