12 dezembro, 2008

Links e opiniões «populistas»

Rio não fala de almoço de Manoel Oliveira com autarca de Lisboa


Acho muito bem. O calado, é o melhor. É apenas, mais um pequeno «equívoco», do autarca local...
Diz o comunicado do Município portuense que na presidência de Rui Rio, é costume entregar as chaves da cidade a figuras emblemáticas da mesma, apresentando os casos de Augustina Bessa Luís e de Siza Vieira, pelo reconhecimento (cito) do respectivo prestígio nacional e internacional.
Obviamente, depois disto, vem-nos logo à memória o caso de Pinto da Costa e do Futebol Clube do Porto, que a avaliar pela forma como foram (des)tratados, aquando da chegada do edil à Câmara, dificilmente terão direito a tal reconhecimento, apesar da visibilidade que tem o futebol, e do factual prestígio que goza o clube portuense a nível mundial.
Provavelmente, hoje, a Rui Rio, não faltará vontade (política) para dar a mão à palmatória e homenagear também o clube portuense e seu responsável máximo (porque ele até sabe que a merecem), mas depois da bofetada de luva branca dada por Manoel de Oliveira, agora é que tal gesto de humildade se lhe tornou impossível. Também acho "coerente".


Vamos discutir os deputados

(artigo de opinião de Pedro Ivo Carvalho,JN)

"Os portugueses são particularmente ágeis em ditar sentenças. E então quando na cadeira do réu está a classe política batem a própria sombra* em rapidez".

Peguei nesta frase porque me parece a que melhor retrata o conservadorismo regimental dos jornalistas. Quase sempre, dão uma no cravo e duas na ferradura, e, não sendo propriamente inábeis a manobrar as palavras acabam muitas vezes por deixar um rasto de credibilidade nos artigos que publicam. Foi este o caso, e a interpretação que fiz do que li. Gostei, mas no fim, senti o sabor amargo de alguma incoerência, ou melhor, de algum receio do jornalista de chamar (como diz o povo) "os bois pelo nome", de, eventualmente, ferir a susceptibilidade de quem, lhe garante o emprego.
Enfim, há sempre uma palavrinha algo moralista pelo meio, não vá o povão levar à letra a indignação crescente (e justificada) que sente pelos péssimos exemplos da classe política. Assim, o senhor jornalista vai-nos "recomendando" sensatez, alguma dose de "doçura" crítica, e sugere que não caiamos na tentação de pensar que "as dezenas de deputados que faltaram, há uma semana, à votação de uma proposta do CDS/PP que recomendava a suspensão do processo de avaliação dos professores são retrato fiel e acabado da mole que se senta no hemiciclo. Porque não são". Logo a seguir, contudo, diz que esse fait-divers (palavras de Mário Soares) a que ele chama drama, acontece, por culpa própria da classe política (sic).
Depois, fala das declarações infelizes do deputado Guilherme Silva e das merecidas reacções da opinião pública. Depois ainda, diz-nos que a ética não se impõe, ou se tem, ou não se tem, não vão lá por decreto. Para concluir, mais adiante, questiona para que servem os 230 deputados da AR e quem é que eles representam?
O que é curioso, é que este artigo de um profissional da comunicação social, pouco mais faz do que eu e outros cidadãos fazemos, regularmente, ou seja, questionar quase tudo. Por quê? Porque, de facto, aqui, em Portugal, quase nada funciona bem e nós pouco mais podemos fazer do que observar e praticar o tradicional desenrascanço para resistir à inépcia governativa e sobreviver-lhe.
O problema, é que o articulista questiona muito e reclama pouco. Não consegue ser afirmativo nem solicita reformas efectivas, a começar pela exigência imediata de um maior e mais eficaz controle do eleitorado face ao poder político que o «representa» para assim poder lidar eficientemente, com estes abusos, estas cenas de meninos colegiais a quem o papá, endinheirado, assegura a conclusão do curso académico, mesmo que seja burro e preguiçoso!
Sejamos sérios, e esqueçamos o verniz: têm os nossos governantes revelado competência na gestão do país? Têm-se empenhado na solução concreta dos nossos sempre-eternos problemas, com trabalho e dedicação? É claro, é evidente, salta à vista que não! São ou não uns incompetentes? Em que ficamos? E, será sensato, respeitável, considerar populistas estas afirmações?
Pessoalmente, quero crer que nem todos serão iguais, mas não seria uma louvável atitude de solidariedade e dever cívico, que os políticos responsáveis denunciassem os colegas inúteis que lhes mancham a credibilidade e a reputação? Se eles não o fazem, como pode o eleitorado fazê-lo? Passando séculos a levantar interrogações, escrevendo em jornais e na blogosfera? Por que não se mostram incomodados e inconformados os "bons" elementos dos partidos com os "maus" exemplos dos seus colegas? Não será esta opção de silêncio ou alguma poeira para os olhos do povo com medidas avulsas e inócuas, uma implícita cumplicidade com os prevaricadores?
Sendo "consensual" que os tradicionais partidos de oposição (pequenos partidos) não são "credíveis" pela sua baixa expressão eleitoral, como poderemos nós contornar o problema, sem ser pela força da Lei? E a Lei, para vestir bem o seu fato, tem de cumprir com as consequentes penalizações dos prevaricadores, sejam eles quem forem, porque,os maus exemplos da classe política, dos homens do Poder, são os que mais facilmente são imitados pelo resto dos cidadãos. Não sendo assim, que respeito podem infundir às populações quando do topo do Poder saem exemplos como os que temos observado em anos sucessivos de suposta democracia? Ainda nos pedem discursos contidos? Esta gente a última coisa que merece é respeito.
A Democracia não existe, e andamos todos a assobiar para o ar, convencidos que não percebemos esta realidade sem darmos passos concretos para lhe dar vida e sentido. Isto de termos Liberdade para dizer o que pensamos, não chega, não governa famílias.
Senhores deputados "sérios", por favor, é mais do que tempo de mostrarem serviço, investiguem, apurem de facto responsabilidades e ponham, sem tardança, na rua, os malandros dos deputados que andam a gozar na nossa (e na vossa) cara impunemente. Ou preferem ter "amigos" (leia-se, colegas de partido) deste calibre?
Nesse caso, não se atrevam então a continuar a pronunciar a palavra "populismo", porque, em contra-ponto, a que me ocorre dizer reactivamente é: cadeia! Com V. Exs., lá dentro. O tempo necessário para despoluir a sociedade ingovernável que pariram.
* Por outras palavras: somos como o Lucky Luke. O que esperamos para deitar a mão aos irmãos Dalton do Poder?

Sem comentários:

Enviar um comentário

Abrimos portas à frontalidade, mas restringimos sem demagogia, o insulto e a provocação. Democraticamente...