02 maio, 2019

"PORTUGAL É O PAÍS MAIS CENTRALISTA DA EUROPA"


“Estamos num país que está tão inclinado para o litoral que qualquer dia se afoga"


O presidente da Câmara de Bragança afirmou que Portugal é "o país mais centralista da Europa" ao comentar a distribuição de fundos comunitários entre o litoral e o interior e ao pedir mais financiamento para a cooperação transfronteiriça.
"Estamos no país mais centralista da Europa e, com o Governo atual, estamos a assistir a uma toada centralista como nunca se viu", disse Hernâni Dias (PSD) que falava em Bucareste, na Roménia, onde decorre a 8.ª Cimeira Europeia das Regiões e dos Municípios.
O autarca de Bragança disse que, enquanto se fala na Europa de coesão territorial, "em Portugal, quando há uma transposição dessas políticas para o nível nacional, o que se verifica é que há um grande desfasamento e não se consegue promover a coesão territorial".
"Há um desfasamento porque o que tem acontecido em quadros comunitários é que há uma concentração de aplicação de recursos no litoral. Estamos num país a pender completamente para o litoral. Até costumo brincar e dizer que está tão inclinado para o litoral que qualquer dia se afoga", referiu.
O presidente da Câmara de Bragança deu como exemplo o mapa do futuro Plano Nacional de Investimentos (PNI) que tem em vista ações entre 2020 e 2030, apontando que "todas as infraestruturas, sejam rodoviárias ou ferroviárias, concentram-se no litoral", e vincou a necessidade de existir "muito mais financiamento para a cooperação transfronteiriça".
"A nossa fronteira com Espanha tem cerca de 1.200 quilómetros. Em cerca de 100 quilómetros está concentrada cerca de 90% da população. Isto mostra bem a necessidade de termos de investir na relação transfronteiriça", afirmou.
Outro dos exemplos dado pelo autarca de Bragança prende-se com o passe social e a diferença de verbas para as Áreas Metropolitanas do Porto e Lisboa em relação a outras regiões.
"Vão ser aplicados 104 milhões de euros na redução dos passes sociais em Lisboa e no Porto. Na Comunidade Intermunicipal Terras de Trás-os-Montes esse valor é de 175 mil euros. É vergonhoso quando temos territórios afastados da zona urbana e são os municípios que têm de suportar essas despesas", disse, acrescentando que o município de Bragança, para evitar que as concessões de meio rural para a parte urbana não abandonem o território, paga uma compensação anual de 180 mil euros.
"Não sentimos inveja de ninguém quando o dinheiro é aplicado, mas sentimos frustração. É pena que os Governos com uma atitude centralista vão buscar o dinheiro comunitário dos territórios onde ele efetivamente é necessário e depois vão lá sacá-lo e levam para o litoral", acrescentou.
Admitindo ser um convicto regionalista, Hernâni Dias disse ainda acreditar que "com um novo desenho a nível nacional" será possível a Portugal "ter uma outra capacidade de gestão e de influenciar de políticas" a nível europeu.
Quanto ao Brexit, lembrou o "impacto muito negativo na economia local e nacional" que uma saída da UE pode ter na "capacidade exportadora do país".
A Cimeira Europeia das Regiões e dos Municípios, que acontece de dois em dois anos, foi criada com o objetivo de garantir que os órgãos de poder local e regional contribuem plenamente para os debates mais relevantes na UE.
O Comité das Regiões Europeu, criado em 1994 na sequência da assinatura do Tratado de Maastricht, é a assembleia da UE dos representantes regionais e locais dos 28 Estados-membros, sendo atualmente composto por 350 membros efetivos, 12 deles portugueses.

Diário de Trás-os-Montes

Nota de RoP:

Como segunda cidade do país, o Porto não é a cidade região mais afectada pelo centralismo, mas é mesmo assim, muito prejudicada. Em certos aspectos é mesmo cobiçada pelos centralistas. De tal modo que durante muitos anos fartámo-nos de ouvir da boca dos centralistas a expressão "portocentrismo", que é muito injusta e inadequada. O Porto desenvolveu-se ao longo da História por conta própria e a "democracia" centralista só veio prejudicar-nos. Tendo a região norte, onde se inclui o Porto, um maior produto interno bruto do que em qualquer outra região do país é absurdo o argumento do portocentrismo. Para haver centralismo tem de haver poder político, e esse, como é óbvio, está todo concentrado em Lisboa.

01 maio, 2019

As tuas melhoras Iker Casillas! Tudo vai correr bem certamente

Caro Sr. Pinto da Costa, vivemos em democracia ou não? Responda se souber!

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Vi, e gostei da entrevista que Rui Cerqueira fez a Pinto da Costa na comemoração dos 125 anos do FCPorto.

Gosto de ouvir Pinto da Costa, a forma interessante como conta ocorrências antigas, e apesar de andar um pouco zangado com ele (quem lê o RoP sabe porquê), não sou capaz de o desrespeitar. Digo porque não concordo com a sua gestão, e explico. Disso, não abdico. Não gosto de calar o que penso, sobretudo quando se trata dos interesses do FCPorto. Não misturo dirigente, com clube. Ponto.

Da referida entrevista, ouvi-o a falar da ditadura, das consequentes manobras usadas pelo antigo regime, das artimanhas dos árbitros, da protecção dada ao Benfica que, tal como hoje, tornaram o clube de Lisboa uma espécie de santuário de batoteiros. Pinto da Costa realçou várias vezes a discriminação que era imposta ao FCPorto, e a lei da rolha que camuflava toda essa pouca vergonha. Até aqui, tudo dentro da realidade.

O que já me parece estranho (lá estou eu a melindrar os meninos sensíveis), é que P.C. não tenha aproveitado a oportunidade para dizer se acreditava no regime actual, se o achava democrático, ou não. Duvido que Rui Cerqueira se sentisse à vontade para lhe fazer tal pergunta, mas para mim foi essa a questão mais pertinente que falhou. E não devia ter falhado. E  por quê, perguntarão os leitores? Porque essa pergunta neste momento era fundamental fazê-la. Pinto da Costa é ouvido pelos portistas, mas também pelos anti-portistas, e o que ele diz é registado (para o bem e para o mal). Numa altura em que o Porto Canal e alguns dos seus colaboradores estão a ser censurados e silenciados, o FCPorto a ser chulado (é o termo) com multas por uma corja de corruptos e indigentes, não é aceitável calar o que não deve ser calado.  Pinto da Costa não pode dizer uma coisa e o seu contrário. É o seu silêncio que contraria a sua coerência. Falar do regime actual como se fosse democrático, e ao mesmo tempo não falar dos que o querem silenciar, é perder uma grande oportunidade de dar uma bofetada de luva branca ao Governo, e de defender o clube com dignidade. Não o fazendo, está a afectar a vida de quem o ajuda a ele e ao FCPorto.

Francisco J. Marques foi suspenso, desapareceu de cena, Diogo Faria está a ser perseguido, e o Pedro Bragança habilita-se a ser incomodado também. Só falta mesmo mandar fechar o Porto Canal. É caso para perguntar: e se isso acontecesse a SAD do FCPorto também ficava calada?

Não, não me peçam também a mim  que me cale por respeito a Pinto da Costa. Isto é que já não é respeitável.

PS: Outra questão: no cenário actual, será que os dirigentes do FCPorto têm motivos fortes par respeitar a Federação Portuguesa de Futebol, a Liga, e a Secretaria de Estado e Desporto? Pelas aparências dir-se-ia que sim. Essa, é outra coisa que não aceito. As entidades com cargos de alta responsabilidade só devem ser respeitadas se souberem merecer esse respeito. Para mim, estão a fazer o mesmo papel, ou pior, que os Calabotes do tempo da outra senhora. Mais do que uma convicção, é uma certeza.

29 abril, 2019

Porto cidade e Porto futebol, porque temem o poder político?


Quando um clube como o FCPorto, outrora bem gerido por um arguto presidente, actualmente incapaz de assumir as suas limitações físicas e intelectuais que já não lhe permitem manter o desempenho pretendido, e que ainda assim insiste em manter-se no cargo, esse clube arrisca-se a enfraquecer. Se juntarmos a isso a imaturidade de alguns sócios, que confundem ingratidão com a legitimidade de objectar a liderança (quando se justifica), teremos de concluir que é também a esses sócios que se devem os maus resultados dos últimos (4) anos, à excepção da época transacta. Seria até caso para lhes perguntar quanto tempo mais estariam dispostos a esperar  (perdendo) para se decidirem a tomar uma atitude.

Felizmente, como clube eclético que é,  o FCPorto vai-se safando com as modalidades. O andebol, o hóquei e (agora) o basquete, têm ultrapassado em qualidade (e êxito) o desporto principal que lhe deu nome, o futebol. Concorde-se ou não, é o futebol o desporto que gere mais receitas. Mas, para que isso continue a acontecer não podermos dar-nos ao luxo de arriscar mais o futuro.

Temos de voltar às boas e acessíveis contratações, como bem fazíamos no passado positivo de Pinto da Costa. Sem me alongar muito neste capítulo particular, há jogadores de qualidade técnica muito razoável relativamente baratos em clubes medianos. Por exemplo,vi-os a jogar no Rio Ave sexta-feira passada. Nós não temos grandes jogadores com capacidade técnica para ultrapassar com finta o adversário, é tudo mais em corrida. O Brahimi faz umas flores, mas não sabe tirar partido delas por não saber patilhá-las com os colegas no momento certo. Quando decide passar a bola já os adversários estão em cima dele. Por isso desperdiça muito do seu potencial. A verdade é que não foi por termos contratado jogadores vindos de fora que  ficamos mais fortes, e se falarmos dos preços é caso para perguntarmos quem ganhou mais com isso...

Mas esquecem que Pinto da Costa e a SAD tem outras obrigações, e essas também não têem sido muito bem geridas. Pelo contrário. Trata-se do Porto Canal. Por mais que Júlio Magalhães se esforce por enganar o espectadores, a programação tem vindo a decrescer em qualidade e quantidade. Quando anuncia novas programações já sabemos que vai tudo ficar na mesma. Quem pode ver uma melhoria quando se reduzem os telejornais de 3 emissões diárias para uma, e mesmo assim, para uma hora mais tarde, às 21H00? Fez um grande folclore anunciando programas regulares de debate sobre a regionalização, mas até agora só vimos dois ou três, se tanto. Técnicamente, há muitas gafes e se falarmos em repetições, o abuso é a estratégia escolhida. Nota-se claramente um vazio de liderança. Alteraram abruptamente os horários da programação e da informação sem terem o cuidado de avisar os espectadores. Enfim, é um Porto Canal à imagem do líder do FCPorto. Fraco.

Até o programa Universo Porto da Bancada foi dominado pelo poder de um clube corrupto e nem a disponibilidade e coragem do Francisco J. Marques estão a ser convenientemente apoiadas. Os programas que era suposto sair sempre às 3ªas feiras, ou porque o FCPorto jogava nessa noite, ou por nenhum motivo especial, começaram a rarear. E mesmo que se justifique a alteração de horário, é incompreensível que um programa de tal importância para os portistas não possa ser apresentado noutro dia. Nem há desculpa para alegarem excesso de programas porque se assim fosse era impossível passarem tantas repetições do mesmo programa (já contei cinco!). Para aqueles rapazinhos que pensam com os pés venham para aqui mandar bitaites, ou negar estas realidades factuais que, já sabem, levam a resposta da ordem, ou a resposta do silêncio.

Desta maneira, será muito difícil ao Porto Canal auto-gerir-se pelos seus próprios meios. A publicidade não é forte, e compreende-se porquê. Ninguém faz publicidade num canal com tão pobre programação. Os bons programas são poucos e quantidade também. Enfim, importa portanto não esquecer que até ver o FCPorto ainda é o principal accionista, logo, é responsável pelo seu desenvolvimento. Resumindo, nem um nem outro negócio transmitem bons sinais.

Para concluir, é inevitável fugir a esta realidade: se nem com um Canal de TV temos sido capazes para nos defendermos dos autênticos assaltos à mão armada da comandita corrupta e centralista, como e quando seremos?   Há que pensar com realismo, mas sem medos. 

Quando vejo clubes corruptos a ganhar jogos com a ajuda de árbitros mesmo depois de terem sido denunciados, olho para o meu clube, e para a minha cidade e fico sem compreender as causas para tanta submissão. Admito que ainda sejam resquícios do salazarismo. Não enfrentar o Governo (repleto de rabos de palha), só pode ter uma explicação: é porque se teme alguma coisa. Em silêncio.