10 janeiro, 2014

Porto, Gaia e Matosinhos ganham força com união

Aplaudo esta iniciativa de cooperação no estabelecimento de políticas de investimento para uma área mais alargada do que cada um dos municípios envolvidos, permitindo assim uma gestão mais racional, eficiente e eficaz dos recursos existentes.
Rui Moreira, Eduardo Vítor Rodrigues e Guilherme Pinto estão de parabéns e dão um grande exemplo a todos nós.
A competitividade das cidades e das regiões também se faz em colaboração, deixando de lado o paradigma da competitividade e a réplica de investimentos.
A cooperação e a repartição de recursos são a própria lógica dos movimentos regionalistas e descentralizadores, sendo que a Área Metropolitana do Porto é uma organização que há muito deixou de ser eficaz e fazer sentido.  
A regionalização é um processo de ganho de escala, intermédia entre o município e o país como um todo, por fazer mais sentido assim investir e depois gerir.
Regionalizar não é só um exercício puro de tirar poder acima, ao Estado Central,  para o dar abaixo, a outra entidade. É, sobretudo, e nos tempos que correm, “tirar” poder abaixo – aos municípios – para o dar a uma entidade acima – a região, uma associação de municípios – por uma questão de racionalização dos recursos públicos e eficácia na aplicação dos privados.
Este senhores Presidentes de Câmara estão a dar uma lição a quem verdadeiramente se preocupa com o melhor para Portugal.
Mas, como o tema é a candidatura a fundos comunitários, há três pontos que a mim me preocupam no caso da cidade do Porto.
Recordo, que seria tempo de começar a preparar a candidatura da reabilitação do Mercado do Bolhão aos fundos do Portugal 2020, que esperemos disponíveis no início do segundo semestre de 2014.
     1 -  Sobre  a reabilitação do Mercado Municipal do Bolhão, não é  para mim assim tão  líquido que a mesma só possa ser feita se existentes fundos comunitários, tendo como  a outra  alternativa a sua entrega a privados, mesmo que parcial, deixando os “frescos” de fora.
    Façamos contas. Afinal não é esse o lema da cidade, ou de um porto?
    Os fundos comunitários servem para melhorar a rentabilidade de um projecto , que deverá ser viável sem eles.  
     
    Para isso, basta saber qual o valor e o cronograma de investimento ,   bem como o número de lojas e de balcões de venda, antes e pós projecto, e respectivas rendas, actuais e previstas.

     
    A montagem de um projet finance passa por endogeneizar os projectos. Isto é, pagam-se com o “pelo do próprio cão”. Para isso, acrescem-se os custos com os prémios de  seguradoras, que cobrirão despesas acima do previsto e as receitas aquém do esperado.  

    Não há aqui surpresas.
    Os fundos comunitários a receber ao longo da realização do projecto, entretanto objecto da candidatura, abaterão ao valor da dívida contratada, que foi assegurada no pressuposto de não existirem estes apoios comunitários, e que é apenas garantida pelas receitas previstas da actividade do Mercado – certas, dada a intervenção da seguradora -, nunca pela hipoteca do imóvel.   
     
    2 – Mexe comigo, e mal, a ideia de que o ex-Matadouro de Campanhã seria mais um depósito, agora logístico para PME's, ou seja, mais um mercado abastecedor junto do outro. Camiões, camionetas e carros a andar de um lado para o outro. Não estou a perceber muito bem o que se ganha na cidade com uma "nova Varziela". Rui Moreira tem demonstrado capacidade para muito melhor.
    Já chegava a  ideia  do parque das auto-caravanas no Parque Oriental.  
    Campanhã é a sede e o estádio do FC Porto. É empreendedorismo, liderança, risco e arrojo.
    Chega da ideia de depósitos de mercadorias, de dormitório, de ponto de partida e chegada  de trabalhadores para Lisboa. Ainda se fosse para Vigo, também … 
    Campanha exige um esforço para uma nova centralidade, própria , um parque empresarial.
     
    3 -  Uma parceria que também falta, com Gondomar, ligada à falta de visibilidade do Parque Oriental do Porto, que só encontro explicação porque quem tem sido responsável, seja da Câmara, seja de quase todos os Institutos e Empresas da cidade, só conhecer um dos lados da cidade.

    Falta uma simples sinalização adequada para encontrar a entrada do próprio parque.
    Assumo, nasci em Campanhã e tenho dificuldade sem saber onde é a porta de entrada.
Sopram bons ventos do Grande Porto.
Saibamos colaborar, apoiar, fazer.
Let's do Porto, Gaia, Matosinhos.
José Ferraz Alves

05 janeiro, 2014

Ainda sobre o portocentrismo

Não, não é da morte de Eusébio que vos quero falar, embora a lastime, naturalmente. Todas as mortes são lamentáveis, e esta não foge à regra, de mais a mais tratando-se de um dos melhores jogadores naturalizados portugueses (Eusébio era de origem moçambicana) que jogaram em Portugal. E por aqui me fico, deixando à imprensa reacionária do  país a responsabilidade de transmitir as condolências ao ritmo da maratona.

Quero falar justamente de temas que poderão contribuir para a abolição do totalitarismo mediático e reaccionário que acima citei e que se reinstalou em Portugal  depois do 25 de Abril. Um desses temas, é o da luta que é preciso reforçar contra o centralismo, e contra os obstáculos que todos nós nortenhos, devemos procurar transpor para que esse desiderato seja atingido sem mais delongas.

Há dias, transcrevi aqui um artigo de José Mendes sobre o Portocentrismo que foi seguidamente comentado por mim e mais tarde também abordado no último programa do Porto Canal "Pólo Norte", o que significa que nem tudo o que se escreve no Renovar o Porto é ignorado.

Nesse comentário referi a minha concordância com o autor do artigo da necessidade de Rui Moreira dever alargar a chamada Frente Atlântica a outras cidades do Norte, mas discordei da sua conclusão, que acusava as 3 autarquias (do Porto, Gaia e Matosinhos) de uma estratégia planeada tendo em vista a obtenção de vantagens nos fundos europeus destinados ao Norte. Admito que o problema seja da minha boa fé e que José Mendes visse nessa iniciativa uma conspiração portocentrista, mas não creio que Rui Moreira, assim como os autarcas de Gaia e de Matosinhos, tenham  tido uma visão tão redutora de uma frente de carácter político e regional com as ambições que o Norte precisa. Suponho mesmo, que ninguém (nem os mentores) conhece exactamente os objectivos da Frente Atlantica, por isso me limitei a realçar o espírito congregador da iniciativa e a avaliei como um primeiro passo no sentido de "muscular" (sem assustar) as autarquias mais próximas para futuras batalhas com o poder central e ao mesmo tempo como uma forma de facilitar a resolução de problemas comuns às 3 autarquias. 

É sempre preferível dar um passo, do que não dar passo nenhum, excepto se esse passo nos conduzir a um abismo (o que não me parece ser o caso)... Sempre que oiço alguém dizer que "ainda" não é oportuno criar a Regionalização, já sei que essa pessoa não a vai querer nunca, e o tempo vem-me dando razão.

Com estas ciumeiras, ou suspeitas [não entendo bem], é que não se chega a lado nenhum. Análises precipitadas sobre "centrismos" podem-nos levar ao papel mesquinho de invejar o carro do nosso vizinho, e dividem-nos. Para os nortenhos, o primeiro passo terá de passar por unir todo o Norte em torno de um objectivo comum. Repito: é preferível dar um passo de cada vez do que não dar passo nenhum. O Norte precisa de coesão, de construir um ideal colectivo, precisa de bairrismo mas não de um bairrismo paroquial e divisonista, mas sim de um bairrismo unitário e profundamente regionalista.

Além de mais, a questão que coloco é esta: se há dúvidas, por que é que não se procura dissipá-las junto dos visados? Meus senhores, dialogue-se, proponha-se, esclareça-se, construa-se, organize-se e evite-se a germinação de fracturas. Esse sim, tem sido o grande problema dos nortenhos em geral, e não exclusivamente  dos portuenses.