Aplaudo esta
iniciativa de cooperação no estabelecimento de políticas de investimento
para uma área mais alargada do que cada um dos municípios envolvidos,
permitindo assim uma gestão mais racional, eficiente e eficaz dos
recursos existentes.
Rui Moreira, Eduardo Vítor Rodrigues e Guilherme Pinto estão de parabéns e dão um grande exemplo a todos nós.
A
competitividade das cidades e das regiões também se faz em colaboração,
deixando de lado o paradigma da competitividade e a réplica de
investimentos.
A cooperação e a
repartição de recursos são a própria lógica dos movimentos
regionalistas e descentralizadores, sendo que a Área Metropolitana do
Porto é uma organização que há muito deixou de ser eficaz e fazer
sentido.
A regionalização
é um processo de ganho de escala, intermédia entre o município e o país
como um todo, por fazer mais sentido assim investir e depois gerir.
Regionalizar não
é só um exercício puro de tirar poder acima, ao Estado Central, para o
dar abaixo, a outra entidade. É, sobretudo, e nos tempos que correm,
“tirar” poder abaixo – aos municípios – para o dar a uma entidade acima –
a região, uma associação de municípios – por uma questão de
racionalização dos recursos públicos e eficácia na aplicação dos
privados.
Este senhores Presidentes de Câmara estão a dar uma lição a quem verdadeiramente se preocupa com o melhor para Portugal.
Mas, como o tema é a candidatura a fundos comunitários, há três pontos que a mim me preocupam no caso da cidade do Porto.
Recordo, que
seria tempo de começar a preparar a candidatura da reabilitação do
Mercado do Bolhão aos fundos do Portugal 2020, que esperemos disponíveis
no início do segundo semestre de 2014.
1 - Sobre a
reabilitação do Mercado Municipal do Bolhão, não é para mim assim tão
líquido que a mesma só possa ser feita se existentes fundos
comunitários, tendo como a outra alternativa a sua entrega a privados,
mesmo que parcial, deixando os “frescos” de fora.
Façamos contas. Afinal não é esse o lema da cidade, ou de um porto?
Os fundos comunitários servem para melhorar a rentabilidade de um projecto , que deverá ser viável sem eles.
Para isso, basta
saber qual o valor e o cronograma de investimento , bem como o número
de lojas e de balcões de venda, antes e pós projecto, e respectivas
rendas, actuais e previstas.
A montagem de um
projet finance passa por endogeneizar os projectos. Isto é, pagam-se
com o “pelo do próprio cão”. Para isso, acrescem-se os custos com os
prémios de seguradoras, que cobrirão despesas acima do previsto e as
receitas aquém do esperado.
Não há aqui surpresas.
Os fundos
comunitários a receber ao longo da realização do projecto, entretanto
objecto da candidatura, abaterão ao valor da dívida contratada, que
foi assegurada no pressuposto de não existirem estes apoios
comunitários, e que é apenas garantida pelas receitas previstas da
actividade do Mercado – certas, dada a intervenção da seguradora -,
nunca pela hipoteca do imóvel.
2 – Mexe comigo,
e mal, a ideia de que o ex-Matadouro de Campanhã seria mais um
depósito, agora logístico para PME's, ou seja, mais um mercado
abastecedor junto do outro. Camiões, camionetas e carros a andar de um
lado para o outro. Não estou a perceber muito bem o que se ganha na
cidade com uma "nova Varziela". Rui Moreira tem demonstrado capacidade
para muito melhor.
Já chegava a ideia do parque das auto-caravanas no Parque Oriental.
Campanhã é a sede e o estádio do FC Porto. É empreendedorismo, liderança, risco e arrojo.
Chega da ideia
de depósitos de mercadorias, de dormitório, de ponto de partida e
chegada de trabalhadores para Lisboa. Ainda se fosse para Vigo, também
…
Campanha exige um esforço para uma nova centralidade, própria , um parque empresarial.
3 - Uma
parceria que também falta, com Gondomar, ligada à falta de visibilidade
do Parque Oriental do Porto, que só encontro explicação porque quem tem
sido responsável, seja da Câmara, seja de quase todos os Institutos e
Empresas da cidade, só conhecer um dos lados da cidade.
Falta uma simples sinalização adequada para encontrar a entrada do próprio parque.
Assumo, nasci em Campanhã e tenho dificuldade sem saber onde é a porta de entrada.
Sopram bons ventos do Grande Porto.
Saibamos colaborar, apoiar, fazer.
Let's do Porto, Gaia, Matosinhos.
José Ferraz Alves