13 junho, 2008
Hoje é dia de futebol
O meu problema com Scolari, é outro, está para além da sua valia futebolística. O meu problema é que nunca lhe perdoarei o facto de ter desrespeitado e insultado a minha cidade e o seu mais lídimo clube representativo, por sinal o único em Portugal que tem expressão a nível europeu. Não uma mas repetidas vezes. Foi reincidente e por isso merece a condenação de todos aqueles que têm sentido de honra e que sentem esses insultos como se a si próprio tivessem sido endereçados. Nunca ninguém lhe ouviu uma palavra de desculpa, nem sequer uma tentativa de justificação. Mais uma razão para não merecer absolvição.
Mas atenção. Scolari começou a disparar em direcção ao Norte mal tinha desembarcado na Portela, o que indica claramente que alguém lhe encomendou o recado. Tenho fortes suspeitas em relação ao Sr.Madail e a parte do seu séquito. Por isso considero que enquanto não for feita uma limpeza na Federação, de cima a baixo, o trabalho não está acabado.
2 – Acabo de ver na TV notícias da Suiça relativas ao recurso do FCP. Ainda é cedo para gritar vitória, por muito que o resultado seja muito melhor do que aquilo que eu temia. Quero dizer que detestei o modo como Adelino Caldeira se comportou frente às câmaras da TV, com aspecto arrogante, mal disposto, inacessível, respondendo de má vontade às perguntas dos repórteres. Continua o que parece ser a política da SAD em relação aos adeptos do clube: “ não chateiem, aguardem e leiam depois nos jornais aquilo que nós, gente importante e esclarecida, decidimos fazer”. Para quem, segundo é voz corrente, é responsável por toda esta trapalhada ao não querer recorrer da decisão da Comissão Disciplinar da Liga, bem poderia ter uma atitude mais afável. Quando penso que é gente desta que dirige o clube, fico preocupado.
Uma última palavra para Hermínio Loureiro. Pelos vistos, forneceu importante arma ao Benfica, atestando que a decisão do Conselho de Disciplina da Liga já transitou em julgado. A que propósito o Presidente da Liga dá o seu aval a questões judiciais que não lhe dizem respeito e das quais é ignorante? Espero que, seja qual for a sentença final, o FCP não se esqueça disto, e que finalmente parta ao ataque e torne a vida impossível àquela nulidade que, já quando era Secretário de Estado do Desporto, deu sobejas provas da sua incapacidade.
12 junho, 2008
Manda quem pode e obedece quem deve
Não sendo jurista e nem tendo especial conhecimento dos factos, obviamente que nem me atrevo a emitir uma opinião devidamente sustentada, mas não posso deixar de exprimir dois comentários.
O primeiro, é que sou levado a pensar que este caso parece ser a continuação daquele bloqueio vergonhoso que Rui Rio pretendeu colocar na construção do estádio do Dragão e no PPA. Tudo leva a crer que a ânsia de protagonismo pessoal e o ódio ao FCP foram as motivações que o levaram a tomar as atitudes que tomou e que, mais do que prejudicar o FCP, prejudicavam a cidade que desgraçadamente o elegeu para presidente da edilidade. O seu interesse pessoal foi colocado à frente dos interesses da comunidade. É a isso que se chama honestidade a toda prova? Felizmente que os seus designios puderam ser ultrapassados, e hoje aquela zona da nossa cidade começa a tomar um cariz urbanístico que, motivações clubísticas à parte, só nos pode orgulhar, por muito que possa custar ao senhor presidente da câmara.
O segundo comentário que me ocorreu, acaba por ser "mais do mesmo". Refiro-me à enorme discrepância de tratamento dado a eventuais irregularidades resultantes da construção do estádio do Dragão, quando comparadas com a roubalheira pública com que foi beneficiado o Benfica para a construção do seu estádio. O FCP, através de dirigentes seus, vai a tribunal acusado de ter sido beneficiado no tratamento que lhe foi concedido pela câmara, só porque há desacordo na valorização das parcelas que foram permutadas. No caso do Benfica, os detalhes do acordo entre o clube e a câmara de Lisboa foram cuidadosamente ocultadas do grande público, mas felizmente um dia Miguel de Sousa Tavares conseguiu uma cópia desse contrato, que a câmara sempre se tinha recusado a lhe facultar. Deu-o então a conhecer no jornal desportivo onde colabora. Isto já foi há uns anos, mas lembro-me dos atropelos cometidos, dos favores ilegais concedidos ao clube, das infracções lesivas do interesse público. Em consequência, a EPUL, empresa municipal vocacionada para criar urbanizações, e com quem foi permitido ao Benfica associar-se, foi mungida como uma vaca leiteira. Era presidente da câmara lisboeta o Dr.Santana Lopes, o tal que continua a "andar por ai". O clube da "transparência" bem devia erguer-lhe uma estátua junto à do Eusébio.
Este é o "pão nosso de cada dia". Em Lisboa fazem-se todas as manigâncias que for preciso, mas tudo continua na santa paz do Senhor. No Porto, a propósito de tudo e de nada, polícia, inquéritos e tribunal com eles poque é gente de má raça e há que metê-los na ordem.
Faz parte da actualidade de hoje mais um exemplo desta dualidade. O Tribunal de Contas detectou inúmeras irregularidades no Metrro de Lisboa, nomeadamente na construção do troço entre o Terreiro do Paço e Santa Apolónia, além de um aumento de custo de 66% em relação ao orçamentado. As irregularidades são de tal monta que o TC diz que elas podem levar à devolução a Bruxelas de fundos já recebidos. O que vai acontecer à administração da empresa? Verão que nada, e o ministro Jamé continuará tranquilamente a tratar da sua vida.
Mas no Porto... bem, no Porto foi diferente. A propósito duma ultrapassagem de custos, esse mesmo Jamé surgiu como um arcanjo exterminador e, utilizando a espada da sua prepotência, simplesmente destituiu na hora a administração da Metro do Porto.
Colonizadores senhoriais, e colonizados servos da gleba ou, como se dizia na minha juventude durante o Estado Novo, "manda quem pode e obedece quem deve". Afinal há tradições que ainda são o que eram.
09 junho, 2008
Nota informativa
Amar o Porto sem tabus
Para reflectir: "O desamparao aprendido"
Os psicólogos Maier, Seligman e Soloman, publicaram em 1969 o resultado de uma experiência com animais. Estas hoje talvez sejam vistas como um tanto ou quanto cruéis, mas cá vão.
Nesta experiência foram usados dois grupos de cães, os animais de um grupo sofriam uma série de choques, mas podiam interromper a situação desconfortável se pressionassem um painel com o nariz. Os cães do segundo grupo sofriam um choque da mesma intensidade e duração, mas não tinham qualquer controlo sobre a extinção do choque.
Posteriormente os animais dos dois grupos foram colocados numa situação onde podiam escapar e evitar o choque saltando uma barreira entre dois compartimentos. Apesar da fuga e evitação serem agora possíveis para todos os cães, os investigadores verificaram que só os cães que antes eram capazes de interromper a situação de desconforto e tinham controlo sobre a situação conseguiram aprender a saltar a barreira e fugir aos choques. Os cães do segundo grupo, os que nunca tiveram controlo sobre a extinção do choque, saltavam, corriam, latiam quando sofriam o choque nos ensaios iniciais, mas a pouco e pouco deixaram de o fazer, permanecendo sentados ou encostados e recebendo passivamente os choques que lhes eram infligidos. Os animais passaram a agir como se qualquer resposta fosse inútil. Estava cunhado um novo conceito: o desamparo aprendido.
O desamparo aprendido também se verifica com os seres humanos. E embora a teoria se aplique fundamentalmente a indivíduos, parece-me que a sociedade portuense, no seu conjunto, se encontra neste estado psicológico: por muito que lhe batam, vilipendiem, ostracizem e discriminem, ela julga que qualquer reacção para se defender é ineficaz. Mas às vezes, inexplicavelmente, os desamparados explodem numa torrente imparável de raiva e violência.
08 junho, 2008
Precisa-se: Partido Regional com lider incluído
Não acredito que a grande massa do povo nortenho espontaneamente se mobilize para tomar o seu destino em suas próprias mãos. Será necessária a aparição de alguém que desperte entusiasmos, que congregue vontades, que acorde e conscencialize uma sociedade maioritariamente abúlica que mais não faz do que queixar-se, e que não teve ainda a lucidez necessária para identificar a origem dos seus problemas e para se empenhar activamente na procura das melhores soluções. A fraca adesão ao referendo de 1998 traduz precisamente uma apatia generalizada.
Onde estará o necessário lider? Nos políticos actuais, nem pensar. A grande maioria deles é a causa do descrédito generalizado da classe. Esta geração de políticos está "queimada" para todo o sempre. Eles sabem que ninguém os leva a sério, mas desde que se governem, querem lá saber...
Mas a política faz-se com políticos. Onde está então a nova geração capaz de limpar radicalmente esta desgraçada imagem da geração que está de serviço? As juventudes partidárias poderiam ser o alfobre dos novos políticos. Temo porém que desde pequeninos sejam "formatados" com o temor reverencial ao grande-chefe-que-distribui-as-benesses, numa espécie de novo reflexo de Pavlov: se não tocarem a sineta certa, perdem a sua vez de se servir do prato dos queijos, e bem podem então tratar de arranjar outro modo de ganhar a vida, provavelmente a trabalhar.
Há muito que acredito ser absolutamente necessária a criação de um partido regional. Um partido que provavelmente seguiria uma trajectória semelhante à do BNG galego. Apareceu de mansinho, quase clandestino, foi sendo capaz de passar a sua mensagem, convenceu os eleitores, e hoje, tendo batido os grandes partidos nacionais, governa a Galiza. O BNG é um partido que tem a sua lealdade focada nos compromissos com os seus eleitores, não com os maiorais que circulam nos gabinetes de Madrid, a maior parte dos quais, se calhar, nunca pôs os pés na Galiza.
Pois bem, acredito que a juventude que aderisse a esse partido regional, poderia constituir o embrião de uma nova classe de políticos. Primeiro, porque saberiam que num partido que não estava naturalmente vocacionado para o poder a nível nacional, a probabilidade de obterem benesses e sinecuras era baixa. Admito então que fizessem a sua adesão apenas com a vontade de serem úteis à sua região e ao seu povo. Em segundo lugar, porque acredito ser mais fácil criar laços afectivos com a nossa região do que com o chamado "nosso país" que é uma entidade que passou a ser abstracta desde que o centro de comando, localizado na capital, aboliu na prática o conceito de Nação através de políticas centralistas que dividiram a população em dois grupos distintos: os que se governam, ou colonizadores, que veem o seu nível de vida subir continuamente, e os outros, os colonizados, que veem a sua vida a andar para trás.
Será isto uma utopia, serei eu um sonhador? O futuro o dirá...