Os psicólogos Maier, Seligman e Soloman, publicaram em 1969 o resultado de uma experiência com animais. Estas hoje talvez sejam vistas como um tanto ou quanto cruéis, mas cá vão.
Nesta experiência foram usados dois grupos de cães, os animais de um grupo sofriam uma série de choques, mas podiam interromper a situação desconfortável se pressionassem um painel com o nariz. Os cães do segundo grupo sofriam um choque da mesma intensidade e duração, mas não tinham qualquer controlo sobre a extinção do choque.
Posteriormente os animais dos dois grupos foram colocados numa situação onde podiam escapar e evitar o choque saltando uma barreira entre dois compartimentos. Apesar da fuga e evitação serem agora possíveis para todos os cães, os investigadores verificaram que só os cães que antes eram capazes de interromper a situação de desconforto e tinham controlo sobre a situação conseguiram aprender a saltar a barreira e fugir aos choques. Os cães do segundo grupo, os que nunca tiveram controlo sobre a extinção do choque, saltavam, corriam, latiam quando sofriam o choque nos ensaios iniciais, mas a pouco e pouco deixaram de o fazer, permanecendo sentados ou encostados e recebendo passivamente os choques que lhes eram infligidos. Os animais passaram a agir como se qualquer resposta fosse inútil. Estava cunhado um novo conceito: o desamparo aprendido.
O desamparo aprendido também se verifica com os seres humanos. E embora a teoria se aplique fundamentalmente a indivíduos, parece-me que a sociedade portuense, no seu conjunto, se encontra neste estado psicológico: por muito que lhe batam, vilipendiem, ostracizem e discriminem, ela julga que qualquer reacção para se defender é ineficaz. Mas às vezes, inexplicavelmente, os desamparados explodem numa torrente imparável de raiva e violência.
09 junho, 2008
Para reflectir: "O desamparao aprendido"
Retirei da Baixa do Porto este belo texto que o António Alves por sua vez usou para reforçar a sua argumentação. Penso que é de leitura obrigatória (incluindo para os amantes de futebol) e que traduz de certa forma aquilo que está a acontecer com as nossas gentes.
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Eu, nós, já explodimos há muito.
ResponderEliminarUm abraço
O A. Alves não quer referir-se apenas à nossa capacidade de nos indignarmos, isso já o fazemos (pelo menos aqui, na blogoesfera), ele está a mandar a "mensagem" a outros senhores com mais responsabilidades cívicas e políticas que nós que andam a dormir na forma...
ResponderEliminarO recado é para todos, mas mais para esses de certeza.
Abraço
Eu já explodi umas quantas vezes.
ResponderEliminarSó tenho pena de não ter mais poder para fazer algo.