08 setembro, 2016

O cancro que democracias postiças não podem curar

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É um problema antigo, este. Na história de Portugal não consta uma única data, um espaço temporal que registe sequer um simulacro de descentralização. Só promessas, todas elas das mesmas fontes e com os mesmos obectivos: partidos políticos e engôdo para campanha eleitoral. 

Contudo, a Regionalização consta(v)a da Constituição da República Portuguesa de 1976 no "chato" artº. 256 que cedo (em 1997) foi adulterado na 4ª revisão constitucional nos seguintes pontos:

  1. A instituição em concreto das regiões administrativas, com aprovação da lei de instituição de cada uma delas, depende da lei prevista no artigo anterior e do voto favorável expresso pela maioria dos cidadãos eleitores que se tenham pronunciado em consulta directa, de alcance nacional e relativa a cada área regional.
  2. Quando a maioria dos cidadãos eleitores participantes não se pronunciar favoravelmente em relação a pergunta de alcance nacional sobre a instituição em concreto das regiões administrativas, as respostas a perguntas que tenham tido lugar relativas a cada região criada na lei não produz efeitos.
Destes factos, devemos retirar, pelo menos, duas ilações, sem grande margem de erro. A primeira, confirma que o regime português tem muito pouco de democrático, e a segunda diz-nos que o nosso povo é, na sua grande maioria, politicamente analfabeto e limitado intelectualmente.




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O orgulho "pátrio" fica-se por aqui...

06 setembro, 2016

O que é ser do Porto, hoje?


INFANTE D. HENRIQUE
O leitor, saberá responder?

Terão os portuenses de hoje a devida noção da importância do Porto na epopeia dos descobrimentos? Saberão, porventura, que as tripas à moda do Porto estão na origem dos descobrimentos, e que o seu mentor, o Infante D. Henrique, nasceu nesta cidade? Estarão ainda recordados que foi a cidade do Porto que deu nome a Portugal? Conhecerão por acaso que a fama de povo generoso lhe vem da disponibilidade espontânea de ter oferecido aos navegadores o melhor da carne dos animais, contentando-se a ficar com as vísceras (o cognome de tripeiros teve aí origem)?

Há uns anos atrás, diria que as respostas só podiam ser afirmativas. Hoje, face à inexpressividade social, cívica e política das suas gentes e de todas as classes, acho que os portuenses já nem sabem bem o que são na história deste país. Este povo generoso, distraiu-se tempo demais, permitiu que outros, através das novas tecnologias de comunicação, lhes impusessem os seus valores, a ponto de não perceberem que ao assimilá-los, estavam a esquecer os seus próprios valores. O Porto, deixou "fugir" para Lisboa as sedes dos seus jornais, dos seus bancos, das suas rádios, fábricas e empresas, com a colaboração de muitos portuenses, é preciso dizê-lo. 

O centralismo da era "democrática" foi, e é, mil vezes mais cínico que o do Estado Novo. Foi a política centralista quem ditou estas regras e "inspirou" os nossos empresários a obedeceram-lhe, indo ao cúmulo de terem de passar as sedes dos seus negócios para a capital. Foi por aí que os nortenhos, portuenses (ou não), começaram gradativamente a baixar a guarda, aceitando "normas" éticas e comerciais inaceitáveis para um país democrático.  A televisão fez - e continua a fazer -, o resto.

O Jornal de Notícias ainda existe, a sede ainda está no Porto, por agora... Mas a Administração está nas mãos de um advogado (Proença de Carvalho), sem qualquer conotação com a cidade, é quem mexe os cordelinhos nas decisões mais importantes. Tem como Director Geral Afonso Camões, outro desconhecido, um albicastrense que cedo tratou de centralizar o alinhamento editorial.   

Enfim, da generosidade dos portuenses sobra a lorpice. Nem no futebol sabem apoiar como outrora os seus clubes. Não se unem, lamentam-se em surdina. Não estão aburguesados, estão estupidificados por esse cancro repugnante chamado centralismo e vão na sua conversa, talvez por não terem outra para seguir. Os líderes do Norte abdicaram do estatuto em obediência ao dinheiro que, paradoxalmente, não lhes reforça o poder entre os outros poderes...

Será que os portuenses de hoje ainda gostam de tripas à moda do Porto, ou vão mais em caracóis..? 

Quem terá matado a alma desta nossa gente? Sabem? Será preciso fazer um desenho para que os tripeiros (todos) acordem e comecem a fazer estragos? Às vezes é preciso dar um grande berro.

PS-Falar destas coisas numa época em que a União Europeia parece uma barata tonta, parece descabido, mas não é. É prova de que os valores se degradam por ausência deles, em todo o mundo.

05 setembro, 2016

Os fogos do nosso calvário

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A imcompetência governativa também se mede por aqui

Segundo o JN e a RTP, há 100 câmaras com planos  contra incêndios para a floresta desactualizados, mantendo em vigor a cartografia e redes de defesa aprovadas pela Lei de 2006... Desses documentos, consta uma lista com as características dos territórios,  meios de combate (pontos de água, estradas e caminhos, e entidades envolvidas), incluindo limpeza das matas, planos de prevenção a incêndios, plantação de espécies autóctones que atrasam a propagação do fogo aberturas de faixas sem mato e a criação de zonas sem arvoredo junto de edificados (como casas, postes eléctricos e estradas).

Diz o presidente da Associação de Bombeiros que em matéria de incêndios, temos a legislação mais avançada do Mundo, mas que fica sempre no papel... Ah! Não nos diga uma coisa dessas! Que horror! Quem diria que num país tão amigo do ambiente e respeitador da Lei tal pudesse estar a acontecer! 

Falando sério agora, acho que ainda temos sorte pelo facto de o país não ter ardido por completo, mas já não deve faltar muito. Houvesse justiça divina, em vez das árvores, dos animais, era o Terreiro do Paço e quem tem estado ao seu serviço, que a esta hora deviam  ter esturricado. 

Assassinos.