30 novembro, 2018

A miragem centralista

Rosário Gamboa

O estudo demonstra algumas evidências, já conhecidas, conferindo-lhes suporte com base em dados sólidos e avança com outras de enorme relevância, devolvendo-nos a imagem de um país centralizado e desigual.

Uma das dimensões analisadas no estudo é a relação entre economia, população e qualificações. Não há, como o sabemos, desenvolvimento económico e capacidade competitiva no seio de uma economia do conhecimento global sem gente qualificada, pessoal e profissionalmente, tal como não há democracia.

O país fez nas últimas décadas enormes progressos no domínio da educação e do Ensino Superior. Este é um facto que nos orgulha e deve ser reconhecido. Mas há, também, nesta dimensão, profundas assimetrias regionais que sinalizam um sintoma e prenunciam problemas.

Tomando por foco de análise as NUTS II - unidades territoriais (UT) -, durante o período de recessão pós-crise (2008-12) e o período de recuperação (2012-16), objetiva-se que a UT Norte apresenta o PIB per capita (pc) mais baixo face à média nacional. Numa focagem mais estreita (NUTS III), percebemos que a evolução entre 2008/16 foi desigual. A Área Metropolitana de Lisboa mantém, mesmo em queda, o PIB pc mais elevado a nível nacional, sendo 135% superior ao mais baixo, a UT Tâmega e Sousa.

Apesar do incremento significativo da Indústria transformadora (3.0º lugar nas NUTS III), do seu esforço e capacidade exportadora, o Tâmega e Sousa é a região que apresenta níveis de qualificação mais baixos nos trabalhadores - média de 8,2 anos de escolaridade vs. 10,2 média nacional (m.n.) e destes só 8,8% são diplomados (19% m.n.) - bem como nos gestores diplomados - 21% (47% m.n.). O Tâmega e Sousa perdeu população (-17%) e, tal como outras regiões, assistiu à fuga de recursos humanos para centros mais atrativos.

Há um ciclo trágico que se autoalimenta num país apertado pela miragem centralista.
*PROFESSORA COORDENADORA DO P. POR

29 novembro, 2018

FCPorto: professores e alunos estão sintonizados

Eder Militão não sabe jogar mal
e até já marca golos. E que golo!

Dizer que o jogo de ontem foi muito bom, não é nada de especial, ultimamente. Até o penalti cometido pelo Oliver foi algo duvidoso, apesar da excelente prestação do árbitro romeno. 

A primeira parte do FCPorto foi uma espécie de adaptação ao terreno e ao jogo do adversário. A segunda, foi jogar para ganhar. E ganhamos bem. Quem viu alguns destes jogadores no tempo de Lopetegui (e "sucessores") e os vê agora, é uma diferença da noite para o dia.

Antes, olhávamos para os jogadores e líamos -lhes tristeza no olhar, parecia que iam para um funeral, passe o exagero. Corona, Oliver, Herrera, Sérgio Oliveira por exemplo, não conseguiam afinar. O Brahimi apesar de habilidoso tecnicamente ainda não está totalmente "curado", mas parece ser do próprio temperamento. O caso mais estranho, e que parece estar a dar sinais evolutivos é o de Adrian Lopez, para mim. tecnicamente um dos melhores jogadores do FCPorto

Podemos dizer que a equipa ainda não está toda afinada, mas anda lá perto. Graças a quem? Graças ao extraordinário mestre Sérgio Conceição, à sua inteligência, e à sua enorme capacidade para lidar com os jogadores. Sabe comunicar, sabe transmitir-lhes confiança, enriquece-lhes a polivalência! Tornou-os, antes de tudo, mais fortes, física e psicologicamente. E e no aspecto técnico tornou-os mais hábeis e eficientes. Só falta acertar um pouco o remate para a baliza. Ontem, por exemplo, podiam ter goleado os alemães se as oportunidades de golo fossem bem aproveitadas (só o Danilo teve três oportunidades).

Enfim, estamos nos oitavos, e entrou mais uma "pastinha" nos cofres do clube. Esperemos que a saibam gerir com tininho...



28 novembro, 2018

Ainda o FCPorto


Suponhamos que a estrondosa vergonha que envolve o Benfica não vai dar em nada. Suponhamos que o clube não vai ser penalizado, e os dirigentes também. É uma hipótese remota, mas possível num país como Portugal. Se digo remota, não é porque confie no rigor da nossa Justiça, mas pelo excesso de confiança dos arguidos, assim como pelas provas inequívocas que deixaram. Já sabemos que estão protegidos por famosas equipas de advogados, mas custa-me a crer que perante factos tão evidentes não haja entre os juízes argumentação jurídica (e moral) para os vencer. A não ser que a Justiça portuguesa seja ainda mais medíocre do que pensamos.  

Mas, isto não é tudo. O FCPorto se quiser salvaguardar o futuro do clube dos seus inimigos, não pode
ficar por aqui. Tem de ser firme também com o Governo, exigindo, repito, exigindo, tratamento igual a qualquer outra clube, sobretudo da parte de instituições ligadas ao Estado, como é o caso da RTP e de todas as instituições desportivas. 

O FCPorto não precisa de pedir nada, tem direitos constitucionais que devem ser cumpridos para serem respeitados, e um deles é o próprio respeito. Pode por isso alegar que se continuar a não ser respeitado nada o obriga a cumprir.

O FCPorto foi (e ainda é) o clube mais lesado do futebol português. É a vítima, não pode continuar a ser tratado como arguido pelo próprio Estado. Há políticos de vários partidos que também deviam ser processados e banidos da política, quer por declarações que fazem em defesa do Benfica, o que é inédito para um país civilizado, quer pela indignidade como exercem o cargo e a naturalidade como abusam do poder. 

Há demasiados argumentos a nosso favor, nós não estamos a esconder nada, estamos a revelar comportamentos indecorosos de gente de todo tipo com poderes imerecidos e posturas pobres de integridade. Ninguém tem moral neste país para nos dar lições. Portam-se demasiado mal para lhes reconhecermos autoridade.   


27 novembro, 2018

Que Porto queremos ser? Bonzinho e permissivo? Será isso?


Tenham lá paciência, mas já começo a estar farto de me conter com a parcimónia dos dirigentes do FCPorto com as arbitragens indecorosas contra nós cometidas. Foi preciso desvendar a porcaria mafiosa do Benfica para percebermos que estávamos a ser ludibriados. E não importa saber se foi o Francisco J. Marques quem tomou a iniciativa, e se a SAD apenas se limitou a autorizar a sua divulgação. O que importa é saber se estão todos dispostos a ir até ao fim caso o processo em curso venha a ser adulterado. Pela parte da SAD continua a notar-se demasiado distanciamento com este assunto, postura quanto a mim antagónica com a sua gravidade. 

Isto preocupa-me sobremaneira quanto é certo que a alcateia vermelha continua muito activa nas modalidades. Escuso-me a citar os casos incontáveis em que temos sido prejudicados sem que as eventuais queixas do FCPorto tenham conseguido as respostas esperadas. Pelo contrário, em certos casos nem sequer obtemos respostas! E o grave é que tudo continua na mesma, continuamos a ser descaradamente lesados sobretudo quando vamos jogar contra os dois principais clubes de Lisboa (Sporting e Benfica). O que aconteceu no jogo Sporting-FCPorto, em hóquei, foi só mais um exemplo. Perdemos com a ajuda do "juiz"... 

Isto não é desculpa de calimero, é um facto, até porque acontece com muita frequência e porque em condições normais o FCPorto tem melhor equipa, e já o provou sem precisar de favores dos árbitros! O mesmo já não se pode dizer do basquete  (por enquanto) esta época que ainda não conseguiu afirmar-se, mas também não escapa à ladroagem. No andebol, idem, idem. Só a grande qualidade do plantel e do treinador, permitem superar o esforço dos árbitros mafiosos, mas já tivemos muitos problemas com as arbitragens.    

Constatar estas poucas vergonhas também eu as constato aqui no blogue, mas se pudesse faria muito mais, queixava-me às respectivas federações e se não obtivesse as respostas esperadas num prazo razoável, saltava logo para essa coisa chamada IPDJ e se a reacção fosse igual, ia até ao Presidente da República quanto mais não fosse para tomar conhecimento! O que não faria nunca, era engolir sapos, ficar à espera que a Justiça  caísse do céu, contribuindo assim para a engorda de adversários desleais. Se não é isso que os altos dirigentes do FCPorto estão a fazer, então que me digam o que é.

Não me vou repetir sobre o que penso do sr. Pinto da Costa actual, mas neste contexto também não tenho motivos para o elogiar. É ele quem manda, e se  assim é, que faça valer esse poder. Para ser Presidente activo não bastam  entregas de prémios, inaugurações, galas ou reuniões protocolares. Tudo isso é legítimo, mas não é urgente. Urgente é proteger o FCPorto de autênticos assaltos à mão armada, e se o(s) principais assaltante(s) são conhecidos, basta chamar a polícia, e se ela também não vier (ao que chegamos...), berre-se ao Presidente da República, e se este também não ouvir ofereçam-lhe um bom aparelho auditivo, e se mesmo assim não resultar, olhem, recorramos também à máfia, porque fazer o papel de meninos de coro e competir com mafiosos é uma indignidade, para não dizer cobardia.

Não chega o Universo Porto de Bancada. É útil, e um grande passo para a restauração do futebol português, mas cuidado, porque isto ainda vai levar o seu tempo até que os cartilheiros de campo (árbitros), se dêem ao respeito e deixem de nos roubar. É preciso provocar, mesmo. Não no sentido de desobedecer, mas no sentido cívico, que nada mais é que envergonhá-los, obrigá-los a cumprir os seus deveres, em vez de lhes legitimar os crimes com a nossa complacência.

O Somos Porto tem também de significar Revolta!  

26 novembro, 2018

Jovens com futuro e com muito talento

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Sub15 do FCP












É difícil ter uma opinião bem estruturada sobre um treinador sem acompanhar o trabalho que ele faz diariamente, e o modo como o faz. Só com o tempo podemos ter uma noção próxima do seu valor e, obviamente, com os resultados que vai conseguindo jornada após jornada. Como agora não há muitas oportunidades para assistirmos aos treinos diários torna-se complicado termos uma ideia completa das virtudes e defeitos de cada treinador (ninguém é perfeito). Assim, só podemos tirar conclusões através do que vamos vendo nos jogos e pelos resultados.

Sobre a equipa B, por exemplo, não temos razões para estar satisfeitos. Um antigo bom jogador não garante necessariamente um bom treinador. Em certos casos não quer dizer que não tenha jeito para treinar, de tácticas ou perfil para liderar. O pequeno Rui Barros foi um grande jogador. Tinha muita técnica, uma boa capacidade para rematar, e uma particular velocidade. Todos os que como eu o viram jogar gostavam dele certamente, da sua personalidade vincada por um bom carácter. Não foi por acaso que saiu do FCPorto para a Juventus de Itália, à época um clube ainda mais prestigiado que agora (apesar de lá estar o Ronaldo).

Algo de errado tem de estar a acontecer na equipa B, porque a verdade é que não consegue superar as dificuldades criadas pelos adversários. Além de que jogam mesmo mal, e sem grande confiança. É um facto. Portanto, ou Rui Barros não sabe passar aos jogadoresas as suas ideias de jogo, ou eles  não lhe obedecem. Algo tem de estar a correr mal, é óbvio! Este, é mais um problema que o FCPorto também tarda a resolver. Há uns anos atrás isto já estava resolvido, não estávamos tanto tempo a perder jogos.

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Sub17 do FCPorto


Já que estou a falar de (pós) formação, volto à carga com uma opinião que mantenho há muito e que já aqui também mantive e vou repetir. A preparação técnica dos nossos juniores tem pecado em dois ângulos particulares: chutam fraco e mal, e não ousam chutar de primeira, perdendo assim muitas oportunidades de golo. E é justamente nos escalões maiores que isso é notório.
Há felizmente umas boas excepções, entre os sub 15, sub 17  e sub 19 que me têm surpreendido pela positiva. Curiosamente a evolução da maturidade destaca-se numa escala de qualidade contrária à que seria normal, ou seja, os mais jovens parecem mais experientes.

São sobretudo os sub15 e os sub17 os escalões onde há melhor qualidade técnica, melhor domínio de bola, melhor sintonia nas desmarcações (quando um avança com bola, logo outros se desmarcam para a receber (e não o fazem à toa!). Saliente-se também que nestes escalões os movimentos são feitos de forma inteligente e muito bem treinada. Isto não pode acontecer por acaso, aliás já aqui louvei esses miúdos.  O treinador dos sub15 é Sérgio Ferreira, o dos  sub17  Tulipa, e o dos sub19  é Mário Silva. Dos três escalões, o dos sub19, sendo bom, é o tecnicamente mais errático.

Vê-se nestes jovens melhor futebol, mais intensidade e objectividade do que em muitas equipas seniores. Há também (salta aos olhos) um lote muito razoável (diria mesmo, todos) de jovens altamente talentosos e com futuro, sendo um deles filho de Sérgio Conceição (já nos sub17) que, se o FCPorto não se puser a pau, os "milhafres" ainda os levam para a pocilga (o que seria um crime de lesa majestade... Os treinadores também têm que ter o seu mérito, naturalmente.

Espero que os leitores acompanhem estes jovens porque vale a pena vê-los jogar. Nem sempre os jogos são iguais, uns são mais espectaculares que outros, mas a qualidade está toda lá. Até a rematar são fortes (para a idade) e revelam muita técnica, contrariamente ao que vejo na B. 

Posso vir a enganar-me, mas acredito que se com a idade estes jogadores evoluirem, irão dar em grandes craques. Nem sei se não seria possível manter todos estes jovens próximos do FCPorto quando forem mais velhos  de modo a acompanhar de perto a sua evolução para um dia (quem sabe) todos poderem vir a jogar juntos. Bem, se isto não fosse sempre falível, suponho que podíamos vir a ter um plantel de top. Barato, e 100% caseiro...

PS: É uma redundância objectiva, mas é redundância: 

o que aqui está escrito é a minha opinião, não a do meu vizinho. Só não resisto à redundância porque há sempre uns meninos que por aqui gostam de passar que têm um irresistível espírito de contradição mas depois são incapazes de explicar porque discordam... 


FC Porto eliminou o Magdeburgo e passou à fase de grupos da Taça EHF


Grande jogo de andebol! É em jogos desta categoria, e com árbitros desta categoria, que se vê a diferença que há entre a seriedade e o espírito desportivo dos países civilizados, e a tendência para a trafulhice de países como Portugal. Só com uma grande equipa, muita concentração, muita competência e uma grande vontade de vencer, é possível uma proeza como a conseguida ontem pelo FCPorto contra o Magdeburgo. Pena é que as modalidades não tenham por hábito um apoio tão grande como tem o futebol. Também é difícil, com tanto desemprego e salários tão baixos* como são os deste vergonhoso país.

Resultado: FCP-34-, Magdburgo-27




* Nem precisamos destas confirmações, mas nunca é demais travar o optimismo espertinho dos
governantes de estarem sempre a lançar-nos poeira para os olhos com uma melhoria de qualidade de vida falsa. No JN de hoje confirmava-se que os salários reais em Portugal continuam abaixo dos níveis do ano 2000. Em 18 anos só para os donos disto tudo a vida sorriu, mesmo para os que ganham a vida a roubar o país...