25 julho, 2009

Democracia, isto?

Não sei como classificar a nossa democracia. Não posso chamar-lhe "excelente" nem sequer "assim-assim". Talvez de meia-tigela, ou de aviário ou de faz-de-conta. E o pior é que em vez de melhorar com o passar do tempo, só piora. Os exemplos são diários, mas esta época que antecede uma eleição legislativa apresenta um show que me apetece classificar de obsceno. Refiro-me à dança das cadeiras em que se transforma a indicação de candidatos a deputado. O partido, as suas comissões centrais, políticas, distritais, e não sei mais o quê, transformam a elaboração das listas em algo parecido com um mercado árabe. Os lugares são discutidos, regateados, trocados, há ameaças e chantagens. O Sr.X queria, por exemplo, ser o primeiro da lista do Porto? Não pode, porque senão abre-se uma guerra com o militante Y que é elemento fundamental do partido. Mas o partido oferece-lhe um lugar bom nas listas de Braga, de Aveiro, de sei lá donde, cidades com as quais o candidato não tem nada a ver. É assim que aparecem os candidatos "paraquedistas", que já trouxeram para o Porto um autarca de Almodovar, e para estas eleições traz, entre outros, um benfiquista antigo apoiante de Vale e Azevedo, que provavelmente não esteve no Porto nos últimos 10 ou 15 anos.

Entretanto, os cidadãos estão alheios a toda esta traficância, sem a possibilidade de manifestar a sua opinião quanto à validade dos candidatos que lhes são impostos.

Mas, objectar-se-á, os deputados não podem representar as populações que os elegem (como "sabiamente" determina a Constituição) porque após a eleição transformam-se em "deputados nacionais", seja lá o que isso signifique. Nestas condições, será indiferente a sua origem geográfica. Mas se assim é, pode perguntar-se qual a finalidade desta farsa distrital. Porque irei eu votar num sujeito cujas ideias, crenças e princípios eu desconheço e que por sua vez desconhece os problemas e anseios da comunidade em que estou inserido? Então, porquê esta ficção dos deputados distritais? Aliás, derivando um pouco, porquê esta divisão administrativa em distritos, sem substância e sem tradução prática? E porquê tantos deputados, se grande parte deles são simples figurantes que estão ali não mercê dos seus méritos, mas simplesmente em pagamento de favores que fizeram aos seus partidos? A qualidade da nossa democracia certamente não piorava se o número de deputados fosse reduzido a metade ou pouco mais, sobretudo tendo em conta que, por sistema, os deputados votam de acordo com as instruções dos líderes da sua bancada, em total desprezo pela opinão pessoal.

Apetece parafrasear o Eça e dizer que a democracia que temos é uma versão fadista, traduzida em calão, das autênticas democracias europeias.

Mas sendo certo que parece que este sistema não é auto-regenerável, para onde caminhamos nós como Nação?

Ainda sobre o jornal Grande Porto

O semanário Grande Porto, além de ter sido lançado sem qualquer campanha de marketing visível (será falta de confiança no sucesso da coisa por parte da Sojornal?), ainda hoje, um mês depois do lançamento, não conseguiu colocar em funcionamento a sua presença na rede. O que não é coisa de somenos: nos tempos que correm é praticamente um suicídio.

Passemos agora ao jornal propriamente dito. Passando por cima do grafismo antiquado e pouco atractivo, o que mais me desilude é a absoluta incapacidade de pensar fora da caixa. É o mesmo jornalismo da época pré-internet, que entrevista as pessoas do costume, com as perguntas de sempre. Numa região que conta com instituições de renome internacional como Serralves e a Casa da Música, a Casa das Artes de famalicão, universidades como a UPorto, UMinho e Univ de A‏veiro, laboratórios científicos famosos, engenheiros que vencem prémios internacionais, arquitectos de renome mundial, o jornal não consegue entrevistar outros além dos habituais e recorrentes do costume. Já todos estamos fartos de ver, ouvir e ler o Manuel Serrão e restantes. Um jornal semanário, que pretende ter futuro, não ocupa as suas melhores páginas com entrevistas a postulantes da jet coisa. E depois eu gostava também de poder ler mais sobre Braga, Matosinhos, Vila Real, Nova Iorque, Kuala Lumpur, Barack Obama e seu programa de saúde, sobre economia e mesmo sobre Lisboa sem aquele comparativismo néscio e provinciano do costume que eternamente estabelece analogias e me faz lembrar aquele igualmente bacoco provincianismo que em lisboa se cultiva sempre que qualquer bicho careta famoso no estrangeiro cá coloca os butes e leva com a costumeira pergunta do que acha de Lisboa, do fado, dos portugueses e do allgarve. Já não há paciência. Prefiro comprar o i, jornal lisboeta, e não há mal nenhum nisso, onde posso ler os artigos de opinião de Paul Krugman. Sem "pertenças". Se levarmos a "pertença" ao limite ainda me obrigam a votar no Renato Sampaio ou no Rui Rio. Fonix!

24 julho, 2009

Muito boa noite e bom fim de semana!




SOPHIE HUNGER & JOHN PARISH

Graves Erros na Política de transportes

Recomendo a leitura de um texto da autoria de Rui Rodrigues publicado no blogue Maquinistas.org, como complento à entrevista de José Ferraz Alves à RTV. É importante lermos sobre temas que normalmente não dominamos - como é o caso dos caminhos de ferro -, explicadas por quem está por dentro do assunto, para percebermos fundamentadamente, as cretinices que nesta área o Governo se prepara para fazer.
Basta clicar sobre o título deste post.

Desiludido com a entrevista de Elisa Ferreira

A entrevista de Elisa Ferreira ao semanário Grande Porto de hoje, deixou-me francamente desiludido. A candidata não passou de generalidades óbvias mas ocas, não foi além do que diria um qualquer candidato a presidente da Câmara de qualquer pequena vila de Portugal. Coisas como, por exemplo, " criar condições de atracção para empresas, para a criação de emprego", ou então que é necessário ter "as praças, ruas e passeios bem tratados", ou ainda que é necessário "contrariar a degradação do parque habitacional (...) é preciso um programa de reabilitação do parque construído". Projectos concretos? Apenas citou um, que consiste em pôr os desempregados da cidade a cuidar dos velhinhos e inválidos. Muito pobre.

EF disse no entanto uma coisa que deve merecer total concordância: "para mim a cidade não é o espaço que vai da Circunvalação até ao Douro. É uma grande metrópole e deve comportar-se como tal". Lamentavelmente ficou-se apenas por esta declaração de princípios. Estaria a pretender referir-se ao projecto de ligação administrativa Porto/Gaia? Não sabemos. Penso que já era tempo de EF ter um projecto detalhado, com objectivos claros e estratégias para os atingir. Gostaria também que exprimisse opiniões sobre as questões que, não sendo problemas específicos do Porto, condicionam largamente a vida económica da cidade e o seu futuro, e até mesmo a sua capacidade de se constituir na tal metrópole do noroeste peninsular. Parece-me que Elisa Ferreira pretende empenhar-se em endireitar a sombra de uma árvore torta (mas não diz como...) em vez de centrar os seus esforços na tentativa de endireitar a árvore.

Até à data das eleições poderei ainda ser levado a alterar a minha opinião, mas o que penso neste momento é que entre EF e RR, venha o diabo e escolha. Não, rectifico, em vista da minha particular embirração com RR, prefiro que seja Elisa Ferreira a ganhar a eleição.


p.s. Contrariamente à opinião de muita gente, estou de acordo com as razões que EF invoca para não querer ser vereadora em caso de derrota. Têm toda a lógica, mesmo que possam não constituir a verdadeira causa para a sua eventual recusa.

Eles são grandes, até nas trafulhices

Benfica tem de pagar 22 milhões até Setembro
O Sport Lisboa e Benfica (SLB) tinha de pagar, até ontem ao final do dia, impreterivelmente, uma dívida de 2,5 milhões de euros à Euroárea, avança a edição do SOL desta sexta-feira

Esta empresa, com quem o clube presidido por Luís Filipe Vieira tem acordos há vários anos, executou, esta segunda-feira, a primeira de uma série de letras bancárias, depois de o Benfica ter ultrapassado os prazos para cumprir a sua parte nesses acordos.
Em causa estão as contrapartidas prometidas pelo Benfica a esta empresa, por conta da venda dos terrenos onde está instalado o Centro de Estágio do clube, no Seixal, e do financiamento da construção deste empreendimento desportivo do Benfica.
A Euroárea financiou, com seis milhões de euros, o clube da Luz para este projecto, tendo Luís Filipe Vieira assumido, em nome do Benfica, que obteria das Câmaras de Lisboa e do Seixal novos alvarás para ampliação dos projectos urbanísticos da Euroárea* – o que, segundo os responsáveis desta empresa, o clube não terá cumprido.
Fonte: [graca.rosendo@sol.pt]
*O negrito é nosso

Grande Porto [4ª. Edição]

Ainda é cedo para fazermos uma apreciação séria e conclusiva sobre a qualidade deste semanário portuense que se propôs dar prioridade às notícias e aos problemas da nossa cidade. Como o povo costuma dizer, é muito importante que um projecto comece bem. Sobre isto, ainda não tenho uma opinião consistente. Contudo, indicarei alguns pontos que podem ser premonitórios de um final infeliz, caso as agulhas editoriais do jornal não passem a estar claramente apontadas para o Norte e para o Grande Porto [como o nome diz]. Aqui vão eles:
  1. Projectos anteriores no ramo da comunicação social [NTV, Comércio do Porto* e agora também, O Primeiro de Janeiro], mal estruturados, sem o capital e a autonomia adequados, faliram também por efeito de uma subalternidade provinciana à capital das novas colónias continentais. O slogan "do Porto para o Mundo" é um eufemismo para manter uma intolerável vassalagem a Lisboa. Quem quer afirmar-se a partir de uma cidade ou região, para o Mundo, tem de começar por fazê-lo dentro de portas e com a prata da casa. Dentro deste prisma, vejo com alguma desconfiança, a colaboração de algumas pessoas mais ou menos conhecidas que tendo noutros espaços de comunicação algum mediatismo, pouco fizeram ou escreveram em prol do Porto... É só um alerta.
  2. Falar deste tema parece-me uma coisa tão primária, que devia merecer um atestado de incompetência a quem é do Norte e dirige um simples quiosque. É o seguinte: só por profunda ignorância ou alheamento do que se passa na nossa região, é que um comerciante desconhece uma regra quase intuitiva que manda "mostrar, para vender". Ora, já há duas semanas falei nisto, mas voltei a observar o mesmo, desta vez noutra tabacaria. O jornal continuava escondido, quase envergonhado, debaixo de uma prateleira. O marketing, ou a noção de algo parecido com isso, parece não existir, e é no mínimo estranho que um comerciante não revele a menor sensibilidade para o ramo de actividade em que está envolvido. Aqui dou alguma razão àqueles que dizem com algum oportunismo, que a culpa do atraso do Norte é nossa. Não é nossa, porque essa é uma generalização abusiva e - para muitos -, conveniente, mas que é culpa de alguns, é verdade, e estes são apenas pequenos exemplos. Também, há alguma responsabilidade na Direcção do jornal que não promove as devidas influências junto dos distribuidores. É a tal mentalidade da capelinha, onde a cordenação entre pares é encarada como uma intromissão.
  3. Agora, passando a algumas notícias do mesmo jornal, aqui vai uma, que embora não seja, parece anedota. Ribeiro e Castro, eis candidato à Presidência do Benfica e ex-colaborador do vigarista Vale e Azevedo [que continua à solta] está de malas aviadas para o Porto para se candidatar à Câmara pelas listas do CDS. Isto é puro cartoon, mas sem bonecos.
  4. Por último, uma entrevista com duas semi-mediáticas figuras do Porto, que pertencem à classe mais "patética" das sociedades [não só a do Porto], que são os habitués do Jet-Set e das revistas côr-de-rosa. A entrevista, que tem lugar habitual num restaurante da cidade, foi feita a Cláudia Jacques, uma mulher charmosa que até já se deixou fotografar nua para uma revista, e o cabeleireiro Joaquim Guerra. Nenhum deles resistiu à contaminação do vírus lisboeta, talvez por quererem passar por gente muito p'rá-frentex, e descobriram que: "os portuenses são mais fechados e provincianos do que os lisboetas..." É precisamente isso que eles gostam de ouvir. Ai centralismo, centralismo, a quanto obrigas...

*Este caso é um pouco diferente dos restantes, porque o jornal estava bem feito, priorizava a Região,tinha leitores, e fechou para surpresa de todos. Pertencia a um grupo espanhol com outros negócios e deve ter caído por arrastamento dos outros.

José Ferraz Alves - RTV dia 22 de Julho

Rede Norte, ACdP, Tua e desenvolvimento ferroviário no Jornal Regional da RTV.

23 julho, 2009

Resposta ao comentarista Snowball

Caro Snowball [desculpe, mas não sei o seu nome],

Optei por responder por post ao seu comentário, por ser mais prático para mim e porque acho que as respostas que lhe quero dar o justificam.
Há algumas coisas que o senhor diz, que me fazem alguma confusão. Primeiro, considera que eu não tenho razão por ter escrito que o Estado promove a omnipresença do Benfica, mas logo a seguir "reconhece" que o Benfica é um clube invejoso do sucesso dos outros, arrogante e convencido. O que eu quero saber então, é que me diga, preto no branco, se a RTP é, ou não, uma estação do Estado. É que se me disser que sim, fico sem perceber porque não me dá razão.
A seguir, fala da falta de fair play do FCPorto, embora logo componha o ramalhete, concordando que é rara. Como não gosta de futebol, não é do Benfica e é portuense, deduzo que não tenha simpatia por nenhum clube. Estarei a raciocinar bem? Ou será um desses tímidos "Lordes" sportinguistas? Esteja à vontade, porque ninguém o prenderá [até ver] por assumir o seu clube.
Curiosamente, o seu estilo faz-me lembrar o de alguns moralistas mediáticos que só atiram para cima de terceiros as normas dos bons costumes. Fair play? Diga-me quem o tem no futebol e dou-lhe um chocolate [se for guloso]. Porque carga de água é que o FCPorto tem de ser um clube exemplar, uma espécie de menino de coro dentro de uma multidão heterogénea? Você é portuense, não é portista e está-se nas tintas para o futebol, mas gostava que o FCPorto fosse uma espécie de árvore com ramos viçosos e sadios no meio de uma floresta perigosa e poluída. Coitada da árvore, morria à nascença, se procurasse antídotos para a contaminação da floresta com puritanismos ingénuos. O futebol é uma paixão para a grande maioria dos europeus e não adianta nada negá-lo, mas é também um negócio que desperta inveja e urdiduras como a dos Apitos e similares.
Depois chega à conclusão de que eu não partilho o espírito de fair play dos portuenses [outra contradição] por ter feito um post com o título "Um vómito chamado Benfica" e ter dito "que queria ver Lisboa a arder!" Não há dúvida que a sua hiper-sensibilidade comove. A tal ponto que viu no que eu escrevi uma espécie de grito de guerra, que afinal, foi textualmente isto: "se isto acontecer, meus caros, só nos resta levar à letra o inofensivo chavão, nós só queremos Lisboa a arder!"
O que é espantoso, é que o seu moralismo é típico dos anti-portistas que por norma calam toda a espécie de grosserias e mesmo os crimes de morte praticados pelos clubes da capital. É típico também da comunicação social centralista, tanto da privada como da do Estado. No tal Estado que o amigo acha que não anda ao colo com o Benfica nem lhe dá a mama. Enfim, serão dificuldades oftalmológicas ou pura vontade de negar os factos?
Não sei porquê, mas talvez possa fazê-lo rever os seus pergaminhos se lhe recordar alguns "exemplos" paradigmáticos do civismo made in Lisbon. Responda-me: foram os portuenses que assassinaram com um very-light, um adepto sportinguista numa célebre final Sporting/Benfica?
Fomos nós quem fracturou o crâneo [com um stick], de um jogador do FCP de hóquei em patins e o despachou de ambulância para o Hospital?
Fomos nós quem incendiou, totalmente um autocarro em Lisboa, de adeptos do FCPorto?
É o presidente do FCP que se faz acompanhar de gorilas, que agridem em pleno Aeroporto frente às Câmaras de Tv um empresário de um guarda-redes?
Somos só nós que escrevemos "mimos" em cachecóis desportivos como este: "O Porto é merda"!
É do Porto, ou de alguma televisão de algum governo fantasma local, a responsabilidade de denegrir sistematicamente a imagem do FCP? Somos nós quem damos ordens editoriais para falar mal de nós próprios? Afinal, você quer-me atirar areia para os olhos, ou enganou-se no planeta em que está a viver?
Para terminar, não me venha com essa lengalenga do "nós portuenses sermos superiores a essas merdas que querem fazer ao FCP", porque, nem o FCP é nenhuma merda, nem a superioridade está naqueles que comem e calam, e não fosse Pinto da Costa ser como é, duvido que fossem os portuenses politicamente correctos a socorrê-lo, caso viesse a necessitar. A dado momento, temi o pior e cheguei a pensar que aquela tropa que vive em Lisboa e que o amigo acredita estar inocente, a esta hora estivesse a abrir garrafas de champanhe por terem conseguido o troféu de caça que tanto ambicionaram.
Partir directo para o queixo, acertou, é isso mesmo que a partir de certa altura me apetecia fazer, porque a Justiça em Portugal promove a de Fafe, e entre a injustiça e a justiça de Fafe, então que venha a de Fafe.
Meu caro, não sei que idade tem, mas uma coisa lhe garanto, quando os militares de Abril combinaram o golpe que nos abriu para a Democracia, tiveram de se preparar para tudo, incluindo para "partir os queixos" a alguns. Se calhar, foi por não haverem queixos partidos que a Democracia portuguesa se prostituiu e o país se transformou no charco de lama que se vê. Deixou de haver respeito e os governantes são os primeiros a demonstrá-lo. Por isso, vou mesmo continuar a cascar, enquanto sentir que estão a cascar em mim, na minha cidade, ou no meu clube. Espero agora que tenha ficado devidamente esclarecido.

Hélder Pacheco diz como é ...


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(Fonte: JN)

O fim de festa

Desta vez, os autores da "campanha negra" estão devidamente identificados: são os juízes do Tribunal de Contas. Por motivo de "urgência", embora o contrato só terminasse em 2015, o Governo assinou com a Liscont, empresa da famosa "holding" económico-partidária *Mota-Engil/Jorge Coelho (e, já agora, Luís Parreirão, também ex-governante socialista da área das Obras Públicas) um "aditamento" à concessão do terminal de Alcântara. Sem concurso, que a coisa era "urgente" e sabe-se lá quem estará no Governo em 2015.
É um contrato justo: a Liscont cobra os lucros e o Estado (a Grande Porca bordaliana, a de inesgotáveis tetas) suportará eventuais prejuízos, ou, nas palavras do TC, "o ónus do risco do negócio passa para o [Estado]". O Estado pagará ainda 1,3 milhões em advogados, consultores & assessores para a montagem e gestão da ampliação do terminal; e até se, durante as obras, calhar serem descobertos vestígios arqueológicos, será (adivinhem quem) o Estado a pagar a paragem dos trabalhos. Só de má-fé é que alguém pode concluir que tudo isto não é de interesse público e do mais transparente que há.
[Manuel António Pina/JN]
*Vai ficar-me gravado para sempre na memória, esta expressão de Jorge Coelho no programa A Quadratura do Círculo, antes de assumir a sua anunciada ida para administração da Mota.Engil:
"mas, eu não sou um homem rico!"
Promiscuidade é isto, Sr. Dr. Rui Rio, e se ela é praticada com pessoas do partido A, ou do partido B, é irrelevante. Todos, têm o rabinho trilhado.
Era desta promiscuidade, entre políticos e empresas (de Contrução Civil e Bancos) que eu gostava de o ouvir falar, como fez com o FCP. Mas, a sua discrição, nestes casos é sepulcral... A sua seriedade sofre de pardidarite aguda, tem de ir ao médico.

Sr. Complicómetro continua a mostrar serviço...

Gestão do processo do Parque por Rio é "escandalosa"

Bom Sucesso pode acabar no Tribunal

22 julho, 2009

Os meus pedidos

Que pedidos gostaria eu de fazer ao futuro presidente da CMPorto? Se for Rui Rio, nenhum. A sua actuação nos oito anos de presidência leva-me a pensar que seria tempo perdido. Mas se fosse Elisa Ferreira ou outra pessoa em que acreditasse, gostaria de lhe fazer uns quantos. Não pedidos complicados, daqueles que envolvem grandes intervenções exteriores, conjunturas económicas favoráveis, sábios planos estratégicos. Pelo contrário, refiro-me a coisas comezinhas, no entanto vantajosas para o nosso dia-a-dia, talvez até para o aumento da nossa auto-estima. Por exemplo.

Os Grafitos

Aceito que não é possível acabar com eles. Pediria apenas um compromisso de forte vontade política no sentido de se encetar uma luta contra essa praga. Acabar com o actual sistema de "roda-livre", em que os grafiteiros se movem com total liberdade e completa irresponsabilidade. Aplicar legislação existente ou, se necessário, criar posturas municipais adequadas ao combate. Começar a limpar a cidade. E por falar em limpar, penalizar todas as entidades cuja publicidade seja colada em locais impróprios, contribuindo assim para o aspecto imundo que certas zonas da cidade apresentam.

Os Semáforos

Também vivem em "roda-livre", em total independência. Só assim se compreende que semáforos distanciados de poucas dezenas de metros tenham as fases trocadas: quando um passa a verde, o seguinte fecha, e vice-versa. Descer a Av.da Boavista sem parar em todos os semáforos, só por milagre. A sincronização dos semáforos está ao alcance da técnica informática. O meu pedido: Senhor(a) presidente, acabe com esta semaforização arcaica que nos dá cabo dos nervos e até nos envergonha perante os nossos visitantes.

O Estacionamento Selvagem

No Porto, e de um modo geral em Portugal, não se estaciona o carro: larga-se o carro em qualquer local, que é uma coisa diferente de estacionar. Passadeiras para peões, paragens de auto-carros, passeios, jardins, rampas de acesso a garagens, curvas, esquinas, locais com indicação de proibição, locais onde se embaraça o trânsito. Já faz parte da nossa cultura, é fruto de falta de civismo. Combater esta anarquia será cada vez mais complicado à medida que se deixa o cancro progredir. E no entanto há antídotos. Não há uma Polícia Municipal que depende do presidente? Não haverá possibilidade de estabelecer um acordo com a PSP no sentido haver colaboração desta corporação? A situação está como está apenas porque não há vontade de a resolver. Senhor (a) Presidente, está na sua mão melhorar a nossa qualidade de vida nesse aspecto. Está à espera de quê?
A minha lista de pedidos não termina aqui, há mais. Talvez os faça numa próxima oportunidade.

Emblemas, emoções e confusões

Desculpem voltar ao assunto, mas quando uma coisa tão simples como renovar a imagem de um símbolo gera algumas [pouquinhas] reacções alarmistas, o melhor que se pode fazer para descansar os mais puristas é apresentar exemplos. Escolhi o emblema do Marítimo*. Reparem que no essencial, o símbolo original não foi alterado, foi apenas redesenhado com traços mais simples e ficou [na minha opinião, claro] francamente melhor que o antigo. Para além disso, há um aspecto que é muitas vezes descurado pela generalidade das pessoas que é o da visibilidade à distância. Dependendo obviamente da côr sobre a qual o emblema será colocado, o desenho do distintivo da direita é muito mais perceptível do que o outro da esquerda.

O Salgueiral foi mais radical [não foi nada disto que propus para o FCP] e, por maioria de razão, fez muito bem em criar outro emblema. Primeiro, porque o anterior parecia imitar o do Benfica e recordar "velhas" ligações, com o raio do milhafre de asas escancaradas. E segundo, porque demarcou-se [espero] da fama de ser uma filial no Porto do dito cujo, o que lhe potencializa o carácter e a dignidade. E muito a propósito [não me atrevo a discutir os detalhes], escolheu uma Fenix [ave mitológica] toda estilizada para lhe conferir simbolicamente uma carga acrescida, e como reza a lenda, renascer das cinzas...













* Repararam no pormaior: MADEIRA??? Será mesmo o que parece, ou um subterfúgio à moda do Alberto J. Jardim? Pode ter dupla leitura...

O Sr. Complicómetro

Suponho que por mais de uma vez não deixei dúvidas quando à minha paixão pela natureza através de alguns posts. Tenho uma particular predilecção pelas árvores, mas interessa-me e preocupa-me, toda a problemática ligada ao meio-ambiente. Serei por isso algo insuspeito para falar da polémica construção na orla do Parque da Cidade, que o Dr. Rui Rio - no seu fundamentalismo bacôco que o caracteriza -, decidiu empolar. É típico nele. Confunde rigor, com rigidez, e destreza negocial com intolerância. O perfil de um grande autarca tem de comportar, além da seriedade [condição exigível a qualquer pessoa de bem], a capacidade para tornear os problemas sem comprometer demasiado os interesses dos cidadãos que sustentam as cidades. Ainda hoje estamos por saber em que é que beneficiou a cidade e o próprio Rui Rio, com a afrontação feita ao FCPorto e aos seus adeptos, que também são cidadãos do Porto, e que estarão seguramente em maioria em relação a outros.
O resultado das decisões de Rui Rio, à excepção [relativa] das corridas da Boavista e dos aviões da RedBull, acabam quase sempre em desastre, ou fracasso. A teimosia irracional, leva-o a prejudicar mais a cidade do que o contrário. O consórcio proprietário de terrenos do Parque da Cidade, moveu uma acção à Câmara, que acabou por resultar numa condenação em Tribunal, que a obriga a pagar aos queixosos 30,4 milhões de euros! Um balúrdio! O vereador Rui Sá propôs um financiamento ao banco, aproveitando a baixa de juros, sem a alienação dos terrenos camarários, mas Rui Rio prefere dar 43,9 em imóveis que cederá para venda, e compromete-se a aprovar a construção para a frente da Boavista que havia sido deferido previamente pelo Nuno Cardoso.
Perante tanta indeterminação, a palavra/objecto com a qual Rui Rio liga melhor é esta: complicómetro. Descontando as obras oportunistas pré-eleitorais, com RR a decidir assim, como é que a cidade pode avançar?

21 julho, 2009

Política e cidadania

A entrevista de José Ferraz Alves, à RTV* aqui postada em vídeo, em representação da Rede Norte/ACdP, foi um claro sinal de inconformismo de uma pessoa com ideias interessantes no sentido de influenciar os cidadãos do Porto e Norte a intervirem activamente na vida pública, mas foi também uma manifestação contida de alguma desilusão, o que é perfeitamente compreensível.
Mesmo para alguém carismático e empreendedor, é hoje extremamente complicado conseguir mobilizar as populações para as melhores causas, o que explica, em parte, a tendência para o agravamento da irresponsabilidade de quem nos governa. Até a paixão pelo futebol, a quem muitos atribuem a culpa de todos os males, não conseguiu levar para a rua, os muitos adeptos do FCPorto para se manifestarem contra as insidiosas conspirações movidas pelos clubes do centralismo [Benfica e Sporting], contra o FCPorto, através da figura do seu Presidente [Pinto da Costa]. Os únicos sinais de revolta foram dados por um pequeno grupo de adeptos mais atrevidos, quando Rui Rio tomou posse na Câmara Municipal, depois das provocações que fez ao clube, de que todos ainda se lembram.
As pessoas estão muito desiludidas, cansadas e indignadas, com os resultados e o comportamento dos responsáveis políticos e não se sentem encorajadas para se envolverem em causas cívicas. Perderam a confiança nas causas e em quem as defende. É uma situação controversa e injusta para aqueles que procuram de boa fé contrariar o rumo destas coisas.
As televisões, as rádios e a imprensa, encharcam-nos diariamente com doses maciças de acontecimentos negativos. Portugal é sempre o melhor, nos piores exemplos. A descoberta progressiva de políticos envolvidos em golpes de corrupção é uma espécie de caixa de Pandora, há sempre mais uma pessoa que surge de novo, conectada a negociatas obscuras de quem, até então, poucos ousariam suspeitar. Parece que a bandalhice se transformou em estatuto ou numa epidemia. A justiça, perdeu a pouca credibilidade que ainda tinha. De tal forma, que entre o turbilhão de escândalos que se vão sucedendo, os principais protagonistas são "altas" figuras ligadas à política e à banca. Organismos como a Eurojust, cuja função é investigar o crime em articulação com vários países, estão debaixo de fogo. Há procuradores/investigadores que querem investigar o Presidente e o Presidente acusado de ameaçar as investigações. Ninguém consegue perceber quem fala verdade, se o suspeito, se os investigadores. Ninguém parece inocente.
Os cidadãos, podem e devem, dentro das suas possibilidades, participar activamente nas associações e movimentos cívicos, mas chegará sempre o momento em que esbarrarão contra as malhas contraditórias da burocracia do Estado, e a partir daí o inevitável confronto de interesses acabará por acontecer e será o mais "forte" quem decidirá. Pessimismo, ou realismo? Responda quem souber.
Para fechar e a propósito, leio no Público de hoje que o Bastonário dos Advogados, Marinho Pinto [aquele a quem a máquina corporativa da advocacia apelida de populista], denuncia outra situação vergonhosa para a Justiça. Os juizes queixam-se do atraso dos processos, mas pouco fazem por aparentar estar com a razão do seu lado. As novas regras ditam que os tribunais fechem apenas em Agosto para férias, mas mais uma vez, Suas Exas. resolveram dar o "nobre" exemplo de as contrariar, fechando os Tribunais de 15 de Julho a 15 de Setembro, prazo durante o qual não haverá julgamentos...
"Há profissões, mesmo muito difíceis", diria o Pedro Mendonça, da Porto Canal, no seu programa de publicidade a restaurantes da região que lhe oferecem lautos almoços, de borla [presumo]! Que dizer desta justiça?
Ninguém de paz preconiza a resolução dos problemas com o recurso à violência, mas perante tanta negligencia e aparente falta de sentido de responsabilidade, qual é a saída?
*O Porto Canal, não se mostrou interessado em fazer a entrevista? Sempre teria mais audiências, não?

20 julho, 2009

Um exemplo antiguinho...

Esta, foi a primeira imagem que encontrei, apenas para apresentar um exemplo. Por sinal, uma foto bem antiga, com o "imortal" Maradona equipado com as cores do Nápoles.
Reparem na data da capa da revista e na publicidade da camisola do futebolista. É isto que eu acho que devia ser feito nas camisolas do FCPorto. O logotipo da marca [no caso, uma marca de chocolates], impõe-se por si, sobre a côr do equipamento e dispensa a porcaria do rectângulo. Este método de plasmar publicidade é usado na maioria dos clubes europeus de hoje, e quando recorrem à banda, é regra geral, porque [e quando] há mais do que uma marca no mesmo equipamento.
No caso do equipamento principal do FCPorto, esta questão é mais premente porque tem as riscas verticais que são parcialmente "rasgadas" na horizontal pela banda azul claro do fundo do logotipo da tmn.

Douro será referência em seis cidades do Mundo

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19 julho, 2009

FCPorto tem de ter mais atenção ao "visual"

Não é por este preciosismo «estético» que eu quero que o meu Futebol Clube do Porto seja conhecido É, como não podia deixar de ser, pelas vitórias e pelas boas exibições. No entanto, existe um detalhe na publicidade plasmada nos equipamentos dos clubes de futebol que me é dado observar há alguns anos que me desagrada [este ano repetido], que não queria deixar de abordar.
A questão das alterações dos equipamentos em cada nova época, tanto do oficial [em pormenores] como do alternativo [na côr], prende-se com questões de puro marketing, da necessidade de criar receitas com a colocação no mercado de novos produtos. Tudo bem, até aqui. Agora, o que não me agrada nada constatar, é que as empresas que pagam aos clubes a inserção de publicidade sobre os seus equipamentos, não contemplem a componente "bom gosto" [com a relatividade que isso tem], quando o têm de fazer.

Há clubes lá fora, que têm esse cuidado, uns mais do que outros, mas os clubes franceses são talvez aqueles que melhor sabem lidar com esses aspectos, que apesar de não serem os mais relevantes para um clube de futebol, têm também a ver com a imagem. Se repararem bem, não terão dúvidas em concordar que, em França, os próprios emblemas dos clubes foram-se modernizando sem perderem a genuidade e a beleza. Mas, aquilo que quero destacar é a publicidade. Lá fora, as empresas que publicitam a sua marca ou produto, adaptam-se às cores dos equipamentos dos diversos clubes e não o contrário, como acontece por cá. O facto de pagarem, não justifica que seja o clube a ter de se submeter às cores da publicidade inserida, dado que é o clube quem lhe irá dar visibilidade. Não haveria mal nenhum se dessa submissão comercial não resultassem amiúde contrastes de cores totalmente chocantes com as dos equipamentos, mas é isso que acontece.

Já vi pior. Mas ontem podemos ver os novos equipamentos, tanto o principal [duas riscas verticais largas azuis laterais, e uma da mesma largura branca ao meio], como o alternativo [laranja, com a gola azul]. Quanto aos equipamentos, não tenho nem me interessa fazer qualquer observação, embora goste dos dois, particularmente do oficial. O que não me agrada é aquele azul celeste do fundo do anúncio da tmn. Eu pergunto se não resultaria muito mais elegante plasmar o anúncio no mesmo sítio, sem aquela barra de fundo azul claro com uma cores que ligassem bem com o azul e o branco. O mesmo se pode dizer [ainda que com menor impacto porque o equipamento tem uma só côr], com o alternativo. Não ficaria melhor se colocassem as letras meo de uma côr que estivesse em harmonia com o tom do fato e com os tom base [azul] do emblema?

Isto vale o que vale, não é por aí que vem mal ao mundo, mas, na minha opinião, acho que continuamos a fazer publicidade nas camisolas do(s) nosso(s) clube(s), à moda do século passado. Para terminar, também não seria propriamente prematuro se o FCPorto começasse a pensar em estilizar [modernizar] o seu emblema, sem o adulterar. É só uma questão de acompanhar os novos tempos. Clubites e gostos à parte, o Sporting foi dos três grandes, o único que o fez [refiro-me aqui ao símbolo do clube], e não me parece que tenha feito mal.