24 julho, 2009

Grande Porto [4ª. Edição]

Ainda é cedo para fazermos uma apreciação séria e conclusiva sobre a qualidade deste semanário portuense que se propôs dar prioridade às notícias e aos problemas da nossa cidade. Como o povo costuma dizer, é muito importante que um projecto comece bem. Sobre isto, ainda não tenho uma opinião consistente. Contudo, indicarei alguns pontos que podem ser premonitórios de um final infeliz, caso as agulhas editoriais do jornal não passem a estar claramente apontadas para o Norte e para o Grande Porto [como o nome diz]. Aqui vão eles:
  1. Projectos anteriores no ramo da comunicação social [NTV, Comércio do Porto* e agora também, O Primeiro de Janeiro], mal estruturados, sem o capital e a autonomia adequados, faliram também por efeito de uma subalternidade provinciana à capital das novas colónias continentais. O slogan "do Porto para o Mundo" é um eufemismo para manter uma intolerável vassalagem a Lisboa. Quem quer afirmar-se a partir de uma cidade ou região, para o Mundo, tem de começar por fazê-lo dentro de portas e com a prata da casa. Dentro deste prisma, vejo com alguma desconfiança, a colaboração de algumas pessoas mais ou menos conhecidas que tendo noutros espaços de comunicação algum mediatismo, pouco fizeram ou escreveram em prol do Porto... É só um alerta.
  2. Falar deste tema parece-me uma coisa tão primária, que devia merecer um atestado de incompetência a quem é do Norte e dirige um simples quiosque. É o seguinte: só por profunda ignorância ou alheamento do que se passa na nossa região, é que um comerciante desconhece uma regra quase intuitiva que manda "mostrar, para vender". Ora, já há duas semanas falei nisto, mas voltei a observar o mesmo, desta vez noutra tabacaria. O jornal continuava escondido, quase envergonhado, debaixo de uma prateleira. O marketing, ou a noção de algo parecido com isso, parece não existir, e é no mínimo estranho que um comerciante não revele a menor sensibilidade para o ramo de actividade em que está envolvido. Aqui dou alguma razão àqueles que dizem com algum oportunismo, que a culpa do atraso do Norte é nossa. Não é nossa, porque essa é uma generalização abusiva e - para muitos -, conveniente, mas que é culpa de alguns, é verdade, e estes são apenas pequenos exemplos. Também, há alguma responsabilidade na Direcção do jornal que não promove as devidas influências junto dos distribuidores. É a tal mentalidade da capelinha, onde a cordenação entre pares é encarada como uma intromissão.
  3. Agora, passando a algumas notícias do mesmo jornal, aqui vai uma, que embora não seja, parece anedota. Ribeiro e Castro, eis candidato à Presidência do Benfica e ex-colaborador do vigarista Vale e Azevedo [que continua à solta] está de malas aviadas para o Porto para se candidatar à Câmara pelas listas do CDS. Isto é puro cartoon, mas sem bonecos.
  4. Por último, uma entrevista com duas semi-mediáticas figuras do Porto, que pertencem à classe mais "patética" das sociedades [não só a do Porto], que são os habitués do Jet-Set e das revistas côr-de-rosa. A entrevista, que tem lugar habitual num restaurante da cidade, foi feita a Cláudia Jacques, uma mulher charmosa que até já se deixou fotografar nua para uma revista, e o cabeleireiro Joaquim Guerra. Nenhum deles resistiu à contaminação do vírus lisboeta, talvez por quererem passar por gente muito p'rá-frentex, e descobriram que: "os portuenses são mais fechados e provincianos do que os lisboetas..." É precisamente isso que eles gostam de ouvir. Ai centralismo, centralismo, a quanto obrigas...

*Este caso é um pouco diferente dos restantes, porque o jornal estava bem feito, priorizava a Região,tinha leitores, e fechou para surpresa de todos. Pertencia a um grupo espanhol com outros negócios e deve ter caído por arrastamento dos outros.

9 comentários:

  1. estava para escrever sobre o assunto. mas como o amigo Rui brilhantemente o fez considero-me dispensado. o jornal é de facto medíocre e eu já não o compro mais.

    ResponderEliminar
  2. Caro António,

    se calhar pode acrescentar-lhe uns pózinhos... Escreva, meu amigo.

    Abraço

    ResponderEliminar
  3. A "relações públicas" citada vive em Lisboa e o cabeleireiro tem lá negócios.
    A frase que mais retive foi a dessa "senhora" achar as "guerras" Porto - Lisboa ridículas. Tem razão no caso de Lisboa, mas no caso do Porto nós temos montes e montes de razões de queixa. Mas essa pessoa não deve ter os conhecimentos necessários da realidade portuguesa, só deve ligar às revistas cor-de-rosa e ao mundo da moda e como lá vive, tem de defender os amigos.
    Gente dessa pode deixar o Norte que cá não faz falta.
    Quanto a Ribeiro e Castro já referi, por várias vezes, que a sua candidatura pelo Porto é um insulto de Paulo Portas ao distrito do Porto. O que é que esse político lisboeta e benfiquista sabe ou sente para poder ser eleito deputado pelo Porto?
    Se todos os votantes do distrito do Porto vissem bem em quem votavam e conhecessem os candidatos apresentados pelo PS,PSD e CDS, os resultados poderiam ser uma lição para esses partidos.
    Porque não uma "tomada" de um partido pelos portuenses, como alguns fizeram no antigo PRD, actual PNR? Era uma solução para apresentar uma lista de candidatos de cá, sem infiltrados estrangeiros ou obedientes às cúpulas partidárias lisboetas, como acontece nos exemplos citados.
    Cumprimentos

    ResponderEliminar
  4. Caro Zangado,

    agora é que tem motivos para estar "zangado".

    Mas, descanse que ainda quero acreditar que já ninguém leva a sério o fala-barato do Paulo Portas.

    Inclino-me mais para a posssibildade de que um dia alguém o promova a gerente de uma discoteca ou coisa assim...

    Abraço

    ResponderEliminar
  5. Pois eu leio o Grande Porto com mais prazer e interesse do que o Expresso,que comprava de longe em longe.E isto por uma razão simples.É que eu tenho um sentimento de "pertença",eu pertenço a um dado meio,e esse jornal fala-me desse meio,emquanto um jornal lisboeta reflecte um "meio" ao qual eu sou estranho e que não me interessa particularmente. Ficarei deveras contristado se o Grande Porto não se aguentar por falta de leitores.Considerarei isso como uma derrota para a cidade,especialmente se os semanários lisboetas continuarem a vender bem no Porto.

    ResponderEliminar
  6. Zangado,

    não fiquen zangado comigo, porque eu ainda consigo fazer a diferença.

    Apesar disso há-de chegar o momento em que as pessoas sérias, como é certamente o seu caso e o de outros, vão ter mesmo de usar o nome verdadeiro.

    Abraço

    ResponderEliminar
  7. Caro Rui Farinas,

    o meu amigo sabe bem que eu também tenho esse sentimento de pertença. O que me parece é que o Grande Porto não está a dar esses sinais. Há uma mistura perigosa de alguns colaboradores e jornalistas c/ currículo algo dúbio, que me palpita vai dar mau resultado.

    Verá que o tempo se vai encarregar de me dar razão. Como disse, ainda é cedo, mas cheira-me

    ResponderEliminar
  8. Amigo Rui Valente.
    o ponto 3 é mesmo uma anedota.
    aliás,
    não era possível alguem,
    assim.....
    mais cá de cima?
    "os deuses devem estar loucos"
    (ia dizer "lol",mas vou preferir rir)
    Abraço.

    ResponderEliminar
  9. Viva amigo "Frank" [portodocrime]!

    como é que o vamos receber? Já pensou nisso? Virá de comboio ou avião?
    Eu quero lá estar para lhe dar as boas vindas e fazer-lhe uma grande vénia...Tem uma bandeirinha do Benfica, [desculpe, queria dizer do CDS] que me possa emprestar?

    ResponderEliminar

Abrimos portas à frontalidade, mas restringimos sem demagogia, o insulto e a provocação. Democraticamente...