Agora com mais tempo, volto ao assunto do post anterior. Aceitando naturalmente as diferentes opiniões, é inverosímel que, seja que portista fôr, não queira o melhor para o seu clube. Qualquer que saia deste perfil, só pode ser louco, ou... inimigo do FCPorto.
Certo é, que o temperamento e a inteligência, por não poderem ser naturalmente iguais, nem sempre são passíveis de gerar laços unanimes no modo de amar o clube, mas podia (e devia) muito bem conciliá-los. Será assim tão difícil unirmo-nos pelo elo mais forte, que é o nosso portismo? Que interesse tem para um portista de gema medir o seu portismo com o de outros portistas, perder tempo com futilidades, se a nossa força e o nosso emblema comuns, só podem crescer unidos? Então, tenhamos juizinho e aceitemos as ideias daqueles que, pensando sempre no melhor para o FCPorto, não se recusam a olhar para a realidade, e se dispõem a mudar quando percebem que esse momento chegou.
O que se está a passar no FCPorto não é muito diferente do que se passa na política, mas não devia ser assim. Primeiro, porque o amor a um clube é eterno, é uma emoção de paixão vitalícia, enquanto que a opção por votar no partido A, ou B - partidarites e interesses (inconfessáveis) à parte -, é uma decisão cívica, racional, frequentemente variável. Em ambos os casos, há contudo uma coisa que não devemos nunca evitar de fazer, que é procurar fazer sempre a melhor escolha, e no momento certo.
Respeito - sem me atrever a discutir o portismo de cada um -, diferentes formas de avaliar a situação actual do FCPorto, mas já tenho alguma dificuldade em compreender a coerência daqueles que, admitindo os erros do presidente Pinto da Costa, ora se queixam dele, ora dos árbitros, ora se viram contra o treinador e jogadores, como se fossem departamentos com tutelas diferentes. Em termos institucionais, até é verdade, os problemas do clube pertencem ao clube, os da arbitragem são da responsabilidade da Federação Portuguesa de Futebol.
Objectivamente, quando o organismo federativo (Comissão de Arbitragem da FPF) cumpre mal a sua função, ou não a cumpre de todo como é o caso, com benefício directo para uns clubes, e prejuízo para outros, cabe ao responsável máximo de cada clube zelar pela verdade desportiva (mas, onde é que já ouvi isto?), exigindo tratamento igual e a reposição atempada da normalidade. Ora, é aqui que esbarra a minha incompreensão com aqueles que insistem em criticar o treinador e os jogadores passando sempre por cima do presidente, com argumentos passadistas discutíveis (do género: antigamente também eramos prejudicados pelos árbitros e ganhávamos), parecendo querer poupar o principal responsável que é o presidente, como se não fosse ele o decisor-mor da escolha de treinadores e jogadores!
Há aqui um visível proteccionismo que já não faz sentido e que pode ter um efeito pernicioso no futuro próximo do nosso clube. Como é que se podem comparar coisas diferentes, em tempos e com líderes diferentes? Será que o Pinto da Costa dos bons velhos tempos de que todos nós gostávamos, tinha a mesma postura mansa e permissiva do Pinto da Costa de agora? Além disso, que obrigação imoral (diria mesmo, masoquista), tem o nosso clube de ter as suas equipas a lutar contra mais do que uma equipa (como mandam as regras), sejam as equipas intrusas os árbitros, ou a comunicação social?
Que raio de amor ao clube é esse que exige dos nossos atletas aquilo que o próprio presidente agora é incapaz de exemplificar para os motivar? Desculpem lá, mas não alcanço a dimensão desse portismo servil, embora queira acreditar na sua boa fé. É que sem darem por ela, estão a dizer, que os nossos jogadores se tornem super-homens, que corram mais, que joguem mais, que dêem show de bola, que ganhem mais vezes que os seus adversários, com "armas" diferentes. Isso era antigamente. Hoje, os jogadores estão de passagem (mesmo os portistas) para quem lhes pague mais. O mercado ultrapassou o amor clubista. Mas, se quiserem insistir na demagogia, é convôsco. Só que depois não têm autoridade intelectual para culparem o treinador de gerir mal o plantel, nomeadamente no que concerne as performances físicas e psicológicas...
A mim, não me diz nada a apreciação do portismo pelo tempo de cartão de sócio, ou até mesmo por ser sócio, ou não ser. Essas são opções muito pessoais que não desprestigiam nem dignificam ninguém. Aliás, não é por serem sócios que os sócios (passe a redundância) têm sido mais considerados que os simples adeptos. Explicações, nikles! E não me venham com as histórias bipolarizadas dos adeptos de victórias (os maus) e os das derrotas, como se fosse possível extravazar daí um certificado de pureza clubista.
Deixemo-nos de tretas e decidam-se, se puderem, a atacar já o mal pela raíz, antes que o FCPorto se torne num segundo Boavista, teso e quase esquecido. Promovam eleições calmamente, mas quanto antes. Avalizem muito bem a idoneidade dos putativos candidatos à cadeira de sonho (que hão-de aparecer), e votem.
Diz o ditado: o tempo, é composto de mudança.
FC Porto arrasa arbitragem: "É urgente acabar com esta pouca vergonha"
Nota de RoP:
Este título, mais do que sensacionalista, é um atentado à inteligência dos leitores de O JOGO. O FCPorto arrasa o quê, e quem, objectivamente?
Infelizmente, agora não arrasa coisa nenhuma, limita-se a gemer como os cordeiros, retroactivamente...