02 maio, 2018

Futebol sujo, Governo imundo!

Para quem padece de uma alergia crónica à desonestidade mental, como parece ser o meu caso, torna-se fastidioso ver passar os anos sem que nada de verdadeiramente digno tenha sido feito para bloquear o ritmo da corrupção em Portugal.

Este gravíssimo problema nacional não está confinado ao mundo do futebol, a essa almofada de conforto daqueles que, talvez para encobrirem os seus próprios pecados, encontraram no futebol o bode expiatório ideal de todos os males da sociedade. Se o Benfica fez o que fez - e tudo aponta para que os indícios conhecidos não deixem dúvidas -, foi porque outros com responsabilidades de Estado o permitiram. A começar, insisto, pela classe política, que  paulatinamente se deixou dominar pelos tentáculos corruptores do Benfica, mas igualmente por outras entidades de relêvo como  órgãos do Ministério Público, Polícia, e Comunicação Social. Foi sempre a estas entidades que apontei as culpas por tudo de negativo que tem vindo a acontecer e não especificamente ao futebol, porque  o futebol não tem, nem pode ter, os poderes que só ao Estado diz respeito. O futebol, como a banca por exemplo, são apenas pedras que mal geridas podem emperrar toda a engrenagem de uma sociedade, engrenagem essa que nem o 25 de Abril conseguiu olear.

Não há dia que não saiam a público casos de corrupção em que figuras, directa ou indirectamente ligadas à política estejam envolvidas em negócios ilegais de milhões. Como podem eles querer ter boa imagem na sociedade se não decidem defender-se desta gente? Como podem sentir-se cómodos com tanta gatunagem sem alterar os estatutos partidários de forma a impossibilitar a promiscuidade entre a política e outras actividades? Que credibilidade pode merecer um deputado/advogado com assento no Parlamento ter ao mesmo tempo o seu escritório aberto a clientes suspeitos de atentarem contra o Estado? Que credibilidade pode merecer a um cidadão civilizado um político comentador de futebol e clubista?

Já se passaram 44 anos, desde o antigo regime, e nem assim tivemos o orgulho de ver despontar do universo político-partidário um único líder (de qualquer partido) capaz de acabar com esta palhaçada?

Não será caso para concluirmos que nesse aspecto concreto os partidos se igualam, que funcionam como uma coesa máquina corporativa?


O Benfica, essa associação de claques ilegais  tão protegida pelos media, é no desporto português o clube mais inqualificável da actualidade, e não é pelas melhores razões.

E os Governantes, serão diferentes?  

01 maio, 2018

As rendas...

1.Já sabíamos que o preço de energia em Portugal é dos mais altos da Europa. Também já sabíamos que mais de metade da fatura mensal corresponde a taxas e impostos. Não é novo, igualmente, que parte da conta se deve às "rendas excessivas" que o Estado atribuiu às empresas de energia (entre as quais se destaca a EDP), ou às tarifas garantidas que essas empresas negociaram no caso da produção de energia através de fontes renováveis (na prática, recebem um preço superior ao do mercado). Já sabíamos, portanto, que, a exemplo do que sucede na banca, também na energia se aplica, aqui neste jardim à beira mar plantado, a criativa fórmula da privatização dos lucros e da socialização dos prejuízos. Um tipo de capitalismo bastante estimulante. Todos estes factos são há muito do conhecimento do público em geral, pelo que se presume que também de ministros, deputados e dirigentes partidários. No entanto, ano após ano, entre alguns arrufos políticos inconsequentes, continuamos a receber e a pagar faturas, rendas e mordomias absurdas. Talvez o mais recente escândalo - o salário de 15 mil euros que o ex--ministro socialista Manuel Pinho recebia por conta dos serviços prestado ao Grupo Espírito Santo - contribua para um pacto de regime entre o PS e o PSD. Ou talvez não. O mais certo é que vingue a criativa fórmula de mudar alguma coisa, para que tudo fique na mesma. Um tipo de democracia bastante estimulante.
2. O Governo anunciou uma série de medidas na área da habitação. O plano inclui medidas tradicionais, como a construção ou reabilitação de casas para 26 mil famílias pobres, que implica um investimento de 1700 milhões de euros durante os próximos sete anos. Uma meta ambiciosa a que se acrescenta, desta vez, um programa de arrendamento acessível, que pretende chegar a 100 mil famílias da classe média. O Estado propõe-se fomentar uma bolsa de casas para arrendar a preços razoáveis, ou seja, que as pessoas possam de facto pagar. A proposta tem o cuidado de especificar que a renda não pode ultrapassar uma taxa de esforço de 35% (do rendimento). Para atrair os proprietários a este programa, promete-se a isenção de IRS e IRC por parte do Estado, bem como a redução ou isenção do IMI por parte das autarquias. Demasiado bom para ser verdadeiro. O Governo classifica como acessível uma renda de 900 euros para um T2 no Porto. Ou de 1050 euros, para igual tipologia, em Lisboa. Num país em que o salário médio líquido é de 856 euros, os únicos que têm alguma coisa a ganhar com este negócio são os proprietários, que, aos preços especulativos das rendas, somarão entretanto uma borla fiscal.
(De Rafael Barbosa-JN)
EDITOR-EXECUTIVO

30 abril, 2018

O paradoxo do Porto Canal


Marega, o Bugatti azul e branco...

É incrível que o Porto Canal não tenha dado a importância devida ao jogo do FCPorto com o Marítimo, enquanto os canais da concorrência, apesar de nos odiarem, não quiseram perder a oportunidade de aproveitar as audiências que um provável campeão sempre garante.

Há momentos, que ficamos com a ideia que aquela estação anda à rédea solta, que são os funcionários quem manda.

Programas interrompidos, várias vezes repetidos, pessoal de férias prematuramente, mulheres a alternar o descanso da licença pós-parto, umas atrás das outras. Enfim, tudo isto resolvido com umas cassetes, ou seja, repetições sucessivas de programação.

Ora, como o FCPorto é o accionista principal, devia estar atento a estas incompetências, puxar as orelhas ao Sr. Júlio Magalhães, e dizer-lhe que o que aconteceu ontem no Barreiros é um acontecimento de carácter generalista, e não exclusivamento desportivo.   

Estão de parabéns os portistas, os jogadores e Sérgio Conceição. Já falta pouco.

Força Porto!