Tenho idade que chegue para saber que para triunfar na vida a honradez de um Homem é um bem que pode obstaculizar o intento.
Sem nos darmos conta, continuamos a culpar a vida pelos nossos erros, quando até certo ponto, cabe a cada qual evitá-los e procurar fazer o necessário para que não se repitam. Paradoxalmente, há quem goste de enfatizar os progressos da humanidade e ao mesmo tempo comparar a vida das pessoas à dos animais selvagens, sem perceber quão radicais e opostos são estes pontos de vista. Tal como na selva, dizem, na sociedade humana, vence sempre o mais forte [seja lá o que eles entendem por forte]... Esta é uma ideia particularmente enraizada nos Estados Unidos, e que o mundo depressa absorveu, tão poderosa é a máquina de propaganda deste país. O grosso das pessoas absorve tudo, principalmente o lixo ideológico, e até a violência.
Sem nos darmos conta, continuamos a culpar a vida pelos nossos erros, quando até certo ponto, cabe a cada qual evitá-los e procurar fazer o necessário para que não se repitam. Paradoxalmente, há quem goste de enfatizar os progressos da humanidade e ao mesmo tempo comparar a vida das pessoas à dos animais selvagens, sem perceber quão radicais e opostos são estes pontos de vista. Tal como na selva, dizem, na sociedade humana, vence sempre o mais forte [seja lá o que eles entendem por forte]... Esta é uma ideia particularmente enraizada nos Estados Unidos, e que o mundo depressa absorveu, tão poderosa é a máquina de propaganda deste país. O grosso das pessoas absorve tudo, principalmente o lixo ideológico, e até a violência.
Felizmente que as imagens não mentem, e ainda podem provar o que atrás afirmei de forma incontestável. Hoje, com a profusão de canais por cabo, o cinema deve ocupar cerca de 90% (ou mais) de toda a programação televisiva, e a percentagem de filmes americanos também andará lá perto disso. Faça-se o teste, e veja-se quantos desses filmes é possível vermos sem contemplar perseguições, corridas loucas com carros de polícia, ruídos irritantes de sirenes, assassinatos às dezenas, cansativos chiar de rodas, tiros, facadas, explosões "espectaculares", corpos decepados, derrapagens, heróis e assassinos, enfim, o sangue, a violência.
É deste tipo de "arte", em suma, que se alimenta a indústria cinematográfica americana. E é a que predomina. Justificação? Simples! Vende, meus senhores, vende! A violência vende, e se vende, fim de papo! Haverá argumento mais nobre, mais "forte"? Aqui chegados, colocados perante o peso do dinheiro, todo o pensamento se esgota e não há lugar para a sensatez . Mesmo assim, ainda há quem se espante com os massacres que alguns seres mais vulneráveis vão provocando por esse mundo fora, particularmente na América. Pergunto: não será também esta a lógica "comercial" que inspira os nossos programas e os jornais "desportivos"? Talvez o Cavaco possa responder, esse grande homem, esse estadista ímpar...
Não queria extrapolar deste cenário para a vida comezinha de muita gente, de todas as profissões, mas o critério que explica a cobardia, a traição e a falsidade instalada na nossa sociedade, é exactamente o mesmo da cinematografia americana: o dinheiro.
Prefiro Manoel de Oliveira. Ao menos a ele ninguém pode acusar de ter semeado o ódio e a violência com a sua arte.