11 novembro, 2016

Sobre a entrevista de Nuno Espírito Santo ao Porto Canal

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Francamente, não esperava nada de especial da entrevista, e o que vi confirmou a suspeita. Mesmo assim, o entrevistado foi um pouco melhor que o entrevistador. E explico porquê: o estilo parcimonioso, pouco directo, de Júlio Magalhães, facilitou o trabalho de NES, ou seja, ajudou-o a fugir às perguntas e tornar a entrevista uma espécie de consulta psicológica cheia de descrições prosaicas e processos de intenção.

Entre outras respostas, NES disse coisas banais como: para poder marcar golos, é preciso ter presença na área, é preciso encontrar os caminhos para a baliza. Questionado se era capaz de dizer porque a equipa não marcava golos, respondeu: "somos humanos e às vezes erramos". Júlio Magalhães devia persistir e perguntar-lhe o óbvio, como por exemplo: "é capaz de descrever o que faz nos treinos para corrigir essas dificuldades? Nuno fartou-se de relevar o facto de ter uma equipa jovem, que estava a crescer, sem ser confrontado com a questão do timing que isso comporta. Uma equipa jovem, com responsabilidades de sénior que se quer competitiva, corre sérios riscos de cair se o crescimento não contemplar o tempo adequado.

Enfim, ficaram por fazer mais perguntas e sobretudo obter respostas pragmáticas, coisa que NES evitou (ou não quis dar). Sobre as arbitragens, reconheceu os erros, mas logo foi dizendo que não punha em causa a honestidade dos árbitros, que confiava neles... Isto, não é ser Porto, não é carne, nem é peixe, é nim. Bem pode esperar deitado (como diz o patrão), que os árbitros agradecem a compreensão, e assim podem respirar à vontade.

Este estilo politicamente correcto, quase seminarista, pode ser muito agradável para os nossos adversários, mas não é a forma mais indicada para defender um clube como o FCPorto, odiado e perseguido pelos clubes da capital. Isto é um facto, não é demagogia. E os resultados são sobejamente conhecidos.


10 novembro, 2016

As dúvidas sobre Trump

O primeiro ponto que deve ser levantado é a sua relação com as instituições e as regras democráticas. “Excluindo uma fenomenal mudança de personalidade, a vitória de Trump aparece como um desafio ao modelo democrático ocidental”, escrevia também ontem, em editorial, o Financial Times. Durante a campanha ele desafiou a separação dos poderes ou a liberdade de imprensa.

Conhecido o resultado das eleições, surgiu um dado inesperado: Trump vai acumular um poder imenso. Será o chefe indiscutido do Partido Republicano. Controlará as maiorias na Câmara dos Representantes e no Senado. O seu estilo autoritário e o odor da vitória não deixam dúvidas sobre quem vai comandar. Será ainda Trump a designar os próximos juízes do Supremo Tribunal, que rege os equilíbrios dos poderes. Trump estará na posição inversa de Obama, bloqueado pela maioria republicana do Congresso, primeiro na Câmara dos Representantes, depois em todo o Congresso.

Os medos desafiam a lógica e os próprios interesses. É acima de tudo um medo da mudança e do desaparecimento dum “antigo mundo”. Medo da erosão dos valores tradicionais. Medo do futuro. As classes dirigentes americanas (para não falar nas europeias) não souberam falar aos “perdedores” da globalização e das revoluções tecnológicas.
O choque provocado por Trump não pode ser transformado em medo, nem entendido num registo catastrófico, que incita à passividade. Os 240 anos da democracia americana não desaparecerão de um dia para o outro. Há outra América para lá de Trump. Na Europa, o catastrofismo seria a mais perigosa forma de acelerar a erosão da democracia e de estimular os seus próprios populismos.

09 novembro, 2016

O mundo vai ver o que é Democracia à moda de Trump!

Winston Churchill

Por mais actualizada que esteja a célebre frase de Churchill sobre a bondade da Democracia, continuo a considerar profundamente errado continuarmos a dar-lhe lastro. Antes de mais, porque à época em que a declarou, o mundo moderno mal sabia o que era a Democracia, ou como se praticava, e porque os países que procuravam regimentá-la ainda viviam as primeiras experiências. 

O termo democracia tem origem no grego antigo (século V, a.C.) e foi inventado para designar os sistemas políticos então existentes por oposição à aristocracia grega, mas nem por isso generalizou o seu exercício. Só os filhos homens originais de Atenas, a podiam exercer. Mulheres, e escravos, ou estrangeiros, ficavam fora dessa pequena elite. Como plataforma de arranque, foi um grande feito para a Grécia e para o Mundo, mas como exemplo, foi desde logo, uma absoluta contradição, ou não houvesse ainda a escravatura... Mesmo assim, foi um digno primeiro passo (fossemos nós tão afoitos a implantar a regionalização).  

Falávamos do  século V, antes de Cristo, não sei se estão bem a medir a distância... E agora, passados tantos séculos, como estamos? Quais foram os progressos mais significativos dessa época ancestral, até aos nossos dias? Melhor Democracia? Mais deveres? Mais direitos? Mais respeito? Mais Honradez? Mais Humanismo? Mais Paz?

Bem, suponho ser desnecessário perder muito tempo para encontrar a resposta, porque ela está aos olhos de toda a gente que gosta de pensar. Todos os pequenos passos (sempre pequenos) que se deram no sentido de burilar e esmerar essa inacabada escultura chamada Democracia têm sido permanentemente sujeitos a grandes recuos, tornando a tarefa mais dura, longa e sempre adiada.

Por isso, é que hoje já não devemos realçar a frase de Churchill, sob pena de a tornarmos uma verdade inatacável, uma espécie de fatalidade, uma negação do progresso. Para mim, o problema resume-se a isto: integridade. Lamento repetir-me, não tenho como contornar este facto. Nenhum decreto, nenhuma lei vale a pena, se antecipadamente não pressupôr rigôr, cumprimento, dever, sobretudo em Democracia. É esse o grande mal das democracias postiças. A vigarice política, económica e social, é uma prática comum, e a inimputabilidade uma consequência rotineira  (Duarte Lima. é suspeitoo de  homocídio no Brasil, e vive em residência principesca os frutos dos seus crimes).

Olhemos apenas para os escândalos mais mediáticos (há muitos outros), da Banca,  de Sócrates, de Duarte Lima, de Durão Barroso, de François Hollande, e mais recentemente para o tiro "fiscal" de António Costa, de querer dar tratamento excepcional ao futuro administrador da CGD, sem se preocupar com a mancha de descrédito que a cedência representa para a opinião pública e para a própria saúde da Democracia.

Hillary Clinton, por ter deixado rabos de palha, enquanto secretária de Estado, abriu as portas a um ditador, fazendo lembrar o modo como Adolfo Hitler chegou ao poder na Alemanha. E agora? Quem será responsabilizado pelas loucuras que um homem daqueles eventualmente venha a cometer? O povo americano que lhe deu o voto? Sim, na América do Norte!

Mas, cá, em Portugal, somos todos nós! Porque nos deixamos enredar facilmente pelas verdades à la carte dos políticos, por promessas efémeras, por filosofias de ocasião, sem nos darmos ao trabalho de as contestar quando se tornam retrógradas.

Vivemos todos num palco global pré-anaquista, de imoralidade e violência. Somos meros figurantes, mal pagos e mal tratados, por gente provável e éticamente inferior a nós. Somos superiores, na forma como estamos na vida, e lidamos com os outros, e no entanto, dita a tal democracia fatalista de Churchill que são os medíocres quem nos devem dizer como se faz...

Saúde, ao movimento "Occupy Wall Street"! E, cuidado com a Trampa!

Obs.
Curiosas, as "afinidades" com os E.U. nas declarações dos "líderes" europeus  dirigidas a Trump. 

Vejamos:

François Holland (França):
Os E.U. constituem um parceiro de primeiríssimo plano...

Angela Merkel (Alemanha):
A Alemanha e os E.U. estão ligados por valores...

Benjamin Netanyahu (Israel):
Trump, é um verdadeiro amigo de Israel, Estou impaciente por trabalhar com ele...

Shinzo Abe (Japão):
Espero estabelecer o mais rapidamente possível uma relação de confiança com a nova administração...

Enrique Peña Nieto (México):
Os E.U. e o México são amigos e aliados...

Ainda ontem, todos faziam figas para que Trump não ganhasse as eleições. Bastou um dia para todos começarem a engraxar o homem. Realmente, à força do dinheiro ninguém resiste. Querem lá eles saber da paz mundial ou da preservação do planeta! Santa hipocrisia! Ou será apenas MEDO?

08 novembro, 2016

CÂMARA CONFIRMA ENTREGA DO PAVILHÃO ROSA MOTA AO CONSÓRCIO ‘PORTO 100% PORTO’


Image de Câmara confirma entrega do Pavilhão Rosa Mota ao consórcio ‘Porto 100% Porto’

Na reunião camarária pública, o vereador do PSD Ricardo Almeida notou que “o júri do concurso teve duas decisões diferentes sobre a mesma proposta” do consórcio, ao passo que o vereador da CDU, Pedro Carvalho, destacou a “contradição” de aprovar uma candidatura que, antes, “nem cumpria os requisitos para ser avaliada”.
O presidente da câmara, Rui Moreira, disse estar em causa uma decisão judicial que obrigava o júri a avaliar as propostas, lembrando ter desistido do recurso dessa sentença devido às “gravíssimas consequências” que a batalha judicial podia ter para a autarquia, devido a eventuais “providências cautelares ou indemnizações”.
“O que o júri fez, num primeiro momento, foi olhar para a documentação e perceber se respeitava o caderno de encargos, como se estivesse a olhar para um índice, sem se pronunciar sobre o mérito da proposta”, descreveu o diretor municipal dos serviços jurídicos, Correia de Matos.
Depois, o “tribunal entendeu que o júri estava obrigado a admitir e a dar classificação [à proposta]”, acrescentou o responsável.
Para o comunista Pedro Carvalho, “só pela ausência de documentação, a avaliação devia ter sido negativa”.
“Você desobedeceria ao tribunal?”, questionou Rui Moreira, notando que “as propostas foram mal excluídas”.
O vereador da Habitação, Manuel Pizarro (PS) considerou a proposta de adjudicação com “uma belíssima noticia” porque “o que interessa à cidade é que vai avançar a requalificação” do Pavilhão Rosa Mota.
Pizarro vincou que “a decisão política para no momento em que a decisão é do júri”.
“Em causa está uma decisão técnica e jurídica, que não cumpre ao executivo municipal”, afirmou. “Não nos envolvemos nas decisões do júri. Estou sujeito à soberana decisão do júri”, acrescentou.
No Relatório Preliminar da Análise das Propostas, a que a Lusa teve acesso em agosto de 2015, o júri alertava que as duas propostas apresentadas no concurso tinham “divergências e omissões” relativamente ao caderno de encargos.
O júri referia a “omissão” do estudo prévio, que não permitia “avaliar a fiabilidade dos números apresentados quanto a lugares criados e quanto às condições de viabilidade da exploração dos diversos espaços”.
À Câmara do Porto, o júri propôs a exclusão das duas propostas apresentadas e a não adjudicação do equipamento.
A “Porto 100% Porto” recorreu e, em março, o Tribunal Administrativo e Fiscal do Porto (TAFP) condenou a empresa municipal Porto Lazer a continuar com o concurso, readmitindo a proposta, “por considerar que foi excluída ilegalmente pelo júri”.
No processo, que a Agência Lusa consultou, a Câmara do Porto contestou a decisão em abril, alegando que tribunal identificou “uma questão de nulidade do caderno de encargos não alegada por qualquer das partes”, pelo que tinha “por obrigação decidi-la e apreciá-la”, sustenta a empresa municipal.
“Perante uma questão de conhecimento oficioso como a nulidade do caderno de encargos, o tribunal não pode escolher «salvar o concurso» para poder deferir ou indeferir a pretensão requerida”, argumentavam os advogados da empresa municipal Porto Lazer.
Em julho, a Porto Lazer desistiu do recurso apresentado “pelo elevado risco de decaimento do recurso” e pela “urgência de reabilitação do pavilhão, cuja degradação é cada vez mais evidente”, revelou a autarquia.
“Com esta decisão, o concurso será retomado pelo júri, que voltará a analisar a proposta do consórcio “Porto 100% Porto”, acrescentou.

07 novembro, 2016

Se, é sempre um "se"

Somos Porto?
Tenho como certo, que quando o responsável principal de uma organização empresarial, ou de outra qualquer, como um clube de futebol, já não tem unhas para gerir o que lhe compete, o resultado só pode ser o fracasso, mesmo que pontualmente consiga pequenos feitos. É o que está a acontecer com o FCPorto destes últimos anos, no futebol, e até nas modalidades em que somos mais competitivos.

Portanto, fica previamente rememorizada a minha opinião sobre a causa principal dos fracassos do FCPorto pós capitulação de Pinto da Costa, para que não haja confusões com o que escreverei a seguir, pois não passam de efeitos transversais a uma liderança postiça.

Mesmo assim, como disse no primeiro parágrafo, é possível reduzir os danos e até obter alguns êxitos avulsos. Mas para isso, será necessário que outros façam parte do trabalho que compete ao "patrão", ou seja, fazer dos atletas fracos mais fortes, dos medianos, bons, e dos bons torná-los, se possível, excelentes, ou no mínimo, muito bons. Entenda-se como competências do patrão (que aliás, Pinto da Costa costuma assumir como suas), a escolha dos jogadores, ou dar o seu aval a quem os propôr. É claro que, se os intermediários e comissionistas destas transacções forem muitos, como parece agora acontecer, a tarefa de "substituir" funções de outrém fica ainda mais complicada. Como concordarão, essa tarefa podia ser remendada com a intervenção do treinador, mas para isso, seria preciso que o treinador ousasse afirmar-se enquanto tal no sentido de tornar os jogadores mais competitivos.

O jogo de ontem, mostrou-nos coisas muito interessantes, mais velocidade, profundidade, pressão alta, espírito de entreajuda, passes menos erráticos, tudo coisas que contribuiram para a qualidade do espectáculo, ainda que imperdoavelmente traídas pelas decisões desastradas de Nuno Espírito Santo. 

Avaliando o cenário pelo lado positivo, somos tentados a pensar que ainda nada está perdido, que ainda falta muito campeonato, que a jogar desta maneira a equipa pode começar a carburar para patamares de estabilidade condizentes com o estatuto do FCPorto. A questão é esta; terá Nuno Espírito Santo capacidade para mentalizar os jogadores para isso? Terá competências para lhes aumentar a carga de treinos, por exemplo, na vertente específica do remate, que é tão pobre e inábil neste plantel? Para os resultados serem bons, é preciso muita disponibilidade, muitas correcções, muitos ensaios, porque seguramente os jogadores acusarão nos treinos os mesmos defeitos dos jogos...

Se o Nuno E. Santo não fôr capaz de fazer a diferença, de provar que está ali para ser mais um grande treinador, audaz, inteligente e ambicioso, então, caros amigos portistas, podemos contar com mais um ano de desgosto e frustração do nosso clube. E já vai (?) para a quarta temporada...

Obs,-Ainda sobre a asneira de Herrera, há quem leia as críticas que lhe são apontadas como uma crucifixação e prefira apontar espingardas para a defesa quando foi marcado o golo dos vermelhos. Ora, se isso é crucificar um jogador que tinha acabado de entrar, e sempre podia ter optado por chutar a bola para longe, o que será transferir as culpas para o Danilo & Companhia, que até então tinham dado o litro e jogado como nunca? Além de que, como já disse, o principal responsável foi quem lhe deu ordens para entrar numa fase tão crítica do jogo.


06 novembro, 2016

Quem não sabe matar, arrisca-se a morrer

Nem vou perder tempo a elogiar o empenho da equipa ou a própria exibição,  porque tudo se diluiu nos últimos minutos de prolongamento, deitando por terra tudo o que de bom tinha sido feito até ali e a possibilidade de encurtar a distância para o clube do colinho.

É incompreensível meter um jogador que tem pautado as últimas exibições pela mediocridade numa altura em que importava segurar a victória com unhas e dentes,sem correr riscos. Pois foi isso exactamente que fez Nuno Espírito Santo ao fazer entrar Herrera um jogador bipolar e errático. Podem-me dizer que Nuno quis-lhe transmitir confiança, mas se essa foi a razão não era este o momento para o fazer. Resultado, quando Herrera, em vez de chutar para longe a bola para o campo adversário, decide arriscar a gracinha de conquistar um lançamento chutando-a contra as pernas de um vermelho no sentido da nossa baliza, o melhor que conseguiu foi o canto que deu o empate a um adversário que não o merecia e que poucas oportunidades de golo tinha criado durante os 90 minutos regulamentares.

Quem perdeu foi o treinador, na única decisão errada que cometeu ao meter Herrera num momento tão importante como aquele. Assim, não!