05 abril, 2018

Urge actualizar a História de Portugal


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O país mudou. Para melhor, para os políticos, para pior para a população que vive apenas do seu trabalho.

Procurei, sem sucesso, descobrir o número de professores de História a lecionar no país, através do site da respectiva Associação. Pensei que seria útil ter uma ideia do seu número, para melhor perceber o conformismo, ou a falta de ousadia, instalada pelos entendidos na área para ainda não terem reescrito a História, quarenta e quatro anos depois da revolução de 1974.  

Não sei se há algum tipo de formalismo, normas, ou prazos específicos para o efeito, e se qualquer professor estará habilitado para tal. Parece-me mesmo que talvez  seja um pouco tarde requalificar a História atendendo às transformações operadas no regime nos últimos 20/30 anos.  Tarde porque, descontando os exageros habituais dos historiadores - que não resistem a glorificar os seus heróis -, penso que quanto mais actualizada estiver a História, mais rigorosa se mantém.  Provavelmente, será mais ou menos assim que a coisa funciona, só que nunca nos apercebemos quando acontece. Não tenho sequer memória que ocorrências desta natureza sejam devidamente divulgadas. Seja como fôr, não pode ficar tudo inalterável.

Será um embuste, uma traição à História Nacional, conservá-la com as definições postiças inseridas na Constituição da República  de 1976, onde são garantidos os direitos fundamentais dos cidadãos e os princípios basilares da Democracia, mas apenas no plano teórico, o que significa que não é respeitada em toda a plenitude.

Consequentemente, e uma vez que a Liberdade ainda nos vai "permitindo" dizer o que pensamos, apesar de para mim ser mais um Estado de Devassidão que de Liberdade, cabe aos historiadores escreverem uma renovada História, onde conste o verdadeiro perfil do actual regime, que não sendo igual ao de uma ditadura tradicional, de repressão policial, segue muitos dos seus métodos neo-fascistas usando a comunicação social, em vez da PIDE.

É uma ditadura diferente, que progressivamente se foi adaptando aos novos tempos, procurando não dar muito nas vistas dos mais escrupulosos e democráticos países da União Europeia. Mas é uma Ditadura, apesar do direito ao voto. Porque, sem o voto, teriam mesmo de criar uma nova polícia política, para sobreviverem.


04 abril, 2018

Até tu, Ferro?

Teatro político, o pior de todos os teatros

Que espectáculo de cinismo miserável foi a conferência ontem realizada na Assembleia da República! Não é que até o presidente Ferro Rodrigues foi atrás da conversa usada pelos incendiários do futebol português - que como bem sabemos incluem os próprios órgãos desportivos -, e falou sem dizer nada?

Então, abordou a violência, e ainda não descobriu onde mora a fonte? Será F. Rodrigues tão burro, tão burro, que desconhece o Benfica, que é nada mais, nada menos, que o mestre-mor da violência no futebol, com um cadastro criminal riquíssimo, onde consta o assassinato de dois seres humanos? Ter-se-à esquecido desse drama, dessa nódoa nacional praticada pelo clube que também ele parece querer proteger?

E o garoto do secretário de estado  do desporto (com minúsculas), correspondeu airosamente apresentando percentagens de futilidades, como se estivesse a dizer as coisas mais importantes do mundo, quando não passa de um incompetente e vigarista? Isto é intolerável! Mas terá sido para parir escumalha desta natureza que os militares  de Abril lutaram contra o antigo regime? Valeu a pena?

Antes de continuar, fica já aqui exarado que não estou nada preocupado que me movam um processo, porque não há justiça no mundo que me obrigue a respeitar gente deste calibre. No tribunal, ou fora dele, nunca deixarei de pensar de acordo com a imagem que eles dão de si próprios, que é asquerosa, e indigna! 

Mas esta gentinha pensa que as pessoas são todas estúpidas, que não sabem distinguir um chico-esperto, de um homem inteligente?  São tão básicos que até o nome escolhido para a dita conferência não podia ser mais inadequado: conferência "Contra a Violência no Desporto"! Como sempre, preferiram a abstração (ou poeira para olhos) à objectividade, tal qual manda a cartilha vermelha. É assim que querem ser respeitados? Então respeitem-me a mim, e a milhões de pessoas como eu!

Já que optaram pelo tema da violência, quero refrescar-lhes a memória nessa matéria pronunciando um nome que lhes é querido, chama-se Benfica. É praticamente sinónimo de violência. Mas algo me diz que não me vão agradecer a gentileza. É que, além da violência, é um nome também associado à corrupção, e ao tráfico de droga. Que conste, é o único clube que justifica o nome escolhido para a conferência, não conheço outro.  Estão a ver como é tão simples o pragmatismo, ao contrário da abstracção de misturar todos os clubes, para baralhar, e dar de novo? Há que ser sério, porque generalizar actos desta natureza, é multiplicar a criminalidade e safar os principais autores.  No que me diz respeito, só aprecio a abstracção de artistas assumidos. A representação teatral política é a mãe dos maus Governos.

Manhosos como são os políticos, são mesmo assim incapazes de distinguir a inteligência, da banha da cobra usada pelos mercadores de feira. A inteligência é amiga da integridade intelectual, o chico-espertismo convive bem com a farsa. É extremamente difícil partilhar a honestidade com temperamentos manhosos, porque quando isso acontece não tarda que a máscara da vulgaridade caia e denuncie o portador. Os políticos estão sempre a confirmar estes factos, ainda que sem nunca o assumirem.  Reuniões como a de ontem no Parlamento, são uma perda de tempo, e contribuem perigosamente para a manutenção da violência e da corrupção. Foi apenas mais um falso processo de intenções que apenas pretendeu iludir os incautos. Os responsáveis pela balbúrdia actual vão continuar a deixar correr o marfim com a desonestidade de sempre. Mais do mesmo, portanto. 

A decisão mais sensata que tomei na minha vida, à excepção da primeira década dos anos 70, foi ter abolido das minhas obrigações democráticas o dever de votar. Os políticos não prestam, é verdade, mas não sou eu quem lhes alimenta a vigarice.

PS-Que vá para o raio que o parta Ferro Rodrigues, mais a sua intenção de legislar acerca da violência e a corrupção. A Constituição também legislou a Regionalização e de nada valeu, porque até hoje nada se cumpriu. A lei também proíbe a existência de claques ilegais e o clube que ele quer defender é o mais ilegal de todos. Vozes que nada valem, são isso mesmo: nada. 


03 abril, 2018

Poupemos os jogadores, e responsabilizemos quem governa o FCPorto sem papas na língua

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Chegados a esta fase do campeonato, podíamos estar agora a comentar os jogos do FCPorto sem beliscar o nome de Pinto da Costa e dos elementos da SAD, mas isso não seria sério. 

Podíamos apontar uma ou outra falha das opções técnico-tácticas de Sérgio Conceição, mas no contexto actual, seria muito redutor.

Podíamos discutir a gestão física do plantel, à condição de excluir o treinador dessa responsabilidade, porque andamos a época inteira a reclamar que era curto, e que continuou curto mesmo com a contratação do mercado de inverno. 

Podíamos dizer que, este ou aquele jogador, não têm perfil para integrar um clube com as ambições do FCPorto, mas o momento de orfandade presidencial não o recomenda.

Tudo isto é possível, mas tão inconsequente, quanto injusto. O que não devíamos dizer, porque é simplesmente mentira, é que os grandes problemas do FCPorto começam e terminam aí.

Na história do futebol português, o FCPorto foi sempre um clube temido e invejado pelo poder central, e pelos principais clubes de Lisboa. Nem o 25 de Abril conseguiu mudar-lhes a mentalidade. Tal como agora, são eles que têm complexos de inferioridade, e não nós em relação a eles. Sofrem do síndroma das capitais provincianas, que advém da confusão entre a ideia que se tem de uma capital  de país, e a percepção do que é o país real.

Até agora, que o Benfica está sob suspeitas gravíssimas, debaixo da alçada da PJ, continuam a apontar para nós as culpas pelos seus próprios comportamentos. Sempre foram assim, mas estão piores. O que neste momento está a acontecer é surreal e intolerável. De tal modo, que parte das vigarices de que são suspeitos continuam a ser praticadas com prejuizos directos na classificação geral do FCPorto. Portanto, não é justo nem honesto apontarmos o dedo apenas ao plantel e treinador, porque essa face mafiosa do campeonato não lhes diz respeito. Compete ao Governo e à Justiça.

Este ambiente dúbio, esta dependência isolada do que fazem, ou não fazem os árbitros, os vídeo-árbitros, o Conselho de Disciplina, a Liga e toda essa tropa fandanga que vive sob o controlo do Benfica e o ajuda, não contribui em nada para a auto-confiança do nosso treinador e jogadores. Se, juntarmos a isso a completa impassibilidade dos homens que mandam no FCPorto, a começar pelo Presidente e a acabar nos que o rodeiam, a instabilidade dos atletas não pode ser ligeira. Se estivermos atentos às modalidades, algumas delas repletas de excelentes jogadores, como é o caso do andebol e do hóquei, descobrimos que está instalada alguma insegurança, e não podemos concentrar as causas apenas neles e nos respectivos treinadores.

Faz já algumas semanas que Francisco J. Marques anunciou a intenção do FCPorto apresentar queixa ao Tribunal Europeu dos Direitos do Homem, e ainda não sabemos se essa exposição foi concretizada. Será que estamos à espera que o Benfica seja outra vez campeão, para depois continuarmos a carpir mágoas?

Termino lembrando que desvalorizar os aspectos psicológicos que influenciam, para o bem e para o mal, o rendimento de um grupo de trabalho, é ver o problema pela rama e negligenciar o que é fundamental. Vale para um jogador como para um estudante, a auto-estima como a confiança tem de ser sempre escrutinada e alimentada por quem superintende. No 1º. caso pelo Presidente do clube sobre o corpo técnico e este sobre os jogadores, e no 2º pelos professores com o reforço fundamental dos encarregados de educação. Sem estes suportes fragilizam-se logo à partida os alicerces de qualquer projecto de médio curso, como é patente na diferença enorme entre os resultados da gestão de um Pinto da Costa líder, e o Pinto da Costa simbólico da actualidade.

E não me venham com as histórias bisonhas dos bons e dos maus portistas, porque dos meus sentimentos bairristas e clubistas estou cansado de  dar provas. Além de que, o tribunal popular tem muitas vezes algo de populista... A análise está feita, mas ainda acredito que sejamos felizes, apesar de.   


02 abril, 2018

Que noite teremos logo em Belém?


O dia de hoje não é dos mais indicados para jogar futebol. Não sei como estará o tempo lá para as bandas da moirama. Por cá, tem chovido incessantemente, e  não é  a natureza que o determina, é a competência do Governo. Temos um Governo de sábios, espectacular. Tão competente e talentoso, que até consegue impor-se às intempéries e encher as albufeiras de água, para não ter de assistir à mortandade causada pelos incêndios do anos passado. Que artistas! Portugal é mesmo um país de top! Um dos melhores do mundo (diz o Marcelo e aplaude o Costa). Garotices à parte, coloquemos os pés na terra e voltemos à dura realidade.

O FCPorto tem um jogo decisivo esta noite, nessa Lisboa fadista, malquista e traidora. Mais uma vez, foi o último clube a jogar (sob pressão) entre os principais candidatos ao título, coisa que já não se estranha, provada que está a vocação de mártir sereno que o presidente do FCPorto tem procurado transmitir aos adeptos. 

Logo à noite, além do mau tempo, tudo se pode esperar. Pela minha parte, só queria que houvesse futebol, mas palpita-me que vamos ter mais um acto de teatro ao bom estilo dos povos das cavernas. Os jogadores do Belenenses já devem estar instruídos para simularem faltas, promoverem o contacto físico, lançarem-se brutalmente para o chão com expressões de dôr lancinantes,  e cenas do género. Estarão dispostos a trocar o bom futebol pelo mau teatro? Veremos.

Esta noite, gostava de ver futebol e só futebol, mas cheira-me que vou ver mais Shakespeare, com actores miseráveis, dentro, e fora do "palco"... Se me enganar, se fôr apenas futebol, já me contento, tão mal tratado que ele anda, neste país sem rei nem roque.

Os nossos jogadores não vão ter de jogar apenas contra uma equipa, como seria natural, vão ter também de "controlar" a vontade dos árbitros, dos vídeo-árbittros, da segurança do estádio, do impacto das denúncias anónimas, das condições do campo, da Federação, da Liga. Enfim, de tudo! Os jogadores têm de superar tudo!  Coitados! E os dirigentes? Isso, é outra conversa! Porque no te callas Rui!  

Tudo de bom para ti, Sérgio! Tudo de bom, para os nossos jogadores! Tudo de bom, para nós portistas!

Viva o PORTO! Para o inferno todos os corruptos!

PosMatch: Não foi o teatro que previa, valha-nos isso. Os jogadores do Belenenses portaram-se bem, jogaram à bola e souberam aproveitar a enorme fragilidade do FCPorto, que jogou pessimamente. Culpados? Não são os jogadores e ainda menos o treinador. O culpado só tem um nome, chama-se Pinto da Costa que nada fez de relevante para que os mafiosos do governo e do futebol respeitassem o FCPorto. O clube está orfão nessa matéria.

Sem um Líder, é difícil criticar o pessoal operário. Espero, mesmo assim que o campeonato não tenha sido perdido hoje. E espero também que vendam o Brahimi o mais depressa possível e fiquem com o "tosco" do Marega, que tanta falta faz...