09 maio, 2008

SOLIDÁRIO COM PINTO DA COSTA

Caro Jorge Nuno Pinto da Costa:


O Renovar o Porto está contigo com a mesma determinação irreversível que está contra todos os que te invejam, caluniam e perseguem.

O monstro é enorme, tem os tentáculos de um polvo, mas é cobarde e fraco. Tem dois nomes. Quando quer dar-se ares de importante, chama-se centralismo. Quando veste aquele equipamento desportivo de um vermelho côr de horror, chama-se Benfica.

Mas tu vais vencer, mais uma vez.

O meu abraço solidário

FOME

Os portugueses lembram-se, ou talvez não, dos governos, incluindo o actual, que mandaram abater barcos de pesca para não haver mais pescado !

E lembram-se que se pagou e se deram reformas aos agricultores para não produzirem !

Mandaram arrancar vinhas, oliveiras e atribuíram subsídios chorudos para não se semear o trigo e outros cereais !

Actualmente somos muito mais dependentes dos produtos de 1ª necessidade do que éramos há 30 anos atrás e temos somente metade da área cultivada com cereais, desde que entramos na união europeia.

Os governantes portugueses preferiram dar o peixe em vez de dar a cana e aí estão os resultados.

Diz a Caritas e acreditamos que existe um grande risco de FOME em Portugal! Não só há um grande risco como para muitos portugueses já é uma realidade !

E que faz este governo para tentar ultrapassar ou minorar estes possíveis riscos ? NADA !.

Remetido por Renato Oliveira (JN)

DESCUBRA AS DIFERENÇAS...


... EU DOU UMA AJUDA:
A FOTO DA DIREITA É A DE UM ABUTRE A SÉRIO, A DA ESQUERDA É UMA ESPÉCIE RARA DE ÁGUIA QUE USA TOGA!!!

O "anti-populismo" de Pacheco Pereira...

1293
Le vrai champ et sujet de l'imposture sont les choses inconnues. D'autant qu'en premier lieu l'étrangeté même donne du crédit ; et puis, n'étant point sujettes à nos discours ordinaires, elles nous ôtent le moyen de les combattre. A cette cause, dit Platon, est-il bien plus aisé de satisfaire parlant de la nature des Dieux que de la nature des hommes, parce que l'ignorance des auditeurs prête une belle et large carrière et toute liberté au maniement d'une matière cachée. Il advient de là qu'il n'est rien cru si fermement que ce qu'on sait le moins, ni gens si assurés que ceux qui nous content des fables, comme alchimistes, pronostiqueurs, judiciaires, chiromanciens, médecins, "id genus omne".


"(Michel de Montaigne)

*Bom dia!

(Fonte: Abrupto de José Pacheco Pereira)

TRADUÇÃO DE RENOVAR O PORTO
1293

O verdadeiro campo e motivo da impostura são as coisas desconhecidas. Tanto que em primeiro lugar até a estranheza confere credibilidade ; e depois, não estando sujeitas aos nossos discursos vulgares, elas tiram-nos o meio de as combater. A este propósito, diz Platão, é bem mais fácil agradar falando da natureza dos Deuses que da natureza dos homens, porque a ignorância dos auditores empresta uma bela e grande carreira e toda a liberdade para o manuseamento de uma matéria escondida. Daí sucede que nada foi descoberto tão firmemente que o que sabemos menos, nem pessoas tão seguras como aquelas que nos contam fábulas, como alquimistas, profetas, astrólogos, quiromantes, médicos, "toda essa classe".


É sabida a alergia que Pacheco Pereira tem aos populismos, só lhe falta confessar igual aversão ao que é popular . Talvez isso explique melhor textos como este, o mundo surrealista em que se move e a estranha noção do país em que vive.
Não é tanto a profundidade do texto original de Michel de Montaigne que justifica a minha decisão de fazer a sua tradução do francês arcaico para a nossa língua, mas o facto de em Portugal ainda ser o português o idioma que toda a gente entende...

Outro exemplo de "elevação" política...


Todos devem estar lembrados dos venturosos anos oitenta, aí entre 1985 / 87 e depois, entre 1987 e 1995, em que Mira Amaral foi respectivamente ministro do Trabalho e Segurança Social e Ministro da Indústria e Energia. Nesses tempos, o progresso social foi de tal forma sentido, tão extasiante, que o povo chegou a manifestar-se nas ruas, com cânticos de reconhecimento e homenagem ao senhor Engº. Mira Amaral pelo contributo prestado à melhoria da qualidade de vida. Inesquecível! Recordam-se? Não? Ó diabo, eu também não. Mas, devíamos, sabem?

Devíamos, porque todas as manhãs o senhor ex-ministro quando faz a barba e se olha ao espelho, vê um rosto e uma personagem que não é a dele. O que ele vê é o tal ministro amado e gratificado pelo povo de que ninguém se lembra, porque simplesmente não existiu. Foi mais um, entre muitos outros, que nada trouxe ao país de verdadeiramente relevante.

O lado mais desprezível de alguns políticos ou ex-políticos (afinal, eles nunca chegam a desligar-se da política) é exactamente esse: o da arrogância e do autismo. E este, não foge ao perfil.

Há dias, interpelado por um jornalista para comentar as declarações do músico Bob Geldof que tinha afirmado (aquilo que todas a gente sabe, mas cala) que Angola era governada por criminosos, o luzidio ex-ministro dedicou palavras tão desprezíveis ao músico que parecia estar a falar de um atrasado mental.

Acontece, que se Bob Geldof não é nem foi nenhum Messias da humanidade, Mira Amaral não passa de mais um irrelevante ex-político português, desconhecido para o Mundo, que no seguimento de outros colegas seus conduziu melhor a sua vidinha pessoal do que aquela outra para a qual foi eleito ministro: a do povo.

Bob Geldof é apenas um músico dos anos 70, algo polémico (haverá contestário não polémico?), que apesar da pedantice do senhor Mira Amaral fez mais pela Humanidade do que ele. E é músico. Mira Amaral foi ministro.

Bob Geldof foi (juntamente com Bono, dos U2, Paul MacCartney e Boy George), o responsável pelo recrutamento de músicos para editar um single com fins de caridade contra a fome na Etiópia. Foi promotor e organizador do concerto Live Aid para angariação de fundos, percorrendo o mundo a defender a causa contra a fome. Recebeu imensos prémios, chegando a ser nomeado para prémio Nobel da Paz. Enfim, não fez milagres, mas foi consequente e solidário.

E o senhor Mira Amaral? Fez mais e melhor pela população que lhe conferiu o poder? Sem demagogia, claro (como é confortável esta palavrinha), mas fez?

Convenhamos, seria realista vermos um ex-ministro resistir à tentação de minimizar declarações que estão mais próximas da verdade do que da mentira, sabendo que o seu principesco emprego de presidente do Banco BIC em Portugal podia ir pelo cano abaixo?

Quero acreditar que o senhor ex-Ministro Mira Amaral só não concordou com as palavras de Bob Geldof por obrigação de defesa dos altos interesses nacionais. Nunca em defesa dos seus. Só pode...

PALAVRAS, PARA QUÊ?


Quando há pessoas que desperdiçam o seu tempo a falar em personagens deste jaez, que não conseguem ter uma ideia governativa para o país um metro para lá da sua (de)formação economicista, que nem sequer se dão ao cuidado de pousar o olhos para outro ponto que não Lisboa, como querem não ser também responsabilizadas pelo estado a que chegamos?
Pela amostra temos uma ideia perfeita dos padrões de exigência das chamadas elites "nacionais".
Então ainda ninguém percebeu que as elites são contrárias à evolução?

08 maio, 2008

Notas Soltas (2)

1 - Suponho haver um alargado consenso sobre o lamentável estado a que chegou a justiça em Portugal. Nenhum dos parceiros intervenientes poderá lavar as mãos ou declarar-se inocente, muito menos os magistrados.

É conhecido o corporativismo que reina nesta classe profissional ( e não só...) ou seja a defesa intransigente e egoista das suas regalias, que são colocadas acima de quaisquer outras considerações, incluindo o bem público.

A recente nomeação de um polícia de carreira para Director Naciononal da Polícia Judiciária, isto é, de alguém que não pertence à panelinha, desencadeou uma violenta reacção dos senhores magistrados em serviço na PJ, com múltiplos pedidos de demissão porque, como disse um deles ( aliás o número dois da hierarquia) "por uma questão de estatuto não podia ficar na dependência hierárquica de um elemento policial." Parece confirmar-se que reformar seriamente a justiça é tarefa ciclópica só ao alcance de um Hércules que por enquanto não se vê no horizonte.

Assim continuaremos a conviver com a lamentável prescrição de processos, em número superior a um milhar por ano, e com uma situação permanente de injustiça, pois que como disse um infante real há séculos atrás ao rei de Portugal seu irmão, "justiça que chegua a horas é justiça, mas justiça que tarda é injustiça". Não garanto o rigor da transcrição mas a ideia era esta. O que também mostra que este problema da justiça é endémico no nosso país...


2 - O caso da ameaça de desaparição da Brasileira é, para mim, um caso paradigmático. Os contornos da ameaça são conhecidos, dispenso-me de os repetir.

Todo e qualquer portuense, mesmo os que, como eu, habitualmente não frequentam a Brasileira sentiriam o desaparecimento deste emblemático café como mais uma machadada na nossa sacrificada cidade. Valeu a circunstância de o banco envolvido ser o BPI, com sede na nossa cidade, e o facto de um portuense ilustre - Dr.Artur Santos Silva - ter nele a influência necessária para que a solução encontrada não originasse mais uma perda de património cultural portuense. Imaginemos que o banco envolvido era outro, daqueles que têm o poder decisório em Lisboa. O problema sentimental do Porto não seria nem compreendido nem respeitado, e não tenho qualquer dúvida que a solução encontrada seria fria e impessoal, e significaria a morte da Brasileira.

Este é um exemplo que deveria ser meditado por aqueles que não querem compreender como o centralismo em que vivemos é perverso para o resto do país, e como é importante que os centros de decisão de matérias que interessam ao dia a dia das populações, estejam na sua proximidade e nas mãos de pessoas com sensibilidade para decidir.

Tempo de discutir a democracia

Tenho todo o respeito por quem - apesar do cenário real aqui exposto no post anterior -, ainda acredita nos mecanismos desta democracia e por isso o meu cepticismo não deve ser interpretado como uma crítica indirecta a quem tem essa posição.
Há quem, por fé religiosa, acredite que a fé move montanhas, que faz mesmo milagres, mas com toda a franqueza, tenho fundadas dúvidas para estender essa crença ao destino dos povos.
Acredito sim, que o destino dos povos depende da qualidade dos povos. Um povo terá grandes governantes se o seu grau de exigência em relação a si e a estes for elevado.
Custa-me a acreditar que num bordel democrático a democracia surta qualquer efeito. Não por causa da democracia nem dos seus princípios, mas pelos frequentadores do bordel.
Presos ao ferrete da democracia, os povos assistem meio resignados meio revoltados, a todas as aberrações que ela permite, sem compreenderem bem a substância do princípio que lhes garante ser ela o governo no qual, o poder e a responsabilidade cívica são exercidos pelos cidadãos, directamente ou através dos seus representantes.
A incompreensão só surge quando o povo é confrontado com demasiada frequência com comportamentos da parte dos seus representantes completamente contrários às suas perspectivas e anseios. Nessa altura, percebe finalmente que os poderes que o citado princípio democrático lhe garante pecam por demasiado teóricos e com resultados altamente duvidosos.
Deve ser esse estigma democrático que leva muita gente a predispôr-se e continuar a aceitar sucessivos incumprimentos e deslealdades por parte dos seus representantes e govêrnos. Uma vez eleitos (esta é outra vicissitude democrática), os governantes assimilam imediatamente a ideia de que lhes é permitido tudo, incluindo mentir a quem os honrou com a eleição.
Aquilo de que o Renovar o Porto mais tem falado, é do Centralismo, um perfeito tumor em qualquer regime, mas que em Democracia corre o risco de suscitar separatismos dispensáveis e até novos regimes ditatoriais. Há quem (irresponsavelmente) defenda que a adesão de Portugal à União Europeia o coloca ao abrigo de qualquer "inconveniência" anti-regimental desse tipo, esquecendo aquela sábia e sensata profecia que lembra que os acordos se fizeram para não serem cumpridos...
O cerne da nossa questão não passa apenas pelos partidos políticos, pela democracia, pelo centralismo versus regionalização, tem antes a ver se estamos ou não dispostos a permitir que a democracia seja uma espécie de desporto político onde o jogo sujo faz escola.
Os mecanismos de controle democrático (recordo para quem se esqueceu que"demos" significa povo) têm de ser aperfeiçoados nomeadamente sobre o desempenho da actividade governativa. Caso contrário, podem crer, continuaremos a discutir o sexo dos anjos e não política. E isso, acreditem, é exactamente o que pretende um número muito considerável dos políticos da nossa aldeia.

PESSIMISMO, OU FACTOS DO NOSSO QUOTIDIANO?



















...OU PESADÊLO?

  • Esquadras de Polícia envelhecidas, sem condições nem segurança
  • Polícias que arriscam vidas, prendem criminosos perigosos, para o Juíz os libertar a seguir
  • Tribunais a ruir de podres e com espaços exíguos apinhados de processos
  • Tribunais sem equipamento informático adequado às exigências de hoje
  • Demissões de Procuradores G. da República
  • Demissões de Directores Gerais da Polícia Judiciária
  • Confusões (ou crises de autoridade) entre magistrados e inspectores da PJ
  • Ciumeira e traição no seio dos partidos do poder
  • Carjacking em franca expansão
  • Hiper-concentração do investimento público na capital
  • Desertificação do interior do Porto e consequente empobrecimento
  • Inépcia e marasmo da gestão da Câmara Municipal do Porto
  • Falta de liderança e elevação governativa a nível nacional
  • Crescente ausência de valores sociais e éticos
  • Direitos dos trabalhadores ameaçados
  • Escolas com professores sem autoridade e alunos sem educação familiar
  • Fosso entre pobres e ricos mais acentuado com os primeiros a aumentar
  • Escândalos económico-financeiros na Banca
  • Compadrio politico entre empresas privadas e ex-governantes


Há, mais. Mas para já, chega! Não quero provocar um enfarte em ninguém. Verdade, ou ficção? Pessimismo? Talvez. Mas, se for oportuno serão capazes de me explicar aonde é que ele está?

Tudo isto é real, tudo isto continua a acontecer e a entranhar-se nos "brandos costumes" deste país com a cumplicidade dos "optimistas" conservadores do regime.

Bem; às tantas, o problema está em mim. Talvez tenha tido um pesadêlo e cada uma das alíneas acima referenciadas não tenham correspondência com a realidade. Afinal, o nosso 1º. Ministro é quem sabe, e o seu já famoso dêdo em riste é o melhor fiel de balança do seu sucesso, que naturalmente é também o nosso. A vida é bela em Portugal.

A propósito, lembrei-me agora de um sinal da bela vida que se vive em Portugal: ontem, os telejornais deste país de "optimistas" licenciados abriram para nos informar que o novo treinador do Benfica era Sven-Goran Eriksson.

Que tal? Gostaram? Melhor do que isso, só mesmo o anúncio da prisão de Pinto da Costa.

07 maio, 2008

SONAE/SOARES DA COSTA=AEROPORTO SÁ CARNEIRO


Soares da Costa e Sonae querem gerir aeroporto Sá Carneiro As empresas vão entregar uma proposta ao Governo até ao Verão.

A Soares da Costa e a Sonae, que constituíram uma parceria para uma eventual privatização da gestão do aeroporto Sá Carneiro, no Porto, devem apresentar uma proposta ao Governo antes do Verão.
Segundo avançou ao Diário Económico Pedro Almeida Gonçalves, CEO da Soares da Costa, “antes das férias estaremos em condições de transmitir ao Governo” a proposta, cuja elaboração já implicou o dispêndio de “uma verba com algum significado”.

Pedro Gonçalves adiantou que a Soares da Costa e a Sonae estão a trabalhar com o apoio de um consultor, tendo por base “os elementos disponíveis, que não são muitos”, para determinar se “existe e qual é o potencial de negócio e crescimento do aeroporto”. Isto “não é mecenato” e, acrescentou, “se tiver potencial de negócio pode haver espaço para dar voz às autarquias”, numa referência aos estudos da Junta Metropolitana do Porto que apontam para uma gestão em parceria público-privada.
Para Pedro Gonçalves, “não é correcto que se fique à espera do Estado, é perfeitamente natural que a iniciativa privada dê os seus contributos” antes da apresentação do modelo que o Governo pretende lançar para a concessão da gestão dos aeroportos. Recorde-se que há alguns meses num encontro com empresários do Norte, o primeiro-ministro José Sócrates desafiou o sector privado a transmitir as suas ideias ao Governo.

No início deste ano, a Soares da Costa estabeleceu como prioridade regressar ao negócio das concessões de exploração de aeroportos em Portugal e nos mercados externos, actividade onde já conta com alguma experiência obtida nas Honduras. Na actividade dos aeroportos, a construtora está ainda focada na concessão com construção e aguarda pelo modelo do novo aeroporto internacional de Lisboa.

06 maio, 2008

Por quê ser honesto?


A Ler: Reflexão sobre a influência

Enquanto uns se entretêem a discutir o sexo dos anjos, convencidos que estão a dar um grande contributo para mudar o país, outros limitam-se a constatar factos e a denunciá-los sem pápas na língua. É neste último grupo que o Renovar o Porto se situa. Caso contrário (e se fosse possível) já se teria constituído em partido político. Para já, não é essa a minha (e nossa, suponho) opção.

A mesquinhez, as guerrinhas partidárias com as traiçõezinhas da ordem, são episódios da telenovela real em que o Portugal político se transformou cujo único interesse consiste em ver até que nível consegue ainda descer a respectiva classe. O resto, é o resto do folclore, passe a redundância.
Houvesse honra quando de honra se fala, houvesse sentido de responsabilidade quando ele se impõe, e pouco interessaria às populações o tipo de regime ou de govêrno dos seus países. Por aqui, o que mais temos é fundamentalistas de qualquer coisa.
De republicanos a monárquicos, de ditadores a democratas, de independentistas a regionalistas, nada terá grande valia sem uma condição essencial: a seriedade. A biológica, apenas. A outra, a concebida de silicone (como as mamas para mulher) já existe de sobra e dispensa testes, porque se forem perguntar, por exemplo, a Ferreira do Amaral ou a Jorge Coelho, também eles se considerarão seguramente sérios e, com jeitinho, até me levantam um processo por "difamação".

Esta conclusão não é nova para mim e parece um tanto redutora se olharmos para o mundo e para os enormes desafios que ele levanta aos seus governantes, mas é tão pertinente quanto cresce a espiral de problemas à sua volta. O todo-poderoso George Bush (por exemplo), não é sério quando, sabendo que os EUA a que "preside" é o país que mais gazes poluentes lança para o planeta e se nega a participar em cimeiras de preservação ambiental, como aconteceu em Kyoto. Portanto, a seriedade ou - se quiserem - o respeito pela palavra, está sempre no cerne da questão dos problemas porque raramente se põe em prática. Mas, já chega, quando muito, os "optimistas" (ou parvalhões) do regime transformam-me sem saber em pintaínho e lá vem por aí o sêlo de Calimero...

Bem, mas se os Calimeros servirem para despertar consciências e denunciar as escroquerias que por cá se produzem à velocidade da luz, então seremos Bons Calimeros o que sempre é mais dignificante do que pertencer aos O.C.R.C.'s (Optimistas Cumplíces de Regimes Centralistas).

O Porto, como sugere o nome deste blogue, precisa de ser renovado, mas as nossas exigências de cidadão também. Temos palavras, mas são os actos que lhe dão (ou, não) o sentido e devemos começar por aí. Se as palavras estão fora de prazo, se pouca valia têm, porque as acções que lhes dão corpo já não valem nada, está na altura de não nos deixarmos mais adormecer ao som da sua música.

Apesar da evidência dos péssimos resultados apresentados pelos nossos governantes em termos globais, já todos os ouvimos reclamar mais condições e dinheiro como primeiro argumento para atrair para a política "os mais competentes" e por aqui já podemos avaliar o despudor a que chegaram. Justamente por isso, temos de lhes tirar o tapete e tentar pôr um ponto final nestas atitudes.

A "responsabilidade e a dignidade" dos cargos de Estado é outra das bandeiras/teclas muito usadas para justificarem as mordomias de que não querem abdicar, mas somos nós cidadãos o principal "cliente" deste mercado em que se transformou a política e por isso é a nós que compete dizer o que é digno e responsável e o que não o é.

Não é politicamente correcto já sei, mas o politicamente correcto para mim não vale nada, é hipocrisia da mais desprezível. Lixo com ela!

Correcto seria, que desde sempre os políticos fossem pagos em função da sua seriedade (avaliada à posteriori) e das suas prestações governativas. Receberiam um ordenado digno avaliado por factores de bom senso em relação ao nível de vida dos portugueses e em fim de mandato seriam generosamente gratificados (ou não) em função da qualidade do seu trabalho. Nunca, por nunca, durante. Este hábito é a nódoa mais negra da Democracia!
A sociedade, tal como está, é suficientemente aberta para permitir o sucesso económico e social a quem se considere capaz de o fazer na condição de entidade privada. Não faz nenhum sentido nem parece sério que alguém queira fazer fortuna servindo-se do poder. A isso chama-se oportunismo.
A transição compulsiva de ex-governantes para a administração de grandes empresas após o término do mandato, devia ser simplesmente abolida e punida com crime de prisão sem direito a recurso!

05 maio, 2008

Os escolhos que podem afundar o referendo (1)

O referendo de 1998 sobre a regionalização, foi o fracasso que não podia deixar de ser, tratando-se, como se tratou, de um jogo com cartas marcadas. Como se está podendo verificar, o seu resultado negativo vai atrasar, em mais de dez anos, o lançamento de nova consulta popular. Julgo não estar muito enganado se disser que no caso de nova rejeição da regionalização em futuro referendo, ela sofrerá mais um atraso, mas desta vez equivalente a uma geração. Os apoiantes do presente centralismo estão certamente tão conscientes deste facto, que é minha convicção que a sua estratégia será baseada no lançamento do referendo o mais inopinadamente possível, para que não haja tempo para longo debate com a consequente divulgação das vantagens e benefícios que advirão da criação de Regiões.

É por isso indispensável que antes do referendo se realizar, tenha havido um prévio trabalho de informação e doutrinação que permita aos cidadãos terem uma visão o mais completa possível daquilo que realmente está em jogo e da influência que terá nas suas vidas. Só assim poderão votar conscientemente.

Penso assim porquê? Por várias razões.

Primeiro porque não se pode esquecer que o resultado dum referendo só é vinculativo se a participação for superior a 50%, e elas têm sido bem inferiores, incluindo a de 98. Imperioso se tornará a implementação duma estratégia que "mexa" com o eleitorado e o motive a ir as urnas. Isto é possível de ser feito, há especialistas que o podem fazer, só que custa tempo e dinheiro ( e o governo não paga, é obvio!).

Em segundo lugar há muita gente que acredita em slogans como estes:

- " Isto é uma luta entre partidos. Eu não quero saber de política."
- " O país é pequeno de mais para ser dividido."
- " O que os políticos querem é mais tachos para se governarem."
- " Agora somos governados e prejudicados por Lisboa. E depois? Pasamos a ser espoliados pelo Porto (ou Coimbra, ou Braga, ou Évora, etc). Então mais vale deixar tudo na mesma"
- " Com a regionalização o país vai gastar mais dinheiro e a burocracia vai aumentar. Vamos ter a nossa vida mais complicada."
- " A corrupção vai aumentar."

Sentimentos como estes são reais. Para verificar a sua existência, basta falar com as pessoas, sobretudo as menos politizadas, ou então percorrer a blogosfera e ler muitos dos comentários sobre o tema. Torna-se assim imprescindível esclarecer atempadamente uma significativa fatia do eleitorado. Se isto não for feito, e não vejo quem o queira fazer, receio bem que o próximo referendo constitua o requiem da regionalização. Pessimismo? Chamar-lhe-ia antes realismo.

Para além dos obstáculos proveniente daqueles a quem o tema regionalização não interessa, ou que têm uma opinião negativa, há ainda a considerar eventuais resistências oriundas de apoiantes da causa. Abordarei esta particularidade em próximo post.

Não será, antes: "Masoquismo tripeiro"?



Sobre este artigo, pretendo dizer o seguinte:

já dei muitas vezes comigo a perguntar-me por que raio é que, quando vejo alguém a torcer o nariz à Regionalização, ou a "bater no ceguinho da historinha do Calimero, cujo objectivo não vai muito mais além do que procurar responsabilizar todos os portuenses pela crise do Porto, me deixo logo invadir por um enorme sentimento de desconfiança em relação a essas mesmas pessoas e não consigo levá-las a sério.

Afinal, não terão o direito de entenderem as razões da nossa decadência de modo diferente do meu? Estará o meu espírito democrático a precisar de uma revisão técnica? Acreditem ou não, penso amiúde nessa hipótese.

O que é significativo, é que, à medida que os anos passam, essa desconfiança não só se acentua como se fortalece, o que contribui seriamente para credibilizar os meus fundamentos.

Vejamos. Continua a haver por aí quem, numa primeira impressão, nos transmita do seu discurso opinativo - como é o caso do autor do artigo linkado - a ideia de estar do nosso lado da barricada, de repudiar como nós, a situação pungente vivida no Porto, mas imediatamente a seguir parecem ficar bloqueados perante a palavra Regionalização. Se em vez de pessoas falássemos de ouriços, seria muito provável notarmos-lhes os picos eriçados, tal é a aparente aversão ao tema.

Honestamente, não gosto de fazer juízos de valor instantâneos, mas ainda não consegui compreender profundamente este fenómeno. Em abono da verdade, há que dizê-lo, estas pessoas também não ajudam muito. A coesão nacional, o caciquismo local e a suposta presunção alienatória dos adeptos da regionalização, são os únicos argumentos que conseguem apresentar para justificar este reaccionarismo, mas nenhum deles faz qualquer sentido.

Vamos por partes.

Coesão nacional:
sabendo como sabem, que o país está (ao contrário da prometida, mas sempre rejeitada, descentralização), mais e mais concentrado na capital, e com isso, a gerar fenómenos promotores de divisionismos e fragmentadores da unidade nacional, como podem simultaneamente os anti-regionalistas, defender essa coesão, continuando a credibilizar quem e o que, a promove, sem sequer darem sinais de querer mudar de política? Será justo, razoável, continuar-se à espera que Suas Exas., os nossos desgovernantes, numa espécie de iluminação súbita, se decidam finalmente a descentralizar o país? Quem nos garante que o farão alguma vez? A não ser que os anti-regionalistas estejam dispostos a esperar mais 34 anos, o que, diga-se, chega a ser sádico. E os portuenses, o povo, esse, não o merece.

Caciquismo local:
é um risco em qualquer sistema político,que não difere muito do risco consumado das oligarquias centralistas actuais, mas que sempre se poderá controlar melhor dentro de portas (no governo regional) do que a 300 kms de distância com um governo de costas viradas para o Norte do país. Por que não se inquietam os anti-regionalistas com factos concretos, protagonizados pelo caciquismo central? Mais grave: por que não o repudiam ao ponto de o quererem ver rapidamente dizimado do país?

Suposta alienação dos adeptos da Regionalização:
quem aliena quem? Os protestantes anti-calimeros, tão vulneráveis a promessas de banhas da cobra, há 34 anos por cumprir, ou aqueles que procuram outro caminho para que elas possam ser mais facilmente cumpridas? E o que explica a rejeição absurda dos anti-regionalistas/anti-calimeros pelo sucesso governativo de países pequenos como o nosso, regionalizados como é o caso da Dinamarca e Holanda, só para dar dois exemplos? Receiam perder porventura algumas mordomias secretas? O emprego? A chefia na redacção de um jornal? O quê? Mas por quê tanto receio infundado?

Agora, debruçando-me mais directamente no artigo em questão e nos exemplos apresentados pelo seu autor, volto ao mesmo ponto de incompreensão entre as suas causas e respectivos efeitos.

Jorge Vilas, o autor do referido texto, aponta-nos Rui Reininho, Pedro Abrunhosa, Mário Cláudio, Agostina Bessa Luís, Manoel de Oliveira, Júlio Cardoso, José Rodrigues e Pinto da Costa como casos pessoais de sucesso e projecção profissional em que foi possível ultrapassar as " benesses" (a expressão é dele) do centralismo deixando pairar no ar a ideia optimista de que: " se eles conseguiram por que não conseguimos nós?"...

Eu podia responder-lhe com optimismo maior, e perguntar-lhe porque é que ainda não fundou o seu próprio jornal ou (com um pouco mais de exagero), por que é que não conseguiu criar uma estação de Televisão autónoma para o Porto. Se quisesse ser mauzinho, poderia ir um pouco mais longe e estender o optimismo do racicínio à população e perguntar por que é que não há um Belmiro de Azevedo em cada cidadão, mas fico-me por aqui, quando muito atinjo o estado perfeito da autonomia humana: a anarquia, no seu estado mais puro. Mas não irei por aí, gosto de ter os pés na terra.

Quero, é de uma vez para sempre (se possível) saber quem são os Calimeros deste Porto, porque devem (e convém sabê-lo) ter nome. Ora, é isso que o senhor Jorge Vilas não diz, ou não quer dizer, mas devia dizer se quisesse emprestar objectividade ao seu artigo. Todos ou quase todos os personagens de sucesso por ele exemplificados já se queixaram do centralismo. O próprio Pinto da Costa já começa a usar o termo como arma de combate nos seus discursos, como aconteceu recentemente em Vila Real, daí que não percebo onde quer chegar verdadeiramente o respeitável jornalista.

Mas eu posso ajudar. Já aqui citei nomes como António Amorim e Belmiro Azevedo,como exemplos de pessoas que podiam ter dado uma ajudinha (se quisessem) à vertente autónoma da região caso tivessem concorrido com a SIC de Pinto Balsemão e outros. Mas, admitindo que também não se lhes pode exgir sucesso mais polivalente do que aquele que já têm, afinei a pontaria e dirigi baterias para alvo mais objectivo, como é Joaquim Oliveira, um homem do Norte (não Calimero, suponho) dono de vários jornais e estações de radio e TV que até hoje não ousou deslocar ou criar para o Porto um canal autónomo de televisão.

Este é, objectivamente, apenas um caso concreto e paradigmático da culpa de um homem do Norte devidamente identificado (não o único) pela degradação económica e social portuense. Não forçosamente, de todos os homens do Norte, como gostam de dizer.

Como pode constatar-se, os jornalistas nem sempre escrevem com objectividade. Às vezes confundem (mais do que esclarecem) a parte com o todo.

Como é o caso, os Calimeros do Porto talvez sejam eles e os Oliveiras lisboetizados. Os Joaquins, sobretudo...

LINKS A LER

Menezes acusa Rio de "má educação e mau carácter"
...e com toda a razão do Mundo!

Iam à discoteca com caçadeira de canos serrados na mala do carro

...e, senhor Procurador, eram de S.João do Estoril, imagine V. Exa.!

A lei da selva!
...é capaz de estar a rebentar de razão, senhor deputado.

Falinhas mansas
...do sr. Rui Rio, mas só para a sacro-santa Lisboa, não é?

Primeiro comboio a atravessar túnel foi recebido com aplausos

...até que, enfim! Uma linha que agora une, em vez de dividir, como está na moda...

Estupidez tripeira

...com a qual, mais uma vez não concordo totalmente. No meu post seguinte, explicarei por quê.

Falsos valores

Continuo a pensar que não é na blogosfera que se decidirá seja o que fôr sobre o futuro da nossa cidade e região. Se é um facto, que pode contribuir para uma participação mais livre e partidariamente descomprometida dos cidadãos, também é ilusório pensar-se que será através dos blogues que se regenerão os comportamentos políticos.
A maior vantagem da bolgoesfera, a seguir à da liberdade de opinião, é a de influir e suscitar na opinião pública uma forma diferente da avaliar as coisas.
Nós podemos constituir - ainda que com menor impacto - uma contra-corrente à opinião publicada que não raras ocasiões se casa com o politicamente correcto dos homens do regime.
Seguindo aquele princípio, algo exagerado, mas não despiciendo, que atribuía aos media (sobretudo a televisão) poderes para eleger ou destronar 1ºs Ministros e Presidentes da República, a blogoesfera também pode gerar movimentos semelhantes e funcionar como uma espécie de contraditório independente.
É tão óbvia a desonestidade de processos do centralismo que a vemos entrar todos os dias pela nossa casa através da televisão na forma de publicidade inocente. Não é a primeira vez , nem será por certo a última, que nos são impingidos na publicidade critérios de valor altamente sectários e duvidosos. Quando muito, estão fora de prazo.
Está actualmente no ar um anúncio (cujo nome me abstenho de repetir), relacionado com o futebol que nos mostra a figura do vetusto Eusébio, do Futre, do Chalana, do Rui Costa e do mediático Ronaldo. Excluindo este último, todos os demais são figuras do futebol já desactualizadas ou em fase de pré-reforma, e no entanto, havendo outras mais contemporâneas e com estatuto de campeões nem sequer aparecem. Curiosamente (ou nem por isso), todos eles foram ou estão ligados ao Benfica...
Num outro spot publicitário a uma marca de gasolina, surge a imagem de Simão Sabrosa, outro jogador já fora do futebol nacional e que nem sequer se tem revelado primeira figura no futebol espanhol onde agora joga. Nuno Gomes, outro que já anda há mêses a arrastar-se pelo campo é outro. O Petit vai pelo mesmo caminho, etc.
Resumindo e concluindo: o centralismo é também isto, isto é, uma máquina poderososa de gerar falsos valores, de reabilitar antigos e de evaporar os modernos que não pertençam à clã centralista.
Mais um facto a comprovar a profunda falta de seriedade do regime centralista.
Em países respeitáveis, as cadeias são para as pessoas desonestas, em Portugal é o Governo quem promove a desonestidade e lá devia estar.
E assim vai o mundo...