06 maio, 2008

Por quê ser honesto?


A Ler: Reflexão sobre a influência

Enquanto uns se entretêem a discutir o sexo dos anjos, convencidos que estão a dar um grande contributo para mudar o país, outros limitam-se a constatar factos e a denunciá-los sem pápas na língua. É neste último grupo que o Renovar o Porto se situa. Caso contrário (e se fosse possível) já se teria constituído em partido político. Para já, não é essa a minha (e nossa, suponho) opção.

A mesquinhez, as guerrinhas partidárias com as traiçõezinhas da ordem, são episódios da telenovela real em que o Portugal político se transformou cujo único interesse consiste em ver até que nível consegue ainda descer a respectiva classe. O resto, é o resto do folclore, passe a redundância.
Houvesse honra quando de honra se fala, houvesse sentido de responsabilidade quando ele se impõe, e pouco interessaria às populações o tipo de regime ou de govêrno dos seus países. Por aqui, o que mais temos é fundamentalistas de qualquer coisa.
De republicanos a monárquicos, de ditadores a democratas, de independentistas a regionalistas, nada terá grande valia sem uma condição essencial: a seriedade. A biológica, apenas. A outra, a concebida de silicone (como as mamas para mulher) já existe de sobra e dispensa testes, porque se forem perguntar, por exemplo, a Ferreira do Amaral ou a Jorge Coelho, também eles se considerarão seguramente sérios e, com jeitinho, até me levantam um processo por "difamação".

Esta conclusão não é nova para mim e parece um tanto redutora se olharmos para o mundo e para os enormes desafios que ele levanta aos seus governantes, mas é tão pertinente quanto cresce a espiral de problemas à sua volta. O todo-poderoso George Bush (por exemplo), não é sério quando, sabendo que os EUA a que "preside" é o país que mais gazes poluentes lança para o planeta e se nega a participar em cimeiras de preservação ambiental, como aconteceu em Kyoto. Portanto, a seriedade ou - se quiserem - o respeito pela palavra, está sempre no cerne da questão dos problemas porque raramente se põe em prática. Mas, já chega, quando muito, os "optimistas" (ou parvalhões) do regime transformam-me sem saber em pintaínho e lá vem por aí o sêlo de Calimero...

Bem, mas se os Calimeros servirem para despertar consciências e denunciar as escroquerias que por cá se produzem à velocidade da luz, então seremos Bons Calimeros o que sempre é mais dignificante do que pertencer aos O.C.R.C.'s (Optimistas Cumplíces de Regimes Centralistas).

O Porto, como sugere o nome deste blogue, precisa de ser renovado, mas as nossas exigências de cidadão também. Temos palavras, mas são os actos que lhe dão (ou, não) o sentido e devemos começar por aí. Se as palavras estão fora de prazo, se pouca valia têm, porque as acções que lhes dão corpo já não valem nada, está na altura de não nos deixarmos mais adormecer ao som da sua música.

Apesar da evidência dos péssimos resultados apresentados pelos nossos governantes em termos globais, já todos os ouvimos reclamar mais condições e dinheiro como primeiro argumento para atrair para a política "os mais competentes" e por aqui já podemos avaliar o despudor a que chegaram. Justamente por isso, temos de lhes tirar o tapete e tentar pôr um ponto final nestas atitudes.

A "responsabilidade e a dignidade" dos cargos de Estado é outra das bandeiras/teclas muito usadas para justificarem as mordomias de que não querem abdicar, mas somos nós cidadãos o principal "cliente" deste mercado em que se transformou a política e por isso é a nós que compete dizer o que é digno e responsável e o que não o é.

Não é politicamente correcto já sei, mas o politicamente correcto para mim não vale nada, é hipocrisia da mais desprezível. Lixo com ela!

Correcto seria, que desde sempre os políticos fossem pagos em função da sua seriedade (avaliada à posteriori) e das suas prestações governativas. Receberiam um ordenado digno avaliado por factores de bom senso em relação ao nível de vida dos portugueses e em fim de mandato seriam generosamente gratificados (ou não) em função da qualidade do seu trabalho. Nunca, por nunca, durante. Este hábito é a nódoa mais negra da Democracia!
A sociedade, tal como está, é suficientemente aberta para permitir o sucesso económico e social a quem se considere capaz de o fazer na condição de entidade privada. Não faz nenhum sentido nem parece sério que alguém queira fazer fortuna servindo-se do poder. A isso chama-se oportunismo.
A transição compulsiva de ex-governantes para a administração de grandes empresas após o término do mandato, devia ser simplesmente abolida e punida com crime de prisão sem direito a recurso!

Sem comentários:

Enviar um comentário

Abrimos portas à frontalidade, mas restringimos sem demagogia, o insulto e a provocação. Democraticamente...