09 maio, 2008

O "anti-populismo" de Pacheco Pereira...

1293
Le vrai champ et sujet de l'imposture sont les choses inconnues. D'autant qu'en premier lieu l'étrangeté même donne du crédit ; et puis, n'étant point sujettes à nos discours ordinaires, elles nous ôtent le moyen de les combattre. A cette cause, dit Platon, est-il bien plus aisé de satisfaire parlant de la nature des Dieux que de la nature des hommes, parce que l'ignorance des auditeurs prête une belle et large carrière et toute liberté au maniement d'une matière cachée. Il advient de là qu'il n'est rien cru si fermement que ce qu'on sait le moins, ni gens si assurés que ceux qui nous content des fables, comme alchimistes, pronostiqueurs, judiciaires, chiromanciens, médecins, "id genus omne".


"(Michel de Montaigne)

*Bom dia!

(Fonte: Abrupto de José Pacheco Pereira)

TRADUÇÃO DE RENOVAR O PORTO
1293

O verdadeiro campo e motivo da impostura são as coisas desconhecidas. Tanto que em primeiro lugar até a estranheza confere credibilidade ; e depois, não estando sujeitas aos nossos discursos vulgares, elas tiram-nos o meio de as combater. A este propósito, diz Platão, é bem mais fácil agradar falando da natureza dos Deuses que da natureza dos homens, porque a ignorância dos auditores empresta uma bela e grande carreira e toda a liberdade para o manuseamento de uma matéria escondida. Daí sucede que nada foi descoberto tão firmemente que o que sabemos menos, nem pessoas tão seguras como aquelas que nos contam fábulas, como alquimistas, profetas, astrólogos, quiromantes, médicos, "toda essa classe".


É sabida a alergia que Pacheco Pereira tem aos populismos, só lhe falta confessar igual aversão ao que é popular . Talvez isso explique melhor textos como este, o mundo surrealista em que se move e a estranha noção do país em que vive.
Não é tanto a profundidade do texto original de Michel de Montaigne que justifica a minha decisão de fazer a sua tradução do francês arcaico para a nossa língua, mas o facto de em Portugal ainda ser o português o idioma que toda a gente entende...

2 comentários:

  1. Ó Rui você queria viver num Mundo à imagem e semelhança de P.Pereira? Não, pois não? Nem eu.Que tédio meu Deus!

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  2. Não. Por isso é que fiz aquilo que ele devia ter feito e não fez.

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