09 maio, 2008

Outro exemplo de "elevação" política...


Todos devem estar lembrados dos venturosos anos oitenta, aí entre 1985 / 87 e depois, entre 1987 e 1995, em que Mira Amaral foi respectivamente ministro do Trabalho e Segurança Social e Ministro da Indústria e Energia. Nesses tempos, o progresso social foi de tal forma sentido, tão extasiante, que o povo chegou a manifestar-se nas ruas, com cânticos de reconhecimento e homenagem ao senhor Engº. Mira Amaral pelo contributo prestado à melhoria da qualidade de vida. Inesquecível! Recordam-se? Não? Ó diabo, eu também não. Mas, devíamos, sabem?

Devíamos, porque todas as manhãs o senhor ex-ministro quando faz a barba e se olha ao espelho, vê um rosto e uma personagem que não é a dele. O que ele vê é o tal ministro amado e gratificado pelo povo de que ninguém se lembra, porque simplesmente não existiu. Foi mais um, entre muitos outros, que nada trouxe ao país de verdadeiramente relevante.

O lado mais desprezível de alguns políticos ou ex-políticos (afinal, eles nunca chegam a desligar-se da política) é exactamente esse: o da arrogância e do autismo. E este, não foge ao perfil.

Há dias, interpelado por um jornalista para comentar as declarações do músico Bob Geldof que tinha afirmado (aquilo que todas a gente sabe, mas cala) que Angola era governada por criminosos, o luzidio ex-ministro dedicou palavras tão desprezíveis ao músico que parecia estar a falar de um atrasado mental.

Acontece, que se Bob Geldof não é nem foi nenhum Messias da humanidade, Mira Amaral não passa de mais um irrelevante ex-político português, desconhecido para o Mundo, que no seguimento de outros colegas seus conduziu melhor a sua vidinha pessoal do que aquela outra para a qual foi eleito ministro: a do povo.

Bob Geldof é apenas um músico dos anos 70, algo polémico (haverá contestário não polémico?), que apesar da pedantice do senhor Mira Amaral fez mais pela Humanidade do que ele. E é músico. Mira Amaral foi ministro.

Bob Geldof foi (juntamente com Bono, dos U2, Paul MacCartney e Boy George), o responsável pelo recrutamento de músicos para editar um single com fins de caridade contra a fome na Etiópia. Foi promotor e organizador do concerto Live Aid para angariação de fundos, percorrendo o mundo a defender a causa contra a fome. Recebeu imensos prémios, chegando a ser nomeado para prémio Nobel da Paz. Enfim, não fez milagres, mas foi consequente e solidário.

E o senhor Mira Amaral? Fez mais e melhor pela população que lhe conferiu o poder? Sem demagogia, claro (como é confortável esta palavrinha), mas fez?

Convenhamos, seria realista vermos um ex-ministro resistir à tentação de minimizar declarações que estão mais próximas da verdade do que da mentira, sabendo que o seu principesco emprego de presidente do Banco BIC em Portugal podia ir pelo cano abaixo?

Quero acreditar que o senhor ex-Ministro Mira Amaral só não concordou com as palavras de Bob Geldof por obrigação de defesa dos altos interesses nacionais. Nunca em defesa dos seus. Só pode...

2 comentários:

  1. Eu acho que ao clube resta a deslocalização. Afinal é tudo o que se passa com quem tem qualidade.
    Este pântano só serve a medíocres, que "navegam" em todas as águas. Até as "paradas"...

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  2. Caro Victor Sousa,

    Deslocalização para onde?
    Para Marte? Não seria mais prático a autonomia do Porto/Norte?

    Cada vez me inclino mais para esta hipótese.

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Abrimos portas à frontalidade, mas restringimos sem demagogia, o insulto e a provocação. Democraticamente...