Todos devem estar lembrados dos venturosos anos oitenta, aí entre 1985 / 87 e depois, entre 1987 e 1995, em que Mira Amaral foi respectivamente ministro do Trabalho e Segurança Social e Ministro da Indústria e Energia. Nesses tempos, o progresso social foi de tal forma sentido, tão extasiante, que o povo chegou a manifestar-se nas ruas, com cânticos de reconhecimento e homenagem ao senhor Engº. Mira Amaral pelo contributo prestado à melhoria da qualidade de vida. Inesquecível! Recordam-se? Não? Ó diabo, eu também não. Mas, devíamos, sabem?
Devíamos, porque todas as manhãs o senhor ex-ministro quando faz a barba e se olha ao espelho, vê um rosto e uma personagem que não é a dele. O que ele vê é o tal ministro amado e gratificado pelo povo de que ninguém se lembra, porque simplesmente não existiu. Foi mais um, entre muitos outros, que nada trouxe ao país de verdadeiramente relevante.
Devíamos, porque todas as manhãs o senhor ex-ministro quando faz a barba e se olha ao espelho, vê um rosto e uma personagem que não é a dele. O que ele vê é o tal ministro amado e gratificado pelo povo de que ninguém se lembra, porque simplesmente não existiu. Foi mais um, entre muitos outros, que nada trouxe ao país de verdadeiramente relevante.
O lado mais desprezível de alguns políticos ou ex-políticos (afinal, eles nunca chegam a desligar-se da política) é exactamente esse: o da arrogância e do autismo. E este, não foge ao perfil.
Há dias, interpelado por um jornalista para comentar as declarações do músico Bob Geldof que tinha afirmado (aquilo que todas a gente sabe, mas cala) que Angola era governada por criminosos, o luzidio ex-ministro dedicou palavras tão desprezíveis ao músico que parecia estar a falar de um atrasado mental.
Acontece, que se Bob Geldof não é nem foi nenhum Messias da humanidade, Mira Amaral não passa de mais um irrelevante ex-político português, desconhecido para o Mundo, que no seguimento de outros colegas seus conduziu melhor a sua vidinha pessoal do que aquela outra para a qual foi eleito ministro: a do povo.
Bob Geldof é apenas um músico dos anos 70, algo polémico (haverá contestário não polémico?), que apesar da pedantice do senhor Mira Amaral fez mais pela Humanidade do que ele. E é músico. Mira Amaral foi ministro.
Bob Geldof foi (juntamente com Bono, dos U2, Paul MacCartney e Boy George), o responsável pelo recrutamento de músicos para editar um single com fins de caridade contra a fome na Etiópia. Foi promotor e organizador do concerto Live Aid para angariação de fundos, percorrendo o mundo a defender a causa contra a fome. Recebeu imensos prémios, chegando a ser nomeado para prémio Nobel da Paz. Enfim, não fez milagres, mas foi consequente e solidário.
E o senhor Mira Amaral? Fez mais e melhor pela população que lhe conferiu o poder? Sem demagogia, claro (como é confortável esta palavrinha), mas fez?
Convenhamos, seria realista vermos um ex-ministro resistir à tentação de minimizar declarações que estão mais próximas da verdade do que da mentira, sabendo que o seu principesco emprego de presidente do Banco BIC em Portugal podia ir pelo cano abaixo?
Quero acreditar que o senhor ex-Ministro Mira Amaral só não concordou com as palavras de Bob Geldof por obrigação de defesa dos altos interesses nacionais. Nunca em defesa dos seus. Só pode...
Eu acho que ao clube resta a deslocalização. Afinal é tudo o que se passa com quem tem qualidade.
ResponderEliminarEste pântano só serve a medíocres, que "navegam" em todas as águas. Até as "paradas"...
Caro Victor Sousa,
ResponderEliminarDeslocalização para onde?
Para Marte? Não seria mais prático a autonomia do Porto/Norte?
Cada vez me inclino mais para esta hipótese.