|
Aqui, neste grupinho, há mesmo muito talento |
Julen Lopetegui já cá não está, e como tal, não é agora que vai mudar o que devia ter mudado quando cá esteve. Suponho que, neste momento, ele próprio deverá começar a ter dúvidas sobre as ideias que teimosamente tentou implantar no FCPorto. Enfim, até podia estar cheio de boas intenções, o que é certo é que o seu futebol não resultou.
Dele, ficou - quero crer - a imagen de um homem honesto, e um projecto de futebol mal conseguido, que levou os jogadores a perderem a confiança em si próprios, traduzida numa forma de jogar ambígua e cada vez mais regressiva. Se houve um ponto em que estive inteiramente com ele, foi quando tinha de defrontar sozinho essa escumalha da comunicação social portuguesa que o atacou com questões provocatórias, e tratou discriminatoriamente (o basco), sem poder contar com o apoio directo e pessoal do líder do FCPorto. Aí, não foi ele que falhou.
Havia contudo um aspecto que não me agradava em Julen Lopetegui, que era a linguagem demasiado lisonjeira como falava dos adversários nas conferências dos pré-matchs. Às vezes - e essas vezes passaram depois a ser sempre - parecia que o FCPorto era uma equipa de 2º escalão, e as equipas (visitantes e visitadas) opositoras colossos recheados de virtudes. À força de tanto repetir esse tipo de discurso, mais receoso que respeitador, dei por mim a pensar se não era por aí que começava a tremideira mental dos seus pupilos, mesmo antes dos jogos começarem.
Pois bem, como disse antes, Lopetegui já cá não está, e só lhe posso desejar sorte melhor nos próximos desafios que tiver pela frente. Há no entanto algo que espero não passar de uma impressão errada. Luís Castro, o técnico da equipa B, nesse aspecto do discurso, tem algumas semelhanças com Lopetegui. Fala sempre de um modo demasiado temeroso dos adversários que vai defrontar e isso nunca dá bons resultados, quando é preciso puxar dos galões.
Na primeira fase do campeonato da 2ª.Liga, o FCPorto B (que acompanho sempre que posso), ainda exibia um estilo de jogo muito parecido com o de Lopetegui, de bola para trás e para o lado, estilo esse que prevaleceu quase toda a temporada passada. Foi com satisfação e curiosidade que verifiquei que no início da época actual esse estilo foi mudando para melhor. Os jogadores, partindo da defesa procuravam avançar, colocando a bola nos médios, ou laterais, que entretanto se desmarcavam em movimentos que baralhavam os adversários, e quando eram marcados, em vez de passarem para trás, como os séniores, fugiam com a bola para espaços vazios em sintonia com os colegas que abriam outros espaços para a receber. Isto, sempre no sentido da baliza. Não me espanta por isso que chegassem paulatinamente ao 1º. lugar, onde ainda se mantêm, agora apenas a 2 pontos do Chaves...
Sei que não é fácil o trabalho de Luís Castro, sobretudo quando se vê obrigado a fazer adaptações com a saída de alguns jogadores para rodarem noutros clubes, ou então para reforçarem o plantel da equipa principal. Enquanto nos adversários séniores, o plantel é quase sempre o mesmo, independentemente de uma ou outra lesão, a competitividade dos jogadores é mais objectiva: a subida ao escalão principal. Por isso, há razões de sobra para louvar o trabalho do Luís Castro.
Ainda assim, nos últimos jogos, os jovens da B têm perdido alguns em casa, também muito por culpa das arbitragens, que tal como fazem aos A's, tudo lhes serve para prejudicar o FCPorto, e também pela passividade dos dirigentes portistas . Mas, como nós costumámos dizer, para vencermos, temos de ultrapassar 3 adversários e não 1, como devia ser: a equiva rival, os árbitros corruptos e uma comunicação social igualmente corrupta. Este estigma, mais do que injusto, é revoltante, não devia acontecer, num país onde tantos se queixam da corrupção, mas vivem bem com ela sempre que podem.
É dentro deste espartilho, do qual só nos livraremos quando a integridade chegar aos organismos do poder, ou quando começarmos a fazer estragos daqueles que doem... Temo, que só lá cheguemos pela pior destas alternativas. É neste cenário que importa ter ao comando da nau, um líder forte (como já tivemos). E abaixo do líder, treinadores onde além dos conhecimentos técnicos/tácticos saibam motivar, empolgar os seus jogadores.
Penso que é só isso que falta a Luís Castro: saber motivar os jovens com um discurso de confiança onde vejam sempre nos adversários uma oportunidade para se transcenderem, e não uma montanha de bichos-papões cheios de Messis.
Não digo que se passe do mutismo submisso, para a arrogância. Isso ainda é pior e não leva a lado nenhum. Basta olhar para os clubes da 2ª circular e para as figurinhas tristes que andam a fazer... Falo apenas de perseverança, de espírito conquistador. Na equipa/plantel B do FCPorto, há talentos mais que embrionários, seguros. Só estão à espera de uma oportunidade.