12 junho, 2010

Lembrando

Apenas para lembrar que a petição para diminuir o número de deputados para 180, continua online e já ultrapassou as 61.000 assinaturas. Portanto, se está de acordo e ainda não subscreveu, ainda vai a tempo.

Aproveito para referir que há ilustres deputados que afirmam que essa diminuição não é aceitável "porque diminui a representatividade da Assembleia". Coitados dos holandeses. Com mais habitantes do que Portugal, mas apenas com 150 deputados, devem estar cheios de inveja de nós e da "representatividade" da Assembleia da República!

Adriana Calcanhoto / Mentiras

11 junho, 2010

Investir no jornalismo de proximidade

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A interferência do poder centralista de Lisboa na autonomia da comunicação social nortenha, com especial incidência no Grande Porto é, há vários anos, na minha opinião, uma das principais causas da perda crescente de protagonismo e empobrecimento económico-social da nossa Região. Não foram poucas as vezes que dediquei ao tema a minha maior atenção em escritos ou simples opiniões.

Seria bom, que, em lugar de andarem para aí, de debate em debate, a dizer disparates, distribuindo indiscriminadamente responsabilidades, para aligeirar as próprias, sobre o comatoso estado da Nação, as elites começassem a fazer jus ao estatuto de que gozam e investissem a sério na comunicação social da região.

Permitam-me recordar que são as elites [grandes empresários e políticos], os maiores responsáveis pela situação deprimente que o Norte está a passar. A culpa, não é dos outros, mas é sem dúvida mais de alguns do que de todos...

09 junho, 2010

Svetlana Zakharova and Roberto Bolle@Swan Lake




Bom feriado

Parque Oriental da Cidade vai ter construções à volta

O Parque Oriental do Porto está aberto e já teve os seus caminhos alcatroados e a relva verde calcados pelos primeiros visitantes. No local, há quem tema pela manutenção das boas condições do espaço. O presidente da Câmara do Porto, Rui Rio, acredita que vai tudo correr bem e admite que o município não se irá opor a construções em torno do parque, ao contrário do que aconteceu no Parque da Cidade.

Lá dentro, diz Rio, não vão nascer prédios, mas "vai haver alguma construção à volta" da nova zona verde da cidade. A justificação é simples: "há limites" orçamentais para uma autarquia bater o pé à construção junto a espaços verdes e, a oriente, as coisas "terão de ser em moldes um pouco diferentes" do que foi feito a ocidente.

Com o Bairro do Lagarteiro como cenário, num dos seus extremos, os dez primeiros hectares do Parque Oriental foram inaugurados, ao fim de décadas em que o projecto não saiu do papel. Uma questão de "prioridades", disse Rio, prometendo que, a partir de agora, espera que o processo seja "mais rápido".

Uma das prioridades é a despoluição do rio Tinto, que atravessa os terrenos do parque e cujas margens, sujas de plásticos, não são das mais bonitas. O arquitecto paisagista Sidónio Pardal, responsável pelo desenho dos dois grandes parques do Porto, diz mesmo que a câmara "está a negociar para que o rio volte a ter trutas". Para isso, avisa Rui Rio, é essencial que Gondomar dê uma ajuda preciosa.

Alguns moradores saudaram a comitiva camarária, dando as boas-vindas a Rui Rio e lamentando não o ver mais vezes por ali. "O presidente vir aqui, atravessar a fronteira do caminho-de-ferro, é caso raro", brindou-o Augusto Barbosa, que viu o seu terreno ser expropriado para a construção do parque. Por ali, o que se espera agora é que o espaço permaneça bem tratado e seguro. Fernando Duarte, outro morador, avisou que é preciso "um bocadinho de iluminação" e duas mulheres comentavam em voz baixa: "Se não tiver aqui um segurança, num instante começam a degradar isto tudo".

Rui Rio disse-se convicto de que a população vai tratar bem o parque e que "será suficiente" a ronda da Polícia Municipal, que também vigia o Parque da Cidade.
(In Público] 

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Um homem "sério e rigoroso", como Rui Rio, é assim:
  •  Não consente a construção à volta do Parque Ocidental [da zona rica da cidade], porque é totalmente contra a especulação imobiliária. É irredutível. 
  • Com o Parque Oriental [ da zona pobre], enfim, já admite que vai haver alguma construção à volta...   
  • Desculpa-se dizendo, serenamente, que "há limites orçamentais" para uma autarquia bater o pé à construção junto de espaços verdes... Entretanto, a sua caprichosa teimosia já custou ao erário público uns milhões  de indemnizações às empresas imobiliárias.

Não falo por mim, porque a integridade intelectual de Rui Rio nunca me convenceu, falo por aqueles que de boa fé acreditaram na sua autenticidade. Continuarão porventura convencidos que ele é como pensam, ou este singelo exemplo não chega para ver um pouco mais longe?

O que Rui Rio está a fazer, além de confirmar a sua frágil coerência moral e intelectual, é descriminação social e urbana. Não há dúvida, porque não há justificação aceitável para tão grande cambalhota nos seus argumentos.

Nunca a cidade do Porto foi politicamente tão insignificante e cinzenta, como durante os seus tristonhos mandatos.

08 junho, 2010

Nós e os outros

Nós, portugueses, temos um pouco a mania de fazer coisas porque "lá fora faz-se assim". Isto não é bem uma crítica, pois acho bem que não tentemos inventar a roda se outros já o fizeram. Acontece é que, com a falta de rigor de que padecemos (somos o povo do "mais ou menos") não tomamos em consideração as circunstâncias e particularidades que rodeiam o que pretendemos copiar "lá de fora".

Hoje em dia fala-se muito da Grécia, da similitude -ou não- dos seus problemas económicos com os nossos, e das soluções que eles pensam adoptar. É assim que já vi referido que, porque eles pensam em reduzir o número de municípios, nós deveríamos fazer o mesmo em Portugal, como medida de contenção de despesas.

Estamos a falar de duas situações muito diferentes,embora as populações sejam semelhantes e as áreas não façam uma grande diferença. A verdade é que a organização administrativa grega é bastante pesada. Têm 13 Regiões, mas entre estas e os municípios e as comunidades (que são municípios mais pequenos mas com a mesma autonomia) existem os nomos ,que são 57 e têm um determinado grau de autonomia administrativa. Até 1997 havia quase 6000(!) municípios e comunidades. Nesse ano fizeram fusões de muitos deles,e hoje são pouco mais de mil. Mesmo assim há cerca de 90 com menos de 1000 habitantes, ocorrendo mesmo a excentricidade de existir uma comunidade com 28 habitantes, e outra com uma área inferior a 1 km2. Por tudo isto se compreende que a Grécia pense eventualmente em reduzir ainda mais o número das suas unidades administrativas.

Penso que nós em Portugal temos uma problemática diferente, mas é indiscutível a necessidade de uma enorme reforma do mapa administrativo. Desde logo por, no mínimo, três motivos : não temos Regiões instituidas, temos Distritos que hoje não significam rigorosamente nada, e temos um mapa municipal que data dos meados do século XIX, quando a realidade demográfica era bem diferente da actual.

Isto para não falar das 4257 freguesias, o que à primeira vista parece um número excessivo , talvez passível de redução. Esta no entanto é uma questão de uma susceptibilidade imensa. Eliminar ou fundir freguesias num meio urbano, é uma coisa e não mexerá muito com as pessoas envolvidas. Fazê-lo num meio rural é completamente diferente, porque a freguesia tem um significado profundo para os seus habitantes. Está mais que provado que os burocratas do Terreiro do Paço não têm conhecimento, nem sensibilidade nem sequer humildade para fazer uma reforma destas. Será predominante a sua prepotência que os levará a não ouvir as populações envolvidas e a ignorar os seus argumentos e sugestões que por ventura cheguem aos seus ouvidos. Isto será particularmente verdade no Norte, como é habitual. Esta reforma das freguesias, a fazer-se, tem de ser comandada a partir das respectivas Regiões, porque só estas têm a sensibilidade que evitará ou minimizará grandes problemas humanos.

Portagens das SCUTS, um barril de pólvora?

Diz o povo amiúde, que há males que vêm por bem, não obstante saibamos que nem sempre se deva levar à letra a sabedoria popular . Mas no caso em concreto que a seguir abordarei, até devia. 

À insensatez da decisão governamental em portajar sadicamente as SCUTS  na região mais deprimida do país, devia corresponder uma poderosa e generalizada contestação civil. E é isso que sinceramente espero que aconteça. Os problemas resultantes das más governações não podem mais continuar a ser resolvidos sacrificando quem menos responsabilidades tem. Um Governo que actua compulsivamente em desespero de causa, flagelando mais e mais a população, é um Governo fracassado e irresponsável. A única decisão nobre que lhe resta, é a demissão.

O Norte, tem de rejeitar com veemência mais esta decisão ultrajante para a região, e o facto de o Governo persistir em tentar tomar-nos por imbecis, com  o rebuçado de um tarifário "simpático", devia de ser considerado por todos nós como mais uma provocação, e não como um eficaz anestesiante. Um cancro maligno extirpa-se do corpo de quem o contraiu, e não de corpo alheio. Proceder assim, não só é um acto de profunda irresponsabilidade, é um verdeiro convite à guerra civil.

Esta decisão infeliz, devia servir para unir ainda mais todos os simpatizantes do Movimento Pró Partido do Norte, esquecendo as eventuais diferenças políticas e ideológicas concentrando-os exclusiva e patrioticamente na causa do Norte. A causa do Norte, é uma causa nacional, sem Norte, não pode haver Portugal. 

Espero bem, que tenha sido este o sentimento inspirador dos principais líderes do Movimento N. Que seja o futuro da região a sua principal motivação, para assim esvaziarem de vez  as vozes  daqueles que, à falta de melhores argumentos, os querem tratar como "desempregados da política". É uma excelente oportunidade para provarem que nem todos os filiados em partidos tradicionais estão conformados com a situação do Norte e que querem fazer diferente, mas melhor. Com o envolvimento e a colaboração dos cidadãos. 

Definitivamente, o erro, não é destes ex-deputados. O erro, está naqueles que continuam a pactuar com um regime de governação enganador que compromete e faz perigar a própria Democracia.

Para a frente MPPN!

Movimento Pró Partido do Norte

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07 junho, 2010

Hoje, no PortoCanal, às 23H30


Caros amigos, hoje (07-06-2010), pelas 23h30 não percam a entrevista ao Doutor Pedro Baptista e ao Doutor Anacoreta Correia, no programa "Analise do Dia".


Para quem não assistiu à entrevista do Dr. Pedro Baptista ontem à noite, poderá vê-la  aqui.

06 junho, 2010

A nossa ideologia

Tenho a impressão, para não dizer a certeza, que o início deste Movimento está a criar uma dinâmica que ameaça tornar-se imparável. Os nossos adversários, que estão atentos e já o perceberam, irão tentar tudo para nos descredibilizar e em última análise, nos destruir.

Uma das críticas que já apareceu é que somos um partido sem ideologia, como se eles, os outros, tivessem princípios dignos dessa designação. A prática corrente desses partidos é uma noção elástica, recauchutável, e finalmente descartável das suas "ideologias". Quem tem telhados de vidro não devia atirar pedras aos dos vizinhos.

O peculiar funcionamento dos partidos políticos portugueses é, em minha opinião, a causa primeira da baixa qualidade da democracia em Portugal - que certamente o Eça classificaria de "democracia traduzida em calão"- e acredito que é também a causa da contínua degradação da qualidade dos nossos governantes, na medida em que os melhores não se sentem tentados a misturar-se com tão fracos personagens, abrindo assim caminho para "carreiristas" aventureiros. Governantes de baixa qualidade não podem produzir governação de alta qualidade, e é por isso que, crises mundiais à parte, hoje estamos como estamos.

O Movimento Pró-Partido Norte propõe-se contribuir para mudar esta lamentável situação, incluindo óbviamente a substituição do actual super-centralismo político e económico, por um mais saudável, justo e moralmente aceitável policentrismo. Por outras palavras, o Movimento pretende claramente defender e ser a voz do Norte, mas não enjeita responsabilidades em relação a todo o país, e por isso será mais que um simples partido local. Nós queremos, entre outros objectivos, terminar com a actual divisão de portugueses : uma minoria de colonizadores e uma maioria de colonizados.

Os nossos detractores dirão que isto é um programa, não uma ideologia. Eu digo que é uma ideologia, e digo mesmo que vale muito mais que as ideologias "faz-de-conta" que os outros partidos apregoam.

Lembrete

Caros amigos, 

Hoje, no programa Grande Plano, pelas 21h30, não percam a entrevista que o Dr. Pedro Baptista irá dar ao Porto Canal.

O Porto e o Douro

Devido à minha ausência do Porto e da internet, só agora tive oportunidade de ler no blog Regionalização um texto intitulado "New York Times Cativado Pelo Douro", publicado no dia 1 ou 2 deste mês. T

Trata-se da crónica do redactor especializado em turismo daquele jornal, referente a uma viagem que fez ao Porto e ao Douro. Recomendo vivamente a sua leitura, que me fez sentir orgulhoso de ser nortenho e portuense, sentimento que certamente desencadeará em todos os nortenhos que o leiam.

Regionalização da culpa

Chegou a mim uma imagem com uma temática que já tenho vindo a pensar em escrevinhar por aqui há bastante tempo mas que, por falta de oportunidade, nunca me cheguei à frente. Hoje não escapa. Os dados referem-se a 2005:


Comecemos pelo início.

Quando se diz que o Norte trabalha para que o Sul descanse à sombra da bananeira, apreciando e abusando da riqueza produzida pelos primeiros, essas acepções resultam normalmente em riso ou incredulidades de variada índole. Afinal de contas, como pode o Norte ser o motor da riqueza e, ao mesmo tempo, as estatísticas oficiais mostrarem o oposto? Seria curioso entrar por aí - e certamente o farei a breve trecho - mas fiquemo-nos para já pelo tema quente da actualidade: a dívida nacional. Analisarei a questão do PIB e afins num outro dia.

Já expliquei variadas vezes que o nosso problema não é a dívida pública, mas a dívida privada. Ao lado dos 120milM que o Sector Público deve, há ainda 260milM oriundos das famílias e empresas por aí espalhadas. A questão central é: onde andam elas espalhadas? Será que veremos, mais uma vez, centralismo? Será que até na dívida há centralismo?

Segundo o Boletim de Abril do Banco de Portugal (Maio só sairá daqui a uns dias, mas não constituirá surpresa), a resposta é positiva: o distrito de Lisboa tem uma dívida privada (109 mil milhões) que representa 42,7% dos 255 mil milhões que os privados devem ao exterior. Em segundo, vem o Porto com apenas 15%, seguido de Setúbal e Braga com 5% cada. Atente-se: mesmo com as populações mal distribuídas (facto bem sabido), a desproporção na responsabilidade da dívida é absolutamente pornográfica, sendo ainda mais desigual e injusta do que as injustiças que já todos conhecemos.

Repare-se que aqui não falamos de dívida pública. É que, muito embora os investimentos públicos sejam quase todos sulistas, ainda nem toquei nesta análise que faria descambar ainda mais a lógica desnivelada do crédito.

Falemos agora do défice comercial - isto é, a diferença negativa existente entre aquilo que anualmente importamos face ao que anualmente exportamos. Lisboa representa 80% deste défice. 80%. 4 em cada 5 euros de défice comercial é provocado por Lisboa. Imagine-se o que seria se Lisboa deixasse de adquirir uma pequena parte do que importa: era imediatamente visível um aumento de um par de pontos percentuais no crescimento económico nacional.

O Norte virou-se para o exterior porque Lisboa o rejeitou e o abandonou desde cedo. Virou-se por necessidade, porque tinha de se desenmerdar e porque é composto por gente com garra, empenho e capacidade de trabalho. O Norte representa hoje 50% das exportações nacionais (já foram 2/3 há poucos anos) e ainda assim tem de trabalhar duplamente para compensar os desvairios e vícios da capital do império da treta. Ou seja, anda o Norte a trabalhar, a suar e a esforçar-se para que os seus impostos e os seus rendimentos gerados pela exportação sirvam para financiar luxos desproporcionais da capital, ano após ano. Lisboa vira as costas para o Norte na altura de o apoiar e desenvolver, mas vem sempre com a mão firme para apanhar os rendimentos que lhe suportam a boa vida. É um país a dois pesos e a duas velocidades. Não admira que já se fale em guerra civil.

A minha ideia (e proposta) era autonomizar as regiões portuguesas. Só era preciso um ano (e não mais) para que Lisboa se afundasse repentinamente e se tornasse um protectorado do FMI, tendo de desvalorizar salários para metade para readquirir a competitividade que não tem e reformular completamente o seu estilo de vida. Não é que eu odeie os lisboetas; só acho é que as pessoas precisam de aprender.
 
[de Luís Oliveira, blogue: Tragédias Comuns]