10 janeiro, 2008

Cuidado com o negócio...

Casa do Douro e Berardo prosseguem negociações

As negociações entre a direcção da Casa do Douro e o empresário Joe Berardo mantêm-se, e depois de uma reunião realizada ontem de manhã, em Lisboa, o comendador deverá deslocar-se à Régua, na próxima semana, onde permanecerá durante dois dias.Segundo apurou o JN, Joe Berardo vai estar no Porto, na terça-feira por causa da assembleia do BCP, e nos dois dias seguintes, ou seja, quarta e quinta-feira (dias 16 e 17) vai deslocar-se à região do Douro, onde deverão continuar as negociações.
O presidente da Casa do Douro, Manuel António Santos, recusou avançar quaisquer pormenores sobre estas negociações, dizendo apenas que o empresário de origem madeirense se "mostrou desde o início disponível para ajudar o Douro".No próximo sábado, o Conselho Regional de Vitivinicultores vai reunir-se para decidir a venda da maioria da participação da instituição duriense na Real Companhia Velha (RCV), onde detém 40% das acções. Caso a venda se venha a concretizar, 85% do valor obtido com esta alienação será integralmente usado para abater a dívida de cerca de 40 milhões de euros, ao Estado (as dívidas totais, incluindo banca ascendem a 125 milhões).
A Casa do Douro adquiriu o capital da RCV, em 1990 por 50 milhões de euros, mas na altura o negócio foi declarado nulo, o que evitou que aquele organismo tomasse posse, até agora, da sua parte na empresa.Os conselheiros deverão, ainda, debater a proposta de criação de uma nova empresa de produção, elaboração e comercialização de vinhos da região do Douro e seus derivados, na qual a instituição duriense irá deter uma participação em conjunto com outros parceiros ainda não divulgados.Nas últimas semanas, a Casa do Douro vendeu cerca de 15 mil pipas de vinho do Porto, encaixando 21 milhões de euros.

Ermelinda Osório (JN)

Nota:

Querem lá ver que ainda vamos ter o vinho do Porto transformado em vinho de Lisboa?
Tudo é possível e já nada me surpreende neste meio país.

Há moral, ou comem todos?

Depois de assitirem ao habitual aparato histérico das televisões lisboetas em redor do processo "Apito Dourado", com Portugal profundo a deleitar-se com a imagem de Pinto da Costa a ser diligentemente escoltado por agentes de segurança, os portugueses mais susceptíveis devem ter ficado convencidos que o homem que pretendem colonar com a Camorra Napolitana ia rapidamente ser "condenado à morte". Puro engano. A procissão ainda vai no adro e o processo decorre com a recôlha de elementos de prova a revelar-se pouco animadora talvez por (quem sabe) ainda não existirem.

Entretanto, o público assiste, mais impávido do que sereno, a todo o género de
ocorrências, geradas pelos poderes políticos cuja única virtude é transmitirem-nos a certeza que não dão grande importância à história que recomenda à mulher de César parecer séria.

Um ex-político (será mesmo, que o 'ex' se aplica aos políticos?) de seu nome Armando Vara, acaba de pedir uma licença sem vencimento da CGD para se candidatar à vice-presidência do BCP, conservando prudentemente (como convém) o vínculo laboral com a Banca pública, a fim de não hipotecar o seu futuro profissional (vulgo emprego) incluindo as respectivas aposentações.

Tudo isto, sublinhe-se, dentro da maior legalidade. Contudo, a pergunta que apetece fazer nesta altura é a seguinte: quantos portugueses, sem ligações partidárias, gostariam de ter esta facilidade "salta pocinhas", de andar de um emprego (fortemente remunerado) para o outro sem arriscar perder nenhum?

António Lamego, ex-sócio do Ministro da Justiça, Alberto Costa, adquiriu recentemente uma prisão desactivada em Setúbal, com 46.000 m2, no âmbito de um programa de alienações, por um preço inferior em cerca de 890 mil euros ao que o Estado pagou, com a curiosidade de ter apresentado a respectiva proposta de aquisição antes mesmo do registo comercial da empresa compradora de que é dono (Diranniproject III) ter sido feito! Genial!

É óbvio, que todos estes processos terão naturalmente obedecido a mecanismos legais, mas não parece menos óbvio que, de transparentes e correctos, tais processos, pouco têm.

Trata-se, de dois processos distintos, em que os respectivos procedimentos deviam parecer sérios, acima de qualquer suspeita, sobretudo, pelas pessoas neles envolvidos terem grandes responsabilidades político/institucionais, e o dever cívico de praticar (para os poderem transmitir à população) bons exemplos. É também para isso que lhes é conferida a autoridade. Ora, não é isso que está a acontecer.

Como já foi aqui abordado, tanto o mérito como a legalidade, não podem justificar e ainda menos explicar, tudo. Outros valores parecem estar esquecidos, sendo o bom senso um deles e a Ética, outro.

Ética que, em absoluto não existiu e que abre caminho às mais cinzentas suspeições.

Senhores políticos e ex-políticos: depois não se queixem, nem digam que são mal pagos, porque não é isso o que parece. Afinal, gostam imenso de acumular lides políticas com empresariais e, nesse caso, nem sempre é possível compatibilizá-las com a implícita declaração de interesses.

Como à mulher de César, é preciso parecer sério...

09 janeiro, 2008

JUSTIÇA À MODA DA FIFA


Alguém é capaz de imaginar a Justiça lisboeta (sim, porque
tudo indica que a justiça nacional já não existe) a ser tão
célere e capaz de a aplicar - com a simbólica venda nos olhos - a um Clube ( F.C.P. ), cujo Presidente anda a anos a ser perseguido e difamado pelo centralismo sob suspeita das mais alucinantes ligações à Máfia?
Co Adriaanse

"O COXO CULTO DO MÉRITO"

Admito ser falha minha, mas ainda estou por perceber a razão objectiva pela qual determinados cargos administrativos, públicos e privados têem de continuar a ser pagos a pêso de ouro.

Aceitando como correcta a teoria que valoriza o mérito, ainda não consegui descobrir um só que justifique - por exemplo - que o Governador do Banco de Portugal (este ou qualquer outro) para desempenhar com empenho e competência o seu trabalho, tenha de levar para casa 9 500,00 euros por dia ou 280 000,00 euros por mês (56 mil contos na moeda antiga)!!!

É a lei do mercado, afirmam os "advogados" de tão magnânimo princípio (talvez com receio que, para acabar com a miséria, se tenha de abolir o excesso de riqueza individual). Mas, insisto, pessoalmente - talvez condicionado pelos meus básicos dotes intelectuais - continuo sem saber por que é que o mercado tem de funcionar como regulador do mérito quando o mérito não é o único princípio que deve orientar uma sociedade que se pretende mais justa e humanizada.

Quando o mérito se separa do bom senso e permite anomalias, como são o exemplo citado do Governador do Banco de Portugal por oposição à mesquinhez governativa que resolve pagar a pensionistas uns míseros 9, 60 euros de actualização de reforma em 14 prestações de 0,68 cêntimos, é um mérito, intelectual e socialmente, imoral.

Por estas e muitas outras razões, se tivesséssemos de atribuir um salário aos nossos "insignes" representantes do govêrno segundo padrões de mérito mais sérios e equilibrados, não sei se os generosos 400,00 euros de pensão média seriam demais, face aos resultados conseguidos.

O poder de observação precisa, é vulgarmente chamado de cinismo por aqueles que não o possuem

(George Bernard Shaw)

08 janeiro, 2008

Humor natalício

-Não discuto a forma, digo simplesmente isto: não é o melhor momento!

O Colete de Forças de Rui Rio

Não será por falta de apoios que Rui Rio não consegue impor-se na Câmara Municipal do Porto.
Pessoalmente, acho fenomenal que ainda exista quem espere dele grandes feitos e até já cheguei a pensar se não seria eu que por má fé inconsciente ou cegueira, não conseguia descobrir-lhe os méritos que outros aparentemente tão bem lhe reconhecem.
A verdade, é que por maior que seja a minha vontade em compreendê-lo não consigo retirar outra conclusão que não seja a de considerar que de facto não está à altura das exigências de que o Porto actualmente carece para se restaurar.
Mas, para além das limitações evidentes que tem revelado na função de cargo tão importante como é o de Presidente da C.M. do Porto, Rui Rio está ser vítima da sua própria estratégia.
Talvez instigado pelo acessor do urbanismo, o benfiquista Artqº. Ricardo Figueiredo, ainda temos viva na memória a entrada de "leão" na tomada de posse na edilidade portuense, com a tão abrupta como dispensável hostilidade com Pinto da Costa e indirectamente (quer se concorde ou não com a inovação) para com os sentimentos clubísticos da maioria da população afecta ao F. Clube do Porto.
A urgente necessidade de criar roturas e mostrar autoridade mereceu logo o aval das hostes centralistas em cujo discurso "pseudo-anti-provinciano" se quis inspirar, como o comprova a sua diplomática frase: " não é por berrar contra Lisboa que o Porto se afirma".

O resultado de toda esta mise-en-céne política com inconfessáveis ambições políticas mais alargadas (provavelmente malogradas), é que, mesmo agora, quando Rui Rio precisa de dizer coisas importantes como criticar o Poder Central, ninguém o ouve. E devia ouvir.
Ele tem razão quando se queixa do Govêrno por ainda não ter pago à Câmara uma dívida de 1 milhão de euros e de abrir os cordões à bolsa para comprar terrenos em Lisboa no valor de 13,4 milhões de euros, mas como não gosta de levantar a voz para reclamar o que lhe é devido, o Govêrno aplaude a cortesia e agradece o estilo.

A ser verdade, o mesmo se pode dizer quanto às reclamações tímidas que faz sobre a escassez de verbas do Estado para fazer face ao projecto de requalificação da Baixa, mas o maior responsável é outra vez Rui Rio, por ter errado redondamente nas "armas" que ele próprio escolheu para combater o sistema centralista com o qual, aliás, esteve em sintonia durante muito tempo.

Agora, Rui Rio começa a ter necessidade de se soltar do colete de forças em que se meteu, mas não é com conferências oferecidas a alguns "amigos" numa sala do Município (praticamente ignoradas pelos media da capital) que o consegue.

Rui Rio podia (e devia) ser popular sem ter de ser populista, mas não quer ou não sabe. Mas, agora, até era capaz de lhe dar jeito sabê-lo ser para, com toda a legitimidade, ter o povo ao seu lado a ampliar-lhe a voz que lhe falta para se fazer ouvir e exigir do Govêrno mais respeito e atenção à cidade do Porto.

Ora, quando é a própria população que não percebe porque não ouve o que Rui Rio anda a dizer ao Govêrno, por não saber falar com ela, como pode o autarca ambicionar que o povo saiba o que anda a fazer?

Uma certeza: o Governo centralista agradecerá novamente e até é capaz de prometer reservar-lhe uma medalha de bom comportamento, pelas falinhas mansas de que Rui Rio decidiu (em má hora) fazer uma bandeira.

Exemplos de má informação televisiva

Domingo, uma da tarde. Enquanto leio o jornal, a RTP1 em fundo abre o seu noticiário com a notícia da troca de empurrões entre dois jogadores do Benfica, durante o jogo com o Setúbal. Fico perplexo por ser esta a notícia de abertura, no canal público. Empurrões?! ...

...Perante a gravidade dos factos de ontem, que determinaram a suspensão dos dois jogadores do Benfica, que importância tem saber, por exemplo, se faz sentido a Caixa Geral de Depósitos continuar estatizada e não se distinguir de qualquer banco privado, a não ser por pagar pior à sua administração?

...Acabo de escrever isto e arrependo-me quando me lembro que a Caixa ganhou à restante banca o patrocínio do Benfica. Ora aí está! É isto que lhe dá o sentido público. Ao fim e ao cabo, não há 6 milhões de benfiquistas?

(excertos de artigo de Alberto Castro no JN)

07 janeiro, 2008

A PORCA DA POLÍTICA

Afinal, para que nos serve a informação? Nem toda a informação é fiável, sabemos, mas mesmo assim, por entre esta profusão de ruído tolo e de crónicas agri-doces, muita coisa pode sempre ser filtrada para nossa avaliação. O problema está no que fazer com a informação fiável que recolhemos quando se trata de combater e restaurar os poderes políticos.

Nos últimos tempos temos sido "presenteados" com tudo o que há de mais abjecto nas relações entre instituições públicas e privadas, com os partidos políticos (do poder) desta feita a mostrarem-se incapazes de segurar a máscara da credibilidade com a mediana eficácia a que estavam habituados.

A fuga para a frente ('blindar' as aldrabices) parece ser a solução que lhes resta (como é costume também). Vão safar-se mais uma vez, é claro.

E a nós cidadãos, o que nos resta? Continuar a ver "a banda passar" e como obedientes meninos de côro assobiar para o lado e esperar pelas próximas eleições? Para quê? Para mantermos esta gentinha (que nos desgoverna) convencida que a banha da cobra não tem prazo de validade e que o Poder é um trono onde a Mentira se senta com direitos garantidos à Honra e à insuspeição? Para nos contentarmos em colocar um miserável voto na urna em nome de um outro candidato a subir na vida e nas finanças à custa de um qualquer aparelho partidário?

Bem. De facto, pouco podemos fazer, mas sonegar-lhes o votinho que os colocará no trampolim
do oportunismo, é coisa que só depende de nós. Pela minha parte, já lhes tracei o futuro. É muito pouco, concordo, mas já é alguma coisa...

O "banco central" de interesses!

Para além da posição cada vez mais insustentável de Vítor Constâncio - que deveria levá-lo a renunciar ao cargo no BP -, outros aspectos bem mais relevantes sobressaem na ignóbil luta de PS e PSD pelo controlo de instituições financeiras.
O decoro já não existe no bloco central de interesses das afirmações de Menezes sobre a partilha combinada de cargos no BP e na CGD às pretensas respostas do PS que, escondendo a cabeça, deixam à vista antigas e actuais manobras deste pântano partidário! Confirma-se finalmente o que já se suspeitava, mas que PS e PSD sempre tinham procurado esconder. Quem for competente e capaz só pode aspirar a certos cargos se tiver cartão rosa ou laranja; mas, definitivamente, quem se recusar a alinhar no compadrio e tiver outras opções, por mais competente que seja nunca chegará aos lugares cimeiros de empresas públicas ou grupos mais influentes!
Fica também mais clara a promiscuidade entre poder económico e poder político. Todos os dias saem "ilustres e competentes" personalidades (rosas e laranjas) do Governo para as administrações de grandes empresas e destas para o Governo, num corrupio que enlameia a democracia. Do que ninguém se lembra é de ver um membro do Governo sair para liderar um sindicato ou uma simples associação de solidariedade social!...
Outro escândalo surge com a transferência de Santos Ferreira para o BCP (para além do facto dela contar com o apoio de pessoas a quem este gestor emprestou milhões da CGD para comprarem acções do… BCP). Como é possível este senhor aceitar mudar de camisola e levar para o BCP todos os segredos e estratégicas da CGD (a que presidiu e que é o principal concorrente do ex-banco da Opus Dei)? Onde estão a ética profissional e o mínimo de vergonha? Quanto a isto apenas se "ouve" o silêncio comprometido de Teixeira dos Santos. Será que o ministro ainda não "percebeu" que esta escandalosa espionagem comercial (que inevitavelmente vai prejudicar o banco público), tinha de ter sido impedida pela tutela da CGD, isto é, pelo próprio Teixeira dos Santos?

Finalmente Constâncio tem as "mãos manchadas" com inquéritos recentes e com outros mais antigos, todos feitos por razões e queixas análogas. Só que os factos que motivaram os inquéritos mais antigos - "convenientemente" arquivados - tinham de ter sido do conhecimento da Comissão do Mercado dos Valores, na altura presidida por… Teixeira dos Santos. Será esta a outra razão do silêncio do actual ministro, o receio de que se note muito que pode ter as mãos tão "manchadas" quanto Constâncio?

Honório Novo (do JN)
Comentário
Salvaguardadas as devidas "distâncias" partidárias, e esquecendo por breves momentos que os comunistas comem criancinhas ao pequeno almoço, haverá alguém capaz de contrariar seriamente o que está acima escrito sem hipotecar a sua própria seriedade?
Nós já estamos cansados de saber que o regime comunista fracassou por não ter sabido auto-purgar-se dos desvios doutrinários que o tornaram incoerente e opressivo; mas, e o nosso? O regime capitalista em que vivemos, gordos de liberdade e de democracia, com estes exemplos a sucederem-se em catadupa, não terá também já fracassado há muito tempo? E se assim for, por que não procuramos nós outros regimes?
Que qualidade poderá ter uma Democracia que confere o poder ao povo e o impede de corrigir em tempo útil estas aberrações e abusos por parte de quem o representa?
RV