Admito ser falha minha, mas ainda estou por perceber a razão objectiva pela qual determinados cargos administrativos, públicos e privados têem de continuar a ser pagos a pêso de ouro.
Aceitando como correcta a teoria que valoriza o mérito, ainda não consegui descobrir um só que justifique - por exemplo - que o Governador do Banco de Portugal (este ou qualquer outro) para desempenhar com empenho e competência o seu trabalho, tenha de levar para casa 9 500,00 euros por dia ou 280 000,00 euros por mês (56 mil contos na moeda antiga)!!!
É a lei do mercado, afirmam os "advogados" de tão magnânimo princípio (talvez com receio que, para acabar com a miséria, se tenha de abolir o excesso de riqueza individual). Mas, insisto, pessoalmente - talvez condicionado pelos meus básicos dotes intelectuais - continuo sem saber por que é que o mercado tem de funcionar como regulador do mérito quando o mérito não é o único princípio que deve orientar uma sociedade que se pretende mais justa e humanizada.
Quando o mérito se separa do bom senso e permite anomalias, como são o exemplo citado do Governador do Banco de Portugal por oposição à mesquinhez governativa que resolve pagar a pensionistas uns míseros 9, 60 euros de actualização de reforma em 14 prestações de 0,68 cêntimos, é um mérito, intelectual e socialmente, imoral.
Por estas e muitas outras razões, se tivesséssemos de atribuir um salário aos nossos "insignes" representantes do govêrno segundo padrões de mérito mais sérios e equilibrados, não sei se os generosos 400,00 euros de pensão média seriam demais, face aos resultados conseguidos.
O poder de observação precisa, é vulgarmente chamado de cinismo por aqueles que não o possuem
(George Bernard Shaw)
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