O decoro já não existe no bloco central de interesses das afirmações de Menezes sobre a partilha combinada de cargos no BP e na CGD às pretensas respostas do PS que, escondendo a cabeça, deixam à vista antigas e actuais manobras deste pântano partidário! Confirma-se finalmente o que já se suspeitava, mas que PS e PSD sempre tinham procurado esconder. Quem for competente e capaz só pode aspirar a certos cargos se tiver cartão rosa ou laranja; mas, definitivamente, quem se recusar a alinhar no compadrio e tiver outras opções, por mais competente que seja nunca chegará aos lugares cimeiros de empresas públicas ou grupos mais influentes!
Fica também mais clara a promiscuidade entre poder económico e poder político. Todos os dias saem "ilustres e competentes" personalidades (rosas e laranjas) do Governo para as administrações de grandes empresas e destas para o Governo, num corrupio que enlameia a democracia. Do que ninguém se lembra é de ver um membro do Governo sair para liderar um sindicato ou uma simples associação de solidariedade social!...
Outro escândalo surge com a transferência de Santos Ferreira para o BCP (para além do facto dela contar com o apoio de pessoas a quem este gestor emprestou milhões da CGD para comprarem acções do
BCP). Como é possível este senhor aceitar mudar de camisola e levar para o BCP todos os segredos e estratégicas da CGD (a que presidiu e que é o principal concorrente do ex-banco da Opus Dei)? Onde estão a ética profissional e o mínimo de vergonha? Quanto a isto apenas se "ouve" o silêncio comprometido de Teixeira dos Santos. Será que o ministro ainda não "percebeu" que esta escandalosa espionagem comercial (que inevitavelmente vai prejudicar o banco público), tinha de ter sido impedida pela tutela da CGD, isto é, pelo próprio Teixeira dos Santos?
Finalmente Constâncio tem as "mãos manchadas" com inquéritos recentes e com outros mais antigos, todos feitos por razões e queixas análogas. Só que os factos que motivaram os inquéritos mais antigos - "convenientemente" arquivados - tinham de ter sido do conhecimento da Comissão do Mercado dos Valores, na altura presidida por
Teixeira dos Santos. Será esta a outra razão do silêncio do actual ministro, o receio de que se note muito que pode ter as mãos tão "manchadas" quanto Constâncio?
Honório Novo (do JN)
Comentário
Salvaguardadas as devidas "distâncias" partidárias, e esquecendo por breves momentos que os comunistas comem criancinhas ao pequeno almoço, haverá alguém capaz de contrariar seriamente o que está acima escrito sem hipotecar a sua própria seriedade?
Nós já estamos cansados de saber que o regime comunista fracassou por não ter sabido auto-purgar-se dos desvios doutrinários que o tornaram incoerente e opressivo; mas, e o nosso? O regime capitalista em que vivemos, gordos de liberdade e de democracia, com estes exemplos a sucederem-se em catadupa, não terá também já fracassado há muito tempo? E se assim for, por que não procuramos nós outros regimes?
Que qualidade poderá ter uma Democracia que confere o poder ao povo e o impede de corrigir em tempo útil estas aberrações e abusos por parte de quem o representa?
RV
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