23 junho, 2018

Ó tempo, volta para trás. É o lema do Arco de Poder

Domingos de Andrade


O PAROLO DO NORTE

A cadeira faz mais vezes o homem do que o homem a cadeira. Mas esta máxima da sociologia do poder aplica-se pouco a Rui Rio. E o problema maior é que, no caso do líder do PSD, nem a cadeira faz o homem, nem o homem a cadeira. Vamos por partes.
O grupo parlamentar foi escolhido a dedo por Pedro Passos Coelho. E eleito em legislativas. Rio não escolheu ninguém e foi escolhido por uns poucos. Mais contra o outro candidato do que a favor dele. Da eutanásia, ao imposto sobre combustíveis, passando pelos professores e acabando em críticas ao Governo, os deputados dizem uma coisa, Rio outra. Para fadar o caminho do PSD numa ideia, numa opinião, numa votação, no sucesso ou insucesso de uma proposta, basta que o líder do PSD se pronuncie, para que os deputados façam o contrário.
Em tudo o mais Rio perde. Quando passa meses para apresentar uma ideia, uma boa ideia, a da natalidade, e a deixa cair porque ela mal resiste às contas. E aos deputados. Quando dedica uma semana aos problemas da Saúde e não sobra ideia nenhuma. Quando, contrariando a sua máxima de ser ele a gerir o tempo, não resiste a comentar a fervura dos dias não comentando e deixando o comentário para os seus deputados que hão de comentar o contrário do que pensa para ele vir comentar que não comenta. Leia devagarinho. Porque é mesmo assim.
Mas Rui Rio, que faz questão de deixar correr que tem equipas multidisciplinares a trabalharem em projetos para o país, que acredita resistir até às eleições escolhendo depois a dedo os seus deputados, mas esquecendo que a oposição dos próprios será mais feroz fora do Parlamento, tem um problema ainda maior. Parágrafo.
É olhado como um parolo do Norte. Mesmo para os parolos do Norte do partido que o derretem na praça pública. E o Norte, para uma parte da política do Sul, é uma terra longe onde chove muito e as florestas ardem. O PSD não vai longe.
DIRETOR-EXECUTIVO



Nota de RoP:

Sim, o PSD não vai longe. Não podia estar mais de acordo. Mas o PS tem a passada cada vez mais curta... Pergunto: para que serve a democracia se não existem as alternativas que precisamos?  

5 comentários:

  1. Caro Rui Valente,
    Sou uma leitora assídua do seu blog, nunca comentei pois partilho quase sempre da sua opinião. Hoje resolvi deixar um "pequeno" comentário, apenas para lhe perguntar se leu o artigo de Sofia Rocha no "Sol"? Nesse artigo critica o provincialismo de Rui Rio, deixando nas entrelinhas que apenas Lisboa interessa (esta foi a minha constatação quando li, admito que possa estar errada). Eu não sendo apoiante do PSD e muito menos de Rui Rio, vejo com bons olhos esta "descentralização" do partido, mas parece que algumas personagens que residem pela "capital do Império" não partilham dessa opinião.
    (apenas uma pequena nota: se tiver possibilidade de ir ao twitter desta senhora, vá. Pelos vistos ela tem umas "tiradas" interessantes. Parece que no nosso sistema eleitoral os votos dividem-se em votos urbanos e rurais (não tinha ideia que se fazia este tipo de divisão) e, já agora, que apenas quem vive nas grandes cidades tem acesso à informação e cultura, pelos vistos, na ideia desta senhora, a malta do interior do país vive em cavernas, passa o dia a trincar couves e a tentar fazer fogo com duas pedrinhas). Todos nos queixamos do abandono do interior por parte dos governantes deste país, mas depois quando aparece alguém a tentar mudar esta realidade, cai-lhe tudo em cima! Eu, regionalista convicta, cada vez tenho menos esperança que esta regionalização aconteça, pois o círculo do poder não o deseja e quem acaba por perder é o país!!
    Obrigada por permitir aqui o meu "pequeno" desabafo.
    Sara Mota

    ResponderEliminar
  2. Cara Sara Mota,

    Ainda não tive oportunidade de ler o artigo que refere. Logo que possa vou ler e depois digo-lhe o que penso.

    Cumpts.

    ResponderEliminar
  3. O mais do mesmo, uma Mão Cheia de Nada, foi assim nos três mandatos à frente da Câmara do Porto que não fez uma obra que se diga Digna pela cidade e pelo contrário só complicou em muitas das suas decisões.
    Deste Increu pouco há a esperar, seja a nível Local ou Nacional, é ignorante e conflituoso, com personagens destas o país estará sempre Parado.

    Abílio Costa.

    ResponderEliminar
  4. Cara Sara Mota,

    dei uma espreitadela no Sol e não fiquei nada surpreendido com o que a senhora escreveu. É mais um jornal centralista como são todos os jornais de Lisboa. O JN é só um bocadinho melhor, mas ainda obedece à voz do dono...

    Além disso, eles não percebem, talvez por limitações intelectuais, ou egoísmo puro,que não há maior provincianismo que manter os tiques da antiga ditadura. Para ser sincero,acho que apesar de na Constituição Portugal constar como país democrático, na realidade vivemos numa ditadura mas de contornos mais sofisticados (ou vigaristas) como queira.

    Sol, às vezes publica umas coisinhas interessantes, mas tudo não passa de uma grande hipocrisia.
    Obrigado pela visita, e comente sempre que quiser.

    Cumpts.

    ResponderEliminar
  5. Cara Sara Mota,
    este comentário obtido no "Sol" bem podia ser seu... Se não é, é sinal que ainda há quem pense com a cabeça.
    Cumpts.

    Imagem
    Antoine Tu Vas Tomber • há 2 dias
    A senhora tem noção que existe um país fora de Lisboa? E que é esse país que ao trabalhar sustenta as melhorias e algum exibicionismo próprios da capital? A senhora tem noção que há trânsito, problemas de habitação, acesso à saúde, a educação, mas que existem também excelentes universidades, hospitais, empresas nessa tal coisa a que chama província ? Aliás, esse termo remete ao salazarismo numa altura em que a maioria do país nem água, nem electricidade nem serviços tinha, dai que fico desconfiado: sempre que alguém se refere ao país como província ou é ignorante ou salazarista. Ou as duas. E depois... acha que alguém quer mesmo viver em Loures, Odivelas ou Amadora??!!! LOL!!! Que tristeza haver ainda gente que pensa assim... Talvez parte dos problemas de Portugal resida nessa mentalidade tacanha, fechada, e que de elitista tem tão pouco como de inteligente. Denota um snobismo saloio próprio de quem prefere viver num apartamento podre ao pé dos famosos que ter a dignidade de conhecer um país fantástico com 10 milhões de pessoas. A maioria das quais, note-se não vive em Lisboa e não quer saber de Lisboa.

    ResponderEliminar

Abrimos portas à frontalidade, mas restringimos sem demagogia, o insulto e a provocação. Democraticamente...