Ainda a propósito das irreflectidas declarações de Isabel Jonet, o director do JN, Manuel Tavares decidiu tomar as dores da senhora, e apelidar de iluminadas as milhares de pessoas que neste momento estão sem emprego e sofrem na pele as consequências da austeridade. Fê-lo contudo, enveredando pelos mesmos caminhos levianos da protegida, sem parar um segundo para pensar no impacto que uma frase mal apresentada pode ter neste momento na cabeça daqueles que passam por imensas dificuldades. Para o director do JN, os contestatários não passam de: «iluminados que recusam sempre dar esmola aos pobres para não desresponsabilizar o Estado das suas obrigações constitucionais, mas que ao mesmo tempo dão sempre gorjeta aos arrumadores com medo que lhe risquem o automóvel».
Foram conclusões próprias de quem tem de si mesmo uma visão suprema da psicologia humana, como se a voz do povo fosse pertença sua. Mas, devo dizer que a expressão entre aspas acima apresentada por Manuel Tavares deve ser fruto de algum resquício do tempo em que militou no Partido Comunista. É que eu, fui um desses "iluminados", e recuso-me a enfiar a carapuça, por duas simples razões: primeiro, porque as esmolas, são de facto típicas dos países subdesenvolvidos que servem muitas vezes para mascarar o egoísmo das sociedades e de alguns daqueles que supostamente a "praticam", e para branquearem obscuras negociatas. Duarte Lima, fazia questão de exibir em igrejas o seu amor pela música sacra, e no entanto, não passava de um assassino e um grande ladrão. As senhoras do antigo MNF (Movimento Nacional Femenino) também pertenciam a uma mera associação de "tias", criada para encobrir a discriminação social e apoiar as guerras coloniais no Estado Novo. Portanto, estas coisas valem o que valem. Em segundo lugar, porque eu não só não dou gorjetas aos arrumadores, como os enfrento se ousarem ameaçar-me. E por último, a questão de ajudar ou não um mendigo, depende muitas vezes da impressão que o mesmo me causar. Se o suposto mendigo me parecer genuíno ajudo, e com vontade. Se me parecer um pequeno mafioso, passo. Pode não ser um hábito muito justo, mas não tenho outras fontes de informação sobre desconhecidos que não as fornecidas pela aparência. Aliás, não há razão para espantos, porque tem sido assim que os portugueses têm escolhido quem os tem (des) governado. Pelas aparências... Ou não será assim?
Não quero terminar este já fétido tema, sem antes acrescentar o seguinte: pessoas com cargos de alta responsabilidade cívica e social, têm o dever de perceber melhor que ninguém a situação de desespero em que muitos portugueses se encontram. Por isso, quando se fazem declarações relacionadas com a austeridade, ou se explica muito bem o extracto social a que queremos referir-nos, ou então sujeitámo-nos ao triste papel da senhora Isabel Jonet. Sobretudo, depois de ouvirmos gente que não abdica um cêntimo dos seus luxos e mordomias, como os Borges, os Ulrichs e os Cavacos. É isso que o director do JN parece não ter capacidade para entender: a revolta que declarações generalizadas do tipo das proferidas pela madame Jonet provocam no actual contexto de pobreza e desemprego que se vive no país, situação essa que infelizmente não a abalam muito a ela, nem ao próprio.
A tal gente cuja "missão única na Terra é desconfiar de tudo e de todos", só tem motivos para acentuar os níveis de desconfiança. Outra coisa não sugerem os exemplos passados e recentes dos governantes e do próprio jornalismo... Talvez o Sr. Manuel Tavares tenha uma boa argumentação escondida para justificar as 4 páginas diárias de publicidade que o JN faz à prostituição e à oferta de empregos desonestos, já que tanto se incomoda com as reacções justas do povo. Por falar nisto, vou repensar se devo ou não contemporizar o JN e o seu director, pelo facto de este "iluminado" ter andado a contribuir há muitos anos para o seu ganha pão...
Foram conclusões próprias de quem tem de si mesmo uma visão suprema da psicologia humana, como se a voz do povo fosse pertença sua. Mas, devo dizer que a expressão entre aspas acima apresentada por Manuel Tavares deve ser fruto de algum resquício do tempo em que militou no Partido Comunista. É que eu, fui um desses "iluminados", e recuso-me a enfiar a carapuça, por duas simples razões: primeiro, porque as esmolas, são de facto típicas dos países subdesenvolvidos que servem muitas vezes para mascarar o egoísmo das sociedades e de alguns daqueles que supostamente a "praticam", e para branquearem obscuras negociatas. Duarte Lima, fazia questão de exibir em igrejas o seu amor pela música sacra, e no entanto, não passava de um assassino e um grande ladrão. As senhoras do antigo MNF (Movimento Nacional Femenino) também pertenciam a uma mera associação de "tias", criada para encobrir a discriminação social e apoiar as guerras coloniais no Estado Novo. Portanto, estas coisas valem o que valem. Em segundo lugar, porque eu não só não dou gorjetas aos arrumadores, como os enfrento se ousarem ameaçar-me. E por último, a questão de ajudar ou não um mendigo, depende muitas vezes da impressão que o mesmo me causar. Se o suposto mendigo me parecer genuíno ajudo, e com vontade. Se me parecer um pequeno mafioso, passo. Pode não ser um hábito muito justo, mas não tenho outras fontes de informação sobre desconhecidos que não as fornecidas pela aparência. Aliás, não há razão para espantos, porque tem sido assim que os portugueses têm escolhido quem os tem (des) governado. Pelas aparências... Ou não será assim?
Não quero terminar este já fétido tema, sem antes acrescentar o seguinte: pessoas com cargos de alta responsabilidade cívica e social, têm o dever de perceber melhor que ninguém a situação de desespero em que muitos portugueses se encontram. Por isso, quando se fazem declarações relacionadas com a austeridade, ou se explica muito bem o extracto social a que queremos referir-nos, ou então sujeitámo-nos ao triste papel da senhora Isabel Jonet. Sobretudo, depois de ouvirmos gente que não abdica um cêntimo dos seus luxos e mordomias, como os Borges, os Ulrichs e os Cavacos. É isso que o director do JN parece não ter capacidade para entender: a revolta que declarações generalizadas do tipo das proferidas pela madame Jonet provocam no actual contexto de pobreza e desemprego que se vive no país, situação essa que infelizmente não a abalam muito a ela, nem ao próprio.
A tal gente cuja "missão única na Terra é desconfiar de tudo e de todos", só tem motivos para acentuar os níveis de desconfiança. Outra coisa não sugerem os exemplos passados e recentes dos governantes e do próprio jornalismo... Talvez o Sr. Manuel Tavares tenha uma boa argumentação escondida para justificar as 4 páginas diárias de publicidade que o JN faz à prostituição e à oferta de empregos desonestos, já que tanto se incomoda com as reacções justas do povo. Por falar nisto, vou repensar se devo ou não contemporizar o JN e o seu director, pelo facto de este "iluminado" ter andado a contribuir há muitos anos para o seu ganha pão...
Boa tarde,
ResponderEliminarExcelente prosa. Valendo a minha modesta opinião o que vale, ouso escrever que plasmou em completo o meu pensamento sobre o assunto.
Parabéns
Rui Valente,se me permite, faço minhas as suas palavras.
ResponderEliminarAbraço
manuel moutinho
Os Borges, Ulrichs, Cavacos e tantos outros, por mais esmolas que possam dar, se é que as dão, é gente que nunca tem lugar no reino celestial, porque esse dinheiro é roubado aos pobres.
ResponderEliminarOs cursos de cristandade que estes senhores tiram foram na Goldman Sachs, BPN e outras grandes instituições de caridade semelhantes.
Sra Jonet, quem não quer ser lobo não lhe veste a pele. Será que essas palavras não vieram mesmo de lá do fundo do seu coração!?
Toda a gente diz que a sra tem feito um grande trabalho, mas quem o sustenta não somos nós os roubados espoliados para quem a sra falou. Perdeu uma grande oportunidade de estar calada.
O PORTO É GRANDE, VIVA O PORTO.