02 outubro, 2017

Eleições no Porto e Gaia, as mais genuínas

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Rui Moreira
Há quem procure desacreditar as candidaturas independentes, argumentando com a utopia dessa independência. É um argumento válido, mas também contraditório, porque quem defende essa tese, só pode ser naturalmente alguém que está, ou tem gente próxima, ligada a um partido político. Depois, porque o militante partidário que ouse pensar pela própria cabeça contra o establishment, arrisca-se a ser acusado de indisciplinado e consequentemente castigado.  Logo, estamos conversados sobre "independências".

Os partidos políticos, em vez de se virarem para os independentistas com slogans espúrios e gastos, deviam antes de tudo procurar descobrir as causas deste fenómeno recente.

Já aqui escrevi, vezes sem conta, sobre as razões do meu longo absentismo, não estando por isso mais disponível, nem paciente, para escrever com um post só para responder a cada comentário pseudo-iluminado que cai na minha caixa do correio. Quem quiser saber como penso, que se dê ao trabalho de ler um pouco mais do que o último post. Quem não quiser, então prefiro que não comente coisa nenhuma e me desampare a loja.

Mas, voltando aos partidos, e à sua lengalenga do costume, vazia e muito pouco inserida da realidade actual, seria bom que reflectissem para tentar saber por exemplo, por que é que o independente Rui Moreira, no Porto, e o socialista Eduardo Victor Rodrigues, em Gaia, venceram ambos, e  com maioria absoluta, as respectivas câmaras.

Ambos, tiveram o mérito de convencer os eleitores da sua área sem precisar de se confrontarem politicamente. O povo da região parece já ter percebido que mais do que os partidos, são as pessoas que os representam (ou não) que contam. É uma imbecilidade que um partido como o Bloco de Esquerda tenha como representante no Porto um político como Teixeira Lopes convencido de poder "roubar" votos a Rui Moreira, explorando o caso Selminho (já resolvido na Justiça), enfatizando-lhe as falhas, sem ter a dignidade de lhe reconhecer os méritos. Resultado: nem sequer conseguiu eleger um representante! Ilda Figueiredo, da CDU, ainda conseguiu um lugar, mas pecou pela mesma política do bota-abaixo.

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Eduardo Victor Rodrigues
O mal dos partidos, é desprezarem a sensibilidade popular, acharem que os eleitores ainda alinham pelo discurso negativo, pela má-língua, pela clubite partidária, em vez de apresentarem alternativas coerentes. Felizmente, parece que o bom senso do povo do Porto está a refinar-se. O mesmo se passou em Gaia. Eduardo Victor Rodrigues é dos políticos vinculados a um partido que mais admiro. Sucedeu a Luís Filipe Menezes, herdando uma dívida tremenda, grande parte dela já sanada, sem se perder nos queixumes usuais, com uma dignidade e uma honradez invulgar.

São exemplos destes, diferentes entre si, que deviam fazer reflectir os partidos. É também verdade que há sempre quem se aproveite das fragilidades "independentistas". No Norte, Valentim Loureiro e Narciso Miranda, borrifaram-se para os seus respectivos passados, nada recomendáveis, e lançaram-se à luta, mas desta vez o povo deu-lhes a resposta adequada. No Sul, em Oeiras, o ambiente e os ventos parecem mais "tolerantes" com a corrupção, e (pasmem) lá elegeram Isaltino Morais...   


Vejamos, como é que Rui Moreira vai governar a cidade com maioria absoluta. Confiemos no seu carácter. Pode não agradar a todos, mas já fez coisas muito interessantes, ao contrário de Rui Rio, esse sim, um oportunista e incapaz. 

Rui Sá, da CDU nunca lhe fez as críticas oportunistas que fez a Rui Moreira durante todo o ano. Talvez se sentisse melindrado por Rui Moreira ter acabado com a cultura Laferiana, bem à moda da Lisboa pimba...

Off topic:

O FCPorto mereceu ganhar em Alvalade. Belo espectáculo de futebol. Força Sérgio Conceição, a tua língua não tem sofisma. Que os Deuses te ajudem, tu mereces! 

4 comentários:

  1. 100% de acordo. No Porto é noutro nível na Catalunha, chapadas de luva branca no Centralismo.

    Quem for inteligente retirará as ilações necessárias. Quem não for...

    Será que é a Catalunha que vai lançar definitivamente a ideia de uma União Ibérica?
    Eu espero que sim.

    E o Porto, para uma cidade com tanto desvio do QREN e afins para Lisboa, está a ser demasiado passivo. Não percebo o que se passa com a sua gente. Será que ainda acordam?

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  2. Soren,

    a nossa gente precisa de muito tempo para compreender realmente o que está a passar. Os truques do centralismo, a prepotência dos media, e a falta de oposição contribuem para este laxismo. Na Catalunha, as coisas fiam mais fino. Eles nunca foram espanhóis (castelhanos), como os bascos. Mas em Lisboa, já andam muito preocupados com os efeitos que o referendo catalão possa ter no Porto... Eles, lá sabem porquê. A consciência pesa-lhes mais do que as seduções independentistas. Por mim, se houvesse referendo à independência, dizia já SIM!

    Não vejo que Lisboa seja mais portuguesa que o Porto, vejo exactamente o contrário.

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  3. Ganhou quem já se esperava, porque os portuenses e gaienses conhecem bem os seus representantes.
    Espero um bater do pé mais forte ao centralismo bacoco e que sigam com a obra fazendo mais pela cidade.

    O Sr Juca do Porto/Canal mais uma vez a meter o pé na poça ao convidar o sr José Sócrates para falar das sondagens! Porreiro pá.

    Abílio Costa.

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  4. Concordo consigo, Abílio

    o Porto Canal tem um director que devia apenas ser apresentador. Ponto. Não tem ideias, nem estratégia.

    É um bluff. Aquela gente tem 3 ou 4 mêses de férias ao que parece, a avaliar pelas contínuas, enfadonhas e abusivas gravações. É um ENCHE-CHOURIÇOS!

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Abrimos portas à frontalidade, mas restringimos sem demagogia, o insulto e a provocação. Democraticamente...