12 dezembro, 2011

Governos "evoluem" de centralistas para racistas


Contrariamente a Jorge Fiel, há muito que ultrapassei a fase de repúdio pelo sentido literal do termo "querer ver Lisboa a arder".

Quando falámos de coisas sérias, a tolerância tem limites. Não é por não gostar de Lisboa, que de facto não gosto [nem tenho de gostar], mas apenas porque Lisboa tudo tem feito - e continua a fazer -, para ocupar o lugar de Espanha na ameaça à soberania  nacional. Hoje, é de Lisboa, e não de Espanha, que não devemos esperar bons ventos, e muito menos bons casamentos.

Aliás, já se torna irritante termos de estar sempre a explicar que quando dizemos Lisboa, não falámos dos seus habitantes, mas sim do que a cidade representa para o Resto do país. E Resto, escrito assim mesmo, com érre maíúsculo, porque há um outro país forjado pela inconsciência centralista,  ao qual, no entanto,  recusa conceder a independência para também  poder beneficiar como ela dos fundos comunitários. Daí, a razão de já não me repugnar ver Lisboa a arder. Afinal de contas, existem outras formas de fazer arder cidades, como desviar fundos das regiões desfavorecidas para a capital, que é um género mitigado de dizer que Lisboa anda a roubar [ou chular, como diz Jorge Fiel] as outras regiões do pais. Amparada por uma vigarice estrangeirada que dá pelo nome de spill over,  que foi negociada por Sócrates e Bruxelas, o governo central de Lisboa continua a sugar o Resto, secando-o, em lugar de o desenvolver, como era suposto.

Consequentemente, os melindres evidenciados pelos amigos lisboetas de Jorge Fiel com a expressão clublista "nós só queremos Lisboa a arder",  não fazem muito sentido, antes denunciando a ignorância própria de quem se habituou a ver o país limitado pelas fronteiras de Lisboa, sem se preocupar com o que acontece fora delas.

Estar próximo do poder, cega, e provoca o mesmo tipo de  arrogância, tanto a quem o sente, como a quem o tem. Assim sendo, mostrando-se esta gente incapaz de perceber pelos seus próprios meios, o que se está a passar no Resto [do país],  então, teremos mesmo que recorrer à política do "chicote", porque é única que eles percebem. As soluções democráticas, são só para países democráticos, que é o que o nosso ainda não é. 

Dúvidas houvesse, quanto à falta de solidariedade nacional, elas dissiparam-se com o cumplíce silêncio que se expandiu da capital para o interior centro/sul, durante um ano de portagens cobradas, exclusivamente no Norte. Não ouvimos, nem lemos, da parte desse povo, uma palavra de indignação ou protesto com a discriminação feita contra a nossa região. Onde esteve afinal a tal coesão nacional que os centralistas tanto gostam de apregoar? O que fizeram do argumento que acusa a regionalização de ser fracturante ? Então, por que razão agora os noticiários não páram de falar sobre as portagens na Scut's? Já lhes dói? Ou terá sido porque as portagens chegaram finalmente também ao país "real"? Às tantas, ainda tinham esperança de sermos só nós os únicos a pagar...

Com jeitinho, qualquer dia teremos o apartheid nacional nos autocarros, no Metro,  e até nos passeios públicos. É só deixar andar. Estou convencido que os nortenhos ainda não ganharam consciência real do que nos estão a fazer, e de quanto a apatia da população tem sido usada contra os seus interesses.

Isto, já não é só centralismo, é segregação nacional, pura e dura, e por mais que se esforcem,  não há chupeta spill over que a consiga dissimular.

10 comentários:

  1. Só não entendo como é que as pessoas se calam,quando todos sabemos que os deputados do norte quando chegam a lisboa nunca mais se lembram do norte para nada,é tempo de exigirmos um tratamento igual para todo o país,eu também vivi em lisboa 34 anos por motivos profissionais e nunca esqueci a minha terra o Porto! BASTA DE ROUBOS ao resto do país a favor da capital do império!
    Um abraço
    manuel moutinho

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  2. Os deputados "esquecem-se", por essa pouca vergonha das listas distritais são a imagem do país. Oportunistas e inimputáveis. Alguém os ouve falar de círculos uninominais?
    Depois temos "representantes" como aquele Ribeiro e Castro...

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  3. E que dizer do homem que está no mais alto cargo da nação e foi quem primeiro defendeu a teoria de tudo para Lisboa e migalhas para o resto do país?

    Para que serve um presidente da república cego, surdo e mudo, perante tantas e tantas coisas que são autênticos roubos às carteiras dos portugueses?

    Abraço

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  4. Há uma coisa que me intriga... é que os sindicatos e os chefes políticos pouco ou nada falam de regionalização!
    Jerónimo e Louça, não estão muito interessados em regionalizar porque lhes tira poder, os outros PS, PSD e CDS já nós sabemos o que a casa gasta.
    O racismo não está só na cor de pele, ou em etnias de regiões. O racismo é também a descriminação que estes governos dos principais partidos fazem às regiões, exemplos: grande Porto e Norte e as restante regiões do país em relação a Lisboa. Também lhe podemos chamar terrorismo político se quiserem. Eu chamo-lhes governos democráticos de Nojo.
    Resumindo e concluindo, são interesses instalados de políticos instituições e de muitos cidadãos comuns, por uma razão muito simples: TACHO.

    O PORTO É GRANDE VIVA O PORTO.

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  5. Vila Pouca:

    sobre o Presidente da República, você sabe o que penso dele.

    Não foi à minha custa que este economista medíocre chegou a PR, portanto, não faço parte do desgraçado clube,ao qual, quando há problemas, alguns gostam de chamar "Todos", para assim poderem partilhar culpas próprias. O mesmo se aplica a Rui Rio...

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  6. Manuel Moutinho,

    esses nortenhos que refere - e com toda a razão -, são os principais responsáveis pela perda de credibilidade e protagonismo do Norte. Mas o povo também não quer saber de nada, apenas se limita a esperar que alguém lhes resolva os problemas.

    Um abraço

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  7. Zé da Póvoa13/12/11, 18:21

    Revejo-me no que diz o marujo88 no que concerne aos deputados do norte. Em campanha eleitoral são muito regionalistas e grandes defensores dos interesses da região. Em chegados lá em baixo, é vê-los no Solar dos Presuntos ou no Gambrinus a teorizar sobre a melhor forma de "calar" os seus votantes, atirando-lhe com migalhas e comprando casa na capital do império (não perdem o subsídio respectivo), certamente para passarem a ser nortenhos sómente para efeitos eleiçoeiros!
    A título de exemplo vejam o que aconteceu com o Carlos Abreu Amorim. Estrénuo defensor do norte e da regionalização, escrevinhava em tudo o que era sítio sobre o assunto, ofereceram-lhe um lugar no pote (eu gosto mais de lhe chamar gamela)e é vê-lo agora a pregar noutra freguesia. Andam todos ao mesmo!!!

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  8. Zé da Póvoa:

    provavelmente o tempo se encarregará de lhe dar razão quanto à previsível reviravolta de CAA. Gostaria que isso não acontecesse.

    Mas lamento, caso isso venha acontecer, porque CAA parece-me um tipo com boa cabeça, que se tiver dimensão intelectual para tanto, poderá lançar uma lufada de ar renovado no sebento mundo da política. No Portto Canal ele continua a falar na Regionalização, mas no Parlamento é só quando o deixarem... :)

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  9. É irritante ver deputados do Norte incapazes de tomar a defesa da sua Região na AR, mas a verdade é que formalmente esses deputados não representam a região que os elegeu. Por incrivel que pareça é isso que a Constituição reza, e emquanto ela não for varrida para o lixo da História e substituida por outra, esta imposição e outras que suportam o super-centralismo que nos governa, vai continuar a roubar o resto do país.

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Abrimos portas à frontalidade, mas restringimos sem demagogia, o insulto e a provocação. Democraticamente...