10 outubro, 2012

Media insistem em dar status aos medíocres

Prós e contras & família
Há uma tecla, sobre a qual não me vou cansar de tocar enquanto os pianistas encartados, pagos para o desempenho do ofício, se recusarem a fazer o seu trabalho. A 'tecla', é um jeito metafórico de dizer que devem "pressionar os governantes [e ex-governantes], de forma a obrigá-los a assumir a sua falta de sentido das responsabilidades". Os pianistas encartados são, evidentemente, os jornalistas, porque enquanto profissionais independentes [são eles que o dizem] da comunicação, tinham o dever de arrancar da boca dos políticos aquilo que eles não gostam de dizer.

Não deixa de ser embaraçoso para um jornalista que se preze, aparentemente pago para informar com isenção, que a blogosfera esteja gratuitamente a ultrapassá-los em termos de objectividade e pertinência. E é pena, porque podiam aproveitar este vazio de competências institucionais e políticas, para mostrar o que valem, espremendo até ao tutano os dirigentes e ex-dirigentes governativos até eles explodirem de raiva [ou de vergonha]. Mas não. Em vez disso, seguem o caminho mais fácil, que é: "se não podes vencê-los, junta-te a eles". Mas são tão estúpidos que nem o despedimento de 48 trabalhadores hoje anunciado pelo Público os convence que o filão do conformismo com que foram vendendo jornais está-se a esgotar e que, se querem destacar-se da blogosfera e vender mais jornais, têm de escrever mais para o grande público e menos para clientelas políticas.

Se estes tempos de pré-anarquia inconstitucional nos têm trazido dissabores de toda a ordem, também trazem com eles evidências que andaram muitos anos camufladas. Até aqui, os cidadãos mais ingénuos, ainda se davam à bondade [e à paciência] de ouvir os políticos. Para isso, muito contribuíram as televisões, promovendo ao longo dos anos debates e fóruns com aparente qualidade democrática e alguma irreverência,  para dar um tom mais genuíno ao espectáculo. Só que o mais importante ficou sempre por dizer:  uma resposta séria sobre a dimensão da responsabilidade política... Os tempos mudaram, entretanto. Redes sociais e blogues constituíram-se  rapidamente numa verdadeira força comunitária, quase um poder. Os órgãos de comunicação social, amarrados aos patrocínios comerciais, e à clientela política, começam agora a perceber [embora sem o assumir] que a corda do faz de conta está quase a rebentar e justificam a dispensa de pessoal com a crise económica. A crise conta para o caso, mas a perda de credibilidade também.

As estações de tv são quem sai pior nesta paisagem. Estão em perda vertiginosa e no entanto insistem em querer enganar-nos com os pareceres dos Mendes e dos Marcelos. Mas o que é que esperam deles? Opiniões, ou soluções? Por acaso os jornalistas não saberão que eles já tiveram a sua oportunidade e também não provaram grandes aptidões? Sendo assim, que interesse haverá para nós saber o que eles pensam? É impressionante o número de convidados que enchem diariamente os estúdios de televisão de manhã à noite para falar do governo e da crise, com repetições durante a madrugada. Grande parte deles, foram [e são] incompetentes, pouco honestos e trapaceiros. Também foram parte activa do drama porque hoje estamos a passar, e não há um único jornalista que se lembre disso e se sinta incomodado com a situação. Limitam-se a fazer o que lhes ordenam como se fossem trabalhadores desqualificados e acéfalos, reles paus mandados. Têm diante deles os aldrabões, os criminosos, aqueles que juraram respeitar a Constituição e que mais não fizeram do que a descaracterizar, e no entanto, tratam-nos como se fossem autênticos sábios!

Cá para mim que ninguém nos ouve, jornalistas e políticos, são farinha do mesmo saco. A menos que comecem a seleccionar melhor quem convidam para falar de coisas sérias. O que não é o caso.

Mas, serão eles assim tão tacanhos que ainda não tenham percebido o triste papel a que se estão a prestar? Ou estarão a fazer de nós parvos? Será por este caminho que querem restaurar a credibilidade perdida?   

3 comentários:

  1. Silva Pereira10/10/12, 19:07

    Boa tarde,
    Excelente..
    Ao ler o seu texto lembrei o livro (que reli á pouco) AS FARPAS de Ramalho e do Eça.
    Antes de mais deixei de ver ´s muito esse programa da RTP, que não há coragem de a privatizar.
    Basta olhar para esse programa para ver o exemplo de representantes de jornaleiros que são pagos ou antes mamam os nossos impostos (desculpe o calão) .
    Como diz o povo com o mal do meu vizinho posso bem, ou então quem parte e reparte e não fica com a melhor parte é burro ou não percebe da arte ou então em prega S. Tomás.
    Obviamente se fizerem uma análise desses dita nata, que vai debitando umas balelas verificamos que estiveram no sistema ou estão ou então têm alguém de família ligadas ao regime. Ainda no outro dia o Ramalho Eanes que por sinal admiro, mesmo ele alinhou com o sistema, afirmava ele que o parlamento português não tinha deputados a mais e comparou (segundo ele com países semelhantes a Portugal) e pasme-se comparou com a Grécia.
    Mas a comparação que deveria fazer era por exemplo a Bélgica a Holanda países cujo parlamento é composto por 150 deputados, mas se compararmos as realidades ainda é mais gritante a comparação. Esses países têm um PIB e um nível de vida exponencialmente superior a Portugal mas se limitarmos a comparar os rácios que são tão falados pelos defensores do no0sso país a Holanda tem um população de 17,6 milhões e a Bélgica 11 milhões extrapolando para Portugal teríamos se comparássemos com a Holanda 97 deputados e mais ou menos 148 deputados se a comparação fosse com a Bélgica.
    Mas quanto ao famosa ideia das minorias e vejamos o caso da Bélgica a sua população divide-se em 3 grupos linguísticos. Os 2 maiores flamengos que falam o holandês e os valões que falam o francês e ainda um grupo minoritário falante do alemão. Em Portugal linguisticamente só existe diferença no sotaque.
    Este exemplo é bem indicador da inércia deste país por isso é que a canção diz …eles comem tudo e não deixam nada… ou então mudam as moscas mas a m.. é a mesma

    Cumprimentos

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  2. Rui os tempos estão difíceis, por exemplo, o Público vai fazer um despedimento colectivo e eles encolhem-se esquecendo que não é essa forma de fazer jornalismo que lhes vai garantir o emprego.

    Abraço

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  3. Basta ver o programa da peixeira às 2ªs feiras na RTP1, são sempre os mesmos a dizer a mesma coisa,mas a tal peixeira/apresentadora até já foi condecorada por um presidente da republica, pelos bons serviços prestados, até dá vontade de rir se não fosse uma coisa séria,bons serviços prestados a quem?
    Um abraço
    manuel moutinho

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