Quando ouvi o senhor 1º. Ministro falar pela 1ª. vez da "Flexisegurança", pensei cá para mim, "pronto, vem aí asneira, outra vez!".
Se bem entendemos, a "Flexisegurança" é um projecto de origem dinamarquesa que visa simultaneamente proporcionar um maior suporte social aos empregados e uma maior facilidade aos patrões para os despedirem. Consta que o Estado vai disponibilizar cerca de 4,2 milhões de euros no projecto até 2010 (o que se resume a pouco mais de 1 milhão de euros por ano), entre 2006 e 2010. Seria muito louvável que o público fosse devidamente informado sobre a aplicação dessas verbas e respectivas datas.
Estando a "Flexisegurança" a ser discutida no seio dos 27 países da União Europeia por não apresentar uniformidade de critérios de ordem social e económica, em Portugal, o que começa a verificar-se com preocupante frequência é um despudorado oportunismo da parte de alguns "empresários" para se descartarem das suas principais responsabilidades, como seja, pagar a tempo e horas aos seus colaboradores.
A putativa crise económica (alguma vez, deixámos de a ter?), também serve para ajudar à missa, mas, efectivamente, não pode ser apenas pura coincidência que desde que se descobriu a pomada curandeira da "Flexisegurança", nunca se ouviu tanta gente queixar-se dos ordenados em atraso como agora!
A classe empresarial portuguesa perdeu completamente a classe, - passe a redundância -, ou o que dela restava, uma vez que já nem tenta preservar a sua imagem, quer a nível pessoal quer a nível do próprio estatuto. A ladainha do "não sei se vou ter dinheiro para lhe pagar este mês", ao que parece, pegou de estaca ao mesmo ritmo que se perdeu a vergonha e não há ninguém que se incomode com isto. O que será, afinal, que estes patrões rascas e de vão de escada pensam do estado de espírito e da disponibilidade para trabalhar de pessoas que ouvem este discurso miserável ao fim do mês? Que se vão empenhar mais? Será?
Senhores "empresários" pedintes, esta conversa da treta tem curta duração, não se preparem para lhe dar corda e abrir com ela um novo cículo de escravatura. Se não têm capital para criar uma sociedade, não abram, procurem emprego como os comuns mortais. Se o negócio não é rentável só têm um caminho a seguir: fechem-no! Desculpem se acaso os insulto por vos lembrar que para se ser patrão é preciso também pagar ao pessoal, "ter unhas" para ser capaz de rentabilizar o negócio de modo a dividir os lucros, com justiça e sabedoria.
Para acabar com esta praga crescente, só posso dar um conselho a quem tem o azar de trabalhar para estes patrões oportunistas. Da próxima vez que vos cantarem o fado bandido do "não sei se vou ter dinheiro para lhe pagar este mês", respondam à letra e cumpram : "não sei se o patrão vai poder contar comigo para trabalhar no mês que vem!".
Depois, depois dirijam-se ao sindicato mais próximo e vejam se ainda servem para alguma coisa. Se a porta estiver fechada, procurem os escritórios da "Flexisegurança" e sentem-se no sofá mais confortável que estiver à mão, e protestem. Se não resultar, só resta um caminho: a ponte D. Luís...
Acho melhor apanhar um avião... Os empresários lucram desalmadamente (p.e. GALP) não para baixar preços (preços iguais aos outros países), não para pagar mais aos funcionários (pagam menos que qualquer país), mas para empoleirarem-se a fazer compras de empresas noutros países.
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