05 fevereiro, 2014

Denuncie-se o que é para denunciar. Quem cala, consente.


Desculpem lá a teimosia, vou-me repetir:    desde miúdo, nunca gostei de fado.  Por intuição, ou por mero gosto musical, a verdade é que ainda hoje dispenso o fado. E não vale a pena tentar promove-lo a património nacional, nem relacioná-lo com o jazz, com o tango, e até (como já li algures) com a música clássica (imaginem), que nada fará mudar a minha opinião. Sim, porque lá para promover o fado (ou o Benfica), a comunicação social centralista não se poupa a esforços.

(Des)honra lhes seja feita, essa garotada que viveu os quase 40 anos desta postiça democracia a promover tudo quando é da capital à custa do resto do país, desviando verbas da União Europeia das regiões mais pobres para a imperial Lisboa, alegando um desenvolvimento paralelo que obviamente nunca veio a comprovar-se, não olha a meios para atingir os  fins. Claro que comigo é pura perda de tempo, sou um bocado duro de convencer.

A nossa "querida" RTP bem se esforça por nos domesticar os gostos e até as convicções, mas nem o "assim se fala em bom português" me convenceu a trair os ensinamentos que os professores me transmitiram desde a escola primária. Por essa altura, ainda havia uma noção correcta sobre a fonte da língua-pátria, agora, parece que é no Brasil... Mas, adiante. O que quero dizer é que, se muitos nortenhos tivessem sabido olhar e respeitar o que é seu, nunca Lisboa se teria dado à liberdade de governar o país como se a capital fosse o país ela própria. E quando digo Lisboa, digo todos aqueles (lisboetas e outros) que representando o Governo (que sempre aí teve sede) nos conduziram à deplorável situação actual. 

Das duas uma, ou eu sou um iluminado (que não sou, de facto), ou há por aí muitos gajos a fazer de nós burros, ou os burros são eles e há quem os tome por inteligentes. Vejam este artigo do JN de hoje (com o qual até estou em sintonia) e leiam o primeiro parágrafo. O autor, admitindo ter sido praxado, refere que não diz o nome de quem o praxou, porque não é bufo. E escreveu isto como se estivesse a praticar um acto de heroísmo...

Se o leitor acompanha regularmente o Renovar o Porto, saberá o que eu penso sobre o tema dos "bufos". Hoje, pretende-se confundir - talvez por conveniência, ou por mal simulada cobardia -, a expressão bufo que se usava depreciativamente quando alguém acusava outro de ser contra os regimes salazaristas e marcelistas. A "confusão" não seria grave se não houvesse o inconveniente de alguns quererem comparar um bufo com um denunciante. Há diferenças e são quase antagónicas. Denunciar é um acto de coragem, e pode até ser a alavanca para acabar com muita irresponsabilidade e atenuar as malfeitorias que florescem pelo país. Bufar é trair alguém supostamente pelas suas opções políticas.

Agora, notem nas consequências espelhadas num caso recente. Refiro-me ao jovem estudante de Chaves que teve de viajar 400 Kms porque no Porto e em Coimbra lhe rejeitaram entrada nas urgências dos hospitais respectivos por falta de vagas. Por que é que a comunidade médica que tanto poder tem e o próprio bastonário, em vez de reagirem à posteriori, permitindo que o rapaz acidentado corresse risco de vida, não bateram o pé ao Governo com veemência responsabilizando-os por quaisquer ocorrências graves que viessem a acontecer por estarem a ser despojados de pessoal de saúde diferenciado? Resultado: agora, o odioso da situação vai recair sobre o Hospital Sto António e sobre o bastonário que não soube denunciar categoricamente o caos que vai nos hospitais. 

Outro caso: . Por que é que a Direcção do Futebol Clube do Porto,  aproveitando o acesso ao contraditório que o Porto Canal (de que é proprietário) faculta, não denunciou, em devido tempo, toda a polémica urdida pela comunicação social centralista com o suposto atraso da equipa portista no último jogo para a Taça da Liga? Por que é que o FCPorto optou pelo silêncio, deixando o monstro crescer, abrindo espaço à calúnia, e quem sabe, a fastidiosos processos jurídicos que podem arrastar-se pelos tribunais com todas as consequências desagradáveis que isso tem? Por quê? É uma ingenuidade pensar que este tipo de calúnias são inofensivas, que a Justiça, tal como está em Portugal, tratará de colocar tudo no seu lugar sem antes deixar um rasto de acusações e de suspeitas. 

Aqui chegado, pergunto: como é possível haver no Porto quem critique Rui Moreira por ter antecipado a denúncia daquilo que aconteceu no passado e que provavelmente ia (ou irá ainda) de novo repetir-se? Se assim não acontecer, óptimo, é sinal que terá valido a pena a denúncia.

PS-Votem no Porto para ser eleito, pela 2ª vez,  o melhor destino europeu em 2014. 

8 comentários:

  1. Fado gosto pouco, de alguns e não de todos o resto é cantiga.

    A Lisboa imperial, continua a ser o saudosismo de muitos e complexo parolo de grandeza de outros. É o átrio a toca destes polítiqueiros enfadonhos que por lá andam a fazer de bobos da corte e a sugar o sangue aos portugueses.

    Bufo é uma Ave (coruja) ou um meritíssimo Pidesco.

    Infelizmente alguma coisa vai mal no reino do Dragão
    Já não jogamos à Porto, somos insultados e estamos calados, e deixamos andar por lá muitos, que andam a gravitar em busca de confusão, tacho e poder.

    Porto Canal: O mais do mesmo, por exemplo, hoje ou por estes dias vai lá ser entrevistado um benfiquista doente ant/FCP primário de nome Bagão Félix, penso que é assim que se escreve.

    O PORTO É GRANDE, VIVA O PORTO.

    ResponderEliminar
  2. Concordo com a a maior parte do teor deste artigo, e embora não concordando com algumas coisas, respeito a opinião do Autor, como não podia deixar de ser. É referido que o Autor do artigo no JN diz, no início do mesmo, que foi praxado quando cursava Jornalismo. No entanto, no final desse mesmo artigo, ele coloca um P.S. a dizer que nunca foi praxado quando foi para o Jornalismo; Afinal em que ficamos? Discordo também do modo como é criticado o Porto Canal. Em primeiro lugar este Canal ainda não é propriedade, na sua totalidade, do Futebol Clube do Porto. Em segundo lugar, e aqui falo como Sócio do Futebol Clube do Porto, concordo em absoluto do modo como a Direcção do Clube está a gerir este caso da Taça da Liga. O Presidente Jorge Nuno Pinto da Costa sempre demonstrou a sua capacidade de saber defender o Clube. O Clube não tem que patrocinar estes "joguinhos" do "diz-se diz-se". Quando algum Responsável Legal, da Federação ou da Liga, notificar o Clube aí sim, o Futebol Clube do Porto fará a sua defesa. Eu bem sei que seria óptimo para a Comunicação Social, mas o Futebol Clube do Porto não está disposto a ajudar que vendam "Papel"!

    ResponderEliminar
  3. Mais uma vez estou de acordo com tudo o que escreveu. Infelizmente os nossos políticos só pensam no bem estar deles e dos seus familiares e amigos, mais grave ainda, são os engraxadores do governo, esses sim, uns verdadeiros bufos, que para ficarem bem vistos até são capazes de trair a sua terra para agradar ao patrão (governo). Quanto ao Porto Canal, já perdi a esperança, vai lá todo o lixo, vejam lá que até o malheiro, bagão, e outros arrastões lá vão, até parece provocação por parte do snr. Júlio Magalhães, deve ser para conseguir ter mais audiência que a TVI.Podem lá meter os benfiquistas e sportinguistas todos para se vangloriarem de pluralistas. Por mim está resolvido, só vejo esse canal, quando dá jogos do FCP e outros programas desportivos relacionados com o meu/nosso clube, porque o resto não me interessa.
    Abraço
    Manuel Moutinho

    ResponderEliminar
  4. Nando Rodrigues,

    Se há contradição no artigo a culpa não é minha, porque o que lá está é isto:

    «Quando, há cerca de duas décadas, comecei a fazer jornalismo, fui praxado (não divulgo os nomes dos praxantes, porque não sou bufo).»

    e depois vem isto:

    «P.S.: Nunca fui praxado no jornalismo, nem nunca me deixei praxar na faculdade. E detesto absinto.»

    Conclusão: pior a emenda que o soneto. A ambiguidade não me inspira confiança...

    Quanto ao Porto Canal, mantenho o que disse: é pouco e fraco para o que o Norte precisa.

    O Juca Magalhães até há bem pouco tempo também escrevia para o Record e não me parece que tenha sido uma opção para elogiar (digo eu). O Record é um lixo. Ponto.

    Se o Canal já é do FCPORTO ou não, ninguém sabe ao certo porque o clube não esclareceu muito bem e publicamente em que pé as coisas estão.

    Deve concordar que esta forma de gerir os "não casos" do futebol já não faz sentido agora, porque há um canal de tv que podia fazer o contraditório perfeitamente com o recurso às novas tecnologias.

    Deixando crescer "O monstro", gasta-se dinheiro e permite-se que as especulações continuem. Pode crer que ainda há muita gente que não está convencida que o FCPorto não é beneficiado pelas arbitragens. É uma estupidez, mas em Portugal a estupidez dá dinheiro e audiências(Casas dos Segredos, Big Brothers, por ex.)

    Vender papel? Então eles não vendem?

    ResponderEliminar
  5. Rui, dixo um link de uma entrevista recente de Júlio Magalhães:
    ttp://www.meiosepublicidade.pt/2014/02/os-canais-de-lisboa-nao-querem-saber-do-pais-para-nada/

    Está aqui tudo muito bem explicadinho. Eu estou esclarecido. O F.C.Porto, vai assumir e pagar um canal e depois ser o parente pobre. Tem direito a uns programas de 45 minutos, uns jogos das modalidades, mas sem fazer muitas ondas, não vá o PM, um qualquer ministro ou a gente fina da capital, ficar incomodada e não dar entrevistas ao Juca ou ao Domingos. Pois, pois, Juca, é assim, abriste uma porta, mas não fechaste nenhuma. Muito bem. Tudo certinho, tudo muito politicamente correcto.
    Pergunto-me: O F.C.Porto vai investir nisto? Para quê?


    Abraço

    ResponderEliminar
  6. No Porto Canal é preciso separar as aguas, que são as amizades e o trabalho: Trabalho é Trabalho Champagne é Champagne.
    Está lá entrar muita gente de cor escarlate e outros papagaios de bico amarelo. É preciso dar mais tempo, de antena a assuntos, como exemplo: gamanços do Governo à cidade; falar com gente que defenda o FCP das provocações constantes ao Clube dadas pelos amigos vermelhos; acabar com os fundamentalistas cá do Norte, que para segurarem o tacho, defendem o partido em vez de defenderem as pessoas, a cidade e região que votaram neles.

    O PORTO É GRANDE, VIVA O PORTO.

    ResponderEliminar
  7. Deacon Blue09/02/14, 14:26

    Bom dia,

    A minha vida profissional tem-me obrigado a passar muito tempo fora do país.

    Faço os possiveis em mim para contrariar aquela ideia feita de que o que é lá de fora é que é bom e o que é de cá nao vale nada.

    Mas a verdade é que esta distancia que vou tendo do país e a cada vez que regresso, fico cada vez mais com a impressao que isto está nas maos duma cambada de puros sacanas incompetentes, ladroes chicoespertos com objectivo claro e defenido de se orientarem num campo em que tudo lhes é permitido.
    A verdade é que se hoje é anunciado que um desses cromos foi apanhado num qualquer esquema de fraude, està nesse preciso momento outro a fazer o mesmo sem qualquer problema. Parecem cogumelos a saltar do chao.


    É o tal cantinho à beira-mar. plantado (para alguns....).

    E esta "realidade" existe em todos os campos, na política, na economía, no desporto, nos media, tudo, estao lá todos, eu dou as voltas que tenho de dar e chego sempre à mesma conclusao.

    Perfeitos anormais!

    Deacon Blue

    ResponderEliminar
  8. Deacon Blue,

    «Faço os possiveis em mim para contrariar aquela ideia feita de que o que é lá de fora é que é bom e o que é de cá nao vale nada.»

    Não se atormente com falsos maus pensamentos, porque você está cheio de razão. O facto de admitir que pode estar a exagerar em relação ao que os seus olhos vêem,é já um sinal dos efeitos colaterais da propaganda centralista. Não! Você está certo! Não duvide.
    O erro está mais na nossa tolerância (ou bondade, se assim quiser) que nos nossos possíveis exageros.

    O país está minado, e só à força é que isto lá vai. Custa-me ter de falar assim, mas não é com este modelo de democracia que nos livramos desta canalhada.

    Um abraço

    ResponderEliminar

Abrimos portas à frontalidade, mas restringimos sem demagogia, o insulto e a provocação. Democraticamente...