É minha convicção, que no panorama actual da democracia portuguesa, dos poucos aspectos positivos que podemos retirar da actividade política não é - como devia - o seu produto global, mas apenas o trabalho pontual de algumas personalidades que dela brotam.
Há vários exemplos que o podem confirmar. O de Luís Filipe Menezes é o mais recente. Como receava e aqui o manifestei na altura, LFM não teve "unhas" para aguentar o compressor impiedoso dos barões do partido e acabou por entregar os pontos mais cedo do que se previa.
Fiquei ainda mais desanimado quando me apercebi que LVM se tinha rendido à política das falinhas mansas, mal chegou a Lisboa. Percebi depressa que o "líder" tinha morrido.
Estou convencido que nenhum líder se afirmará enquanto tal, se continuar a pensar numa possibilidade de afirmação, com avanços de "pézinhos de lã", dando uma no cravo e outra na ferradura, optanto pelo usado e ineficaz sistema do "sim, porém, mas talvez". O Centralismo, como os animais, não respeita quem lhes mostra medo. É preciso não tremer diante do Centralismo, é preciso enfrentá-lo.
Ora, não foi isso que fez Luís Filipe Menezes, e como tal, o Centralismo, à imagem do que sucedeu a Fernando Gomes quando o partido lhe "deu" a pasta da Administração Interna.Os centralistas dos respectivos partidos não perderam tempo, forjaram bem a ratoeira, apanharam-nos como ingénuos passarinhos, e devoraram-nos.
Curiosa e ironicamente, o sistema despachou duas personalidades de partidos diferentes, ambos competentes nos seus mandatos autárquicos. Ambos, deram provas de um "savoir faire" e dinamismo que aqueles que lhes prepararam a porta de saída em boa verdade ainda não foram capazes de mostrar.
Ninguém do grupo dos seus adversários de partido foi ainda capaz de revelar ideias e qualidades de trabalho superiores a Luís Filipe Menezes, mas no entanto acabaram por afastá-lo. Isto, serve também para contrariar a tese que, na política (e não só), nem sempre vence o mais competente. Só por má fé ou cegueira intelectual é que alguém pode negar a superioridade indiscutível de LFM por comparação com o complicado Rui Rio, e no entanto, é neste último que os centralistas melhor se revêem. E percebe-se muito bem porquê.
Para terminar, só me resta salientar uma coisa: Luís Filipe Menezes, não tem os vícios nem as manhas dos políticos de carreira. É mais pessoa, mais humano, tem outra dimensão, e só por isso deu parte de fraco. Pessoalmente, não o tenho como tal. Os fracos são outros.
O problema não está só neles, mas mais em quem lhes dá crédito e poder. Esses, os supostos fortes, são efectivamente os que menos prestam, logo, os verdadeiros e inconvenientes fracos.
Enquanto cidadão do Porto (e grande Porto) estou grato pelo que Luís Filipe Menezes tem feito na outra margem do Douro. Não é obra de fachada, é obra de utilidade pública objectiva com benefícios bem visíveis e importantes para toda a gente. Quem negar isto, ou é medíocre, ou invejoso. Não é certamente alguém amigo do Porto (neste caso concreto, Gaia).
Enquanto isso, 407 milhões para Alcântara, 90 milhões para a estação do Oriente e siga a Marinha...
ResponderEliminarUm abraço
Este blogue acaba por ser um espelho da situação. É muito mais cáustico em relação à situação do que outros tão exaltados, mas não concita muitas intervenções.
ResponderEliminarIndiferença ou cobardia?
Caro Victor Sousa
ResponderEliminarSabe tão como eu que a verdade incomoda quando é demasiado verdadeira, não é...
"Há certas verdades que não devem ser ditas" . Já ouviu muitas vezes isto, não? Pois, então?
Mas não tem mal, nós continuaremos a pensar pela nossa cabeça, que é o mais importante.